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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Blazers, Lakers e TJ Ford

Blá, blá, blá, milhares de Free Agents. Blá, blá, blá análises. Sem enrolação dessa vez, pode ser?

...

Jamal Crawford 
Portland Trail Blazers - 10 milhões por 2 anos

Entendo perfeitamente quem queira argumentar que o Blazers precisava mais de jogadores de garrafão do que de mais um armador. Jamal Crawford não é armador nato, joga mais na posição 2 e quebra um galho como armador principal vindo do banco, duas funções que no Blazers já podem ser ocupadas por Raymond Felton, Armon Johnson, Wesley Matthews, Nicolas Batum e o novato Nolan Smith. Mas, se você pensar mais a fundo, verá que Armon Johnson é só um reserva limitado, Nolan é apenas um novato e que Matthews e Batum vão acabar também jogando muitos minutos na posição 3, seja na reserva de Gerald Wallace ou quando o Crash atuar na posição 4. Há espaço para todos.


E tem mais uma coisa, todos esses jogadores tem suas qualidades, mas nenhum deles é um pontuador nato. Nicolas Batum pode vir a ser no futuro, Matthews e Wallace tem seus dias bons, mas um cara consistente, que cria o seu próprio arremesso e é decisivo não existe no elenco do Blazers. Existia até o ano passado, o nosso querido e amado Brandon Roy, mas como você sabem, ele terá que se aposentar precocemente devido ao seu joelho destruído.

Jamal Crawford chega não para ser titular, mas para terminar os jogos. Para desafogar o ataque quando tudo estiver indo aos trancos e barrancos, comandar um quinteto reserva que é mais focado na defesa e criar, com seus dribles e arremessos de longe, mais espaço para o LaMarcus Aldridge agir. O contrato não é longo, é bem barato para o nível do Crawford e atinge o exato ponto que eles perderam com a saída do Roy. Contratação perfeita.


Greg Oden
Portland Trail Blazers - 8.9 milhões por 1 ano

Kurt Thomas
Portland Trail Blazers - 1.4 milhão por 1 ano

Craig Smith
Portlan Trail Blazers - ?

O Blazers tinha a opção de oferecer uma extensão de contrato a Greg Oden, mas não o fez. Foi o primeiro jogador a ser escolhido na 1ª posição do Draft a não receber uma extensão desde Kwame Brown. O Blazers, porém, não deixou o rapaz simplesmente ir embora, ofereceu um contrato de um ano, a tal Qualifying Offer, quando ele se tornou Free Agent restrito. Agora o pivô fica por mais um ano em Portland e ao fim dessa temporada vira Free Agent irrestrito.

A tal da oferta é enorme e o Greg Oden não sabe quando ou se um dia vai ficar saudável, mas é por apenas um ano. Todo mundo merece uma última chance. E no fim das contas, o Blazers atirou para todos os lados na busca de alguém que renda no garrafão além de LaMarcus Aldrige. Eles já tinham o sênior Marcus Camby, contrataram outro veterano, Kurt Thomas, e um dos meus jogadores-mais-ou-menos favoritos, o ala de força Craig Smith (que não tem o apelido de "Rinoceronte" à toa, é um monstro que sabe muito bem usar sua força), isso além do bichado-promessa Oden. Vão compensando com quantidade os problemas de contusão e idade. Algum tem que dar certo.

Podem argumentar que ao invés de vários jogadores com defeito torcendo para que um ou dois deem certo, poderiam ter apostado todo dinheiro em caras que passem mais segurança, como o ainda Free Agent Samuel Dalembert (enquanto escrevo isso ele parece próximo de fechar com o Rockets). Poderiam, mas eles podem simplesmente achar o Dalembert horrível como eu acho e as outras opções antes dele podem não ter aceitado salários de curta duração, nova obsessão da liga e principalmente do Blazers.

O time não se comprometeu a longo prazo com Oden, com Crawford, com Thomas e os contratos de Felton e Wallace acabam em breve. O time é pra ganhar logo, mas se precisar estão preparados para recomeçar do zero.


TJ Ford
San Antonio Spurs - 1.2 milhão por 1 ano

Não sei ainda direito o que achar dessa contratação, pra falar a verdade nunca achei que o Spurs fosse contratar um cara do estilo do TJ Ford. Vou falar de 3 memórias que tenho do armador.

1- Sabe o famoso Draft de 2003 considerado um dos melhores da história? Naquele ano de basquete universitário ele superou Carmelo Anthony, Kirk Hinrich, Chris Bosh e Dwyane Wade e foi eleito o melhor jogador universitário daquele ano. Foi draftado pelo Bucks e impressionou pela velocidade e boas decisões na armação.

2- Foi para o Raptors e lá, não sei se porque não confiava no resto do time, resolveu virar herói. Com pouco tempo de clube virou reserva do Jose Calderon, mesmo o espanhol sendo um dos piores defensores da sua posição na NBA.

3- Na fase do Pacers lembro de um jogo em que ele tentou uma bola de 3 pontos no último segundo para ganhar um jogo e errou. Detalhe, ele já tinha tentado 18 outras bolas de 3 na temporada e não tinha acertado uma sequer.

Mas talvez o que tenha faltado para o TJ Ford fosse um sistema tático mais rígido ou um treinador que soubesse tirar o melhor dele. Talento o cara tem de sobra, mas nos últimos anos, ao invés de melhorar com a experiência, passou a tomar decisões ruins dentro de quadra. Com sua velocidade e facilidade de infiltração pode fazer estrago parecido ao que o Tony Parker faz no próprio Spurs. Se der certo, ótimo, foi uma opção barata. Se der errado é torcer para que o armador novato Cory Joseph corresponda vindo do banco.

Jason Kapono
Los Angeles Lakers - 1.02 milhão por 1 ano


Troy Murphy
Los Angeles Lakers - 1.3 milhão por 1 ano


Josh McRoberts
Los Angeles Lakers - 6.2 milhões por 2 anos

Os dois primeiros dá pra resumir em poucas linhas: O Lakers precisa de jogadores que chutam de três, Kapono e Murphy sabem fazer isso, o segundo com o bônus de pegar rebotes e o lado ruim de ter o nariz mais feio da liga e um nome relacionado a uma lei nada agradável.

