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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Preview 2010-11 / Los Angeles Lakers


Adeus número 37. Artest agora usará o número 15, o primeiro que usou na NBA



Objetivo máximo: Terceiro título seguido
Não seria estranho: Perder na final do Oeste
Desastre: Cair antes da final de conferência

Forças: Time experiente, talentos em todas as posições, um dos melhores técnicos da história e Kobe Bryant
Fraquezas: Às vezes é um time relaxado e dependendo da formação que usa tem dificuldades nas bolas de três.

Elenco:

Los Angeles Lakers
Titulares
Reservas
Resto
PG
Derek Fisher
Steve Blake
Shannon Brown
SG
Kobe Bryant
Sasha Vujacic
Devin Ebanks*
SF
Ron Artest
Matt Barnes
Luke Walton
PF
Pau Gasol
Lamar Odom
Derrick Caracter*
C
Andrew Bynum
Theo Ratliff

...
Técnico: Phil Jackson

Quando o cara tem mais anéis de campeão do que dedos na mão (e não é o Lula), o negócio é sério, ele é bom mesmo. Os malas sempre vão falar que ele teve sorte por sempre ter à mão elencos ótimos, sendo campeão com Jordan, Pippen, Shaq, Kobe e Gasol. Bom, Jordan não foi campeão nos anos que passou sem Phil Jackson no Bulls. Shaq ganhou 3 títulos em 5 anos com Jackson e só um nos outros 13 anos de carreira, e a única vez que Kobe não foi para os playoffs foi no ano que o técnico tirou de férias. Phil Jackson é como o arremesso feio do Leandrinho, você acha que é sorte na primeira vez que acerta, na segunda também, mas na décima primeira você se convence que ele sabe o que está fazendo.

Phil Jackson, junto com Greg Popovich, são os treinadores que melhor sabem combinar tudo o que um treinador precisa ter para ser bem-sucedido. Ambos tem um sistema tático definido há muito tempo e sabem ensinar isso para os novos jogadores, os dois são bons em motivar e tirar o melhor do elenco que tem e também sabem fazer os pequenos ajustes dentro de um jogo quando as coisas não andam bem. Não dá pra pedir mais nada de um técnico.

A tática de Phil Jackson é o internacionalmente conhecido sistema de triângulos. A criação não é de Phil Jackson, ele aprendeu com seu assistente Tex Winter, que por sua vez aprendeu o sistema com seu antigo técnico Sam Barry. Mas foi com Jackson que ela foi consagrada, sendo usada em todos os 11 títulos vencidos pelo treinador.

O sistema é bem simples no fim das contas, é uma movimentação ofensiva em que os jogadores se adaptam ao que a defesa oferece, respondendo com os passes rápidos e cortes para os espaços vazios, sempre se movimentando em busca da formação de um triângulo que tenha um jogador no pivô e duas opções de passe para ele. Do outro lado da quadra os dois jogadores que sobram fazem o chamado “jogo de dupla”. Essa movimentação tem como objetivo abrir espaços na defesa adversária e o ataque responde sempre da maneira mais eficaz de acordo com o que lhe é oferecido. Por isso que sempre dizemos que jogador burro não funciona nesse sistema, precisa entender de basquete. Quem quiser mais detalhes do sistema de triângulos pode ver esse site que usa umas animações em flash.

Já na parte da motivação o Phil Jackson é gênio. Não é amigão e incentivador como Doc Rivers, mas mais um provocador. Sabe quando elogiar e quando criticar um jogador publicamente, sabe quando dar tapinha nas costas e quando dar um esporro. Ele também ficou famoso por distribuir livros para seus jogadores. Anualmente, geralmente antes de uma longa viagem para jogos fora de casa, ele compra livros e dá de presente para os jogadores. É um jeito sutil e inteligente de conhecer melhor os jogadores, passar uma mensagem para eles que não seja através de um discurso e também para se aproximar deles, afinal, é um presente.

No ano passado ele comprou “Montana 1948”, sobre uma família de classe média abalada por um escândalo nos anos 40 para Kobe Bryant, “2666”, um livro de quase 1.000 páginas sobre assassinatos não resolvidos no México para Pau Gasol e “Sacred Hoops”, um livro escrito pelo próprio Phil Jackson sobre o que ele acredita e prega dentro do basquete para Ron Artest.

O próprio Phil Jackson diz ter sido muito influenciado na sua vida por um livro, que, aliás, foi o que lhe rendeu o apelido de “Zen Master”. O livro tem o hilário título “Zen and the art of Motorcycle Maintenence” ou “Zen e a arte da manutenção de motocicletas”. Logo no começo do livro o autor explica que o título é uma brincadeira com o livro “Zen in the art of Archery” (Zen na arte do tiro com arco) e que na verdade não tem nem a ver com o Zen Budismo e nem com manutenção de motos. Na verdade conta a história do autor e da viagem que fez de moto de Minnesota até a California com o seu filho e as conversas entre os dois sobre, segundo a Wikipedia, epistemologia, filosofia da ciência e emotivismo ético, seja lá o que isso queira dizer.

O técnico também tem ficado conhecido nos últimos anos por seus problemas de saúde. Ele tem uma cadeira especial que leva a cada jogo fora de casa para suas dores nas costas e não assina mais contratos longos. Ao fim de cada temporada diz que precisa consultar seus médicos antes de se comprometer com um novo contrato. Por isso e por ser um chato com a imprensa já disse umas mil vezes que “essa é minha última temporada como técnico”. Se vencer mais um título nesse ano irá conseguir o seu quarto “three-peat”, o tri-campeonato consecutivo, sendo o primeiro e provavelmente o único em muito tempo a ter alcançado esse feito.

....

O Lakers não começou bem sua pré-temporada, perdendo para o Wolves e ontem para o Barcelona. Contra o Barça eles até tentaram ganhar no final, colocando os titulares em quadra, mas não foi o bastante e o JC Navarro é bom demais. Gasol não voltou bem do banco depois de muito tempo sentado e Kobe, ainda se recuperando de uma cirurgia no joelho, jogou mal e foi muito bem marcado por Pete Mickael. Achei legal um jogo entre o campeão da NBA e o da Euroliga, mas o jogo significou muito pouco e não foi disputado em alto nível por nenhuma das duas equipes.

O que podemos esperar do Lakers nessa temporada é mais do que vimos nos últimos dois anos, em especial na última temporada: Um time com algumas dificuldades nas bolas de três, com eventuais apagões mas que, sem ser perfeita, é a melhor equipe da NBA. Além disso tem um garrafão que, nesse ano, só pode ser superado pelo do Boston Celtics. Sempre ganhando nos rebotes, em especial nos ofensivos e com um ataque que flui bem, o Lakers é novamente o favorito.

O que será mais interessante de acompanhar na temporada regular são as novas contratações e os novatos. O Lakers contratou bem demais para um time que acabou de ser campeão. Já declarei nesse post o meu amor ao Steve Blake e acho que ele vai se adaptar muito bem ao Lakers. Não há necessidade de colocá-lo de titular já que o Derek Fisher ainda sabe jogar e é um líder, mas até para poupar o vovô para os playoffs (quando ele melhor joga, sempre) é importante ter Blake adaptado e jogando muitos minutos. O armador chegou nos ginásios do time algumas semanas antes dos demais para receber treinamento especial sobre o sistema ofensivo e quando o training camp começou de fato todos rasgaram elogios ao Blake, dizendo que ele aprendeu muito rápido e já está adaptado ao estilo de jogo antes mesmo da temporada começar.

Quando Kobe estava elogiando Steve Blake ele também fez menção ao Matt Barnes, dizendo que era um jogador esperto e que estava treinando bem também. A posição de Barnes é mais fácil de aprender que a do Blake e, pra falar a verdade, ele nem precisaria ser um gênio tático para se adaptar. Barnes foi contratado para defender e acertar bolas de três, se fizer isso está ótimo. Nessa semana foi divulgado pela NBA o "GM Survey", uma pesquisa anual feita entre os General Managers de cada equipe, e nela Kobe e Artest foram eleitos os melhores defensores de perímetro da liga. Barnes, portanto, nem era tão necessário, mas deixa o time ainda mais forte, com mais opções e oferece as bolas de três.

Como se não fosse o bastante, o Lakers ainda tem um promissor defensor no novato Devin Ebanks, que, já aviso, posso eventualmente chamar de Trevor Ariza. Eles tem as mesmas características de jogo, o mesmo tamanho, o mesmo físico, o mesmo arremesso feio. É um clone! Bom ir treinando o garoto para quando o Artest se aposentar. Nessa semana Ron Ron afirmou que esse atual contrato é o seu último na NBA. Quando ele acabar irá tentar uma carreira no futebol americano e depois no boxe. Na mesma entrevista disse que "O único jeito de parar Kevin Durant é sendo Ron Artest. Se você não for Artest, não tem chance".

No garrafão o Lakers conseguiu um senhor de idade e um pirralho gordo, mas, apesar do que parece, é uma coisa boa. O senhor é Theo Ratliff, que já teve seus bons tempos na liga há muito tempo, uns 10 anos atrás, quando tinha média de 4 tocos por jogo, mas ainda pode fazer um ou outro estrago defensivo jogando 5, 10 minutos por jogo. É uma versão menos desastrada e com menos força nominal do DJ Mbenga, digamos. O pirralho é Derrick Caracter, novato que se mostrou um ótimo reboteiro nas summer leagues, mas recebeu a exigência de perder peso para ganhar um contrato. Ele pode ser um Josh Powell que pode jogar de pivô, nada mal, vamos ver no que dá.

