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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um time à venda

Chris Paul faz greve até ter um elenco melhor

O atual dono do Hornets, George Shinn, tem uma daquelas lindas histórias que nos fazem acreditar no "Sonho Americano". Ele era o pior aluno da sala, trabalhou em fabriquinhas de pano, lavou carros, foi servente de escola, aí conseguiu ser formar numa faculdade Unigrunge da vida, juntou dinheiro, comprou a faculdade, criou um conglomerado monstruoso de escolas e cursos universitários, vendeu tudo, comprou o Hornets, e aí foi acusado de estupro. Ou seja, tudo aquilo que a gente espera que o capitalismo nos proporcione: a chance de crescer na vida e de ir parar num julgamento em rede nacional.

George Shinn disse que iria apresentar uma mulher que conheceu ao seu advogado, para lidar com questões de custódia, mas a mulher diz que Shinn levou ela para outro lugar e tentou dar uns amassos. Foi acusado de sequestro e estupro num julgamento realmente transmitido ao vivo pela televisão. O júri declarou o milionário inocente, mas sua imagem ficou tão manchada (ele teve que admitir durante o julgamento que havia traído sua esposa diversas vezes) que ele resolveu dar o fora do lugar em que morava - e assim como uma criança leva sua bola quando vai embora, o milionário levou o Hornets com ele no bolso. Foi assim que o Hornets saiu de Charlotte e foi parar em New Orleans, já que seu amigo Gary Chouest, dono de uma parte das ações do time, era do estado de Louisiana.

Mas os negócios em New Orleans nunca deram muito certo para o Hornets. A cidade é grande e gosta de basquete, mas a economia é debilitada e a população local tem dificuldades em lotar o ginásio (até porque prefere gastar o dinheiro com futebol americano). Depois do furacão Katrina, as coisas ficaram ainda piores. Estima-se que 44% da população de New Orleans tenha ido embora após o incidente, ou seja, é como uma cidade ter metade das pessoas de um dia para o outro (nível "invasão-zumbi" de catástrofe!). Enquanto a cidade tentava se reconstruir, o Hornets passou a jogar em Oklahoma City, onde os ginásios sempre lotavam. A excelente recepção por lá fez com que os compradores do Sonics tivessem mais vontade ainda de levar a equipe para Oklahoma City, rebatizando-a de Thunder. Já o Hornets teve que voltar para New Orleans assim que a crise melhorou, mas o ginásio está mais vazio do que nunca.

Depois que o George Shinn descobriu que estava com câncer e passou por um processo de recuperação, resolveu ouvir o CD do Padre Marcelo Rossi, ergueu as mãos pra dar glória a Deus, e resolveu que não quer mais se focar nessa besteira de basquete. Gary Chouest iria comprar suas ações do time e virar dono da brincadeira toda, mas o processo de compra levou meses e meses, e agora Chouest diz que a crise econômica complicou sua conta bancária e que ele talvez tenha que se dedicar integralmente a outras atividades. Ou seja, o troço todo miou. "Vendam para outro mané", você pensa, "deve ter um bilhão de milionários querendo comprar uma equipe de NBA para dar de presente para o filhinho mais novo". O problema é que os compradores vão obviamente querer tirar a equipe de New Orleans, o que seria péssimo para a cidade e continuaria a tornar a NBA uma bagunça, com equipes mudando de cidade a torto e a direito - e a NBA não quer ficar parecida com nosso NBB, não é mesmo? Normalmente, arrancar uma equipe de sua cidade não é a coisa mais fácil do mundo, envolve uma boa dose de burocracia e de migué, mas no caso do Hornets basta ler as letras miúdas na parte inferior do contrato: se durante 13 partidas, entre 1o de dezembro e 17 de janeiro, o Hornets não tiver mais de 14.213 torcedores no ginásio, o time tem o direito de deixar a cidade. Como até agora o máximo de torcedores que o time recebeu na temporada foram 14.020 (e isso porque o time está indo bem!), vai ser bem fácil para o próximo comprador arrancar a equipe de lá.

Foi então que o David Stern resolveu intervir. Se a NBA, como entidade, tem uma grana preta sobrando, que tal comprar o Hornets das mãos do George Shinn, e aí vender num futuro próximo apenas para alguém disposto a manter o time em New Orleans? Na prática, não deve mudar nada: o time continua com os mesmos jogadores, mesmo técnico, mesmo General Manager, mas a franquia passa a pertencer - temporariamente - à NBA. Não tem essa de "a NBA vai favorecer a equipe" ou "vão rolar umas trocas absurdas", só muda quem é dono das ações, não há influência direta. Quer dizer, mais ou menos.

Os donos influenciam suas equipes de uma única maneira: assinando cheques. Quando o Mark Cuban assina um cheque e diz que está disposto a pagar todas as multas do planeta para que o Mavs tenha o melhor elenco possível, ele está agindo diretamente sobre seu elenco. Times em economias piores, com donos que não podem torrar dinheiro desse jeito, são obrigados a não assinar novos jogadores, se livrar de pirralhos para não pagar seus salários e não se comprometer com contratos muito longos - tipo o Jazz, que volta e meia se livra de alguém só pra economizar uns trocados.

Bem, o Hornets está numa situação bastante complicada: o time começou muito bem a temporada e Chris Paul é um dos melhores armadores do planeta, mas seu contrato acabará ao fim da próxima temporada e ele certamente pedirá antes para sair em busca de um time que lhe ofereça mais condições de ganhar um título. Cabe ao Hornets, então, duas escolhas: trocar o Chris Paul e começar tudo de novo, perdendo ainda mais fãs no ginásio e jogando fora as chances de lucrar nos playoffs; ou então manter o Chris Paul nessa temporada e investir pesado no time para que ele tenha chances nesses playoffs a ponto de convencer o armador a ficar na temporada que vem.

Muita gente elogiou a troca de Peja Stojakovic (que foi para o Raptors em troca de Jarret Jack e mais uns carinhas aí) do ponto de vista econômico, já que o Hornets se livrou do contrato monstruoso de 15 milhões do Peja, mas é justamente o contrário. O Hornets pagará alguns milhões a menos nessa temporada graças à troca, mas pagará mais de 5 milhões a mais pelo contrato do Jack na temporada que vem - temporada em que precisariam do dinheiro para contratar estrelas, enquanto o gasto nessa temporada não faria mais diferença. Foi um investimento para convencer Chris Paul a ficar, não para economizar verdinhas. E, para que o armador realmente continue no Hornets, outros investimentos desse tipo precisam acontecer.

O Hornets é, outra vez, um time ruim que joga muito bem - e isso é perigoso. Dá pra ganhar muitos jogos apenas com o entrosamento, a defesa, a movimentação, não desperdiçando a bola, mas muitos jogos serão perdidos simplesmente porque a equipe não tem talento o bastante. O Hornets, que há pouco tempo atrás era líder da NBA, já caiu para a sexta posição do Oeste. Provavelmente irão para os playoffs, podem causar estrago por lá, e o técnico Monty Williams se dá cada vez melhor com Chris Paul, os dois já são grandes amigos. Mas é impossível que o Chris Paul não perceba que ele está tirando água de pedra. Sempre fico imaginando o Chris Paul entrando no vestiário e vendo o DJ Mbenga tomando uma enterrada na cabeça de um anão, o Aaron Gray não alcançando algo em cima do armário porque não consegue pular, o Pops Mensah-Bonsu não conseguindo amarrar o próprio cadarço e o Belinelli e o Willie Green arremessando as próprias mães numa cesta de lixo. É um vestiário de chorar.

Para salvar a franquia de uma reconstrução total e de ter ainda mais prejuízos, é preciso que o dono da equipe resolva assinar cheques desesperadamente - e a NBA, que agora comprou o time, não fará isso. Manterá as finanças como estão, apenas esperando vender o time sem que ele se desvalorize muito, e para isso não podem sair acumulando dívidas. Supostamente não deveria fazer nenhuma diferença quem é o dono do Hornets, mas nesse momento em especial, em que o futuro do Chris Paul depende única e exclusivamente de resultados imediatos, é preciso um dono disposto a investir - sob risco de perder tudo. A cidade de New Orleans sai ganhando e mantém sua equipe, claro, mas o Hornets e seu elenco saem perdendo. Apenas um milagre - com o Chris Paul tirando muita água de pedra - lhe deixará convencido de que é possível ganhar um título com esse elenco atual, e a NBA não deve melhorar o elenco do modo necessário.

Aproveito a oportunidade, no entanto, para vislumbrar a possibilidade de que um dia os donos não pudessem mais intervir na NBA. Esse lance de poder arcar com multas de acordo com o naipe do dono e a economia local tornam a liga mais desequilibrada do que deveria ser. Foi então que eu lembrei de um artigo simplesmente espetacular do Elrod Enchilada, do site RealGM.com, em que ele propõe um novo sistema financeiro para a NBA - um sistema meio socialista.

Funciona mais ou menos assim: soma-se o teto salarial de todos os times da NBA, cerca de 2 bilhões de dólares que deveriam ser gastos com todos os jogadores da liga, e colocamos toda essa grana num pote. Ao invés de distribuir esse dinheiro igualmente a todos os jogadores (que ganhariam cerca de 4.5 milhões cada), cria-se um sistema de méritos para que nenhuma estrela choramingue por perder seu salário monstruoso. O sistema é o seguinte:

- 3.5% da grana total, antes de ir pro pote, vai para um banco para "jogadores contundidos", que permite que esses jogadores possam ganhar o mesmo salário que ganharam no ano anterior caso percam mais de 50 jogos, ou uma porcentagem disso de bônus caso percam menos jogos
- 70% da grana do pote vai para os jogadores de acordo com a performance, ou seja, de acordo com os minutos jogados. Os 90 jogadores que estiverem em quadra por mais minutos receberiam 6.5 milhões, os 90 jogadores seguintes 5 milhões, até que os jogadores que menos jogassem recebessem 1 milhão (o mínimo atual).
- 20% do pote de grana iria para jogadores "votados". Os 25 primeiros colocados na votação para MVP receberiam incentivos que vão de 5 milhões (para os 5 primeiros) até 3 milhões (os 5 últimos). Além disso, seriam eleitos por votação times All-NBA (com os melhores jogadores de cada posição, como acontece hoje em dia), mas seriam 10 times com os melhores do Oeste e 10 com os melhores do Leste, de modo que os que estiverem no primeiro time recebam 4.8 milhões e os que estiverem no décimo time recebam 1.2 milhões. São 100 jogadores premiados desse modo, ou seja, dois terços de todos os jogadores titulares da NBA.
- 10% do pote de grana vai para todos os jogadores dos 16 melhores times, em ordem de classificação para os playoffs.