O Josh McRoberts, embora seja o nome mais desconhecido dessa lista, é o que mais pode oferecer. Além dos rebotes que o Troy Murphy também pode dar, é um cara que tem velocidade, sabe participar de contra-ataques, ataca a cesta muito bem. Pode dar um dinamismo ao banco de reservas que Luke Walton e Derrick Caracter não tem chance de dar. Ele também é oficialmente o novo responsável por colocar o Lakers no Top 10 de jogadas da semana no lugar do Shannon Brown:




Os três adicionam coisas de que o banco do Lakers, fraco na última temporada, precisava. Pensando nisso as contratações foram boas. Mas compensa a saída do Lamar Odom e recoloca o Lakers em posição de grande favorito? Não.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Mentira tem perna curta

"Como assim vão me demitir porque eu fedo?
Quer dizer que não sabiam?"



Quando, pouco antes da temporada começar, fizemos uma análise de todos os técnicos da NBA, apontamos a Divisão Atlântica como o lar dos incompetentes. Para mim, o técnico Sam Mitchell podia ser apontado como o pior de toda a liga, enquanto Mo Cheeks não se encontrava muito longe, sendo um dos técnicos mais invisíveis quando seu time está em quadra. Os dois levaram suas respectivas equipes para os playoffs e, após serem chamados de burros e incompetentes, foram consagrados "gênios incompreendidos" e receberam total apoio dos dirigentes. Foram extensões contratuais, milhões de dólares indo parar em seus bolsos, discursos de que todos acreditavam em seus trabalhos técnicos que agora estavam dando resultado. Legal, e eu sou a Vovó Mafalda. Um punhado de meses depois, os dois estão no olho da rua.

Eu queria muito compreender o critério por trás das demissões, de verdade. Nenhum dos dois técnicos tinha qualquer talento, isso todo mundo sabe, e a melhor coisa a se fazer era colocar ambos para vender cachorro-quente. Mas frente aos resultados de certo modo positivos, os dirigentes se comprometeram com os trabalhos, assinaram embaixo, deram aquele clássico soquinho no queixo seguido por um "continue assim". Pois bem, "continuar assim" foi justamente o que Sam Mitchell e Mo Cheeks fizeram. Como demitir alguém que está fazendo exatamente a mesma porcaria que fazia antes, e pelo qual foi tão elogiado, aliás? A impressão que dá é de que os responsáveis pelas franquias não fazem a menor idéia do que estão fazendo, apenas acompanham os resultados e julgam baseados inteiramente nos números. E não em números difíceis, como "posses de bola por 48 minutos", mas apenas no número de vitórias e derrotas - talvez no número de torcedores por partida também, vá lá. Isso é até normal, o objetivo das franquias é dar lucro, ninguém é bonzinho e financia uma equipe de basquete porque isso traz alegria para o mundo ou é uma linguagem que permite a ampla expressão de seus membros constituintes. Seria como dizer que o objetivo do McDonald's é alegrar as crianças e espalhar a arte gastronômica como forma de comunicação. Pois é, o Joâo Kléber também só queria tornar o mundo um lugar melhor, pobre gênio imcompreendido.

Mas justamente por visar ao lucro é que mais atenção deveria ser dada ao que diabos os técnicos estão fazendo em quadra. Se colocassem um gorila de circo no Raptors que passasse os jogos comendo bananas e trepando em cima do banco de reservas, e o time chegasse aos playoffs, seria ridículo parabenizar-lhe por isso - pior ainda seria lhe oferecer uma extensão de contrato. O que dizer, então, da demissão do gorila caso o time desse errado na temporada seguinte? Sua ação no time (comer bananas) sempre foi a mesma e provavelmente eu tive mais influência nos resultados da equipe quando tirei meu pijama pela manhã do que ele.

No caso do Mo Cheeks, ainda há o agravante de ninguém ter percebido o desastre óbvio que se aproximava. Nenhuma estrela jamais conseguiu se encaixar em um time seu, de Rasheed Wallace a Allen Iverson, basicamente porque seu estilo de jogo parece ser invariavelmente coletivo para alguns, ridiculamente inexistente para outros. Ele tornou a meia tonelada de jogadores secundários do Sixers um conjunto coeso, mas era óbvio que a chegada de uma estrela obrigaria que ele mudasse sua tática e explorasse as novas possibilidades, coisa que ele nunca seria capaz de fazer. De certo modo, Elton Brand foi o atestado de óbito de Mo Cheeks por vários motivos: a princípio, porque o obrigou a utilizar-se de uma estrela; depois, porque o time deixou de ser uma porcaria que surpreendeu todo mundo para se tornar um time de verdade que supostamente deveria ser capaz de vencer. Convenhamos, vencer sem querer é muito mais fácil do que vencer quando você precisa mostrar resultados. O técnico quebra-galho será Tony DiLeo, que pelo menos não terá muita responsabilidade de vencer porque pegou o bonde andando. Se ele tem chances eu não faço idéia, afinal escrevo sobre NBA mas tenho mais o que fazer na minha vida do que digitar o nome desse pentelho no Google.

Também não faço idéia de quem seja o novo técnico do Raptors, o Jay Triano, que era assistente técnico da equipe (e tem nome de boxeador latino). Mas assim é que é bom, a gente julga o trabalho do cara na prática, não graças ao seu nome ou resultados passados, o que também é uma excelente desculpa para esconder a preguiça de ir pesquisar sobre alguém que pode ser mandado embora em 15 minutos. Mas vale dizer que suas poucas alterações no time me pareceram muito bem-vindas. Antes de mais nada, colocar o Jason Kapono pra jogar já é motivo de alegria. Militantes dos Direitos Humanos festejaram a libertação de Kapono do fim do banco do Raptors, onde ele apodrecia vivendo a pão e água. Sua situação não era tão ruim quanto a do Belinelli ou do JJ Redick, que estão escravizados e utilizados como pesos de papel em suas equipes, mas também era bem feia. Sam Mitchell não faz a menor idéia de como utilizar jogadores unidimensionais, especialistas em fazer apenas uma coisa, e os arremessos de fora do Kapono foram abandonados no banco graças à sua dificuldade nas outras funções - ainda que tenha sido peça fundamental naquele Heat que foi campeão da NBA. É verdade que o Anthony Parker está contundido e abriu uma vaga, mas Kapono está tendo minutos que nunca teve em Toronto e nem teria com o Mitchell, sem contar que Jamario Moon retornou à escalação titular. Com isso Bargnani voltou ao banco, o que compromete sua temporada de claros aprendizados, mas o italiano ainda é inconstante demais e seu amadurecimento não pode ser feito às pressas. Na verdade, tem que ser secundário frente ao elenco do Raptors que deveria poder vencer agora, e tem que se preocupar mais em encontrar um equilíbrio entre Bosh e Jermaine O'Neal do que qualquer outra coisa. Ser técnico em Toronto parece fácil porque ninguém dos Estados Unidos presta atenção no Canadá, e os torcedores do Raptors estão mais interessados em hockey e em chegar em casa sem serem atacados por ursos. Mas esse elenco é na verdade uma bomba para o próximo técnico: bom demais para ficar fora dos playoffs, limitado demais para ser campeão do Leste, apesar da obrigação de vencer imediatamente. Essa é uma zona perigosa de mediocriedade que fada times ao fracasso. A intenção declarada alguns anos atrás de se tornarem "o Suns do Leste" pode na verdade ser uma maldição e apontar os problemas presentes e futuros: o eterno "quase-chegamos-lá". Quem pegar os dinossaurinhos roxos vai ter que decidir se esse será o modelo a ser seguido, se eles correrão, se defenderão, se apostarão em Jermaine O'Neal, ou se já é hora de se preocupar com uma possível partida de Chris Bosh e, portanto, começar tudo de novo.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