Essa ajuda, mesmo que discreta, é bem vinda porque Andrew Bynum está sempre machucado. Ele demorou para fazer sua cirurgia ao fim da temporada porque queria ter tempo de viajar para a África do Sul para assistir a Copa do Mundo. Nem ele e nem o Lakers imaginavam que no fim das contas a reabilitação demoraria tanto e ele correria o risco de voltar só no final de novembro ou no meio de dezembro. Mas apesar disso Phil Jackson não ficou bravo, disse que a viagem para ver a Copa era importante para o Bynum se recuperar de uma temporada estressante e que não se incomoda de ficar sem o pivô no começo da temporada, que o que importa é o que acontece em maio e junho. Ele tem razão, o Lakers sempre soube se virar sem Bynum na temporada regular, ele é importante contra outros garrafões fortes na pós-temporada. Pensando nisso até estão considerando usar o Bynum apenas por cerca de 24 minutos por jogo na temporada regular, como o Rockets pretende fazer com o Yao Ming.

Times campeões costumam relaxar, bi-campeões mais ainda, mas acho que o jogo 7 da final contra o Boston mostrou como é bom sempre decidir em casa. Espero um Lakers competitivo e interessado na maioria dos jogos da temporada regular.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Negócios fechados

Steve Blake leva seu rosto bonito para Hollywood

Vocês viram aquele banner com o LeBron e várias notas de dólar na nossa barra lateral? Gostaram? Ao clicar na imagem você entra numa planilha feita por nós que acompanha toda a movimentação de Free Agents da temporada. Na primeira parte da tabela estão todos os jogadores disponíveis, os times que já demonstraram publicamente algum interesse neles e depois um palpite (embasado em livre interpretação de notícias gringas) feito por nós.

Na segunda parte estão os jogadores que já foram assinados. Sempre que um contrato novo foi concluído a gente atualiza a planilha na hora. Assim você pode ficar bem informado mesmo que a gente demore uns dias para colocar a análise da contratação aqui no blog. Fala aí se não foi uma boa idéia? Salvamos a pele de muita gente que tem matado as aulas de inglês pra ir no bar e/ou para jogar fliperama.

Também estão lá na planilha os links para os posts onde comentamos as contratações. Entre as já comentadas falta só dizer que a do Joe Johnson pelo Hawks foi confirmada. Quando escrevemos o post ainda faltava o JJ aceitar, mas ele topou e receberá um dinheirão pelos próximos 6 anos. Como já dissemos lá, mas vale repetir, sim, é muito caro para um jogador do nível do JJ. Mas sem ele o Hawks não tinha espaço na folha salarial para contratar um substituto. Ou era pagar caro por um bom jogador ou voltar a ser um timeco por anos e anos a fio.

Entre os outros contratados já anunciados, dois vão receber uma atenção especial no próximo post do Danilo: Paul Pierce e Dirk Nowitzki. Ambos tinham a opção de ganhar muita grana na próxima temporada pelos seus times, mas preferiram usar sua opção de sair do contrato, virar Free Agents e então assinar um contrato de menos dinheiro (mas mais longo) com os mesmos times. Por que fizeram isso? Tem uma explicação. E é a mesma que levou o Richard Jefferson a decidir não ficar mais um ano recebendo 15 milhões de dólares do Spurs para tentar a vida como Free Agent. Como esses caras exigem uma outra explicação (e, sejamos sinceros, recusar mais de 15 milhões de dólares exige uma bela explicação), por enquanto comento os outros contratados.

.....
Rudy Gay - Memphis Grizzlies (80 milhões por 6 temporadas)

O Rudy Gay era um Free Agent restrito. Ou seja, ele poderia receber ofertas de outros times e o Grizzlies tinha a opção de igualar a oferta e manter o jogador ou deixá-lo sair. O Wolves e o Clippers vinham namorando a possibilidade de ter Gay em seus times (finalmente veríamos a dupla Gay-Love no Wolves!), mas o Grizz não quis nem se arriscar e ofereceu, de cara, o máximo que um cara com o tempo de NBA do Rudy poderia receber: 80 milhões de doletas por um contrato de 6 anos!

Será que ele é um jogador tão completo assim para merecer um contrato tão gigantesco? Provavelmente não. Aliás, certeza absoluta que não.

Apesar de ser um grande jogador, não é nenhum gênio. Mas o Grizzlies vive aqui uma situação parecida com a do Hawks com o Joe Johnson. Se eles perdem o Gay iriam fazer o que? Parar o seu crescimento no tão difícil Oeste e voltar para a ralé da liga? Esperar mais um draft pra ver se acha uma estrela? Vocês não imaginam como é para o Grizzlies atrair bons jogadores. O time não é rico, a cidade não é grande, os jogos do time não passam em rede nacional. Ninguém quer ir jogar lá a não ser que seja por muito dinheiro.

Assim o Grizzlies gasta mais do que devia, mas paga o que tem que pagar para se manter como uma boa equipe. Ainda falta banco de reservas, ainda falta um armador mais confiável, mas tudo isso é bem mais fácil de achar que um substituto a altura para o cestinha da equipe.

Eu achei mais arriscado, na verdade, para o próprio jogador. Claro que nunca vou chamar de errado alguém faturar 80 milhões de doletas por jogar basquete, errado é escrever num blog de graça. Quem me dera errar desse jeito, mas o Gay está se amarrando no Grizzlies durante todo o melhor período da sua carreira. Quando esse contrato acabar ele já vai estar com 30 anos e é possível que tenha passado o auge da sua carreira em um time que nunca tenha a chance de ir longe nos playoffs. Temos que lembrar que ele está em uma franquia que nunca ganhou um jogo de playoff sequer na sua história. Mesmo naqueles três anos seguidos quando o técnico era o Hubie Brown e o time tinha Pau Gasol, Jason Williams, James Posey, Mike Miller e Bonzi Wells eles só conseguiram 3 varridas em 3 anos de pós-temporada.

Assim como tantos outros jogadores, nada garante que OJ Mayo, Zach Randolph e Marc Gasol não sigam os mesmos passos de Gay e decidam sair de Memphis quando seus contratos chegarem ao fim. Assim o Rudy Gay ficaria sozinho (e zilionário) andando de Ferrari numa cidade que tem, como é de costume, um timeco. Exigir uma troca caso ele não esteja num time bom daqui uns anos pode ser uma solução, mas sempre é mais difícil quando se tem um contrato tão grande.

Para o Grizzlies não foi um grande negócio financeiramente, mas perfeito para manter a evolução da equipe. Para o Rudy Gay foi o contrato que pagou a faculdade dos bisnetos, mas que pode fazer ele entrar naquele grupo de velhos desesperados quando seu contrato chegar ao fim.


Steve Blake - Los Angeles Lakers (16 milhões por 4 anos)

Vocês não tem idéia de como eu comemorei essa contratação! Não tenho idéia se eu já comentei nesses anos de blog como eu sou fã do Steve Blake. Entre todos os armadores que não são espetaculares, que não são estrelas, ele é o meu favorito. E desde quando ele ainda estava no Nuggets eu torcia para ele, um dia, ir para o Lakers. Meu sonho virou realidade!

Antes de jogar no Denver ele era atleta do Blazers e depois do Bucks e já passou pelo Wizards. Nesses times foi bem, mas discreto. No Nuggets ele chamou mais a atenção porque foi na época em que o time era uma potência ofensiva desorganizada e com o Blake como armador titular todo mundo começou a jogar melhor e o time passou a funcionar direito.



Foi a presença do Blake no Nuggets que deixou claro como eles seriam um time melhor com um armador de verdade, coisa que ficou comprovada quando eles contrataram o Chauncey Billups, que é 100 vezes melhor que o Steve Blake.

O Lakers estava sem armador. Jordan Farmar e Derek Fisher são Free Agents e Shannon Brown ainda pode vir a ser (ele que tem a opção de encerrar ou não o contrato), mas mesmo que não vire, é mais um segundo armador do que um armador nato. Não tem um bom drible e domínio de bola para ser um armador de verdade. Fisher já disse que quer voltar ao Lakers, provou que pode ser útil nos playoffs e o time o quer de volta, parece ser só uma questão de acertar valores.

Mas a temporada regular do ano passado mostrou como o Lakers precisava de um armador. Até para o Fisher continuar sendo essencial na pós-temporada como foi agora em 2010, ele precisa de descanso, não dá pra ficar jogando mais de 30 minutos todos os dias naqueles 82 jogos inúteis da temporada regular. A boa campanha dele nos playoffs foi uma prova de que ele ainda é bom, mas não de que o Lakers podia considerar que a posição de armador estava resolvida.

Jordan Farmar teve anos e anos para mostrar seu valor mas sempre foi muito irregular. Teve até muita sorte de continuar na rotação, porque em 2008 ele já tinha virado terceiro armador com o crescimento do então novato Javaris Critentton. Mas teve sorte quando ele foi envolvido na troca que trouxe Pau Gasol para o Lakers, assim Farmar voltou a ser o primeiro armador do banco. Nos últimos meses ele disse que queria ser titular no próximo ano e o Lakers respondeu não fazendo nenhuma oferta para que ele continuasse no time. Não precisa manjar muito de basquete pra saber que o Farmar não tem condição de ser titular num time de alto nível. Aliás acho que nem em uma de baixo nível.

Steve Blake quase nunca foi titular na vida e provavelmente não foi para o Lakers pensando nisso. Dizem até que ele recusou outras propostas que rendiam mais grana para jogar em LA. Lá ele sabe que será reserva de Fisher mas que terá bastante tempo de quadra principalmente na temporada regular e será importante quando o Lakers enfrentar armadores rápidos, o que é bem comum atualmente. Blake não é um defensor nato, mas dificilmente é batido com facilidade, sabe ficar na frente e atrapalhar seu adversário. Também é muito inteligente, tem ótimo passe e sua principal virtude ao longo dos anos foi o baixo número de erros. Isso é essencial num ataque baseado em passes precisos como é o do Lakers. Por fim e mais importante nesse time do Lakers, Steve Blake é um ótimo arremessador de três. Acertou mais de 40% dos seus arremessos de longe nos últimos 3 anos e terá muitas chances de chutar sem marcação na próxima temporada.