Com isso, os jogadores fodões (que jogam bastante, são eleitos entre os melhores e estão em times vencedores) ganhariam entre 16 e 18 milhões, um All-Star que não está num time de elite ganharia de 13 a 15 milhões, outros titulares comuns ganhariam entre 8 e 10 milhões, e os reservas que mais jogam ganhariam entre 5 e 7 milhões. Ou seja, são salários compatíveis com aqueles que existem hoje em dia, mas a NBA mudaria drasticamente. Um jogador que de um dia para o outro começa a jogar muito bem seria imediatamente recompensando, ao invés de passar anos num contrato vagabundo até poder assinar um novo. Jogadores não poderiam parar de treinar depois de assinar contratos grandes (como aconteceu com Jerome James, Eddy Curry...). Não teríamos jogadores se esforçando apenas em "anos de contrato" (é como se todo ano fosse ano de contrato!). Jogadores que ficam muito tempo na quadra porque são bons defensores, por exemplo, ganhariam tão bem quanto os melhores pontuadores, que em geral tendem a receber mais. Todo jogador vai se esforçar para estar em quadra e ajudar o time, e terá benefícios por ajudar seu time a vencer e subir na tabela. E as finanças dos times ficariam sempre iguais, sem intervenção dos donos, e sem que contratos "burros" destruam toda a economia da liga. Os jogadores iriam para os times em que podem jogar mais e que possam vencer ao mesmo tempo, não para os times que paguem mais. Isso evitaria "panelinhas" em que jogadores precisem dividir minutos, ou grandes jogadores que se acomodam em times ruins.

Várias questões surgem com esse sistema, como o tempo que os jogadores permaneceriam nos times, trocas, etc. Elrod Enchilada responde tudo com maestria, sempre dando um jeito de fazer o sistema funcionar (um dia faço um post maior explicando todas as ideias do Elrod). Sua sugestão é para que não seja necessária uma greve dos jogadores por razões salariais e interromper o prejuizo dos times, mas trago a ideia de volta para que não aconteçam novamente coisas como esse Hornets, que precisa de alguém disposto a pagar taxas e não terá - enquanto Mavs e Lakers se esbaldam em elencos caríssimos. É uma pena que caras como o Chris Paul tenham que buscar sempre os "melhores mercados", e o Hornets tenha que ficar com o "resto".

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Tudo por um amigo

Bromance

Sempre que tem uma troca aqui a gente gosta de meter o bedelho, dar palpite, analisar as causas e possíveis consequências. E não é que com menos de um mês de temporada já temos uma grande que envolve cinco jogadores? O Toronto Raptors mandou David Andersen, Marcus Banks e Jarrett Jack em troca de Peja Stojakovic e Jerryd Bayless do New Orleans Hornets. Um detalhe curioso (que não muda nada) é que Bayless, por ter sido adquirido há pouquíssimo tempo pelo Hornets, não poderia ser envolvido em nenhuma troca que envolvesse mais de 2 jogadores até o dia 23 de dezembro. Então, oficialmente, foram duas trocas: Bayless por Andersen e outra envolvendo os outros três atletas.

Foi uma troca bem secundária, dos cinco jogadores só um era titular nessa temporada, Jarrett Jack, e mesmo assim ele só joga 26 minutos por jogo. A média dos cinco envolvidos na troca é de 15 minutos por partida. A questão é, portanto, pra que se deram ao trabalho de fazer a troca se não tem ninguém importante nela?

O Raptors está pensando no futuro. O time que eles tem hoje não tem talento para ir longe e a solução para melhorar nos próximos anos está em conseguir jovens talentos no Draft (bem encaminhado com a campanha ruim), desenvolver alguns jogadores bons e jovens (Sonny Weems, Andrea Bargnani e DeMar DeRozan) e, é aí que entra a troca, conseguir alguns jogadores via Free Agency ou trocas.

Nessa troca o Raptors se livra dos contratos já expirantes de Andersen e Banks e o contrato do Jarrett Jack, que ainda durava mais dois anos com 5 milhões por ano por mais duas temporadas além dessa. Em troca eles recebem a pechincha do Bayless e os 14 milhões do Stojakovic que acaba ao fim dessa temporada. Além de economizar o dinheiro do Jack, que vai poder ser usado para renovar com o Weems, eles tem duas peças valiosas para troca. O próprio contrato do Stojakovic e a trade exception que eles receberam quando mandaram o Chris Bosh para o Miami Heat. Uma trade exception é mais ou menos um pedaço do seu salary cap que pode ser trocado. Ele é usado muitas vezes para fazer funcionar trocas entre jogadores de salários diferentes, como mandar um jogador que ganha 5 milhões por outro que ganha 12.

Portanto a gente espera que esse movimento do Raptors seja a primeira parte de um plano maior. Não é garantia que dê certo, como vimos o Bobcats não conseguindo trocar o contrato não garantido do Erick Dampier é capaz que o Raptors morra com a exception e o Peja na mão, mas eles vão estar ativos nas discussões de troca visando os times que estão interessados em contratos expirantes ou em se livrar de jogadores caros.

Se a troca pelo sérvio foi unicamente econômica, a do Bayless tem um fundo basquetebolístico. O jogador mostrou algum talento no Blazers (vocês lembram daquele jogo com quase 30 pontos contra o Spurs que a ESPN transmitiu?) e ainda é bem jovem, é um projeto que vale a aposta, até porque é uma aposta barata. Devem colocar ele de reserva do José Calderon, entrando para botar fogo no jogo e ver o que acontece, vai que ele resolve explodir e jogar o que poderia bem agora! O sucesso dessa troca vai ser medido pelo o que eles fazem com o contrato do Peja e como o Bayless joga. Vai ser uma temporada movimentada nos bastidores do Raptors.

O lado do Hornets é bem menos econômico e mais afetivo. O Jarrett Jack, jogador mais importante da troca, é amigo bem próximo do Chris Paul e eles sabem a importância que uma amizade pode ter em quadra. Existe um documentário chamado "The Youngest Guns" que acompanha os primeiros anos de carreira de dois jovens jogadores, Darius Miles e Quentin Richardson, na época jogando juntos no Los Angeles Clippers. É um filme ótimo para ver o lado psicológico do jogo: os dois são amigos bem próximos, fazem tudo juntos, descobrem o mundo da NBA, como é ter dinheiro, e não se desgrudam nunca. Até que Miles é trocado para o Cavs e sua carreira vai para o ralo, ele se sente sozinho em Cleveland, sente saudade do amigo, não tem com quem compartilhar as alegrias e as dificuldades e deixa de jogar o bom basquete que o havia transformado em grande promessa do começo da década.

Outro exemplo famoso é o de Steve Francis e Cuttino Mobley. Quando jogava ao lado de Mobley, seu melhor amigo, ele era o Stevie Franchise, um All-Star que era um dos melhores armadores da NBA. Quando foi trocado para o Orlando Magic ao lado do seu amigo ainda jogava muito bem, mas aí quando foi para o NY Knicks sozinho deixou de jogar basquete. Muitos analistas e até o próprio Francis colocam a falta do parceiro para justificar a queda de qualidade. Francis nunca foi dos jogadores com mais cabeça no lugar dentro do mundo da NBA.

São dois casos extremos, eu sei, mas que mais uma vez mostram que ao montar um time existem muitos outros fatores além de só amontoar talento. Eles viajam juntos, treinam juntos, conversam, quanto mais entrosamento tiverem fora de quadra mais fácil fica para jogar, para se apoiar nas derrotas e coisas assim. Se você não gosta do seu companheiro de time é bem fácil jogar a culpa nele depois de uma sequência de derrotas durante a temporada, por exemplo. Com o Chris Paul enchendo o saco para ser trocado antes da temporada começar, o Hornets tem feito de tudo para manter a sua estrela calma, conseguiram primeiro Trevor Ariza, depois o surpreendente Marco Belinelli e agora um grande amigo de Paul. É tudo para manter ele lá jogando bem e feliz.

O problema da troca está quando pensamos nos resultados práticos em quadra. O Jarrett Jack é um armador que pode jogar também na posição dois. Ou seja, ele só vai entrar em quadra quando o Paul descansar ou quando o técnico Monty Williams achar que ele rende mais do que Willie Green, Marco Belinelli e Marcus Thornton como armador de apoio. Isso vai dar o quê, uns 15 minutos por jogo? 20 no máximo. Valeu abandonar o Jerryd Bayless (que veio em troca de uma escolha de 1º round há poquíssimo tempo), e mais o valioso contrato expirante do Peja, só por um amigo e um armador reserva? E o contrato do Jack é longo, quem quer pagar 5 milhões por ano, durante três anos, para um cara que joga tão pouco? O cara é bom, mas ganha demais para ter um papel tão pequeno. Não foi o negócio dos sonhos.

Os outros dois que vieram no pacote não me incomodam. O Marcus Banks vai ficar batendo palmas no banco até seu contrato acabar no fim da temporada e o David Andersen deve até ser bastante usado. Ele é inteligente dentro da quadra e podemos dizer grosseiramente que ele é uma versão piorada do David West. Não tem a mesma capacidade de criar seu arremesso, mas pode passar o dia brincando de pick-and-pop com o Chris Paul e terá números expressivos quando seu arremesso estiver calibrado. Essa foi uma boa adição para ter mais opções no banco. O Andersen tem um Team Option na próxima temporada, isso quer dizer que o Hornets decide se mantém ele para a temporada que vem ou o libera, esse sim foi um bom negócio.

Mais trocas devem acontecer nessa temporada, menos vezes por amiguinhos e mais pelos contratos expirantes. Dêem uma olhada nos valiosos contratos expirantes dessa temporada e como vários envolvem times que estão atrás de mudanças. Michael Redd, Troy Murphy, Kenyon Martin... até fevereiro muita coisa rola.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O melhor dos quebra-galhos

Jason Richardson tenta roubar a carteira
do Darren Collison no meio do jogo


Em novembro, exatamente três meses atrás, escrevi um post porque Deron Williams e Chris Paul se contundiram quase ao mesmo tempo - se um pular da ponte, como diriam as mamães do mundo, o outro pula atrás. Dois novatos selecionados em escolhas seguidas de draft, um na vigésima e outro na vigésima primeira (assim como Deron e Chris Paul foram selecionados seguidamente, na terceira e na quarta), assumiram a vaga de titulares e começaram a chutar traseiros. Pelo Jazz, o novato era Eric Maynor, que desde então foi mandado para o Thunder (assim como o Ronnie Brewer acabou de ser mandado para o Grizzlies) apenas para economizar uma grana, e agora lhe cabe ser reserva num time jovem que ainda tem muito a crescer. Mas o outro novato, jogando pelo Hornets, é Darren Collison. Na ausência do Chris Paul provavelmente pelo resto da temporada, se recuperando de uma cirurgia no joelho, Collison está dominando partidas e de repente ficou famoso, com seu nome aparecendo em todas as listas de melhores novatos do ano.