All in

David Stern incentiva o jogo


Antes de entrarmos de vez no maravilhoso mundo olímpico, que tal falar de um esporte um pouco menos nobre mas não menos divertido? Estou falando do ápice da programação da ESPN, da melhor parte da faculdade, o jogo do pôquer.

Você deve estar achando que eu estou louco e que estamos ficando sem assunto mesmo nesse ponto do ano onde não tem nada acontecendo na NBA, mas a verdade é que só agora o Danilo achou essa matéria muito legal do jornal Sun Sentinel sobre o jogo de pôquer entre os jogadores da NBA, e como falamos muito em contratos e cifras na offseason, acho que o pôquer é uma boa introdução para mostrar como os jogadores da NBA lidam com seu dinheiro.

A matéria diz que o jogo de pôquer é comum entre os atletas desde sempre, o que não é lá muita novidade, qualquer lugar que tem homens juntos e entediados tem baralho e conversas sobre sexo. Aqui no Brasil nossos atletas preferem o bom e velho truco, na terra do Tio Sam o esquema é pôquer. Aposto que na China, do jeito que eles são um povo vibrante, os jogadores devem fazer campeonatinhos de Uno. Vocês imaginam o Yao nervoso pra diabo porque não tem uma carta verde ou um 2? Dá pra sentir a tensão no ar.

Na faculdade eu, o Danilo e mais uma renca de caras jogávamos pôquer diariamente, eu jogava menos porque sempre fui ruim, o Danilo jogava mais e nosso amigo mais pobre era o mais viciado e o que mais perdia dinheiro. Mas ele não passava necessidades, fiquem tranquilos, as nossas apostas ficavam na casa dos cinco e dez centavos, quando uma rodada passava do um real já tinha gente se amontoando em volta da mesa e duvidando da masculinidade de quem se recusasse a igualar a aposta. Eram bons tempos, pobres mas bons tempos.

Se ganhássemos mais dinheiro, se fossemos um bando de riquinhos, pode ter certeza de que iríamos apostar mais dinheiro, o jogo é um vício desgraçado. O Pat Riley, ex-técnico do Heat e ex-jogador da NBA, disse que no seu tempo eles jogavam pôquer no meio dos aviões comerciais que usavam para ir de um jogo a outro. Eles apostavam cinco ou dez dólares em cada rodada e se divertiam assim.

As coisas mudaram um pouco desde os anos 60, época em que o Pat Riley jogava seu poquerzinho maroto. A primeira mudança é que não são mais aviões comerciais, são particulares, todo time tem o seu. Muda também as notas usadas. Pat Riley disse que no Miami Heat não se usam mais suas notas de cinco e dez, agora são de 20 e 100 doletas. Como a média de salário de um jogador da NBA é de 5,4 milhões de dólares por temporada, 66 mil dólares por jogo, é normal que os jogadores fiquem à vontade para apostar bastante. Mas nem sempre a disputa é justa:

"O Paul Pierce era o jogador de pôquer mais agressivo, porque 100 dólares não era nada pra ele."

Quem disse isso foi o armador Dan Dickau sobre os tempos de Celtics dele. O Paul Pierce ganhava 16 milhões de dólares por temporada ou 195 mil dólares por jogo de temporada regular. Quando você ganha 195 mil dólares por um jogo acho que não deve ser muito difícil cobrir uma aposta de míseros 100 dólares para descobrir qual é a mão daquele novato mané que quer crescer pra cima de você. O técnico do Magic, Stan Vun Gundy, também fala sobre o assunto:

"Você tem caras que ganham muito dinheiro e que gostam de jogar, eles podem entrar num avião e perder 10 mil dólares. Mas o problema é que tem muito jogador jovem que gosta de jogar com eles, de andar com os veteranos e, bem, 10 mil dólares dóem mais no bolso deles, e aí eles ficam bem mal."

Ter apostas em 100 dólares não quer dizer que elas paravam por aí, dependendo dos jogadores a coisa poderia ir longe. O armador Derek Anderson disse que já viu gente perder 30 mil dólares em uma mísera viagem de avião:

"Você sai de Chicago e tem 30 mil dólares, você chega em Detroit e não tem mais."

Não é das coisas mais fáceis para o cidadão comum entender como alguém perde, numa boa, 30 mil dólares em um jogo, mas pretendo ganhar todo esse dinheiro um dia, só pra ver se eu entendo eles, claro . Essa relação, digamos, promíscua, dos atletas da NBA com o dinheiro, vai além das partidinhas de pôquer, é o que dá pra ver em uma matéria do jornal The Star de Toronto.

Segundo a matéria, a associação dos jogadores da NBA revelou um dado impressionante: 60% dos jogadores da NBA perdem todo seu dinheiro cinco anos depois de sua aposentadoria. Sim, aqueles caras que eu disse acima que ganham em média 5,4 milhões de dólares por ano quebram depois de 5 anos sem receber.

Os motivos, claro, são gastos excessivos e falta de planejamento. Se o Derek Anderson já viu gente perder 30 mil em um jogo de pôquer, o Jason Kapono disse que já jogou com um jogador que tinha em sua garagem 14 carros. Um cara solteiro, que mora sozinho e tem 14 carros só porque pode ter.

O carro é um exemplo, mas todo mundo tem seu luxo diferente, seus hobbies, que são elevados à enésima potência quando o cara tem rios de dinheiro. Uns tem trocentos carros, outros sua própria academia em casa, outros ainda seu próprio cinema, piscinas gigantescas e mais uma enormidade de coisas. O Steve Francis tem até seu próprio barbeiro em casa para não precisar sair do conforto do lar para raspar a cuca. O programa MTV Cribs da MTV americana já mostrou vários jogadores da NBA e suas nada humilde casas, dá pra ter uma idéia, ao ver os vídeos, de como os jogadores não pensam duas vezes antes de decidir morar em castelos.