Ele só precisa defender bem, acertar seus arremessos e dar bons passes para Bynum e Gasol no garrafão para ser o que o Lakers precisa de um armador. E sua história indica que vai fazer isso com a mão nas costas. Contratação perfeita.

Antes de Steve Blake o Lakers ofereceu um contrato até maior para o Mike Miller, que demorou para responder e perdeu a chance. O Mike Miller tem mais nome, talvez seja um melhor arremessador e ao longo da sua carreira até já jogou de armador, mas eu prefiro o Blake, que é melhor para marcar outros armadores, saiu mais barato e não tem um cabelo tão feio.


Channing Frye - Phoenix Suns (30 milhões por 5 temporadas)

O Channing Frye tem uma das carreiras mais estranhas da NBA. Foi a 8ª escolha do Draft de 2005, fez uma temporada de novato espetacular pelo Knicks (na época o Lakers ofereceu Odom por Frye e o Knicks recusou) e logo depois começou a cair de produção. Ano após anos foi piorando até ser trocado para o Blazers e depois ficou sem time. Esquecido, o Suns o resgatou na temporada passada e ele ganhou espaço com seus arremessos de 3. Ele tinha acertado uns 10 arremessos de 3 na carreira antes do Suns, aí foi pra lá virar especialista. Muito, muito bizarro. O Gilberto Silva ter disputado 3 Copas do Mundo é menos estranho.


Apesar daquela amarelada monstruosa na série contra o Lakers, o Frye provou na temporada passada que pode fazer a diferença no Suns. Pedir para ele ser titular talvez seja muito, mas fazendo parte do banco de reservas com Dragic, Dudley e Leandrinho é com ele. Assim ele pode fazer suas bolas de 3 na velocidade e confundir os pivôs adversários que nunca o acompanham na linha dos três.

Uns 6 milhões por temporada para o Frye não parece algo absurdo, mas geralmente os contratos não funcionam assim, costumam ir aumentando ano a ano. Então é bem possível (ainda não temos certeza, os valores por ano não foram divulgados) que ele ganhe uns 4 milhões nesse ano e chegue perto dos 8 no último ano. Pagar 8 milhões pelo Frye reserva e mais velho não parece um negócio tão legal assim. Para o Suns teria sido melhor um contrato um pouco menor, talvez de três anos, mas não sei se o Frye aceitaria, em último caso é sempre bom pra eles ter um bom arremessador no elenco. Para o jogador foi bom conseguir ficar em um time onde seu jogo finalmente voltou a se encaixar. No Suns ninguém percebe como ele marca mal e pega poucos rebotes.


Hakim Warrick - Phoenix Suns (18 milhões por 4 temporadas)

Esse sim foi uma baita bom negócio para o Suns! Uma temporada a menos de compromisso e 12 milhões a menos de verdinhas do que o Frye e o Hakim Warrick ainda pode acabar sendo mais usado!

O Suns, dizem os noticiários americanos, ofereceu cerca de 90 milhões de dólares num contrato de 6 anos para o Amar'e Stoudemire, mas ele está ainda seduzido pela suposta proposta de mais de 100 milhões feita pelo Knicks. Mas o mundo dos boatos é tão bizarro que estão dizendo que o Knicks só concretiza a oferta para o Amar'e quando o LeBron aceitar ir pra lá. E mesmo que Amar'e não acabe no Knicks, dizem que as ofertas por ele em Miami, Chicago e New Jersey parecem estar interessando mais do que a do Suns.


Assinar com Warrick foi mais ou menos admitir essa derrota na luta por Amar'e Stoudemire. Warrick está longe de ser tão bom, nunca vai poder jogar de pivô como jogava Amar'e, mas deve render mais do que muita gente imagina com a ajuda de Steve Nash. Ele é rápido, forte e agressivo ao atacar a cesta. Entre as soluções baratas para repor a perda, Warrick foi um achado.

Sem Stoudemire a chance de Nash ir para uma final da NBA diminui ainda mais, mas considerando que Frye está de volta, Warrick é bom jogador e que Robin Lopez está melhorando ano após ano, essa saída não vai ser motivo para o Suns desabar na tabela. Vai ser um time divertido de ver no próximo ano e Warrick tem tudo para ser presença constante nas listas de melhores jogadas com boas enterradas. Também há de se louvar o lado defensivo dessa troca, Warrick pelo menos se esforça quando está defendendo, Amar'e quase nunca se deu ao trabalho, mesmo sendo bom quando tentava.


John Salmons - Milwuakee Bucks (39 milhões por 5 temporadas)

O Salmons foi quem transformou o Bucks num time de verdade na temporada passada. A equipe era uma potência defensiva, mas só com Salmons conseguiu poder no ataque para transformar a boa defesa em vitórias. Com o fim do contrato de Salmons, parecia que não tinha mais volta. Por isso o Bucks fez trocas para adicionar Chris Douglas-Roberts e Corey Maggette ao elenco. Mas não é que o Salmons voltou?


O contrato do Salmons é alto, mas a ajuda dele para o time sempre foi alta também, como já havia sido antes no Bulls. Ele é um baita jogador, tem muito talento e costuma ser decisivo em quartos períodos e é um daqueles raros jogadores que conseguem criar arremessos do nada, eu acho que valeu a investimento.

O time só irá se arrepender se o Salmons acabar sendo um Bobby Simmons ou um Erick Dampier, aqueles caras que jogam bem logo antes de renovar o contrato e depois se acomodam e não fazem mais nada. Acreditando na ética do Salmons, que há muitos anos esperava um time que acreditasse nele como algo mais que um tapa buraco, acredito que foi um bom negócio.

Essa contratação não resolve, no entanto, alguns buracos na equipe. No ano passado o Luke Ridnour fez um bom trabalho como reserva do Brandon Jennings, que como todo novato não chamado Tyreke Evans, era irregular. Nesse ano eles já perderam Ridnour, Free Agent na mira do Knicks, e no meio de tantas contratações não conseguiram ninguém. Improvisar o Delfino por uns minutos como eles já fizeram é até possível, mas por uma temporada inteira? Sem chance.

Para as posições 2 e 3 o time tem Salmons, Maggette, Carlos Delfino, Douglas-Roberts e Michael Redd. Lembram dele? A enfermeira, o cirurgião e as velhinhas do hospital lembram. Depois de tantas contusões seguidas ele deve estar de volta para a última temporada do seu contrato milionário. Com essas cinco opções para duas posições o Bucks nunca mais vai ter problema de marcar poucos pontos de novo, mas o time ainda parece capenga. Muitos jogadores algumas posições, poucos de outras. Esperem que Redd e seu contrato expirante de 18 milhões sirvam de isca para ajeitar o resto do time.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Clippers é o Clippers

Camby ri por saber que vai voltar a vencer jogos

A data-limite para trocas na NBA é amanhã, dia 18 de fevereiro, mas algumas trocas já começaram a rolar. A primeira foi a do Caron Butler para o Mavericks que o Danilo comentou ontem, logo depois aconteceu mais uma, o Clippers mandou Marcus Camby para o Portland Trail Blazers em troca de Steve Blake, Travis Outlaw e, dizem, 3 milhões de dólares.

Minha primeira reação foi de ter visto uma ótima troca. O Blazers deve ser o time que mais precisa de um pivô atualmente, afinal perderam Vovô Oden, Pryzbilla, e estão usando o Juwan Howard, que tinha idade pra ser pai do Mutombo, de pivô titular. Como li sabiamente aí pela internet (não lembro onde!), "eu não confiaria a defesa do meu time ao Juwan Howard de ala de força em 1997, que dirá de pivô em 2010". Isso mostra o desespero do Blazers atrás de um cara que possa segurar a barra lá entre os grandes.

Do outro lado, o Clippers não precisava mais do Camby. Eles já tem no Chris Kaman um excelente pivô, para a temporada que vem vão ter o Blake Griffin como seu parceiro de garrafão e no banco ainda tem o jovem e cada vez mais promissor DeAndre Jordan, que faz grandes jogos sempre que tem chance. Dar tempo de quadra pra ele era importante demais para o Clippers! Mas não é porque o time não precisa mais que ele iria sair de graça, então trocaram por Blake e Outlaw.

Achei, a princípio, o Blake uma ótima aquisição. Sabe organizar o jogo, é aplicado taticamente e arremessa bem, ou seja, tudo o que o Baron Davis não está fazendo nessa temporada. Eu responsabilizo o armador do Clippers como maior culpado pela temporada miserável da equipe, ele não tem jogado metade do que sabe e ainda tem que ficar em quadra porque mesmo ruim é dez vezes melhor que o Telfair. Já o Travis Outlaw é um aprendiz de Kobe no que diz respeito a treino. Não para de treinar, já disse ser apaixonado pelo seu próprio arremesso que pratica à exaustão, quer sempre melhorar todos os aspectos do seu jogo e sonha em um dia ser uma estrela. Por isso mesmo às vezes peca por não tocar muito a bola, mas está sempre em evolução e no Blazers era o Sr.Quarto Período, sempre resolvendo os jogos mesmo com o Brandon Roy em quadra. Pensei ser o cara ideal para o Clippers, um dos times que mais entrega a rapadura no fim dos jogos.

Mas como já disse outras vezes, o Clippers não tem a maldição de ter jogadores e times ruins, a maldição deles é dar esperança pra depois, quando ela estiver lá em cima, destruir tudo com força.