O engraçado é que essa oportunidade só surgiu para o Collison graças à burrice do David West. Numa partida contra o Bulls, a oito segundos do final, o Hornets ganhava por dois pontos e o David West só tinha que cobrar um maldito lateral nas mãos do Chris Paul. Com medo do passe ser interceptado, ele mandou a bola para a putaqueopariu na quadra de defesa, o Paul teve que se atirar parar salvar a bola (que foi parar nas mãos do time do Bulls a tempo deles empatarem a partida, irem para a prorrogação e ganharem o jogo) e o coitado do Chris Paul acabou contundindo o joelho quando se jogou no chão. Ou seja, deu mais errado do que a terceira edição da "Casa dos Artistas" no SBT, e o Darren Collison teve que assumir a armação outra vez. Três meses atrás, quando escrevi o post, era só por tempo limitado, graças a uma torção de tornozelo, mas agora é pra valer.


O Hornets dessa temporada é uma bela de uma porcaria, basicamente porque não existem pontuadores no elenco. Conforme Chris Paul foi ficando mais e mais frustrado no começo da temporada, foi passando a atacar mais a cesta e pontuar por conta própria. Quando o Collison começou a substituí-lo, o grande medo foi perder todo o poder ofensivo, então outros jogadores começaram a se concentrar mais nesse aspecto. O também novato Marcus Thornton passou a ganhar minutos, Peja Stojakovic foi acordado de seu sono na câmara criogênica, e Collison fez um bom trabalho envolvendo todo mundo. O grande lance sobre ele é que, mesmo tendo um arremesso não muito confiável (e de mecânica esquisitinha), sendo magrelo, fracote e mais-ou-menos na defesa, ele sabe perfeitamente bem como liderar um time e tomar as decisões corretas. O ultimo draft foi a melhor leva de armadores de todos os tempos, sem brincadeira, mas acho que o Collison é o mais inteligente em quadra quando se trata de dar os passes certos do modo mais fácil. Além disso, ele pode ser também o armador mais rápido do draft sem deixar com que isso lhe faça jogar na correria. Ele prefere segurar a bola, dar a assistência mais simples, e utiliza sua velocidade apenas quando faz sentido. Ele pode não ser o mais talentoso dessa safra, e eu tendo a achar que ele está pronto demais e não deve melhorar muito o seu jogo (e nem a estrutura física, dizem que ele é naturalmente magrelo), mas é certamente perfeito para jogar no Hornets e isso fica óbvio no seu desempenho.

Alguns estilos realmente fazem a vida dos jogadores. O Jazz do técnico Jerry Sloan é famoso por fazer com que qualquer humano bípede pareça um bom jogador na posição de armador - Brevin Knight, Raul Lopez e até o Raja Bell já chutaram traseiros no sistema de pick-and-rolls da equipe. No Hornets de uns anos para cá, o sistema tático consiste em dar todo o poder do mundo para o armador da equipe, pode até comer a esposa do dono. A bola passa o tempo inteiro nas mãos do Chris Paul, o ritmo do jogo fica em suas mãos, o resto do time só toca na bola quando ele quer, e na defesa cabe ao armador cuidar das linhas de passe na cabeça do garrafão enquanto o resto da defesa afunila o ataque adversário em direção à linha de fundo. É claro que, com tanta responsabilidade e tanto tempo com a bola nas mãos, qualquer armador do Universo (estou falando do espaço sideral, não do time brasuca) vai conseguir bons números. Mas o Darren Collison não é um fruto desse sistema, ele é apenas perfeito para esse sistema. Dê a bola o tempo inteiro para o Aaron Brooks ou o Louis Williams e você terá um pontuador maluco que terá belos números mas perderá todos os jogos. Collison é calmo, não tenta passes impossíveis, cuida bem da bola, sabe o que consegue e o que não consegue fazer em quadra, e é perito em controlar o ritmo da partida. Além disso, é um bom ladrão de bolas - perfeito para um sistema que exige apenas isso de sua defesa.

Nos 20 jogos em que foi titular, Darren tem uma média de 18 pontos, 4 rebotes, 8.4 assistências e 1.5 roubos de bola por jogo. Mas aos poucos, assim como Chris Paul, tem percebido que sua equipe fede muito e tem que pontuar cada vez mais. Nos últimos 10 jogos a média é de quase 22 pontos, assustador para um novato de arremesso mequetrefe. Contra o Houston, jogo que assisti recentemente, Collison engoliu o Houston com azeite e sal simplesmente em penetrações no garrafão, rápido demais para que o Aaron Brooks fosse capaz de marcá-lo. Passa boa parte do tempo dando os passes certos, obrigando o time a se mover, e de repente bate para dentro com uma velocidade surreal. Acabou decidindo o jogo assim no quarto período, o que é o mais importante: ele está fazendo o Hornets vencer de vez em quando em uma temporada que deveria ter sido jogada no lixo com a contusão do Chris Paul. O Hornets está atualmente em nono no Oeste, não muito longe do oitavo colocado Blazers e apenas meia vitória à frente do Grizzlies, que também luta pelos playoffs. Num Oeste tão disputado quanto o desse ano, lutar pela última vaga é uma conquista incrível. Ainda mais porque, insisto, o Hornets fede. De verdade.

Mesmo se não levar o time para os playoffs, no entanto, o Darren Collison se coloca imediatamente pela briga de melhor novato do ano. O problema é que não dá pra vencer o Tyreke Evans, que já é um dos melhores jogadores do planeta e de novato não tem nem a cara, mas a briga é boa com o Stephen Curry, que está jogando demais no Warriors, e com o Brandon Jennings, que cada vez mais tem "novato" escrito na testa. O engraçado é que Collison e Jennings teriam se enfrentado no basquete universitário se o Jennings tivesse jogado na Universidade de Arizona, como quase aconteceu, ao invés de preferir o basquete europeu pra ganhar uma graninha. Quando eles finalmente se pegaram pela primeira vez na NBA, trocaram cestas decisivas no quarto período, Jennings cobrou dois lances livres que colocaram o Bucks três pontos na frente, mas o Collison acertou um arremesso de 3 para forçar a prorrogação. No tempo extra, o Collison bateu a carteira do Jennings e cobrou os lances livres da vitória do Hornets, num jogo fantástico entre dois armadores sem idade para beber cerveja. Na noite de ontem eles se enfrentaram de novo, Collison teve uma atuação incrível, com 22 pontos e 9 assistências, deu um pau no Jennings - que é incapaz de acompanhá-lo na corrida, defendê-lo, e anda tendo problemas terríveis para acertar seus arremessos - e mostrou que vai acabar na frente do armador do Bucks na corrida por novato do ano, mas ainda assim o Hornets perdeu. Enquanto o Bucks tem a ajuda de Andrew Bogut (aliás, o time é dele e pronto), o Darren Collison só vem tendo ajuda do outro novato Marcus Thornton. Desde o dia 10 de janeiro ele só deixou de ter dígitos duplos em pontos por duas vezes, e desde que ganhou minutos na primeira contusão do Chris Paul três meses atrás, tem mostrado que é melhor pontuador do que qualquer um daquele elenco mequetrefe. Além de ter um arremesso muito bom com os pés parados, sabe colocar a bola no chão e bater para dentro do garrafão com agressividade. Ele tem uns problemas de confiança e se intimida muito com defesas mais agressivas, mas quando seu arremesso está caindo é imparável e joga como veterano. Será uma peça fundamental no Hornets tão desesperado por pontuadores, mas o Darren Collison precisa de mais ajuda do que isso. O problema é que, quando essa ajuda chegar, Chris Paul já estará na equipe e Collison será reserva, vai poder aproveitar menos a festa. O importante, no entanto, é não ter pressa. É sensacional ver o Chris Paul dando dicas para o novato em cada parada de bola e treinar com ele deve ser um privilégio. Jogar num esquema que o favorece tanto também, então o Hornets ganhou um belo reserva. É triste saber que ele deu 18 assistências em seu primeiro jogo desde a contusão do Chris Paul, que ele fez um triple-double com 18 pontos, 13 rebotes e 12 assistências, e que mesmo assim não poderá ser titular porque ele e Paul juntos, em quadra, seria um terrível problema defensivo. Mas resta a certeza de que, ao menos, o Hornets terá alguém decente no banco de reservas. Quando foi a última vez que isso aconteceu?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Trocas furadas

Mandar jovens talentos como o Eric Maynor em troca de
nada dá bastante certo, basta perguntar para o Knicks


O Hornets é o pior time do mundo pra fazer trocas. Não é que eles façam trocas idiotas, é que as trocas que eles fazem sequer chegam a se concretizar. Na temporada passada, o time resolveu mandar o Tyson Chandler para o Thunder, mas na hora dos exames médicos o pivô foi diagnosticado com uma lesão grave no pé e não foi liberado para ser trocado. Ou seja, voltou para o Hornets com aquela cara de bunda de quem tomou pé na bunda da namorada mas a namorada voltou porque não arranjou ninguém melhor. Nessa temporada, eles conseguiram mais uma troca que não aconteceu: Devin Brown iria para o Wolves em troca de Jason Hart, o magrelo que quase não entrou em quadra na sua carreira, mas no último segundo, depois da troca já ter sido amplamente anunciada e os jogadores já estarem de malas feitas, o Wolves deu pra trás e preferiu aceitar uma outra troca, dessa vez do Suns.

A troca do Suns mandou Alando Tucker pelo Jason Hart, mas garantiu também que o Suns vai continuar pagando o salário do Tucker nessa temporada. Então, já que o Jason Hart ficou tão concorrido pela primeira vez desde o baile de formatura, lá foi o Devin Brown voltar para o Hornets com cara de bunda, sabendo agora que ele é meio indesejado. O motivo da troca frustrada do Brown é o mesmo que a troca frustrada do Tyson Chandler: economizar umas verdinhas. O Hornets está bastante acima do limite salarial, tendo que pagar multas por isso, e o time fede um bocado. Depois de uma campanha forte nos playoffs e a ideia de que "com apenas mais um grande jogador de banco a gente chega lá", o Hornets percebeu que era apenas um time mequetrefe que, no momento certo, com o ritmo certo e a mentalidade certa, chegou bem mais longe do que devia. Nem em um bilhão de anos aquele time, com aquelas mesmas peças, conseguiria chegar de novo onde chegou. Bastou o Chris Paul estar sentindo mais o físico para o time despencar e perceber que James Posey, nada além de um bom carregador de piano para vir do banco, não iria fazer milagre. Não tem absolutamente ninguém no elenco capaz de pontuar, já que o Stojakovic é do tempo da tevê Manchete e o David West está longe de ser uma máquina de fazer pontos.

O Devin Brown, por isso, quebra um belo de um galho. Sempre foi subestimado, já chutou traseiros com o Spurs quando foi campeão, já ajudou o Cavs chutando traseiro nos playoffs, e portanto tem mais experiência em pós-temporada do que todo mundo no elenco do Hornets. O rapaz é forte, sabe atacar a cesta, é muito bom nos arremessos de três pontos e aprendeu a ser um bom defensor. Não é muito consistente ofensivamente, mas sempre dá um jeito de contribuir e eu fico aqui pensando o porquê dele ter partidas tão boas e ficar migrando de time para time sem uma casa fixa, parece até o Quentin Richardson. Com média de 10 pontos por jogo já dá pra ser escolhido o macho-alfa do Hornets quando o Chris Paul está de férias, mas com a crise econômica acabou sobrando pra ele.