É só clicar no nome do jogador que você vai ver o vídeo sobre sua casa: Steve Francis, Dwight Howard, Shaquille O'Neal, Paul Pierce e Rasheed Wallace.

Tem também os que se dão mal porque são bonzinhos demais. Existem histórias de jogadores que melhoram de vida ao entrar na NBA e querem que todos à sua volta, todo mundo que ele gosta, mudem de vida também, então o cara compra casas para os amigos de infância, para os tios, primos e outros familiares. Mas aí tem que pagar as contas, tem que pagar um carro pra acompanhar a casa, tem que abastecer a casa e quando o salário acaba essa missão fica mais difícil.

O que a Associação dos Jogadores da NBA tenta fazer é alertar os jogadores para que eles pensem mais antes de gastar seu dinheiro, para que eles possam dividir seu dinheiro entre seus desejos e em algum investimento para o futuro. Como disse o Kapono, o contrato dele garante que ele receba salário até os 30 anos de idade, depois disso ele não sabe se ganhará outro contrato, então se ele viver até os 80 anos ele tem que ter dinheiro guardado para viver esses outros 50 anos entre o fim da sua carreira e o da sua vida.

Quando o assunto é dinheiro não dá pra esquecer do grande Latrell Spreewell. Há alguns anos ele recusou uma proposta de 21 milhões de dólares por três anos do Minnesotta Timberwolves com a desculpa de que "preciso alimentar minha família". Depois disso o Wolves não ofereceu mais nada e o Spree nunca mais jogou na NBA. Há pouco mais de um ano ele perdeu um iate no valor de mais de 1 milhão de dólares porque não podia continuar pagando por ele.

Mas não é tudo culpa dos jogadores, o que não falta é gente querendo se aproveitar de jogadores que foram pobres a vida inteira, não tem experiência em lidar com dinheiro e que de repente estão ganhando milhões de dólares. Agentes e empresários estão sempre rondando, dizendo que cuidam dos impostos, que arranjam novos contratos e o jogador nem percebe que estão levando o seu dinheiro, como disse o armador Darrick Martin, você vira um alvo dos aproveitadores assim que começa a ganhar dinheiro.


Mas não vamos ficar tristes porque os jogadores da NBA não sabem cuidar de seu rico dinheirinho. Vamos pensar em coisas mais divertidas, como o cara do blog Str8balling, que fez um post genial sobre os 4 jogadores com quem ele não queria jogar pôquer.

Ele escolheu:

1. Kevin Garnett - porque o cara é intenso demais e ia ficar olhando com aqueles olhos esbugalhados enquanto você tenta blefar.
2. Tim Duncan - porque ele tem eternamente aquela "poker-face", a cara de nada que faz com que você não saiba se ele tem cartas boas ou não na mão.
3. Stephen Jackson - porque não é bom negócio apostar dinheiro contra um cara que tem uma tatuagem de mãos rezando enquanto seguram uma arma de fogo.
4. Kwame Brown - porque ele não ia conseguir segurar as cartas com aquelas mãos pequenas e o jogo não ia rolar.

Eu concordo plenamente com todas as escolhas dele e completo a lista com jogadores com quem eu gostaria, sim, de jogar pôquer:

1. Tony Parker - em algum momento do jogo ele teria que apostar a esposa.
2. Yao Ming - ele é tão bonzinho que não seria capaz de blefar.
3. Lamar Odom - quando sobrarmos só nós dois na mesa ele vai amarelar e me entregar o prêmio de graça.
4. Dikembe Mutombo - só para ouvir aquela voz engraçada dele falando "I check".



E você, jogaria ou não jogaria pôquer na NBA, e com quem? Ou não jogaria com ninguém porque ficou com medinho de falir em menos de 5 anos?

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sabadão com o Gugu

Se o Superman dos quadrinhos fosse assim, eu até leria mais HQ


Já acabou. Campeonato de enterrada de novo só no ano que vem. Eu sei, também estou deprimido e vou ficar assim muito tempo ainda. Por um dia pra ser exato. Até o jogo das estrelas, aí fico bem de novo.

Mas não estou aqui para desabafar sobre minhas tristezas, estou aqui para falar de tudo o que aconteceu ontem na noite de sábado. Então vamos logo, sem enrolar, para uma passada em cada um dos eventos!


Haier Shooting Stars

Esse foi o único evento que não participou do bolão. O motivo é que estávamos com medo de que, como em anos anteriores, os participantes fossem revelados muito em cima da hora. Até que não foi assim mas, quando saíram, a promoção já estava no ar.

Mas de qualquer forma, não importa, ninguém ia acertar mesmo! Quem acreditaria que dois caras com mais de 2,10m de altura iriam vencer uma competição de arremessos? O negócio é que se você junta o Tim Duncan e o David Robinson, algo de bom acontece e eles vencem. Acho que se eles participassem do campeonato de NBA Live, já era pro Tony Parker e era capaz até de algum deles ganhar a Eva Longoria. Estou com a maioria dos que votaram na última enquete e não sou muito fã do Spurs, não gosto do Bowen, do Ginobili cavando faltas e de ver eles ganhando em cima do meu Lakers, mas do Duncan, apesar da cara de sonso, eu gosto. E ver ele e o David Robinson vencendo foi divertido.

E se você quer saber, acho que ontem a maioria das pessoas torceu para o San Antonio. O motivo não é nenhuma das torres gêmeas, mas sim aquela delícia da Becky Hammon! É o que eu sempre digo, por que deus é tão injusto e dá talento e beleza pra mesma pessoa? Ela podia ser só mais uma burra bonita, mas não, é uma puta jogadora de basquete. Quantas baranguinhas por aí não gostariam de ter o talento dela pra, pelo menos, descontar a raiva de ser feia na quadra? Mundo cruel.

Destaque para o time de Chicago que, se tivesse mais pontaria no arremesso do meio da quadra, teria levado o título. Mas pra NBA foi melhor ter Duncan e Robinson ganhando do que o Chris Duhon, que só foi bom uma vez na vida, semanas atrás quando meteu 34 pontos no Warriors. Seu dia de Gilert Arenas, comentaram por aí.

E a decepção do torneio foi o Mr. Big Shot, Chauncey Billups. Errou muitas e muitas bolas seguidas em seu primeiro local de arremesso. Pior que ele só a bola que o Laimbeer jogou na torcida.