Fui conferir os contratos de Steve Blake e Travis Outlaw e descobri que ambos, assim como Camby, tem o contrato expirando ao fim dessa temporada. Serão Free Agents daqui alguns meses e, claro, irão preferir qualquer outro time com um histórico mais decente a ficar no Clippers. E com a contusão do Travis Outlaw é bem capaz que ele termine a temporada ainda na enfermaria e acabe sua carreira no Clippers sem ter jogado um jogo sequer. Em outras palavras, o Clippers trocou o Marcus Camby, um baita pivô, raridade na NBA atual, dias antes da data-limite, por meia temporada do Steve Blake e muito dinheiro. Ou ainda em outras palavras, trocou uma chance de crescer por grana. Será que não dava pra passar mais alguns dias conversando com outros times para conseguir coisa melhor?

Isso é muito Clippers. Se o Camby não é mais útil em um time que não tem chances na temporada e o Blazers precisa dele, por que não conseguir escolhas de draft no processo? Por que não envolver algum dos promissores e baratos reservas do Blazers como Jeff Pendegraph ou Dante Cunningham? Ou por que não forçou o Blazers a pegar também alguns dos contratos que o Clippers diz tanto que quer se livrar, como o do Al Thornton?

Levando em consideração as mesmas coisas dá pra dizer que o Blazers conseguiu mais uma vez uma ótima troca. Perdeu, na prática, um de seus vários armadores reservas por um pivô titular, só. Eu sou o fã número 1 do Steve Blake depois da mãe dele, digo isso desde o tempo dele no Nuggets, mas é fato que o Blazers com Andre Miller, Jerryd Bayless e Brandon Roy não precisa desesperadamente do Blake pra levar a armação da equipe. E o Outlaw, fora até o fim da temporada e Free Agent depois disso, poderia acabar sem jogar mais no Blazers mesmo.

O Camby não vai fazer milagre em Portland, não será o responsável por parar Gasol, Bynum, Nenê, Kenyon Martin e Nowitzki nos playoffs, mas estamos falando de um time que está na zona de playoff apesar de ser o quarto pior time da liga em rebotes defensivos, o segundo pior em número de rebotes dos adversários e o quinto pior em tocos por jogo. Apesar de não ser um ótimo defensor no mano a mano como alguns acreditam, ele irá ajudar em tudo isso que o time fede e vai fazer com que o garrafão do Blazers deixe de ser uma passarela para bandejas adversárias. Também não dá pra esquecer que o Camby é um cara muito esforçado, mesmo no que ele não é bom ele se esforça para não ser ridículo, não vi até hoje um técnico que tenha trabalhado com ele e que tenha reclamado de ter o pivô no time.

Pra completar o desastre ainda falaram que o Marcus Camby ficou sabendo da troca por meio do seu agente, não pelo general manager do time, Mike Dunleavy, no meio do jantar do time que acontecia, por coincidência, em Portland, onde o Clippers tomou uma sova ontem. O Camby se disse decepcionado porque não foi avisado ou questionado e que realmente tinha esperanças de assinar um novo contrato com o Clippers na temporada que vem, já que diz gostar da organização (ou gostava até ontem, pelo menos) e que estava feliz que sua família estava gostando de Los Angeles.

Depois dessas trocas o Clippers tem, garantidos, 39 milhões de dólares em contratos para a próxima temporada. Se o teto salarial ficar parecido com o desse ano (dizem que deve cair um pouco e os jogadores até estão ameaçando greve por isso) o time terá pouco mais de 15 milhões para distribuir entre novos jogadores. Falta saber apenas que doidos vão topar ir para o primo pobre de LA depois de mais uma temporada desastrosa.

sábado, 25 de julho de 2009

O Blazers acerta de novo

- Olha mãe, sem olhar!

A gente até que é um blog bem puxa-saco do Portland Trail Blazers se você levar em consideração que nenhum dos que aqui escrevem torce para o time. Mas tem um explicação lógica: faz tempo que eles acertam bem mais do que erram e estão formando um time cada vez mais forte temporada atrás de temporada.

A última aquisição da equipe foi o armador mais old school da NBA, Andre Miller, que não ficou nada feliz ao receber uma proposta de apenas um ano para continuar no Sixers e topou um contrato de 3 anos (e 21 milhões de verdinhas) com o Blazers. Esse contrato de 7 milhões por temporada tem ainda o detalhe de o Blazers ter a opção de dispensar o último ano de contrato se quiser, o chamado "Team Option".

Não é o contrato dos sonhos para o Miller, que disse que queria pelo menos 10 milhões por temporada. Mas convenhamos que era um sonho distante esse. Quantos times estão por aí desesperados atrás de um armador? Alguns dos poucos que tinham deficiência nessa posição conseguiram boas promessas num draft recheado de armadores. Não é a toa que o Bulls está tentando trocar o Kirk Hinrich faz tempo (desde que descobriram que o Rose é mil vezes melhor que ele) e não conseguem.

O Knicks, um dos poucos times dispostos a investir e com necessidade de armador, não quer nem ouvir falar de contratos grandes nessa temporada. A chegada do Andre Miller seria ótima nesse ano mas já pensou se atrapalha a vinda do LeBron no ano que vem? Deusmelivre!

Percebendo que o mercado não estava a seu favor, o Andre Miller fez o melhor negócio possível. Ele ganha um bom salário (dá pra comprar vários números de telefone com tanto dinheiro ) e é titular num time forte e promissor. Com o limbo em que o Jazz vive por não sabermos se trocam mesmo o Boozer e por quem, e considerando a zica do Rockets, colocaria o Blazers hoje como quarta força do Oeste atrás de Nuggets, Spurs e Lakers e perto do Mavs já antes da chegada do Miller. Com ele por lá eles são quartos e com chance de passar alguém no caminho.

Na temporada passada o Blazer usou o Steve Blake como armador titular. Eu sou fã dele desde a sua passagem pelo Denver e acho que ele até dava conta do recado por lá. Mas apesar de bom, acho que a melhor definição sobre ele foi dada na revista Dime, que disse que o Blake "deixará de ser um dos piores armadores titulares para ser um dos melhores reservas da NBA". Acho que é bem isso, ele vivia nesse meio termo que não passava confiança total como titular e é bom demais para o nível padrão dos reservas.

Melhor que o Steve Blake o Andre Miller sem dúvida é na organização do jogo, na paciência e na hora de arriscar. O Blake é meio burocrático às vezes. Bom na hora de não cometer desperdícios de bola, ruim quando você precisa furar defesas bem montadas. Aqueles arremessos de meia distância do Miller, que eu não chamo de "jumper" porque ele não pula pra arremessar, são devastadores e costumam abrir bom espaço na defesa adversária.

Também é importante ressaltar que o Andre Miller se destacou no Sixers, que era um time que vivia de contra-ataques. Vivia mesmo. Sem os ataques em velocidade, iam acabar com uns 10 pontos por jogo, dados de favor pelo outro time. O Blazers, com Roy e Rudy Fernandez, são também ótimos em contra-ataques e ganham um ótimo parceiro para se tornarem um time mais completo.

No que o time perde muito é nas bolas de 3. O Blake tem ótimos 42% de aproveitamento nos arremessos de longe, o Miller tem 28% e isso porque costuma chutar só quando está livre! Uma solução para o time é usar na posição 3 alguém que bote as bolas de longe lá dentro. Pode ser o Nicolas Batum, que tem bom aproveitamento mas chuta muito pouco, ou até mesmo a eterna promessa Martell Webster, que perdeu boa parte da temporada passada machucado.

Mas mais importante que tudo isso é que o técnico Nate McMillan não confiava muito no Steve Blake nos momentos decisivos dos jogos. No fim das partidas costumávamos ver o Brandon Roy como armador principal e o Rudy Fernandez na posição 2.
Acho o Roy bem parecido com o Dwyane Wade. Não é que eles não dêem conta do recado como armadores principais, tem talento e visão de jogo pra isso, mas rendem tão mais quando tem um armador bom do lado pra ajudar que é um pecado usar eles na posição 1. Por isso acho que o Roy com a liberdade de jogar um pouco mais sem a bola nos quartos finais significará uma melhora ainda maior em um time que já decide jogos muito bem.

O Andre Miller, para alguns críticos que não devem fazer sexo faz tempo, não foi uma grande contratação porque já está velho. Ele realmente tem 33 anos, mas seu estilo de jogo é tão antigão e tão baseado na inteligência e não no físico que eu vejo ele jogando até os 40 anos numa boa. Sem contar que ele tem hoje a maior marca de jogos consecutivos na NBA, 530, sem nenhum histórico de contusões. Perdeu apenas 3 jogos nas últimas 10 temporadas.

Um lado pouco abordado é o quanto o Andre Miller pode ajudar o Greg Oden. Embora já tenha sido noticiado que o Blazers disse diretamente ao Oden (que tem cara de vô do Andre Miller) que querem que ele foque seu jogo completamente nos rebotes e na defesa, será um belo incômodo ter um pivozão zerando em pontos num jogo. E depois de anos fazendo aquela negação ofensiva do Dalembert fazer seus pontinhos em enterradas fáceis e pontes-aéreas, não deve ser muito pior fazer o Oden funcionar decentemente no ataque.

O Dalembert teve média de 7 pontos na temporada passada e 10 na anterior. Se o Oden desenvolver um ganchinho simples ou apenas conseguir se posicionar bem para algumas bandejas e enterradas, o Andre Miller, somado com as infiltrações do Roy, garantem uns 12 pontos por jogo pro Oden. A não ser que ele esteja no banco com o joelho fodido ou com 6 faltas, claro.