O ridículo é que o Hornets está nessa situação de não ter pontuadores e estar acima do limite salarial porque o Stojakovic ancião ganha 14 milhões esse ano (e 15 milhões no ano que vem), o lixo do Morris Peterson ganha 6 milhões (ele foi contratado como a grande esperança do time nos arremessos de fora, mesmo que na época qualquer um que assistisse aos seus jogos soubesse que ele era o pior titular da NBA), e o James Posey ganha outros 6 milhões (um tanto salgado para um reserva de luxo). Essa receita todo mundo conhece: umas trocas imbecis e uma caralhada de contratos inflados e você tem um delicioso Knicks para viagem, com refrigerante e batatas médias. Pelo menos como o Chris Paul é um jogador espetacular que faz até os piores companheiros de equipe renderem razoavelmente, o Hornets consegue se safar de ser o Knicks e ao menos luta por uma vaga nos playoffs. Há esperança para esse time voltar a fazer barulho nos playoffs, aliás, mas é só quando esses contratos idiotas terminarem e é necessário assinar com moderação os contratos novos. A equipe está longe de um título, não dá pra ir dando bilhões para jogadores que são tratados como "a peça faltante". Quando o Magic exagerou no contrato do Rashard Lewis, não dava pra criticar muito porque eles acreditavam que um grande arremessador de três era o que faltava para que o time fosse campeão. E, bem, eles acertaram em cheio e agora não dá pra criticar o contrato inflado. O Hornets não pode pagar Stojakovic, Posey e Peterson como se eles fossem apenas o arremessador que falta para um título, o time está completamente pelado. Chris Paul e David West são a alma da equipe, um par de jogadores inteligentes e que jogam com habilidade e finesse, mas todo o resto dá pra jogar fora e começar de novo. Em plena crise econômica, com os times desesperados quando ultrapassam o limite salarial, é preciso se livrar dos contratos ruins e ter moderação nos novos. Mas se livrar do contrato de 1 milhão do Devin Brown é exagero, o rapaz não merecia essa humilhação enquanto o Stojakovic enche as orelhas com 14 vezes mais grana. Pra provar o ridículo, Devin Brown voltou a jogar pelo Hornets, fingiu que o namoro não tinha terminado e enfiou 30 pontos no Jazz só pra provar que pode. Ou seja, voltou pra casa corno mas deu um trato na patroa.

O Jazz, aliás, também está nessa onda de economizar dinheiro. O armador draftado nessa temporada, Eric Maynor, que se saiu tão absurdamente bem na ausência do Deron Williams, foi trocado para o Thunder. O Jazz recebe um maluco draftado há muito tempo atrás que nunca vai aparecer pra jogar porque está na Europa comendo umas italianas, enquanto o Thunder consegue finalmente um excelente reserva para Russell Westbrook, ampliando ainda mais o núcleo jovem desse time que vai chutar traseiros num futuro bem próximo. Para completar a troca, o toque mágico, o pó de pirlimpimpim: o Jazz manda Matt Harpring para o Thunder. O vovô tem uma infecção no pé, não deve jogar basquete nunca mais (para nosso azar, porque ele é um dos piores comentaristas de basquete do planeta e vai ficar torrando nosso saco), mas seu salário continuava valendo para o Jazz. Agora, o time paga menos taxas por ultrapassar o limite, embora não esteja nem perto de gastar pouco. Tudo porque nessa temporada resolveram ficar com Paul Millsap e Carlos Boozer, sem no entanto procurar ativamente uma troca pelo Boozer quando ele decidiu não ir embora. Com isso, Millsap tem salário de titular mas minutos de reserva, o time tem uma folha salarial de campeão mas campanha digna de Clippers, e a crise econômica acaba obrigando o time a se livrar de bons jogadores a preço de banana. Essa é uma boa maneira de estragar um time bem rápido: se livrar dos jogadores bons e jovens porque você assinou contratos gigantes para uns jogadores velhinhos. O Suns ficou se livrando das escolhas de draft para não gastar o dinheiro que usava nos veteranos e quase acabou se lascando por isso. Acabou dando sorte com carregadores de piano como o Jared Dudley, mas aprenderam a lição e devem começar a colecionar uns novatos antes que esse time morra e eles tenham que reconstruir tudo do zero.

O Eric Maynor foi uma grande sacada do Thunder, que já estava de olho nele desde a época do draft. O time está uma vitória atrás do Jazz, mas tem também um jogo a menos, então vai ser divertido se o Jazz tiver ajudado justamente o time que grudar em sua cola. Os dois brigam pelas vagas finais para os playoffs do Oeste, com a diferença de que o time de Utah é um time com sérios problemas, como o Denis tão bem relatou, enquanto o Thunder é um time jovem, animado, veloz, que está nessa só para adquirir experiência. Por lá não existe pressa, o Kevin Durant já teve anos de carta branca para arremessar como quisesse não importavam quais fossem os resultados, e agora o time testa seu entrosamento sem muitos compromissos com a vitória. O fato de que as vitórias estão vindo é simples fruto do talento e amadurecimento dessa garotada, já que a equipe teve os bagos para se livrar dos jogadores mais velhos e experientes, mesmo que talentosos, para dar minutos integrais e irrestritos para os pirralhos. O amadurecimento veio rápido, mas o que mais intriga com relação à essa equipe é o ânimo dos jogadores. Desde a temporada passada, quando eles estavam flertando também com uma das piores campanhas de todos os tempos, a animação dos jogadores teve uma crescida assustadora e incendiou o time inteiro. O Thunder decidiu trocentas partidas nos segundos finais na temporada passada inteira, aprendeu a ganhar no quarto período com intensidade e vontade, conseguiram começar a segunda metade da temporada ganhando mais do que perdendo e salvaram o recorde patético se tornando um time a ser levado a sério. Não imagino o que tenha acontecido, mas muito provavelmente foi aquela água secreta do Jordan que o Pernalonga dá pro seu time no Space Jam (pra evitar a pior campanha de todos os tempos, o Nets não precisa apenas seguir o exemplo do Thunder, precisa também dessa água do Jordan urgentemente). Desde o começo dessa temporada esse ânimo ainda está lá, e quando jogadores tão talentosos, que evoluem com velocidade de pokémon, querem o seu sangue com tanta intensidade, fica bem claro que eles vão te dar dor de cabeça. E agora com um armador reserva jovem e talentoso, para manter o mote do resto da equipe. Contratos idiotas e má administração dos salários não apenas estraga equipes, mas também favorece muito quem sabe o que está fazendo. O Thunder agradece, e num par de anos vai colher os resultados enquanto Hornets e Jazz vão estar começando do zero. Pra ver se aprendem.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O cabelo mais bonito da Grécia

Vai pegar muita grega firmeza com esse cabelinho


A notícia da semana na NBA, como todos vocês já devem estar sabendo, é a ida do ala Josh Childress do Atlanta Hawks para o Olympiacos da Grécia. O contrato é bem gordo, 20 milhões de dólares, sem desconto de imposto, para disputar 3 temporadas, sendo que Childress pode optar por voltar para a NBA depois de qualquer uma das 3 temporadas de acordo com o seu contrato (engraçado é que se ele voltar para a NBA, o Atlanta Hawks ainda tem o direito de igualar qualquer oferta, Childress volta ainda como Free Agent restrito). Essa transferência está dando o que falar, tem gente que acha que é o começo da decadência da NBA diante da força do basquete europeu, tem gente que acha que é um caso isolado, tem gente que acha o cabelo do Childress engraçado e tem os que acham que é um pouco de tudo, como eu. E vai dizer que o cabelo do Childress não é engraçado.

Primeiro vamos falar do caso Childress apenas, de maneira isolada. Por que diabos ele foi pra lá? O primeiro motivo é que ele não queria continuar no Hawks. A cidade de Atlanta não parece odiada como Milwuakee mas o técnico parece ser uma pessoa tão legal quanto o Galvão Bueno. Tanto Josh Smith quanto o Josh Childress disseram que não queriam continuar no Hawks e a principal razão, dizem, é o técnico da equipe. Quem poderia prever que depois de ser a surpresa dos playoffs, eles seriam o grande fracasso da offseason?

Então o primeiro motivo é esse, ele não queria ficar no time em que jogava. Então vem outra questão, por que não mudou de time e continuou na NBA? Bom, como qualquer jogador (até o Tyronn Lue), o Josh Childress terminou seu contrato de novato e agora queria um contrato Faustão (grande, gordo e que só de ver dá vontade de rir) para se estabilizar financeiramente. Porém, não eram muitos times que tinham espaço na folha salarial nesse ano, sendo que muitos times estão se preparando para 2010, quando LeBron, Wade, Joe Johnson, Ginobili e mais uma caralhada de caras poderão assinar com qualquer time. Com isso, ninguém se preparou para esse ano e no fim das contas apenas Sixers, Warriors, Grizzlies e Clippers tinham reais chances de oferecer uma boa graninha pelo Childress. Mas convenhamos que nenhum desses times é uma daquelas potências da liga em que se dá gosto de jogar, talvez apenas o Sixers tenha um bom futuro próximo e o time até mostrou interesse pelo Childress, mas depois de oferecer aquela bolada pelo Elton Brand eles ficaram fora da jogada. O tempo foi passando, o Warriors pegou o Maggete, o Clippers usou o espaço que tinha para pegar o Marcus Camby, o Grizzlies disse que não deve contratar mais ninguém. Se você pensar bem, o Josh Childress não tinha muitas opções senão aceitar a milionária proposta grega ou topar um contrato magrinho na NBA para voltar ao mercado dos Free Agents no ano que vem. Lembrando que essa estratégia de esperar um ano não deu nada certo para caras como Andre Iguodala, Luol Deng e Ben Gordon.

Se o especial caso do Childress não preocupa, o que dizer de Boki Nachbar, Carlos Delfino e Jorge Garbajosa indo para a Rússia? Ou Primoz Brezec indo para a Itália e Juan Carlos Navarro voltando para a Espanha depois de uma temporada de relativo sucesso na NBA? A liga deveria se preocupar com isso?

O principal motivo dessa saída não é culpa do David Stern. E olha que poucas coisas no mundo não são culpas do David Stern - o aquecimento global, como todos sabemos, é. A principal causa é a desvalorização do dólar contra o Euro cada vez mais forte. O que não falta agora é artista pedindo pra ganhar em Euro, lembro de ler uma notícia há pouco tempo dizendo que a Gisele Bündchen só ia negociar contratos em Euro agora, ninguém mais quer ganhar em uma moeda que vale menos a cada dia.