Aqui os melhores momentos:




Playstation Skills Challenge

Aqui era o duelo de um veterano já campeão, Jason Kidd; o atual bi-campeão, Wade; e a melhor rivalidade da NBA, Deron Williams e Chris Paul.

Pra começar, o vovô Kidd. Ele mostrou ao Dallas o que pode fazer se for pra lá. Muitos dribles, velocidade, pontaria nos passes e NENHUM arremesso. Foi naquele arremesso da cabeça do garrafão que ele perdeu a chance de ir pra final do desafio. Ele nunca foi conhecido por seus arremessos, mas parece que ele está piorando com a idade. Mas nada contra ele, como dizem alguns (e eu concordo), ele é um dos únicos jogadores da NBA a conseguir dominar um jogo sem arremessar uma bola sequer. Ben Wallace era o outro que era capaz disso nos seus bons tempos.

Tinha grande expectativa para ver D-Wade atuar. Ele tem tido problemas físicos mas ainda é o "Flash" e tem seu orgulho a defender. Até apostei nele como MVP do All-Star Game porque acho que ele vai jogar bem sério para conseguir ter algo de bom nessa temporada. Mas até agora não tem nada de bom.O cara está zicado até o osso.
Primeiro errou um drible que ele nunca deve ter errado na vida, depois não conseguia acertar um arremesso sequer e, pra terminar, errou bandejas que nem aquele seu primo de 10 anos que você chama pra jogar com você quando está entediado erraria. Foi feio.

Na primeira rodada, tanto Chris Paul quanto Deron Williams foram bem, nada espetacular, mas já os garantiu na final. E quando o assunto é CP3 contra Deron, o cara de Utah sempre vence. É assim desde a primeira temporada dos dois. Paul pode até ser melhor no geral, regularmente, mas na hora do duelo de um contra o outro, o Deron Williams SEMPRE vence. Votei no Deron para esse Skills Challenge só porque sei do prazer que ele tem em vencer seu rival.

E, pelo menos nessa, eu acertei. Deron foi impecável e não deu chances ao garoto da casa. Uma bela e divertida vitória que você pode assistir abaixo.




FootLocker 3 point Shootout

Eu cheguei a pensar duas ou até mais vezes antes de colocar meu voto no bolão. Primeiro pensei que nunca é bom apostar contra o Kobe, depois pensei que o Hamilton sempre vence o Kobe nos duelos Pistons-Lakers e que ele poderia repetir a dose, depois pensei que o Nash nunca erra arremessos livres nos jogos. Mas depois vi esse vídeo e lembrei: ninguém arremessa como Jason Kapono.

E foi assim mesmo, Kapono não foi lá pra brincar e simplesmente destruiu os outros oponentes. Ontem nem Larry Bird era capaz de parar o Novak Djokovic do basquete. Por outro lado, a disputa pelo segundo lugar foi bem emocionante!

Rip Hamilton foi o primeiro a arremessar e, depois que esquentou, foi espetacular, teria feito 17 pontos se não tivesse pisado na linha nos arremessos finais. Depois foi a vez de Daniel Gibson arremessar muito bem, embora, como Hamilton, tenha demorado pra pegar o ritmo. Ele também fez 17, mas sem pisar na linha. Nowitzki, que tem o arremesso que eu vou ensinar para os meus filhos, foi bem parecido com os outros e só pegou o embalo depois de ouvir a torcida ameaçar uma risada depois de uma airball. 17 pro alemão.

A vergonha foi Steve Nash. Além de demorar uns mil anos pra arremessar cada uma das bolas, andou na velocidade de seu novo companheiro Shaq entre uma sequência e outra de bolas. No fim acertou apenas 9! Até o amigo do César, leitor do Bola Presa, que outro dia meteu 12, se sairia melhor. Já Peja não foi ruim, mas também não foi bom o bastante. Foi, como gosto de dizer, bege.

Espero ano que vem ver o Hamilton de volta pra não pisar na linha, o Kobe mostrando o que pode fazer, quero ver o Leandrinho e, claro, quero ver o Kapono ser o primeiro jogador a não errar nenhum arremesso em um campeonato de três pontos!

O resumo da disputa você pode ver aqui:




Sprite Slam Dunk Contest

Primeiro um desabafo: Rudy Gay, por que você pediu ajuda no YouTube se você não usou nenhuma daquelas idéias?! Ou, se usou, foi uma das mais chatas, porque eu vi coisas absurdas por lá e você foi o pior competidor de ontem! Uma vergonha!
Pronto, falei o que queria falar sobre o Rudy Gay e não vou mais tocar no seu nome porque ele não merece. A ponte aérea vinda do Kyle Lowry foi legal mas não convenceu.

Minha segunda revolta é contra os juízes. Eles não foram tão injustos como no ano passado com Dwight Howard mas nesse ano, por um ponto, deixaram o Jamario Moon de fora das finais.

A primeira cravada do jogador do Toronto merecia um 50! O problema da enterrada foi que ela não desceu forte no chão, ela bateu um pouco no aro e isso causou uma impressão pior para a plástica da ação, mas mesmo assim eu daria um dez. Já a segunda enterrada dele foi muito legal, mas quem ferrou ela não foram os juízes, mas ele mesmo. Primeiro por colocar o Kapono pra dar o passe. Com Calderon e TJ Ford no time, ele vai me escolher o Kapono pra dar o passe só porque ele já estava lá? Pagou o preço, o passe saiu bem mais ou menos.
Outro ponto negativo foi que ele passou longe DEMAIS daquela linha que ele mesmo colocou antes da linha do lance-livre. Quero acreditar que se ele colocou aquela linha lá é porque ele consegue pular de tão longe. Gostaria de ver ele de volta à ação no ano que vem, pulando daquele lugar e usando um bom passador para a enterrada.

Falando dos dois finalistas, Gerald Green foi o que mais tentou inventar. Primeiro foi aquele apagar de velas que me fez morrer de rir. Depois usou Rashad McCants segurando a bola na escada que, não foi uma enterrada pra 50, mas mostrou o quanto aquele maluco consegue pular!
Na final ele cometeu um erro que até é comum em concursos de enterradas: ao invés do mais bonito, ele foi para o mais difícil. Enterrar descalço não é fácil, dói, você não pega a mesma impulsão e nem a mesma velocidade. Mas quem é que se importa com isso se o resultado é uma enterrada que já vimos várias vezes antes?
Sua melhor enterrada, porém, veio na final. Foi aquele passe que veio do McCants (depois de mil tentativas) por trás da tabela e que ele pegou, passou por baixo das pernas e enterrou. Aquela foi linda demais!