A única crítica que tinha para fazer do Blazers nos últimos tempos tinha sido a troca do Sergio Rodriguez para o Kings. Isso nos privou de dezenas de pontes aéreas lindas com o Rudy que apareceriam no Top 10 da semana, mas com a contratação de um armador top de linha como o Andre Miller a troca está mais que perdoada.

Engraçado que o Andre Miller era a terceira opção do Blazers. Antes eles tentaram, e ficaram bem próximos de conseguir, o Hedo Turkoglu e o Paul Millsap, dois excelentes jogadores mas que não eram tão necessários para o time como era conseguir um armador, além de serem mais caros. Até nos fracassos e tentativas frustradas o Blazers está acertando.

Uma outra curiosidade sobre a contratação do Miller é que é basicamente o primeiro grande reforço do time vindo como Free Agent. Roy, Webster, Bayless, Aldridge, Oden, Batum e Outlaw vieram todos em draft. É um raro exemplo de time que deu certo montado em escolhas de draft e que agora ganha o reforço de um veterano que acredita que a pivetada tem tudo pra dar certo.

...
Outra contratação confirmada é a do Jamario Moon pelo Cleveland Cavaliers. O Heat decidiu não manter o ala e com isso ele deixa o banco do Cavs ainda mais forte. O Moon é outro cara do estilo Steve Blake. Com defeitos demais pra ser titular mas um bom cara pra ajudar no banco.

Se considerarmos o time titular do Cavs com Mo Williams, Delonte West, LeBron James, Anderson Varejão e Shaq, o banco já tem Anthony Parker, Jamario Moon e Zydrunas Ilgauskas, além do promissor JJ Hickson, que deve aparecer pra valer nessa temporada. É um puta banco de reserva para um time que mantém a base do time da temporada passada, que já era muito bom. E eles só perderam o Pavlovic e o Ben Wallace, que a essa altura do campeonato valem menos do que meia dúzia de biscoitos maizena. Timaço!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Motivação

Sai desse corpo, que ele não te pertence!


Não fui apenas eu que fiquei preguiçoso e diminui um pouco a frequência dos posts nesse final de ano (já que ninguém é de ferro). O Celtics também deu sinais de preguiça e as 19 vitórias em sequência, que viraram farofa no jogo épico contra o Lakers no Natal, agora são lembrança distante depois que a pequena viagem pelo Oeste terminou com 3 derrotas e apenas uma vitória. E a vitória nem vale, porque foi contra o Kings e eles não são um time de verdade, são apenas um amontado de gente que sequer sabe pular. Foram derrotas em Los Angeles, em Golden State e em Portland, três das cinco que o Celtics perdeu nessa temporada, e tudo num intervalo de 5 dias. Das outras duas derrotas, uma foi para o Nuggets de Billups e a outra para o Pacers, no primeiro jogo da temporada e provavelmente em uma falha na Matrix (que o Hawks seja rival do Celtics eu até posso aceitar, mas o Pacers não, tem que ser um erro de programação!)

O melhor começo de temporada da história da NBA, com 21 vitórias e apenas 2 derrotas, é um absurdo e sinal claro de que o Celtics é ainda melhor do que aquele que ganhou o título passado. No entanto, apenas sete desses jogos foram contra equipes do Oeste, incluindo vitórias em cima de Warriors e Blazers - que depois se vingaram. Novamente, como na temporada passada, não estamos lidando com um time invencível, mas sim com um time que está deitando e rolando contra oponentes mais fracos e tendo um problema ou dois contra os times de verdade no Oeste.

De fato, o Leste parece bem mais forte do que nos anos anteriores, mas vamos encarar a realidade: por enquanto, Heat, Nets e Bucks estariam nos playoffs - os três, times que fedem muito. Ainda não dá pra levar aquelas bandas a sério, do mesmo modo que não dá pra levar o recorde do Celtics a sério demais. Podemos ver história sendo feita, o maior número de vitórias de todos os tempos e blablablá, mas pra mim o que importa mesmo são os confrontos com o Cavs. Por trás da aberração dos números, do calendário fácil e da disparidade exagerada de talento no Leste, poderemos assistir ao verdadeiro Celtics indo para Cleveland (onde o Cavs permanece invicto na temporada) na sexta-feira que vem, e você deveria colar um lembrete na geladeira para não esquecer, até porque deve passar na televisão (se a ESPN daqui não passar, é porque eles são débeis mentais e decidem o jogo que vão transmitir na base do uni-duni-tê). Depois disso, lá em fevereiro, o Celtics faz uma viagem de verdade pelo Oeste com direito a revanches contra Lakers e Nuggets e outros adversários como Suns, Spurs, Hornets e Mavs. Acho que os anos de temporada regular estão pesando nas minhas costas, estou ficando um velho chato, na verdade tudo que eu queria era que o Celtics e o Cavs enfrentassem apenas os times do Oeste, quem tivesse mais vitórias ganhasse o mando de quadra, e então se pegassem numa melhor de 7 jogos pra ver quem vai pra Final da NBA logo de uma vez.

Fica difícil pro próprio Celtics manter a concentração e a intensidade em todos os jogos sabendo que aqueles que realmente importam são raros. O time fica querendo vencer o Lakers e acaba sendo um porre ter que se importar com os times pequenos. É nessas horas que os "recordes" acabam sendo bastante úteis. A sequência de vitórias do Celtics, que chegou a 19 seguidas, foi a maior que a franquia já tinha alcançado. Começa então a pintar aquele clima de manter a marca, de alcançar novos recordes, e aí até o jogo contra o Thunder é importante em nome dos números. Depois que a sequência foi quebrada com a derrota para o Lakers, lá se foi aquele objetivo secundário e o time relaxou de vez, deu preguiça. É como um cara qualquer que consegue não deixar uma peteca cair por 10 horas. Não serve pra nada, a tarefa é fácil, o número de horas é enganador, mas e se ele bater o recorde de 15 horas? E se tentar o recorde de 20 horas? Acaba se tornando uma motivação para continuar com aquela besteira, torna-se um vício à parte. Para o Celtics, a temporada regular é uma besteira mas o esforço precisa ser mantido, mesmo que através de objetivos tolos secundários. Contra o Warriors, por exemplo, o Boston jogou sem a menor vontade, cometeu erros tolos no quarto período e parecia simplesmente se esforçar o mínimo possível. Sem recorde, sem Lakers, sem importância, pra que correr contra o time do maluco do Don Nelson? Acabaram perdendo.

Mas contra o Kings e depois o Blazers, o ânimo já estava de volta. A intenção parecia ser recomeçar uma sequência de vitórias o mais rápido possível. Obra, nitidamante, de Kevin Garnett. Se ele perde no par-ou-ímpar, vai sequestrar a mãe do infeliz ganhador até que ele aceite uma revanche. Para ele, todos os segundos de um jogo são o momento esportivo mais importante de sua vida (o que, aliás, lembra bastante aquele narrador de NBA do canal "Esporte Interativo", que narra uma cobrança de lateral como se fosse um momento histórico e sempre parece que vai estourar uma veia de tanta emoção). Resumindo, o Garnett é um pentelho, e agora todo mundo está pegando no pé dele por isso. Tem gente dizendo que ser campeão lhe subiu demais à cabeça, que ele está com "Complexo de Frodo", que virou estrelinha. Ué, só posso deduzir que esse pessoal não conhecia o Kevin Garnett antes. Lá em Minessota ele ficava bastante escondido e arrisco dizer que foi o melhor jogador invisível que já existiu, num time horrível, numa franquia inexpressiva, com um técnico risível, e uma fama injusta de feder nos playoffs. Ele gritava como um orangotango no cio, batia no peito, mostrava os dentes, bebia sangue, dava cabeçadas na parede, palitava os dentes com ossos humanos, ficava repetindo durante o jogo que ele era o melhor jogador de todos os tempos, criava duelos pessoais com jogadores aleatórios e se empolgava com isso durante as partidas. Mas ninguém assistia, um ou outro caso em especial virava uma anedota e o Garnett era apenas "intenso", nada mais. Agora, no time campeão (e, consequentemente, no time odiado da vez), trocentos jogos transmitidos o tempo inteiro, todas as câmeras apontadas e o Grande Irmão conhecido como YouTube sempre de olho, é possível ver de perto como Garnett sempre foi e notar direitinho até onde vai sua intensidade e paixão desmedida pelo esporte. Aquilo não é teatrinho, não é um personagem que surgiu num time vencedor, porque ele fazia exatamente as mesmas coisas quando ninguém assistia e o time era uma piada. Trata-se apenas da maneira com que ele lida com o basquete e com a pressão que coloca sobre si mesmo. Se ele parece um maluco, que seja: todos os caras bacanas parecem uns malucos (vai dizer que o Einstein não era bacana?). O Kobe é um nerd do basquete, o Artest ousa se divertir com o jogo, o Rasheed fica entediado quando fica apenas cumprindo seu papel. Todos eles levam sua paixão longe demais, a níveis que destoam do resto dos jogadores, e são portanto considerados loucos. Não apenas é uma besteira tratar isso como loucura como também essa paixão é o que de mais humano podemos encontrar no esporte. Gente de verdade grita, bate no peito e se dedica inteiramente àquilo que ama. Quando o Garnett xinga o coleguinha que fez merda na quadra, como aconteceu quando ele fez o Glen Davis chorar, eu não deixo de achar ele um pentelho chato pra caralho, mas o respeito como um ser humano com emoções. Não há dúvidas de que ele é o coração do Celtics. Taticamente, ele é o coração defensivo, ele dita o ritmo da marcação, aponta as falhas, dá ordens e lidera pelo exemplo. Quando o jogo está parado, ele é o coração afetivo, ele é a intensidade, a motivação da equipe. O Celtics perdeu três partidas para o Oeste numa temporada regular que não serve pra nada? Um recorde inútil foi interrompido? Para o Garnett, isso é questão de vida ou morte. Em pouco tempo, questão de horas, o Boston estava de volta nos trilhos.