O outro motivo, por incrível que pareça, é que a NBA é boa demais. Vamos pegar o exemplo do Navarro. Por melhor que ele seja, nunca iria chegar ao ponto de liderar um time na NBA. Se ele pegasse muito o jeito da liga, no máximo ia virar o que o Stojakovic é hoje, mas não com o mesmo salário porque todo mundo acha que o Hornets fez uma burrada em pagar tanto pelo sérvio. Já na Europa, o Navarro é o tipo de cara que quando chega faz um time deixar de ser mediano e virar candidato a título. E ganha para isso também. Lá ele assinou um contrato de 20 milhões de dólares por 4 anos, bem mais do que ele ganharia na NBA, onde provavelmente seria apenas um reserva de luxo.

E isso pode-se dizer de todo mundo. Imagina o Nachbar sendo reserva do Jarvis Hayes no Nets, o Garbajosa sendo o novo cara-que-dança-no-banco no lugar do Turiaf caso tivesse aceitado a proposta do Lakers, ou o Brezec afundando no banco do Raptors esperando o Jermaine O'Neal se machucar de novo. Não há o que a NBA possa fazer a respeito, os clubes europeus têm cada vez mais dinheiro e os jogadores vão sempre escolher o lugar em que vão ganhar mais dinheiro para ter uma função mais importante.

E esse negócio de função mais importante vai ainda mais longe do que só ser titular e ter minutos em quadra, tem a ver com prestígio também. E esse prestígio dos europeus dentro da NBA tem uma história interessante e que é bastante importante para entender o motivo que está fazendo os jogadores, principalmente europeus, a voltarem para a Europa ao invés de continuarem na NBA.

Há uns bons anos atrás, lá nos anos 90 ainda, os drafts eram lotados de americanos. As exceções eram raras, alguns poucos europeus e alguns africanos, sendo que esses em geral tinham feito faculdade nos EUA. Entre os europeus, vários fizeram sucesso, como Toni Kukoc, Arvydas Sabonis e Drazen Petrovic, ou seja, eram bons mas eram poucos. Foi só nesse começo de século que começou realmente um boom de gringos na liga. Dirk Nowitzki, que tinha sido draftado ainda pivete no final dos anos 90, estourou. Aí apareceram Kirilenko, Peja Stojakovic, Pau Gasol, Mehmet Okur, Hedo Turkoglu, Tony Parker, e até um que não era europeu mas que apareceu para o mundo jogando por lá, Manu Ginobili. Logo depois disso os EUA começaram a perder sua hegemonia no basquete internacional. Foram derrotas para a Argentina de Ginobili, para a Espanha de Gasol, para a Lituânia de Jasikevicius. Que conclusão tomar disso? O mundo estava alcançando os EUA e tinham dezenas de futuras estrelas da NBA espalhadas pelo basquete europeu.

De repente o draft estava recheado de nomes acabados em "ic", "ov" e "icius" ao invés dos bons e velhos "Johnson" e "Jackson". Foi a época em que se draftou Darko Milicic, Nikoloz Tsitishvili, Fran Vasquez, Andrea Bargnani, Yaroslav Korolev, todos como escolhas de topo do draft. Acontece que nenhum deles vingou na NBA, Darko e Bargnani nem chegaram a fracassar, mas não são nem de longe o que prometiam. Já Fran Vasquez foi o primeiro a não ir para a NBA para ganhar mais grana na Europa e fez, com isso, o Orlando jogar uma 11° escolha na lata de lixo. O nosso Tiago Splitter é a mesma coisa, não vai nunca para o Spurs porque ainda está ganhando uma bolada no Tau Ceramica, mas ainda acho que os dois vão para a NBA um dia.

Foi então que a moral dos gringos na liga americana começou a baixar. Antes eram novos recordes de quantidade de estrangeiros na NBA num jogo, no mesmo time, em um All-Star Game, depois os números foram baixando cada vez mais. Os erros no draft começaram a assustar cada vez mais os times da NBA e junto disso os próprios europeus dentro da NBA começaram a ser mal vistos. Com o passar dos anos, virou consenso o fato que todos os europeus, menos o Kirilenko, não sabiam jogar na defesa e que todos os gringos da liga inteira, menos o Ginobili, amarelavam no final dos jogos (com destaque para o Stojakovic e o Nowitzki). Talvez o auge dessa coisa toda tenha sido a final da NBA nesse ano. De um lado um time que dependia do Gasol, que não conseguiu render seu melhor jogo nas finais; de outro um time que não tinha nenhum europeu e que se destacava justamente por jogar bem na defesa, jogar duro. Além disso, antes da temporada, o manager do Celtics, Danny Ainge, disse que a Europa estava cheia de talento, mas não talento para serem estrelas, talento para ser "role-players", aqueles jogadores que só compõe elenco, com uma ou duas funções mais específicas.

Depois de anos do boom europeu, os times agora não estão dando valor para esses jogadores. Com poucas exceções, estão sendo vistos como o Danny Ainge os vê, como jogadores que só ajudam um pouco e estão recebendo propostas salariais que vão de acordo com essa função, logo, não é tão difícil para os times europeus, que, dizem, estão recebendo apoio de bilionários da mesma maneira que acontece no futebol europeu (e na MSI), igualarem ou superarem as ofertas.

Existe então uma chance da NBA um dia perder uma de suas grandes estrelas para um time da Europa? Eu acho pouco provável. Os times europeus ainda não tem bala na agulha pra pagar 15 milhões de dólares em um único ano para um só jogador. Além disso, as estrelas são tratadas como estrelas na NBA, fora o prestígio e os contratos publicitários que eles só ganham por terem uma evidência na mídia que não teriam em nenhuma outra liga do mundo. O que pode acontecer são estrelas já em fim de carreira irem para lá. Alguém se surpreenderia de ver um time com Michael Finley como cestinha na Euroliga?

Outra coisa que pode acontecer, e seria engraçado, foi sugerido por um cara no fórum do InsideHoops. Ele dizia que, se os jogadores medianos como esses europeus que estão voltando e caras como Josh Childress e até o Anthony Parker do Raptors (que foi MVP da Euroliga) forem para a Europa ganhar milhões, então a NBA iria virar uma liga de super-estrelas e lixo. Só iam ter os caras que são bons demais para sair da NBA e os ruins demais para conseguir vaga na Euroliga. Não creio que isso vá acontecer mas seria engraçado, já imagino meu Lakers voltando a usar o Smush Parker e o Kwame Brown junto do Kobe Bryant.

Uma das soluções que a NBA poderia adotar é a mesma que a WNBA adotou para atrair mais jogadoras do mundo todo: aumentar o teto salarial de cada equipe. Assim as equipes poderiam pagar, sem multas, cada vez mais dinheiro para os seus atletas. Mas existe um risco de inflacionar demais os salários, é só ver o que acontece na liga de baseball que (corrijam-me se estiver falando bobagem, fãs da MLB) não tem teto salarial como o da NBA e com isso pagam os salários mais altos e absurdos do esporte americano.

Um lugar em que o crescimento do mercado europeu deve influenciar ainda mais que a NBA é o basquete universitário. Primeiro vimos o fenômeno do colegial Brendon Jennings não conseguir ir para a faculdade e então optar por ganhar uma boa graninha indo jogar na Itália. Agora foi a vez do pivô da Universidade de Georgia Tech, Ra'Sean Dickey, que ao invés de ir para o seu último ano de faculdade decidiu ir jogar na Ucrânia. Claro que Dickey não é um nome de peso como Brendon Jennings, mas pode sugerir um novo caminho para a pivetada americana. Ao invés de fazer universidade sem ganhar dinheiro algum, podem ir para a Europa e fazer um bom pé de meia por lá antes de tentar a sorte na NBA.

Não sei se a NBA está se preocupando com isso agora, imagino que sim, já que o David Stern quer dominar o mundo e fazer toda a raça humana escrava das transmissões diárias da NBA como nós já somos, mas eu acho que eles nem precisam se preocupar tanto assim, o que está acontecendo é mais sinal de um crescimento europeu do que de uma decadência da NBA. Mesmo fazendo as coisas certas, não tem como impedir que os concorrentes cresçam, é normal de qualquer negócio. Além disso, a NBA tem a seu favor algo que nenhuma outra liga tem, o sonho. Todo mundo sonha em jogar na NBA, quando se pensa em basquete, no mundo inteiro, se pensa nos grandes momentos da liga americana. O ídolo de todo mundo é o Magic Johnson, Michael Jordan, e hoje Kobe Bryant e LeBron James, todos na NBA; todos que jogam basquete querem viver isso. A maior prova disso é a nova contratação do Portland TraiBlazers, o draftado no ano passado Rudy Fernandez.

Rudy foi a grande estrela do basquete na Espanha no ano passado. Ele foi campeão e MVP da liga Catalã, da Copa do Rei e da ULEB, uma espécie de Copa da UEFA do basquete europeu. Mas ao invés de ficar na Europa, em que todos os times o queriam e pagariam milhões por ele, Rudy Fernandez decidiu ir ganhar seu salário de novato no Blazers, onde ele pode até acabar sendo reserva de Brandon Roy. Quando assinou com o Blazers, expressou tudo isso o que eu disse agora, vejam:

"O Portland mostrou muito interesse em mim e garantiram que eu serei importante para o time. O time é jovem e eu quero ajudá-los a chegar nos playoffs e, por que não, no título. Não foi fácil escolher o que fazer mas acho que chegou o momento de encarar novos desafios. Agora tenho a chance de realizar meu sonho de ser parte da NBA."

Simples assim. O cara sentiu que será útil para o time e irá realizar um sonho. Para alguns, isso vale mais do que o valor do euro sobre o dólar.

Se a NBA perdeu o simpático e bom Josh Childress para a Europa, a Europa perdeu o espetacular Rudy Fernandez para a NBA. Não que não haja nada para se preocupar, mas a NBA ainda está no lucro.



sexta-feira, 16 de maio de 2008

O que faz uma série ser boa?

Cuidado, atrás de você!


Sou só eu ou vocês também estão começando a ficar incomodados com a falta de vitórias dos times que jogam fora de casa? Até agora, nessas semi-finais de conferência, foram 21 jogos, 5 das séries Lakers-Jazz, Celtics-Cavs e Pistons-Magic, e 6 jogos da série Spurs-Hornets. Dessas 21 partidas, foram 20 vitórias dos times que jogaram em casa, a exceção foi aquela vitória do Pistons sobre o Magic com a cesta do Prince no finalzinho. Se o Turkoglu acerta a última bola, poderíamos estar agora com 21 vitórias dos mandantes em 21 jogos. Isso deve ser um recorde.

Por um lado, isso me deixa feliz, já que meu Lakers tem mando de quadra contra todo mundo do Oeste, mas por outro é um pouco decepcionante. Tem uma frase famosa nos Estados Unidos e que até o LeBron James usou em uma entrevista coletiva nessa semana que é a de que "Uma série de playoff só começa de verdade quando alguém ganha fora de casa". Se isso é verdade mesmo, a gente tá perdido, porque a única série que começou já acabou, e se Jazz e Cavs perdem amanhã, a série começa e termina no mesmo momento, o que é algo perturbador e deveria ser estudado pelos grandes físicos da humanidade.