Sobre a polêmica dele ter jogado o tênis na mesa dos jurados, achei aquilo invenção, não vi nada demais. Ele deu uma de mala só, qual o problema? Faz parte do personagem que está no campeonato de enterradas.

Agora, o que falar de Dwight Howard? Ele abusou da criatividade em todas as suas enterradas. Nos fez rir ao mesmo tempo que nos impressionávamos com suas fortes cravadas. Foi fabuloso.

Ele começou com aquela jogando a bola atrás da tabela, que, merecidamente, recebeu um 50. Depois fez a enterrada que é a imagem que ficará guardada desse campeonato de enterradas: a enterrada do Superman! Por um instante achei que ele ia tentar pular do lance-livre e enterrar com as duas mãos, como o Carter fez em 2000 e que recebeu o nome de "Superman Dunk", mas não, ele só pulou de muito longe e arremessou a bola na cesta! Nem enterrou, ARREMESSOU! Foi o máximo!!! Respondendo à enquete aí do lado, eu deixava a Jessica Alba de lado fácil fácil pra poder ver um campeonato de enterradas!

Na final, D-Ho usou uma enterrada que só não era nova pra quem viu o vídeo dele treinando. Aquele tapinha na tabela antes de enterrar, já no ar, foi algo lindo demais e que nunca tinha sido feito em um campeonato de enterradas! Coisa de doido! E pensar que hoje ele disse que começou a preparar as enterradas há duas semanas apenas. Haja criatividade!
Depois da enterrada da meia do Gerald Green, o Howard só precisava de uma boa enterrada pra garantir o título. E fez até mais do que isso. Fiquei um pouquinho triste com o fato dele não ter colocado a cestinha pequena em um lugar mais alto, como na altura de 2,60m que ele tinha pedido. Mas mesmo assim foi uma bela enterrada para finalizar um belo campeonato. Campeonato este que você pode ver os melhores momentos aqui:



Espero, do fundo do coração, ver Dwight Howard de volta no ano que vem para defender seu título. Por enquanto vamos ver se ele, pelo menos, garante umas boas enterradas hoje no All-Star Game.

Ah, e o Bibby foi para o Hawks em troca de uma escolha de segundo round, Shelden Williams, Tyronn Lue, Anthony Johnson e Lorenzen Wright. Mas falamos disso a fundo quando o All-Star Weekend acabar.

Bom All-Star game para todos e boa sorte na nossa promoção!

sábado, 12 de janeiro de 2008

Draftados em 2003 - parte 4

Lampe teve que abaixar o braço logo para ninguém perceber que ele fedia


Finalmente chegamos à última parte de nossa série de artigos sobre os draftados em 2003. Até agora, acompanhamos uma a uma as escolhas da primeira rodada, analisando o passado e o futuro de cada jogador. Alguns compõe o seleto grupo dos melhores da Liga, outros fazem parte do enorme grupo de jogadores que desapareceram sem deixar rastros.

Na primeira parte, analisamos as primeiras escolhas, que incluiam aquele tal de LeBron James, que dizem que é bom. Depois, na segunda parte, David West salvou o grupo do ostracismo total. Na terceira parte, Leandrinho e Josh Howard, as duas últimas escolhas da primeira rodada, fizeram os outros times se arrependerem mais do que a mãe do Gilberto Barros.

Na ansiosamente aguardada (por mim, pelo menos) última parte do artigo, veremos algumas escolhas selecionadas do segundo round. E, para finalizar, farei um exercício de imaginação: como seria o draft se acontecesse nos dias de hoje?


30 - Maciej Lampe (New York Knicks)

O Lampe era um dos jogadores europeus mais promissores de todo o draft. Se falava absurdos dele e seu potencial deixava todo mundo boquiaberto. Começou sendo cotado como uma das primeiras 5 escolhas, depois como uma das primeiras 10 e enfim estacionou como uma das primeiras 15 escolhas. O que o fazia cada vez mais despencar nos "mock drafts" (ou seja, nos drafts de mentirinha em que os especialistas chutam, e chutam mal) era o valor da recisão de seu contrato com seu clube europeu, o Real Madrid. Ainda assim, Lampe aparecia em todas as fotos conjuntas das "estrelas do draft" e era um consenso o fato de que já teria sido escolhido antes da 16a escolha.

Não foi o que aconteceu. O Lampe ficou lá, sentadinho na sala, vendo um a um os jogadores sendo chamados para apertar a mão sebosa do David Stern. Ver Cabarkapa, Pavlovic e Planinic sendo escolhidos antes dele deve ter lhe causado uma síncope e ele nunca mais seria o mesmo. Quando o primeiro round (e a chance de um contrato garantido) acabou, Maciej Lampe ainda não havia sido escolhido. Seu nome só foi anunciado para iniciar o segundo round, e a torcida de New York foi ao delírio. Era um jogador que poderia ter sido uma das dez primeiras escolhas e havia escorregado até a trigésima, direto para as mãos do Knicks. Lampe foi aplaudido, ovacionado, adorado, amado e até gritaram "gostoso!". Na platéia, um rapaz levantou uma placa com os dizeres "Light the Lampe", um trocadilho até que muito bom, levando em conta que todos os trocadilhos fedem.

Na entrevista logo após ter sido escolhido, Lampe tinha sangue nos olhos e parecia que sua cabeça estava preparando chá. Suas palavras foram furiosas e diretas: iria fazer cada um dos times da NBA se arrepender profundamente por ter deixado ele passar no primeiro round. Era uma jornada pessoal, uma busca por vingança, um jogador telentoso querendo acabar com a raça daqueles times muquiranas.

O Knicks pagou a multa, o Lampe foi imediatamente para a NBA, mas obviamente havia algo errado: como assim Isiah Thomas havia draftado alguém de que a torcida gostava? Como assim os fãs estavam feliz com a escolha? Era preciso fazer alguma coisa. Lampe foi trocado, junto com McDyess e duas escolhas de draft, pelo Marbury e o Hardaway, que aliás se saiu muito bem em mamar nas tetas do Knicks sem jogar.

No Suns, Lampe foi pouco utilizado mas dava seus primeiros sinais de feder. Foi então trocado para o Hornets, onde até teve mais chances mas fedeu do mesmo jeito, e aí foi para o Houston, onde marcou um total de 4 pontos em 4 partidas e desapareceu para nunca mais voltar. Vingança frustrada, moral destruída. E a multa de seu contrato salvou um punhado de times de cometer o maior engano de suas vidas.