Exatamente por isso é que a vitória do Blazers foi tão espetacular e surpreendente. O Celtics jogou com vontade, o Garnett estava berrando, e o time de Portland estava sem sua maior estrela, Brandon Roy. Incrível como ele faz falta, porque mesmo numa noite tremendamente inspirada do armador Steve Blake, que ditou o ritmo do jogo e acertou trocentas bolas de três pontos, o Blazers carece de alguém para chamar e executar as jogadas. Não importa em que posição o Roy jogue, é ele quem faz as coisas acontecerem. Com sua ausência, Blake manteve a mão calibrada, Greg Oden conseguiu não cometer 5 faltas enquanto coçava o nariz, e tudo acabou dando certo para o Blazers - até mesmo os juízes não perceberem a presença de 6 jogadores em quadra e acabarem validando uma cesta que, pelas regras, não pode ser cancelada.

Sinceramente, não achei que o time de Portland jogou particularmente bem, e até fiquei um bocado enlouquecido com a ruindade do Travis Outlaw, que parece um maníaco com a bola nas mãos, ignora os companheiros e é completamente apaixonado pelo próprio arremesso. Ele até pode ser um grande jogador, teve ótimos números, é excelente nos minutos finais dos jogos, mas o Blazers é profundo e coletivo demais para se deixar ser dominado por um jogador como ele, que já reclamou em voz alta sobre seus minutos, sobre o número escasso de arremessos e sobre seu contrato. Ou seja, ele precisa ir brilhar em outro lugar. Só que mesmo com o Outlaw sem noção, sem Brandon Roy, sem um jogo impecável, o Celtics novamente motivado virou farofa nos minutos finais. Mais uma vez, isso é um lembrete de que o Blazers é o time do futuro acontecendo agora (uma confusão espaço-temporal nos moldes do "De Volta para o Futuro"). Mas também é um lembrete de que o Celtics tem suas fragilidades, não importa quantas vitórias eles tenham em cima de times mequetrefes do Leste. Fiquemos no aguardo desesperado pelo confronto com o Cavs semana que vem e a viagem para o Oeste em fevereiro. E espero que o Garnett mantenha o time imensamente motivado até lá, com uma nova sequência de vitórias como um novo motivo para que os jogos sejam levados bem a sério. Mesmo que, no fundo, a gente saiba que não vale pra nada.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O time da moda

"Ah, já tá valendo? Então eu enterro a bola!"


Vocês não odeiam esses times que viram modinha? Que de uma hora pra outra viram assunto de todo mundo? Que ganham dez milhões de fãs que antes viviam nos esgotos e só aparecem na luz do dia porque o time tá famosinho? Vocês não odeiam esses times que... opa, o Portland jogou ontem? Então deixa esse assunto para lá, nem lembro mais do que eu estava escrevendo, vamos falar do Blazers!

Esse time é um fenômeno sociológico interessante, acho que nem os responsáveis pela equipe conseguem entender de onde vem tanto apoio e admiração sendo que, por enquanto, eles não ganharam nada. É uma coisa meio "fenômeno do Orkut", consigo imaginar os nerds responsáveis afirmando algo como "tá, a gente criou um modo das pessoas fazerem círculos virtuais de amigos, mas por que tem tanto brasileiro usando essa merda? Alguma comunidade de samba?" Todo mundo está abraçando o Blazers do mesmo modo, com aquele carinho divertido de "segundo time" que uns anos atrás era comum com o São Caetano, lembram? Torcedor nativo, de longa data, meia dúzia de gatos pingados.

Dito isso, confesso que o Blazers é completamente irresistível e não há modo de explicar o motivo. Se fosse pelo talento dos dirigentes e os drafts impecáveis, eu seria um torcedor do Spurs também, coisa que, veja bem, eu estou muito longe de ser. Também não é por nenhuma estrela, afinal o Brandon Roy deve ser a estrela menos estrela de toda a NBA: ele não atropela ninguém com um carro, não tem números absurdos e nem enterrou na cabeça do DJ Mbenga, requisito pra ser estrela de verdade. Também não é pelo Greg Oden porque o garoto que conheceu a Pangéia já chegou machucado e não jogou nenhuma partida temporada passada. Meu curso de psicologia matrimonial por correspondência em uma universidade esquimó me leva a crer que essa paixão irresistível pelo Blazers é a paixão que temos pelas possibilidades, pelo que ainda pode acontecer. Pode ser também efeito de mensagens subliminares ou hipnose, mas se for isso, não tem a mesma graça.

A expectativa pelo que esse Blazers pode fazer é que dá a graça para a coisa. Os posts sobre o time estão ficando mais comuns aqui no Bola Presa, dia desses analisei as possíveis formações do elenco em quadra, e não tem como negar que estamos com água na boca. É tudo uma questão de imaginar um time que pode ser incrível.

Só que, ontem, o time foi incrível. Fato. Finalmente o elenco esteve inteiro em quadra, chutou uns traseiros e agora sabemos que toda a empolgação com o Blazers tinha um motivo: eles são sensacionais de se ver jogar! Eu sei, eu sei, foi apenas um jogo de pré-temporada. Mas como não quero ficar me contendo por causa disso, darei a seguir três regras para que você possa assistir aos jogos e ler o Bola Presa durante a pré-temporada de maneira segura:

1) Um fato só significa ele mesmo

O que significa essa cadeira na qual você está sentado? Que um marceneiro fez a cadeira, que ela é confortável, que estará aí amanhã quando você voltar pra casa? Coisa nenhuma! Essa cadeira significa apenas uma cadeira! Ela pode ter sido feita por duendes, pode ter nascido assim do acasalamento de uma mesa com um sofá, pode ser abduzida por alienígenas durante a noite. Quando o Donte Greene fizer 40 pontos num jogo de pré-temporada, lembre-se de que isso não significa que ele é talentoso, que ele vai repetir o feito ou que ele te ama. Só significa que o Donte Greene fez 40 pontos. Mas, vale dizer, eu acho ele bastante talentoso.

2) Entenda o momento histórico

Sabe aquela garota que você acha linda uma hora mas, dias depois, você percebe que ela é uma baranguinha e só parecia bonita porque as amigas dela eram ainda mais feias e porque ela tinha feito chapinha? "O mundo dá voltas", já diria o filósofo Badauí. Não é que a garota não estivesse bonita, naquele momento ela de fato estava, mas é preciso compreender que em um diferente momento histórico você pode parecer ridículo na frente dos seus amigos por ter achado aquilo. Ainda assim, sua afirmação inicial não estava incorreta, só que ela era verdadeira apenas para aquele momento em particular. Essa é a desculpa ideal para todos aqueles que disseram que o Bulls ia ganhar o Leste na temporada passada. Não tem problema, na pré-temporada, dizer que o Turiaf é o melhor jogador do planeta, afinal o Kobe e o LeBron só jogam 5 minutos por jogo e não fazem grandes merdas. Mas quando você disser que o francês vai ser MVP (e da próxima vez que você for dizer que aquela garota cercada de amigas feias é bonita), fale baixinho.

3) Fãs são um porre

Isso você deve saber bem, afinal se está lendo o blog é porque é um fã e deve ser um pé no saco. Fã de basquete trata cada jogo como se fosse o último e se empolga com qualquer merdinha, principalmente depois de tantos meses sem NBA. Então, quando a gente aqui no Bola Presa ficar dizendo como o Rudy Fernandez é espetacular e poderia acabar com a fome na África se quisesse, lembre-se de que estamos com saudade da NBA e somos fãs. Chatos. Como você.

...

Com essas três lições básicas, você está pronto para me ver falando do Blazers: eles terem sido espetaculares ontem não quer dizer que vão ser sempre assim (regra 1), eles foram espetaculares contra um time asqueroso do Kings em um jogo mequetrefe de pré-temporada (regra 2) e eu vou ficar babando em cima deles mesmo assim (regra 3). Pronto?

A primeira cesta do Blazers veio com uma enterrada de Greg Oden, o que ditou a história do jogo. Parecia que ele podia enterrar quando bem entendesse, logo que começou. Oden jogou menos de 20 minutos e anotou 13 pontos, além de 5 rebotes e 2 tocos. Logo de cara, impressionou pelo posicionamento e mãos rápidas quando o assunto é rebote ofensivo, sem contar o trabalho de pés espetacular. Ele deitou e rolou em cima do garrafão adversário, deixando os pivôs horríveis do Kings já pensando no que iam comer no jantar depois daquela humilhação. Os giros do Oden são impressionantes, e eu recomendo todo mundo ver com os próprios olhos. No pacote, tem também ganchinho, um passe preciso quando sofreu marcação dupla e trocentas enterradas.