Acho que a frase é exagerada, claro, e apesar de incomodado com todas essas vitórias em sequência dos times da casa, não acho que isso seja necessariamente sinal de uma série boa por ficar empatada ou ruim por não ter surpresa, precisamos olhar para outras coisas para achar alguma coisa. Então vamos fazer uma listinha pra ver o que deixa uma série legal ou não, independente dela ter 4 ou 7 jogos.


1 - Partidas disputadas

Nesse quesito, a série Spurs-Hornets vai pro beleléu, quem ganha em casa não só ganha como faz questão de humilhar, pisar, atropelar, dar ré e atropelar de novo o adversário. Se o Horry quer brilhar de novo com uma cesta no último segundo, ele tem que torcer pro Spurs vencer o decisivo jogo 7 e continuar na parada, porque nessa série isso não vai acontecer.

Nesse quesito, Cavs e Celtics estão mais ou menos, dos 5 jogos as partidas 1 e 5 foram até que bem emocionantes, embora o jogo 1 tenha sido duro de assistir. Mas como emoção não é sinônimo de qualidade, meio ponto para a série do Garnett e do LeBron nesse quesito. E um ponto inteiro para a série Lakers e Jazz, os jogos 3 e 5 foram decididos apenas no último minuto e o 4 teve até prorrogação. O engraçado é que em todos os jogos da série, o time que estava na frente faltando 35 minutos para o fim do jogo, ou seja, ainda no primeiro tempo, nunca perdeu a liderança, o outro time até empata e até prorrogação teve, mas quem estava atrás no segundo quarto nunca virou.

A série acabada, a do Pistons, teve dois jogos muito emocionantes nas partidas 4 e 5, ambas decididas pelo Prince. O placar de 4 a 1 na série engana, não foi tão fácil assim.

2 - Duelos pessoais

Um bom duelo pessoal sempre anima qualquer série. Volta e meia a gente até esquecia como o Wizards e o Cavs estavam desorganizados no ataque só porque estávamos esperando pra ver se o LeBron ia meter uma na cara do Stevenson ou se o Arenas ia fazer a torcida do Cavs calar a boca. Mas passada essa baboseira (divertida) da primeira rodada, o que não estão faltando são duelos pessoais bons.

Na série Lakers-Jazz tem o veterano Derek Fisher fazendo de tudo pra parar o Deron Williams. O Deron, depois de um fraco jogo 1, vem deitando e rolando, todo jogo é um drama para quem torce pro Lakers pra saber se o Fisher diminui o ritmo do Deron ou se pelo menos não entra em problema de falta. Na mesma série, ainda tem o duelo pessoal do Kobe contra o Kirilenko, que é, de longe, o que melhor marca o Kobe no time, quando você assistir ao próximo jogo veja a diferença de como o Kobe passeia sobre Korver, Brewer e Harpring e só encontra um desafio à altura nos longos braços magricelos do russo.

Qem ganha disparado esse quesito é o confronto Spurs-Hornets. Primeiro com o Duncan, que quando ataca tem duelos épicos com o Tyson Chanlder (e o mané que vem pra dobrar a marcação) e na defesa, quando o Timmy tenta parar o David West. Além desse, tem o Bruce Bowen, que ao invés de pegar o Paul o tempo inteiro, está tendo um trabalhão correndo atrás do Stojakovic, que hoje até bateu pra dentro e fez bandeja ao invés de arremessar como ele faz desde os 11 anos de idade só pra ver se surpreendia o Bowen (e deu certo!).

Mas esses duelos são secundários perto de Tony Parker x Chris Paul. Já fiz um post aqui falando que parece jogo de streetball os dois. Eles pegam a bola na defesa, correm como malucos e sempre, sempre, arranjam alguma coisa linda e surpreendente pra fazer, seja uma bandeja, um arremesso, um passe, uma ponte-aérea, não importa, eles sempre sabem o que fazer e nunca precisam parar de correr em direção à cesta pra isso. É um duelo muito veloz, muito divertido e com jogadas lindas pros dois lados. Mas se você só vê vultos correndo de um lado pro outro, não se sinta mal, somente um seleto grupo de pessoas acostumadas à velocidade que eles correm sabem exatamente o que acontece. Se você não é o Ligeirinho, o Papa-Léguas, o Flash, o Leandrinho, o Devin Harris ou o Euller, o filho do vento, você não entende o que eles fazem naquela velocidade.


3- Carga emocional

Adoro esse termo. "Carga Emocional". Soa bonito, elegante, não se pode usar com qualquer coisa. Se o jogo "traz uma carga emocional enorme" nas palavras do comentarista é porque a coisa tá legal. É sinal de que vamos ver pessoas alteradas, brigas, olhares vidrados, provocações e é isso que a gente paga pra ver!

A tal carga aparece mais fácil em séries que já aconteceram antes, quando um time busca revanche, e nessas semi-finais só o Orlando já tinha perdido pro Pistons no ano passado, mas foi um 4 a 0 tão fácil na temporada passada que ninguém nem deu muita importância pra isso.

Nesse quesito, quem está vencendo é a série entre Cavs e Celtics. Na do Lakers, até tem aquela torcida de mórmons vaiando o Fisher, mas depois que o Ronnie Price cumprimentou o Turiaf depois da falta flagrante, deu pra ver que o bicho não pega lá pra valer. Tá, na do Celtics teve o Rondo se desculpando com o Delonte West, mas mesmo assim uma série que tem o Kevin Garnett jogando sempre vai ser superior a outras quando o negócio é emoção, o nego fica simplesmente possuído quando entra em quadra, é de dar medo.

Some um cara vidrado como o Garnett a uma defesa pressionada e sem medo de fazer faltas sobre o determinado LeBron James e você terá muita cara feia, gritos e vibração no jogo. E dá gosto ver jogo com jogador parecendo que quer ganhar a qualquer custo!


4- Ajustes

Essa parte é o oposto da "Carga emocional", essa é a parte racional do jogo. São os ajustes que os times fazem de um jogo para o outro e, pra falar a verdade, é o que mais tem me incomodado na boa série entre Hornets e Spurs.

Os técnicos de ambos os times são dois dos melhores da NBA nos últimos anos e mesmo assim parece que os dois times cometem sempre os mesmo erros! O Spurs não sabia o que fazer pra se livrar da defesa pressão e dos contra-ataques do Hornets no jogo 1 e fez os mesmos erros no jogo 2. Quando parecia ter aprendido depois de fáceis vitórias nos jogos 3 e 4, repetiram todos os erros de novo no jogo 5. A mesma coisa para o Hornets, tudo o que eles acertam em casa eles não chegam nem perto de acertar fora, parece que vemos reprises e mais reprises do mesmo jogo. Torço pra um jogo 7 bem diferente e emocionante pra eu calar a boca e deixar de ser chato!

Nos ajustes, a melhor série é a do Lakers e Jazz. O Jazz tomou um sapeca-ia-iá nos dois primeiros jogos ao tomar um vareio do veloz ataque do Lakers e então resolveu jogar com mais físico, dando mais empurrões, chegando junto e isso atrapalhou muito o Lakers desde o jogo 3. O Gasol precisou ser provocado pelo Phil Jackson no jogo 5 para acordar e devolver o jogo físico no garrafão. Além disso, o Jazz mudou sua estratégia de ataque e parou com os arremessos de meia-distância e se preocupou só em atacar a cesta, conseguindo muito mais lances livres que no começo da série. O Jazz também mudou defensivamente, fazendo, ou tentando, Kobe atacar cada vez menos a cesta e arremessar mais. Além de todos os ajustes do Jazz para voltar a série depois de perder por 2 a 0, foi interessante ver como o Lakers se virou diante disso tudo, tentando interceptar os passes em direção do garrafão do Jazz para evitar o ataque à cesta, por exemplo, embora a mudança mais decisiva tenha sido no posicionamento defensivo no segundo tempo do jogo 5 para evitar o festival de rebotes ofensivos do Jazz.


Enquete:

Temos uma enquete nova aí na barra lateral. Queremos que você escolha a jogada mais bonita dos playoffs até agora e demos quatro opções, aqui estão os vídeos das jogadas para ajudar:


1. Enterrada do LeBron sobre o Kevin Garnett


2. Bola de 3 do Duncan contra o Phoenix Suns


3. Cesta de costas do Chris Paul


4. Enterrada do Kobe sobre o Kirilenko


5. Toco do Prince sobre o Turkoglu


6
. Assistência do Kobe para ele mesmo na tabela

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Eu taco fogo!

A bola é completamente secundária nesse esporte


Sempre existe aquela coisa em que somos especialistas embora não nos orgulhemos disso nem um pouco. Pode ser todas as coreografias da época áurea do "É o Tchan" com a Carla Perez, o nome de todos os pokémons ou então todas as discussões do Toninho do Diabo e do Inri Cristo no programa da Luciana Gimenes. No meu caso, como blogueiro de basquete, a especialidade da qual não me orgulho é justamente sobre NBA: sou especialista quando o assunto é perder para o Utah Jazz.

Como torcedor do Houston Rockets, conheço cada pequeno detalhe que possa levar a uma derrota para o time de Salt Lake durante os playoffs. Basta um jogador do Jazz dar uma cutucada no nariz e eu sei dizer se seu time ganhará ou não. Ontem, no duelo entre Lakers e Jazz, todos os sinais da vitória vindoura estavam presentes: Okur passeando livre na linha de 3, Deron Williams deitando e rolando nos passes picados, Kirilenko participando do ataque, Millsap acertando jumpers da cabeça do garrafão.

Aliás, pode acreditar, já vi o Houston perder trocentas vezes assim: se o Millsap acertar arremessos da cabeça do garrafão, nem que seja apenas um ou dois, o Jazz vai acabar ganhando. É tipo o Sixers de uns anos atrás que era invicto nos jogos em que Iverson desperdiçava mais de 4 bolas na partida. Faz sentido? Não. Mas que funciona, ah, funciona.

O Lakers pode ser amplamente favorito, pode ter o MVP, pode ter feito a troca mais café-com-leite da história da NBA, mas nada disso importa quando se trata do Jazz. O negócio com esse time é que eles são capazes de vencer qualquer jogo de qualquer equipe e ninguém, nem mesmo eles, sabem o que vai acontecer em quadra. Talvez não vençam 4 jogos numa melhor de 7, é verdade, mas nenhum dos jogos terá um favorito: seja com quem for, o Jazz poderá vencer. Eles são simplesmente profundos demais, com recursos demais, e quando as coisas dão bastante certo, a vitória acaba saindo. Basta uns arremessos do Millsap, um par de bolas seguidas de 3 pontos de Okur ou Deron Williams (aliás, alguém sabia que o D-Will está acertando 56% de suas bolas de 3 pontos nos playoffs?!), uma cravada de Kirilenko, um arremesso de Kyle Korver e lá está, o time dos mórmons ganhou mais uma.