31 - Jason Kapono (Cleveland Cavaliers)

Nada mal para uma escolha de segundo round. Trata-se de um jogador especialista que, aliás, tem a melhor média de aproveitamento em arremessos de 3 pontos de todos os tempos. Ele não chuta em grandes quantidades mas acerta o bastante para ser útil em qualquer equipe. O Bobcats arriscou, pegou o garoto no draft de expansão, e então o trocou para o Heat onde foi parte fundamental da equipe que foi campeã da NBA. O Pat Riley tentou de tudo para mantê-lo no time para essa temporada mas o Raptors desembolsou mais verdinhas e o Kapono resolveu ir para lá ser um homem rico no banco de reservas. Se bem que é melhor ser reserva no Raptors do que qualquer coisa no Heat, convenhamos. O Kapono foi perdendo seus minutos principalmente com a ascenção maluca do Jamario Moon, mas ele sempre vai ter seu espaço, sua função, e o Raptors tem potencial para acabar com o Leste assim que o Ray Allen estiver de cadeira de rodas e o Garnett só puder tomar purê de maçã no asilo.

32 - Luke Walton (Los Angeles Lakers)

Eu amo essa escolha. Vamos fazer uma pequena retrospectiva: Mike Sweetney foi a nona escolha, Reece Gaines a décima quinta, Troy Bell a décima sexta. O Lakers mesmo escolheu o Brian Cook na vigésima quarta posição. Quanto dinheiro indo pelo ralo, quantas escolhas desperdiçadas, quantos torcedores tendo que tomar anti-depressivos. E aí no segundo round, com a trigésima segunda escolha, o Lakers consegue draftar um jogador inteligente o bastante para ajudar qualquer equipe da NBA. Ele toma decisões espertas o tempo inteiro, passa a bola surrealmente bem, sempre sabe o que fazer e ainda pode cuidar das finanças da equipe sem nem usar uma calculadora. O cara é um gênio do ponto de vista do basquete cerebral. Se não tem a mão tão calibrada, se o físico é o de uma menina de pré-escola, isso nem vem ao caso. Sua mente, suas decisões, melhoram times inteiros.

Shaquille O'Neal ficou intrigado nos playoffs da temporada 2003-04 quando percebeu, e disse isso para a imprensa, que Luke Walton conseguia passar a bola para suas mãos como nenhum outro jogador jamais havia conseguido. Taí algo que eu colocaria no meu currículo. E já seria motivo o bastante para o Heat tentar uma troca, hoje em dia.

38 - Steve Blake (Washington Wizards)

Outro com um cérebro feito para o basquete. No Wizards, nunca teve muitas chances, mas assim que seu contrato acabou, foi para o Blazers jogar com seu amigo (de faculdade e também do Wizards) Juan Dixon. Lá começou a mostrar seu potencial como um armador cheio de fundamentos, habilidade em passar a bola e visão de jogo. Quando o Blazers o trocou por Jamaal Magloire, o Blake ficou revoltado. Por que diabos os times da NBA insistem em acreditar que o Magloire vai fazer alguma coisa em quadra? Blake então foi trocado para o Nuggets e fez miséria, mostrando-se ser a peça que faltava para o Nuggets de Iverson e Carmelo. Ele era o elo de ligação entre as estrelas, o general da equipe, e o time de Denver fez o possível para mantê-lo. Acontece que o Blake nunca queria ter saído de Portland, gostava da equipe, da cidade, dos amigos. Voltou para lá mesmo ganhando menos, mostrando-se um homem de princípios e também de visão: de alguma maneira estranha, sabia que a administração do Blazers estava ajeitando as coisas e que a equipe tinha futuro e poderia chegar aos playoffs ainda nessa temporada. Agora, o céu é o limite tanto para o Blake quanto para o Blazers. O que os outros times estavam pensando quando deixaram ele escorregar quase para a quadragésima escolha?

Aqui, acho que é hora de abrir um parênteses. Nosso amigo-leitor Sbubs escreveu em seu blog um post muito divertido sobre a "força nominal". Com ele em mente, fica bem claro que os times que não fazem a menor idéia de quem draftar apelam para a força do nome dos novatos. No segundo round, isso é ainda mais óbvio. São nomes demais, jogadores internacionais aos montes, então na dúvida o nome é que faz a diferença. O Steve Blake, um armador talentosíssimo, por exemplo, foi escolhido atrás de nomes como Sofoklis Schortsanitis (o tal do Baby Shaq que nunca sequer chegou a jogar na NBA) e Szymon Szewczyk (que eu adoraria saber pronunciar). Força nominal? Com certeza.

41 - Willie Green (Seattle Supersonics)

Imediatamente depois de draftado, foi trocado para o Sixers pelo outro novato Paccelis Morlende, outro caso de força nominal. Green não fez nada até agora mas o caso dele é engraçado. Nos raros momentos em que o Iverson se machucava, Willie Green entrava como titular e fazia trocentos trilhões de pontos. Quando o Iverson voltava e o Green ia para o banco, não conseguia fazer coisa alguma. Ele é um Ben Gordon do Mundo Bizarro, que só produz quando titular. Pode ter certeza que ele estava na mente dos responsáveis pelo Sixers quando a troca do Iverson precisava ser feita, e Louis Williams e Green podem ser a base do Sixers daqui uns anos. É claro que vai ser a pior base da NBA, mas pelo menos é alguma coisa. Pergunta qual é a base do Miami Heat, pergunta.

45 - Matt Bonner (Chicago Bulls)

Todo mundo quer o próximo branquelo gigante que arremesse de 3 pontos e muitos europeus vesgos e mancos já foram draftados sem nunca sequer jogar, tudo em busca dessa promessa. O Bonner, quem diria, é algo bem perto disso. Foi trocado para o Raptors que gostou de seu potencial mas o mandou para a Europa por um ano enquanto eles arrumavam espaço no time. Quando voltou, teve boas atuações. Seu jumper é bom, ele pode ser bem físico, mas é muito engraçado quando tenta bater bola.

Em todo caso, chamou a atenção do pessoal no Spurs, que definitivamente sabe reconhecer um talento quando vê um, e foi trocado pelo Nesterovic. Ganhar minutos no Spurs não é fácil mas o Bonner conquistou seu espaço, jogando muito bem quando o Duncan estava machucado e saindo do posto de jogador-de-final-de-partida-ganha para assumir o papel que o Horry, agora embebido em formol, executava. Bom para o Bonner que, depois de ser obrigado a passar um ano de cão na Itália, tem chances de ganhar um anel de campeão.