Mas o que mais impressionou sobre esse Blazers foi o conjunto, o coletivo. Para se ter uma idéia, Brandon Roy deu 7 assistências, Rudy Fernandez deu 5 assistências, Sergio Rodriguez deu 7 assistências e Bayless deu 3 assistências, todos em minutos limitados. Todo mundo parece estar com tesão por passar a bola. O armador Sergio Rodriguez, aliás, anotou também 11 pontos com 3 bolas de três pontos. Confesso que sou um fã do Steve Blake, embora praticamente nunca o tenha visto jogar no Blazers. Minha experiência com ele foi durante sua estadia em Denver, armando para Iverson e Carmelo, e eu fiquei impressionado desde seu primeiro minuto por lá. Sei que tem muita gente que critica o Blake, que acha ele destrambelhado, mas em geral acho ele um armador muito sólido (quem critica o Blake não sabe o que é ter o Rafer Alston armando para o seu time). Mas, mesmo assim, sempre torci para o Steve Blake dar uns minutinhos para o Sergio Rodriguez, um armador espetacular que já deixou sua bunda na famosa "calçada da fama dos reservas que nunca jogam". Diz a lenda que ele e o Rudy Fernandez têm uma química espetacular juntos que impressiona todo mundo quando eles se encontram na seleção da Espanha, graças a um festival de passes malucos e pontes-aéreas. Com o Rudy no Blazers, talvez seja a chance do Serginho ganhar uns minutos, ou talvez tenha acontecido só porque o Steve Blake está contundido mesmo. Em todo caso, não dá pra negar como a dupla foi espetacular na partida de ontem, incluindo, claro, um par de pontes-aéreas. Tudo documentado no bom e velho YouTube:



Depois de assistir ao vídeo, responda o questionário abaixo:

1 - Ao ver o passe do Rudy Fernandez por debaixo das pernas do adversário, você:
a) levou as mãos à cabeça e gritou "putaquemepariu"
b) fez um sinal de "jóia" com o polegar estendido
c) bocejou

Se você respondeu a alternativa "a", você ama basquete como nós, parabéns! Se você respondeu "b", você vive nos anos 70 e é um fracassado. E se você respondeu "c", então você tem vários anéis de campeão da NBA e se chama Duncan. Não tem como não vibrar com o passe, com as enterradas, com o trabalho coletivo do time inteiro. O Blazers é o time mais divertido de se ver nos últimos 15 minutos, e até amanhã vou continuar achando que eles vão ser campeões da NBA na temporada que vem. Derrotando o Bulls na final, claro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Profundidade exemplar

Mesmo se o novato de 92 anos se aposentar amanhã, o Blazers se vira


Era uma vez uma porcaria de time liderado pelo nosso gordinho favorito, Zach Randolph. Apesar de fazer mais de 20 pontos e pegar mais de 10 rebotes por jogo, não conseguia vencer nunca. Era a temporada 2006-07 e seu time mequetrefe acabou com 50 derrotas. E o mais engraçado é que poderia ter sido pior: quando o Randolph se contundiu nos últimos jogos, o Blazers melhorou misteriosamente de produção e abocanhou algumas vitórias na miúda, quando não valia mais nada.

Quantos times teriam os culhões necessários para se livrar de sua grande estrela, baseado apenas na crença meio aleatória de que, sem seu melhor jogador, as coisas vão melhorar? Graças aos bagos de jumento do Blazers, Randolph foi feder lá no Knicks enquanto a primeira escolha do draft, Greg Oden, se contundia seriamente e anunciava sua ausência por toda a temporada. Com isso, o resultado foi o mesmo time horrível que perdeu 50 jogos na temporada anterior, mas sem Randolph e sem a ajuda que o pivô novato (mas com cara de velho) traria. O resultado deveria ter sido uma catástrofe.

Temporada 2007-08, o Blazers acaba com 41 vitórias e 41 derrotas, uma sequência de 13 vitórias consecutivas, Brandon Roy vai para o All-Star Game e todo o planeta não sabe o que dizer do time. Porque todos nós sabíamos que as 41 vitórias eram apenas a superfície, apenas o sintoma de algo mais profundo. Por trás do palco, era possível assistir anos de planejamento e um estranho fetiche por comprar escolhas de draft prestes a montar o time do futuro, a equipe a ser vencida pela próxima década. Era o espetáculo por trás das quadras que enchia a todos nós, não-torcedores do Blazers, de um medo irracional. Eles deveriam feder, que merda é essa que eles estão aprontando?

Já falei uns tempos atrás, o Blazers é ridículo: se livrou dos jogadores que atrapalhavam o rendimento da equipe, fez as trocas necessárias, draftou os jogadores certos, comprou trocentas escolhas de draft que supostamente não fariam nenhuma diferença e então, de repente, montou um time jovem, coletivo e cheio de potenciais estrelas. Estamos prestes a presenciar a primeira vez que esse projeto completo entrará em quadra para chutar uns traseiros. Mesmo que, vejam bem, não chutem traseiro nenhum.

O negócio é o seguinte: sem nenhuma estrela, com Greg Oden fora de toda a temporada com sua lesão misteriosa no joelho, não havia nenhuma pressão para que o Blazers ganhasse um jogo sequer. Em alguns palpites pela internet, achei gente chutando que eles teriam apenas 13 vitórias na temporada. Era a situação ideal para surpreender, jogar numa boa, com aquela sensação de que tudo que vier é lucro. Agora, com todo mundo achando que o Blazers nessa temporada vai acabar com a fome no mundo e encontrar a cura para a AIDS, é bem possível que o jogo coletivo sofra um pouco, que o emocional passe a perna no elenco. Eu não ficaria surpreso se o Blazers não chegasse a ganhar 41 partidas como fez na última temporada, mas também não ficaria surpreso se ganhasse 50 jogos. Estamos lidando com um elenco novo demais, profundo demais e não dá para saber o que esperar. A única certeza que posso dar, no entanto, é para o futuro: tenha medo! O Blazers ainda vai puxar teu pé enquanto você dorme! Mas por enquanto, não dá pra saber direito. Pelas notícias que estão chegando, o primeiro treino do Blazers ontem foi uma porcaria e o Greg Oden já torceu o pé e deve ficar fora até o começo da temporada, ou seja, ele parece um Gilbert Arenas mas sem um blog bacanudo. Quanto mais a gente espera, mais a gente sonha com esse time, mais os erros tolos dos treinos vão parecer grotescos. Mas eles tem tempo o bastante para se livrar desses erros, na verdade.

Grande parte do sucesso do Blazers logo de cara estará em como Nate McMillan vai lidar com a infinidade de times diferentes que ele pode colocar em quadra, sabendo lidar com a juventude e com a experiência. Se encontrar as combinações certas, o time será imprevisível, completo e matará a pau. Se as combinações não forem dando certo e for necessário testar coisas demais, de forma inconstante (no maior estilo Larry Brown no Knicks, que faltou apenas colocar em quadra um orangotango ou um torcedor aleatório escolhido por sorteio), o Blazers deve sofrer para engrenar. Mas também, grandes merdas. O time terá uns 500 anos até alcançar o ritmo necessário para vencer o Oeste, todo mundo no elenco ainda usa Pampers. Enquanto times levam uma década tentando se reconstruir, o Blazers colocou em prática um projeto rápido e indolor, mas isso não quer dizer que o resultado em quadra tenha que ser rápido. É bem óbvio que, por enquanto, não há pressa - todas as combinações podem ser testadas até dar no saco.

Pensando nisso, resolvi dar uma olhada em todas as combinações possíveis que o Blazers pode colocar em quadra, apenas levando em conta as posições de PG, SG e SF. Como é que é? Você não sabe o que essas siglas significam? Assistiu a filmes dublados de basquete em que "guard" (armador) é sempre traduzido como "defensor"? Então tá, vamos dar uma forcinha para aqueles que ao invés de acompanhar NBA ficam vendo desfile de lingerie do Superpop e depois querem acompanhar o Bola Presa mesmo assim para não serem excluídos pelos amiguinhos.

PG - É o armador principal, o cara que em geral carrega a bola para o ataque e inicia as jogadas ofensivas. No português (em que só existem armadores, alas e pivôs; o resto é a mistura dessas posições), o "point guard" é chamado minimalistamente de "armador". Simples.

SG - É o segundo armador, o armador que em teoria está mais preocupado em pontuar do que com armar o jogo. Numa tradução literal, o "shooting guard" seria o "armador-arremessador", mas na língua de Camões ele costuma ser o ala-armador. Uma regra informal diz que, se o cara é alto, vira ala-armador, se ele é baixo, vira armador. Mas não vá responder isso na prova, vai acabar tirando zero!

SF - É um jogador que pode jogar no garrafão mas que é mais voltado para o perímetro. Na tradução do Google (que tudo sabe, tudo vê, mas está longe de ser poliglota), "small forward" é o "ala pequeno", que de pequeno não tem nada, a não ser que comparado com os pivôs ou os alas-de-força (PF), que ficam dentro do garrafão. Em bom e velho brasileiro, é chamado apenas de "ala".

Então pronto, agora vamos dar uma olhada no que o Blazers pode fazer com esse monte de posições.

Possibilidade 1:
PG - Steve Blake
SG - Brandon Roy

SF - Martell Webster


Muito provavelmente será a escalação titular. É a mais feijão-com-arroz, a mais tradicional e a mais sem criatividade. Steve Blake é um armador puro, e com isso não quero dizer que ele não pense bobagens e não tenha nenhuma Playboy escondida debaixo da cama. Quero dizer que seu jogo é inteiramente voltado a compartilhar a bola, dar os passes certos, e seu arremesso de 3 pontos, embora sólido, é usado apenas como último recurso. Essa formação permite que Brandon Roy passe bastante tempo com a bola nas mãos mesmo sem a responsa de ficar armando as jogadas, além de garantir que Martell Webster receba a bola sempre que houver espaço atrás da linha de 3 pontos.

Possibilidade 2:
PG - Brandon Roy
SG - Jerryd Bayless
SF - Rudy Fernandez


É praticamente certo que os calouros Bayless e Rudy Fernandez devem vir do banco de reserva. O técnico Nate McMillan está apaixonado pelo espanhol e garantiu que, mesmo não sendo titular, seus minutos não serão de um simples reserva. Ou seja, ele deve passar bastante tempo em quadra e sua versatilidade ajudará para isso: seu jogo é excelente tanto nas infiltrações quanto nos arremessos de 3 pontos. Enquanto isso, Brandon Roy pode jogar de armador principal como em inúmeros momentos da temporada passada. Ele é alto demais para a função (1,98m) e com isso tende a dominar no ataque, aproveitando do físico e ainda assim movimentando a bola. Pra mim, é a posição em que o Roy se sai melhor mas que exige mais fisicamente, porque ele tem que carregar a bola o tempo todo. Na defesa, Roy trocaria com o Bayless, garantindo que armadores menores e mais rápidos não chutem o traseiro da estrela do Blazers. Assim, a quadra fica dominada por jogadores novos pra burro, meio porra-loucas, propensos a muitos erros, e esse troço de "armador puro" vira farofa em troca de umas enterradas que vão parar no YouTube.