Na partida de ontem, Kobe Bryant estava sofrendo com dores nas costas, tomou uma pancada na perna esquerda e a dor pareceu torná-lo um psicótico completo. No quarto período e na prorrogação, arremessou sem parar de todos os lugares da quadra - sem acertar coisa alguma. Em um punhado de jogadas, Kobe ignorou movimentações ofensivas, tática ou mesmo bom senso e simplesmente arremessou por cima de seu marcador. Arremessos forçados e desnecessários, principalmente tendo em vista que Kobe estava engolindo seus marcadores vivos quando jogava de costas para a cesta, dentro do garrafão. O atual MVP estava fora de si, num estado mental lastimável. Se ele fosse técnico, provavelmente teria aceitado ir treinar o Knicks.

Apesar de Kobe numa noite atípica, bolas certeiras de Fisher no final do tempo regular colocaram o Lakers na partida, até Odom acertar um improvável arremesso de 3 pontos para empatar o jogo. Eu adoro Lamar Odom e Monta Ellis, são jogadores monstruosos que atacam a cesta como ninguém, mas prenda os dois num ginásio e só permita que saiam quando um deles acertar dois arremessos seguidos - meses depois, um terá assado o outro numa fogueira para sobreviver. Quando Odom acertou o arremesso sem sequer mexer a redinha da cesta e Fisher deu um toco em Deron Williams na posse de bola final, levando o jogo para a prorrogação, os torcedores do Lakers ficaram esperançosos. Ah, pobres ignorantes! Por acaso não viram o Millsap acertando arremessos da cabeça do garrafão logo no começo do jogo?! Não sabem o que isso profetiza?

A prorrogação foi demais para o Lakers numa noite em que Kobe estava com a barra de energia vazia e tudo funcionava para o Jazz na hora em que precisava funcionar, ainda mais com a partida sendo em Utah. Todos aqueles que apostavam num 4 a 0 para o Lakers obviamente não torcem para o Houston e não conhecem a minha especialidade. O Jazz pode perder as próximas partidas mas pode ganhar a série sem muitas dificuldades, o que fará 400 bilhões de chineses torcedores do Houston levantarem placas de "Eu já sabia". E depois voltarem a comer arroz.

Mas não se pode acertar todas, não é mesmo? Se eu apostava no empate do Jazz desde o princípio, mostrando toda minha genialidade, também apostei numa varrida do Hornets em cima do Spurs, mostrando toda minha burrisse, insanidade e ingenuidade. No entanto, eu tinha alguns argumentos para não acreditar numa recuperação do Spurs. Pra começar, a defesa que o Hornets arrumou para lidar com o Duncan é algo para ser ensinado nas escolas, de preferência no lugar das aulas de Química. Quando Tim Duncan começa a bater bola, a marcação dobra nele mas há uma rotação imediata, antes mesmo de Duncan passar a bola, de modo a manter um marcador sempre em cima dos jogadores mais próximos do Spurs na linha de 3 pontos. Um jogador corre para cobrir o espaço deixado por seu companheiro até que o jogador do Spurs que sobre livre esteja no canto oposto da quadra, dificultando assim os passes de Duncan pela distância e até pela imprevisibilidade da marcação. Some a isso o fato do técnico do Spurs, Gregg Popovich, ser um dos caras mais chatos e metódicos da história da humanidade. Ele é do tipo que taca a mulher pela janela se não puder dormir no seu lado de sempre da cama. Quem acompanha o San Antonio sabe o quanto Tony Parker sofreu até ganhar a pseud0-liberdade que tem hoje em quadra, e se o francês tivesse um pouco menos de paciência, estaria jogando gamão. Consequentemente, concluí que Popovich não iria mudar o estilo de jogo do Spurs de modo algum, algo que, aliás, ele pessoalmente afirmou depois de perder o segundo jogo em New Orleans. Mas o sujeito resolveu parar de frescura e colocou Ginobili como titular (afinal, ele já ganhou o prêmio de melhor 6o homem mesmo, não precisa mais manter as aparências), para meu espanto. Quando achei que isso era ousado, me deparei com as outras coisas que Popovich fez na série.

Depois de perder dois jogos para Chris Paul, o técnico do Spurs resolveu tirar Bowen de cima do homem. A idéia, provavelmente, era deixar Paul fazer o que quisesse e incentivar Tony Parker a fazer o mesmo, dando o troco. A série virou um duelo pessoal entre os dois que beira o ridículo e Bowen ficou livre para anular uma das armas ofensivas do Hornets na linha de 3 pontos: Stojakovic. Agora, Chris Paul faz o que quer mas tem menos ajuda no perímetro, enquanto Parker também faz o que bem entende e o Spurs ainda se garante nas bolas de fora. Além disso, Duncan foi instruído a agir diferente quando dobram a marcação em cima dele, sendo agora mais agressivo e aproveitando sua altura para passar a bola diretamente para o homem livre que fica do lado oposto da quadra. A defesa do Hornets ainda é eficiente nesse sentido, mas os passes de Duncan foram certeiros e Tyson Chandler, também agora vítima de sua versão do hack-a-Shaq, tem sido obrigado a descer o braço no Duncan mais do que seria o ideal.

Agora, virou xadrez. Se o Byron Scott nos fez acreditar, com sua defesa ousada, que o Hornets iria levar a série fácil, agora Gregg Popovich nos leva a crer que o Spurs vai ganhar as próximas partidas graças a contra-ataques certeiros às ações do adversário. E agora, qual será a inovação tática dos dois lados no Jogo 5 da série?

Lakers e Jazz fazem uma série imprevisível enquanto Spurs e Hornets jogam xadrez nas pranchetas. Não posso perder mais nenhum jogo, finalmente os playoffs estão mais legais do que aquelas discussões do Toninho do Diabo com o Inri Cristo que eu mencionei antes. Aliás, os dois dariam excelentes mascotes na NBA. Já consigo até imaginar uma propaganda na TV gringa, falando sobre como os playoffs estão pegando fogo, ao som do Toninho do Diabo cantando "Eu taco fogo!". Imperdível.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sabadão com o Gugu

Se o Superman dos quadrinhos fosse assim, eu até leria mais HQ


Já acabou. Campeonato de enterrada de novo só no ano que vem. Eu sei, também estou deprimido e vou ficar assim muito tempo ainda. Por um dia pra ser exato. Até o jogo das estrelas, aí fico bem de novo.

Mas não estou aqui para desabafar sobre minhas tristezas, estou aqui para falar de tudo o que aconteceu ontem na noite de sábado. Então vamos logo, sem enrolar, para uma passada em cada um dos eventos!


Haier Shooting Stars

Esse foi o único evento que não participou do bolão. O motivo é que estávamos com medo de que, como em anos anteriores, os participantes fossem revelados muito em cima da hora. Até que não foi assim mas, quando saíram, a promoção já estava no ar.

Mas de qualquer forma, não importa, ninguém ia acertar mesmo! Quem acreditaria que dois caras com mais de 2,10m de altura iriam vencer uma competição de arremessos? O negócio é que se você junta o Tim Duncan e o David Robinson, algo de bom acontece e eles vencem. Acho que se eles participassem do campeonato de NBA Live, já era pro Tony Parker e era capaz até de algum deles ganhar a Eva Longoria. Estou com a maioria dos que votaram na última enquete e não sou muito fã do Spurs, não gosto do Bowen, do Ginobili cavando faltas e de ver eles ganhando em cima do meu Lakers, mas do Duncan, apesar da cara de sonso, eu gosto. E ver ele e o David Robinson vencendo foi divertido.

E se você quer saber, acho que ontem a maioria das pessoas torceu para o San Antonio. O motivo não é nenhuma das torres gêmeas, mas sim aquela delícia da Becky Hammon! É o que eu sempre digo, por que deus é tão injusto e dá talento e beleza pra mesma pessoa? Ela podia ser só mais uma burra bonita, mas não, é uma puta jogadora de basquete. Quantas baranguinhas por aí não gostariam de ter o talento dela pra, pelo menos, descontar a raiva de ser feia na quadra? Mundo cruel.

Destaque para o time de Chicago que, se tivesse mais pontaria no arremesso do meio da quadra, teria levado o título. Mas pra NBA foi melhor ter Duncan e Robinson ganhando do que o Chris Duhon, que só foi bom uma vez na vida, semanas atrás quando meteu 34 pontos no Warriors. Seu dia de Gilert Arenas, comentaram por aí.

E a decepção do torneio foi o Mr. Big Shot, Chauncey Billups. Errou muitas e muitas bolas seguidas em seu primeiro local de arremesso. Pior que ele só a bola que o Laimbeer jogou na torcida.

Aqui os melhores momentos:




Playstation Skills Challenge

Aqui era o duelo de um veterano já campeão, Jason Kidd; o atual bi-campeão, Wade; e a melhor rivalidade da NBA, Deron Williams e Chris Paul.

Pra começar, o vovô Kidd. Ele mostrou ao Dallas o que pode fazer se for pra lá. Muitos dribles, velocidade, pontaria nos passes e NENHUM arremesso. Foi naquele arremesso da cabeça do garrafão que ele perdeu a chance de ir pra final do desafio. Ele nunca foi conhecido por seus arremessos, mas parece que ele está piorando com a idade. Mas nada contra ele, como dizem alguns (e eu concordo), ele é um dos únicos jogadores da NBA a conseguir dominar um jogo sem arremessar uma bola sequer. Ben Wallace era o outro que era capaz disso nos seus bons tempos.

Tinha grande expectativa para ver D-Wade atuar. Ele tem tido problemas físicos mas ainda é o "Flash" e tem seu orgulho a defender. Até apostei nele como MVP do All-Star Game porque acho que ele vai jogar bem sério para conseguir ter algo de bom nessa temporada. Mas até agora não tem nada de bom.O cara está zicado até o osso.
Primeiro errou um drible que ele nunca deve ter errado na vida, depois não conseguia acertar um arremesso sequer e, pra terminar, errou bandejas que nem aquele seu primo de 10 anos que você chama pra jogar com você quando está entediado erraria. Foi feio.

Na primeira rodada, tanto Chris Paul quanto Deron Williams foram bem, nada espetacular, mas já os garantiu na final. E quando o assunto é CP3 contra Deron, o cara de Utah sempre vence. É assim desde a primeira temporada dos dois. Paul pode até ser melhor no geral, regularmente, mas na hora do duelo de um contra o outro, o Deron Williams SEMPRE vence. Votei no Deron para esse Skills Challenge só porque sei do prazer que ele tem em vencer seu rival.

E, pelo menos nessa, eu acertei. Deron foi impecável e não deu chances ao garoto da casa. Uma bela e divertida vitória que você pode assistir abaixo.




FootLocker 3 point Shootout

Eu cheguei a pensar duas ou até mais vezes antes de colocar meu voto no bolão. Primeiro pensei que nunca é bom apostar contra o Kobe, depois pensei que o Hamilton sempre vence o Kobe nos duelos Pistons-Lakers e que ele poderia repetir a dose, depois pensei que o Nash nunca erra arremessos livres nos jogos. Mas depois vi esse vídeo e lembrei: ninguém arremessa como Jason Kapono.