47 - Mo Williams (Utah Jazz)

Como o Zach Randolph seria se fosse um armador baixinho e magro? A resposta: Mo Williams. Ele faz seus pontos, dá suas assistências (tá bom, tá bom, o Randolph não daria assistências) e deixa sua marca no jogo e nos boxscores, mas o sujeito é completamente psicótico, perdido, um buraco negro. A bola chega em suas mãos e só sai se for terrivelmente necessário, ele acha que pode decidir todos os jogos e arremessa mesmo se tiver os melhores companheiros de time livres do seu lado. Perdi a conta do número de vezes em que ele tentou dar o último arremesso de jogos importantes com o Michael Redd livre do seu lado.

Tem gente que gosta dele, diz que ele joga demais, e não deixa de ser verdade, ele é bom pra burro. Mas é o cara que dá vontade de pedir uma medida judicial para prendê-lo caso chegue a menos de 500 metros do seu time. Mesmo sendo bom, deixo claro.

Vale mencionar que ele foi draftado depois de sujeitos como Sani Becirovic, Malick Badiane e Derrick Zimmerman, obviamente porque o nome "Mo Williams" não vale nem 10 centavos.

49 - James Jones (Indiana Pacers)

Coisa de louco, mas sempre gostei do James Jones e nem é por causa do nome visivelmente poderoso (e falso). No Pacers, mal jogou. No Suns, chegou a ter um papel bem definido como o cara biruta que vem do banco para chutar como um louco e às vezes se saia muito bem, mostrando potencial atlético, chutes calibrados e rebotes acima da média. No entanto, foi só no Blazers que ele conseguiu minutos de verdade, já que o Suns não gosta muito de reservas. Em Portland, seu papel de atirador vindo do banco é bem específico e James Jones brilha desempenhando a função, acertando mais da metade de seus arremessos de 3. Ele tem talento, é parte importante dessa equipe cheia de futuro e pode ter um anel mais participativo do que aquele que o Darko ganhou no Pistons.

51 - Kyle Korver (New Jersey Nets)

Se você precisa de um cara ultra-religioso que saiba arremessar de trás da linha de 3 pontos, esse é seu homem. Tanto pela pontaria de fora quanto pela religião, ele é perfeito para o Utah Jazz.

O segundo round costuma ter vários jogadores que são mais especialistas em alguma coisa ao invés de serem cheios de potencial e bons em tudo quanto é aspecto do jogo. Depois do Korver, os escolhidos foram Xue Yuyang, Rick Rickert e Andreas Glyniadakis, forças nominais sem nenhum talento. Então o Korver foi uma barganha porque tem talento, é muito competente naquilo que faz e, após a recente troca para o Jazz, até mostrou que sabe defender. O time de Utah precisa dele e Korver vai ter chances de se mostrar, adquirir a carga tática necessária para se jogar para o Jerry Sloan e pode florecer por lá tendo um papel importante para o resto do time, talvez até titular, quem sabe. O futuro, pelo menos, é melhor do que o passado.

...

Agora, a hora da verdade: minha lista com o draft refeito. Como os times teriam escolhido se pudessem olhar numa bola de cristal rumo ao futuro, sabendo como os jogadores se sairiam? Como o Isiah Thomas teria feito se soubesse o futuro e, além disso, tivesse um cérebro?

Caso você não concorde com minha lista, coloque a sua própria na caixa de comentários para todo mundo ver e opinar. Só não vale não colocar o LeBron em primeiro lugar, porque a polêmica resultante de tal ação iria sobrecarregar os servidores e tirar o blog do ar. Não queremos isso, queremos? Então lá vai minha lista:

1 - LeBron James (Cleveland Cavaliers)

2 - Carmelo Anthony (Detroit Pistons)

3 - Dwyane Wade (Denver Nuggets)

4 - Chris Bosh (Toronto Raptors)

5 - Chris Kaman (Miami Heat)

6 - Josh Howard (Los Angeles Clippers)

7 - David West (Chicago Bulls)

8 - Leandro Barbosa (Milwaukee Bucks)

9 - Nick Collison (New York Knicks)

10 - TJ Ford (Washington Wizards)

11 - Mo Williams (Golden State Warriors)

12 - Kirk Hinrich (Seattle Supersonics)

13 - Boris Diaw (Memphis Grizzlies)

14 - Luke Walton (Seattle Supersonics)

15 - Steve Blake (Orlando Magic)

16 - Jason Kapono (Boston Celtics)

17 - Darko Milicic (Phoenix Suns)

18 - Jarvis Hayes (New Orleans Hornets)

19 - Travis Outlaw (Utah Jazz)

20 - Luke Ridnour (Boston Celtics)

21 - Willie Green (Atlanta Hawks)

22 - Kendrick Perkins (New Jersey Nets)

23 - Mickael Pietrus (Portland Trail Blazers)

24 - James Jones (Los Angeles Lakers)

25 - Matt Bonner (Detroit Pistons)

26 - Carlos Delfino (Minessota Timberwolves)

27 - Kyle Korver (Memphis Grizzlies)

28 - Marcus Banks (San Antonio Spurs)

29 - Aleksandar Pavlovic (Dallas Mavericks)


Alguns times ficariam bastante interessantes. Que tal o Bulls, que tem até hoje problemas em fazer pontos no garrafão, com David West mostrando seu arsenal ofensivo? Que tal o Denver de Wade e Iverson, cobrando uns 3 milhões de lances livres por jogo? E o Boston Celtics com Ridnour como reserva do Rajon Rondo? Tudo isso sem falar, claro, no Pistons de Carmelo Anthony. Teria o experimento fracassado por duelo de egos ou seria o Pistons, agora, o time mais vencedor dos últimos anos?

Sem bolas de cristal que funcionem, continuaremos vendo drafts com as escolhas mais estapafúrdias que sumirão em poucos minutos. Que outras escolhas será que assombram para sempre os drafts de outros anos? Nossa série continua num próximo post, analisando outra turma de novatos. Deixe aí, na caixa de comentários, qual ano do draft você gostaria que fosse o tema de nossa próxima série de textos. Enquanto isso, vou colocar o Carmelo no Pistons do meu videogame e dar uma olhada no tipo de estrago que dá pra fazer...

domingo, 11 de novembro de 2007

Separados no Nascimento

Jason Kapono, o campeão dos 3 pontos e Novak Djokovic, o número 3 do mundo do tênis.


Sou só eu ou vocês também acham?