Possibilidade 3:
PG - Steve Blake
SG - Rudy Fernandez
SF - Brandon Roy


Com essa formação, Brandon Roy não tem a obrigação de armar o jogo e pode se focar mais nos chutes de fora. Rudy Fernandez pode jogar na sua posição natural e, com sua excelente envergadura, Roy não tem problema algum de jogar como ala. Gosto dessa escalação por ser bem equilibrada: Fernandez e Roy formam uma dupla atlética, com boa pontaria, capaz de jogar com e sem a bola nas mãos, e Steve Blake saberá exatamente quando acionar cada um deles. Vejo essa formação terminando os jogos, com a calma de Blake organizando o jogo nos momentos decisivos e sentando o traseiro novato do Bayless quando o negócio aperta.

Possibilidade 4:
PG - Jerryd Bayless
SG - Rudy Fernandez S
F - Brandon Roy


É apenas uma variação da mesma escalação da "possibilidade 2", mas a abordagem é diferente. A idéia seria usar o Bayless como armador principal, algo que definitivamente não é sua especialidade, mas faria com que a bola estivesse em suas mãos o tempo todo para que ele penetrasse no garrafão à vontade. Com Fernandez ao seu lado, essa dupla será um inferno para a defesa e cavará mais faltas do que o Ginóbili dentro de um ônibus lotado. Será um festival de lances livres, enterradas e cotoveladas em uma dupla que deve ser extremamente agressiva em quadra. Como ala, Brandon Roy trará liderança e experiência para balancear dois jogadores que, segundo as críticas, jogam completamente fora de controle às vezes.

Na verdade, existem mais possibilidades. Martell Webster pode jogar em mais posições e seu jogo deve evoluir bastante da temporada passada. Travis Outlaw pode jogar também de SF, diz a lenda que seus arremessos estão fantásticos graças aos treinos dos últimos meses e ele chutou traseiros no quarto período de trocentas partidas na temporada passada, em geral sendo o jogador que decidia no finalzinho. Ele também pode jogar na outra posição de ala, dentro do garrafão, mas aí tem que arranjar espaço para LaMarcus Aldridge e Greg Oden, se ele não estiver jogando bingo.

Não me importa se esse tive vai feder ou vai comandar, se eles vão demorar dias ou anos para engrenar. Basta ver na enciclopédia, ao lado da palavra "profundidade": tem uma foto do elenco do Blazers logo ali, bem do lado de uma foto da garganta da Bruna Surfistinha. Se você achava seu time profundo, com um elenco completo, pense duas vezes. Com tantas opções assim, o que será que o Blazers vai ser quando crescer?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Deixa o homem trabalhar

Ben Gordon podia tá roubando, podia tá matando, mas tá só pedindo um contrato novo


Promessa não é dívida, promessa é só um jeito de tirar os malas que estão te cobrando do seu pé, mas de qualquer forma, aqui estou eu, como prometido, para falar sobre mais Free Agents que estão aí dando sopa ainda sem time.

Chegou a vez de falarmos sobre os Shooting Guards, os jogadores da posição 2, que assim como os armadores principais, de quem falei ontem, estão à solta atrás de um contrato. Essa semana o Kareen Rush arrumou vaga de novo Kyle Korver no Sixers, enquanto o Maurice Evans será o novo Josh Childress no Hawks, mas além deles ainda tinha muita gente em busca de emprego. Mais ou menos como aquele seu tio, só que com a diferença de que o Ben Gordon não diz que vai em busca de emprego só pra ir no bar.

Falando em Ben Gordon, podemos começar pelo grupo mais interessante dos Shooting Guards disponíveis, o grupo do "Porra, como esse cara tá sem time? Ele é mó bom no videogame!". Esse time começa com o Ben Gordon e se extende para JR Smith, Devin Brown, Flip Murray e Bonzi Wells.

O Ben Gordon está sem emprego porque ele quer. Ano passado ele recusou uma bela proposta do Bulls porque ele achava que nesse ano receberia propostas melhores, mas ele enxergou mal o mercado e não tem time nenhum com espaço no salário para bancar o que ele quer. É possível que ele continue no Bulls por um salário menor ou, o que é menos provável, assine um contrato de pouca duração com algum outro time, para jogar bem de novo em quartos períodos e mostrar que merece um contrato gordinho.

Com JR Smith, Devin Brown, Flip Murray e Bonzi Wells, o problema é um pouco diferente. Também tem o caso de poucos times terem espaço para oferecer um bom contrato e os jogadores só vão assinar um contrato baixo quando perceberem que não tem outro jeito mesmo, mas além disso os três não são conhecidos por serem bons companheiros de time e que fazem uma equipe melhor, todos tem talento mas são conhecidos como indisciplinados dentro ou fora da quadra. De qualquer forma o talento fala mais alto, secretamente tem muito time por aí juntando coragem pra fazer uma boa proposta para o JR Smith. Em um mundo em que o Chris Duhon e o Kwame Brown ganham contratos milionários, por que o JR iria ficar de fora?

Outro cara de talento, mas que não provou esse talento como o JR Smith, é o Kirk Snyder. Por influência do Danilo eu assisto e acompanho bastante o Houston e já vi ele fazer boas partidas pelo time do Yao Ming, mas por falta de espaço ele nunca se destacou muito e por fim acabou no Timberwolves, ou seja, ninguém nunca mais assistiu a um jogo dele. O cara tem um bom físico, sabe fazer seus pontos e um time que precise de um cara que venha do banco para fazer pontos, trombar com uns caras e pegar uns rebotes poderia gostar dele, seria bacana o Snyder como reserva do Ron Artest no Kings, por exemplo. Mas para isso as pessoas teriam que lembrar que o Snyder existe, o que é mais difícil de acontecer.

Como tinha dito no post de antes, ia falar dos caras híbridos, aqueles que a gente não sabe bem se jogam na posição 1 ou 2. Na dúvida, eu deixei o Delonte West no texto dos armadores principais e o Louis Williams e o Juan Dixon para hoje, assim como deixo o Andre Iguodala para os da posição 3.

Eu sou fã demais do Louis Williams e acho que ele só precisa de espaço e tempo na quadra pra mostrar o quanto é bom. No Sixers, sendo reserva do Andre Miller e às vezes até jogando junto com ele, o rapaz é bom demais e teve grandes jogos nessa temporada. Com o Sixers prestes a ter um time forte com Elton Brand, eu estou torcendo para que o Louis Williams fique por lá, o problema é que as recentes aquisições de Kareen Rush e do nosso querido desconhecido Royal Ivey indicam que o Sixers está se preparando para caso o perca. Caso ele não volte à Philadelphia, quem está interessado em seus serviços é o Cleveland Cavaliers, especialista em armadores que não são tão armadores assim. Eu acho uma boa para o Cavs, o LeBron vai se sentir na seleção americana ao ver que no seu time tem alguém que não precisa de um passe dele para fazer seus pontos, revolucionário.

O Juan Dixon ficou famoso por ser parceirão do Steve Blake. Não no sentido Brokeback Mountain da coisa, mas é que os dois jogaram juntos na Universidade de Maryland, depois jogaram juntos no Washington Wizards e quando viraram Free Agents os dois foram para o Portland Trail Blazers. Aposto que um nunca fez um rap tirando sarro do outro. O Steve Blake ainda está em Portland e não tem espaço lá para o Juan Dixon, então um reencontro não é provável, mas seria triste o Juan Dixon ficar sem lugar nenhum, o cara tem muito talento, sua carreira universitária foi espetacular e na NBA, quando teve chances, chegou a ter média de 12,3 pontos vindo do banco de reservas. Eu gostaria de ver ele no Charlotte Bobcats, contribuindo no banco, ajudando o novato DJ Augustin e Ray Felton.

Assim como o Juan Dixon, os Free Agents da posição 2 têm mais talentos escondidos por aí e os times deveriam ficar atentos. Quem precisa de um bom arremessador poderia ir atrás do vegetariano Salim Stoudamire, que disputou a temporada passada pelo Hawks e é amigão do Gilbert Arenas. Quem precisa de um especialista em defesa tem inúmeras opções, pode ir com a baranga do Mickael Gelebale, que fez uma boa segunda metade de temporada pelo falecido Sonics. Tem também o Yakhouba Diawara, que só não entra no Nuggets porque ele ousa defender, e tem ainda o Quinton Ross, que não é o Bruce Bowen mas teria feito melhor que o Daniel Ewing naquele famoso lance do Raja Bell. Em último caso, para os que acreditam que a vida começa aos 50, ainda tem o Eddie Jones, que era um ótimo defensor na época em que Spice Girls era a banda do momento.

Juntando o talento de arremessar do Salim Stoudamire e a idade do Eddie Jones, temos o Michael Finley, que também é Free Agent. Hoje em dia ele não passa de apenas um arremessador, mas eu já visualizo ele em um uniforme verde entrando nos playoffs só para meter umas bolinhas salvadoras. Se bem que eu, que acho o Morris Peterson um merda, acho que o Michael Finley deveria ir para New Orleans, aquele time cheira título cada vez mais.

Qualquer dia desses continuamos essa excitante série que mostra o drama dos atuais desempregados da NBA. Viramos praticamente um "Profissão Repórter", mas sem o gatinho do Caco Barcellos.