E foi assim mesmo, Kapono não foi lá pra brincar e simplesmente destruiu os outros oponentes. Ontem nem Larry Bird era capaz de parar o Novak Djokovic do basquete. Por outro lado, a disputa pelo segundo lugar foi bem emocionante!

Rip Hamilton foi o primeiro a arremessar e, depois que esquentou, foi espetacular, teria feito 17 pontos se não tivesse pisado na linha nos arremessos finais. Depois foi a vez de Daniel Gibson arremessar muito bem, embora, como Hamilton, tenha demorado pra pegar o ritmo. Ele também fez 17, mas sem pisar na linha. Nowitzki, que tem o arremesso que eu vou ensinar para os meus filhos, foi bem parecido com os outros e só pegou o embalo depois de ouvir a torcida ameaçar uma risada depois de uma airball. 17 pro alemão.

A vergonha foi Steve Nash. Além de demorar uns mil anos pra arremessar cada uma das bolas, andou na velocidade de seu novo companheiro Shaq entre uma sequência e outra de bolas. No fim acertou apenas 9! Até o amigo do César, leitor do Bola Presa, que outro dia meteu 12, se sairia melhor. Já Peja não foi ruim, mas também não foi bom o bastante. Foi, como gosto de dizer, bege.

Espero ano que vem ver o Hamilton de volta pra não pisar na linha, o Kobe mostrando o que pode fazer, quero ver o Leandrinho e, claro, quero ver o Kapono ser o primeiro jogador a não errar nenhum arremesso em um campeonato de três pontos!

O resumo da disputa você pode ver aqui:




Sprite Slam Dunk Contest

Primeiro um desabafo: Rudy Gay, por que você pediu ajuda no YouTube se você não usou nenhuma daquelas idéias?! Ou, se usou, foi uma das mais chatas, porque eu vi coisas absurdas por lá e você foi o pior competidor de ontem! Uma vergonha!
Pronto, falei o que queria falar sobre o Rudy Gay e não vou mais tocar no seu nome porque ele não merece. A ponte aérea vinda do Kyle Lowry foi legal mas não convenceu.

Minha segunda revolta é contra os juízes. Eles não foram tão injustos como no ano passado com Dwight Howard mas nesse ano, por um ponto, deixaram o Jamario Moon de fora das finais.

A primeira cravada do jogador do Toronto merecia um 50! O problema da enterrada foi que ela não desceu forte no chão, ela bateu um pouco no aro e isso causou uma impressão pior para a plástica da ação, mas mesmo assim eu daria um dez. Já a segunda enterrada dele foi muito legal, mas quem ferrou ela não foram os juízes, mas ele mesmo. Primeiro por colocar o Kapono pra dar o passe. Com Calderon e TJ Ford no time, ele vai me escolher o Kapono pra dar o passe só porque ele já estava lá? Pagou o preço, o passe saiu bem mais ou menos.
Outro ponto negativo foi que ele passou longe DEMAIS daquela linha que ele mesmo colocou antes da linha do lance-livre. Quero acreditar que se ele colocou aquela linha lá é porque ele consegue pular de tão longe. Gostaria de ver ele de volta à ação no ano que vem, pulando daquele lugar e usando um bom passador para a enterrada.

Falando dos dois finalistas, Gerald Green foi o que mais tentou inventar. Primeiro foi aquele apagar de velas que me fez morrer de rir. Depois usou Rashad McCants segurando a bola na escada que, não foi uma enterrada pra 50, mas mostrou o quanto aquele maluco consegue pular!
Na final ele cometeu um erro que até é comum em concursos de enterradas: ao invés do mais bonito, ele foi para o mais difícil. Enterrar descalço não é fácil, dói, você não pega a mesma impulsão e nem a mesma velocidade. Mas quem é que se importa com isso se o resultado é uma enterrada que já vimos várias vezes antes?
Sua melhor enterrada, porém, veio na final. Foi aquele passe que veio do McCants (depois de mil tentativas) por trás da tabela e que ele pegou, passou por baixo das pernas e enterrou. Aquela foi linda demais!

Sobre a polêmica dele ter jogado o tênis na mesa dos jurados, achei aquilo invenção, não vi nada demais. Ele deu uma de mala só, qual o problema? Faz parte do personagem que está no campeonato de enterradas.

Agora, o que falar de Dwight Howard? Ele abusou da criatividade em todas as suas enterradas. Nos fez rir ao mesmo tempo que nos impressionávamos com suas fortes cravadas. Foi fabuloso.

Ele começou com aquela jogando a bola atrás da tabela, que, merecidamente, recebeu um 50. Depois fez a enterrada que é a imagem que ficará guardada desse campeonato de enterradas: a enterrada do Superman! Por um instante achei que ele ia tentar pular do lance-livre e enterrar com as duas mãos, como o Carter fez em 2000 e que recebeu o nome de "Superman Dunk", mas não, ele só pulou de muito longe e arremessou a bola na cesta! Nem enterrou, ARREMESSOU! Foi o máximo!!! Respondendo à enquete aí do lado, eu deixava a Jessica Alba de lado fácil fácil pra poder ver um campeonato de enterradas!

Na final, D-Ho usou uma enterrada que só não era nova pra quem viu o vídeo dele treinando. Aquele tapinha na tabela antes de enterrar, já no ar, foi algo lindo demais e que nunca tinha sido feito em um campeonato de enterradas! Coisa de doido! E pensar que hoje ele disse que começou a preparar as enterradas há duas semanas apenas. Haja criatividade!
Depois da enterrada da meia do Gerald Green, o Howard só precisava de uma boa enterrada pra garantir o título. E fez até mais do que isso. Fiquei um pouquinho triste com o fato dele não ter colocado a cestinha pequena em um lugar mais alto, como na altura de 2,60m que ele tinha pedido. Mas mesmo assim foi uma bela enterrada para finalizar um belo campeonato. Campeonato este que você pode ver os melhores momentos aqui:



Espero, do fundo do coração, ver Dwight Howard de volta no ano que vem para defender seu título. Por enquanto vamos ver se ele, pelo menos, garante umas boas enterradas hoje no All-Star Game.

Ah, e o Bibby foi para o Hawks em troca de uma escolha de segundo round, Shelden Williams, Tyronn Lue, Anthony Johnson e Lorenzen Wright. Mas falamos disso a fundo quando o All-Star Weekend acabar.

Bom All-Star game para todos e boa sorte na nossa promoção!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Vida após Marion

Grant Hill não passa tanto tempo saudável desde que saiu do útero materno


O Suns com que todos nós estamos acostumados não consegue ganhar do Hornets. Com Marion na equipe, eram duas derrotas para o time de New Orleans só nessa temporada.

O Suns que conhecemos tem problemas graves para vencer o aprendiz de porra-louca Sonics. Com Marion em quadra, eram duas vitórias: uma por 106 a 99, a outra por 104 a 96.

Como está se saindo, então, o Suns sem Shawn Marion, trocado, e sem o Shaq, ainda sem condições de jogo? Como é o mundo em que o Suns simplesmente tem um jogador fundamental a menos?

A resposta: é a mesma coisa.

Sem ainda ter conseguido vencer o Hornets nessa temporada, o Suns levou, sem Marion, a última partida entre as duas equipes para a segunda prorrogação. Com o Chris Paul acabando com o jogo, com 42 pontos, 9 assistências e 8 roubos (!), a reação natural do Suns seria colocar o Shawn Marion, versátil como é, para marcar e anular o armador adversário. Em seu lugar, mandaram o também versátil Grant Hill, e pronto: sabemos agora que ele pode efetuar muito bem esse papel. Acho que ele nunca passou tempo o bastante saudável para que percebessemos que ele é um grande defensor.

Todo o habitual estava lá, como sempre: os milhões de pontos de contra-ataque, as bolas de 3 chovendo como loucas, um ala multi-uso marcando o armador adversário que estava pegando fogo. E a derrota habitual, claro. Stojakovic acertou um arremesso absurdo que, depois de muito assistir, decidi que ele sequer olhou para a cesta e nem fazia idéia de onde o aro estava. No entanto, saber onde o aro está é para os fracos, e o Peja saiu vitorioso pela segunda vez na temporada na casa do Phoenix Suns.

E que tal contra o Sonics? Depois de vitórias tão apertadas porque o Suns tem problemas esquisitos com a correria do Sonics (aliás, o Suns deveria processar o time de Seattle por plágio!), o placar da partida de ontem (103 a 99) mostra que tudo continua igual no Arizona. Apesar da partida dominante de Amaré Stoudemire, o Suns só saiu com a vitória porque o Sonics levou essa coisa de imitação longe demais. Vocês ainda se lembram do fracassado do Webber pedindo um tempo que seu time não possuia na final do campeonato universitário e, com isso, perdendo o jogo? Pois é, Wally Szczfdghfdzerbiak imitou direitinho e, com seu time perdendo por apenas 1 ponto na noite de ontem, pediu um tempo que não tinha, tomou a falta técnica e perdeu o jogo, envergonhado, dizendo que agora sabia como o Webber se sentiu. Oras, eu sei como o Webber e você se sentiram! Se sentiram BURROS. E nem preciso fazer igual para saber. Vale dar uma assistida:



É claro que o Nach acertou o lance livre da falta técnica e estava tudo encerrado. Aliás, o Suns acertou todos os seus lances livres ontem, todos os TRINTA E DOIS. Talvez haja algum tipo de aura mágica na equipe e o Shaquille O'Neal nunca mais erre um lance livre sequer. Talvez existam duendes. Talvez a Vovó Mafalda fosse mesmo mulher.

Para não dizer que, por enquanto, o Suns é exatamente igual apesar de não ter Shawn Marion, algumas pequenas coisinhas mudaram. O famoso DJ Morango, dos morros cariocas direto para o banco de Phoenix, vem tendo mais minutos nas duas últimas partidas. O garoto aproveitou bem as chances até agora e não tenho muitas dúvidas de que ele será em pouco tempo o legendário reserva do Nash que a torcida sempre aguardou desde os tempos de Moisés. Outro que está jogando mais minutos e faz o trabalho sujo, em especial nos rebotes ofensivos, é o Brian Skinner. Parece que, na marra, o Suns percebeu que as pessoas que ficam sentadas naquele tal de banco de reservas têm permissão para entrar em quadra, numa estranha manobra conhecida como "substituição".

Shaq deve estreiar em breve e veremos como ele se encaixa nessa equipe. Mas se ele passar muito tempo descansando, contundido ou com excesso de faltas, os sinais iniciais mostram que o Suns deverá ser basicamente como era antes. Ou seja, continuarão ganhando dos times chinfrins e perdendo das grandes potências. Numa série de 7 jogos contra o Spurs, todos nós sabemos o que isso significa...