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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Spurs retocado

Splitter não se assusta com as enormes narinas de JJ Hickson

Podemos ficar oficialmente com medo do San Antonio Spurs? Desde sempre eles são aquele time que você pensa mil vezes antes de deixar fora da briga pelo título, e quando você toma coragem e afirma "é um bando de velho" eles aparecem lá para encher o saco. Ano passado o time surpreendeu acabando a temporada regular em 1º lugar no Oeste, mas caíram logo de cara nos playoffs. O que esperar da versão 2012 do Spurs que atualmente está em 2º na conferência, vêm de 9 vitórias seguidas e perdeu apenas 1 jogo em casa?

No ano passado os números de ataque eram absurdos, o segundo mais eficiente de toda a NBA. Mas ver o time correndo tanto e mandando bolas de 3 na cabeça de todo mundo era não só esquisito demais como também falhou na hora H, nos playoffs. Nessa temporada algumas coisas parecem diferentes, estão com um jogo mais consistente e vencendo com coisas mais confiáveis e resistentes que bolas de 3 de Matt Bonner. Ao invés disso eles tem Tim Duncan em boa forma, Tony Parker imparável nas infiltrações e, isso é bem importante, Tiago Splitter envolvido no ataque.

Quem nos lê há algum tempo sabe que não somos nem um pouco patriotas. Tipo, nem um pouco mesmo. Não gosto mais ou menos do Leandrinho do que gosto do Anthony Morrow, por exemplo. Por isso nada de patriotada em reconhecer a importância de Tiago Splitter nesse time do Spurs. Há anos que eles estão a procura de um parceiro de garrafão para Tim Duncan, e não só não encontram como veem Duncan envelhecendo e piorando cada vez mais. O Duncan de hoje em dia não tem metade dos recursos ofensivos que tinha até 2005, por exemplo. Até um tempo atrás a vontade era ter um jogador de garrafão que pudesse liberar Duncan para jogar na posição 4, de ala de força, mas hoje isso nem importa tanto. Duncan até rende melhor de pivô mesmo e apenas precisa de outro jogador que pegue rebotes e que o deixe descansar. Com menos minutos em quadra ele tem parecido menos cansado, mais veloz e, portanto, mais decisivo. Splitter tem tido valor duplo: Joga ao lado de Duncan ou na posição dele.

A presença de Splitter também é importante porque, nas palavras de Gregg Popovich, ele tem "uma inteligência para o basquete fora do comum". Ao saber se posicionar no pick-and-roll ele tem feito a vida de Tony Parker bem mais fácil nas infiltrações. Não que o francês não infiltre mesmo no meio de um corredor polonês, mas qualquer ajuda é bem vinda. E se aos poucos Splitter vai pegando pontinhos no ataque, na defesa ele também tem ajudado. Ele é um dos vários responsáveis pelo Spurs tomar 3 pontos a menos, em média, dentro do garrafão em comparação a temporada passada. Parece pouco, mas na média faz bastante diferença e a evolução de Splitter faz diferença nessa conta.

Contando os pontos marcados e feitos a cada 100 posses de bola, resultados parecidos em relação ao ano passado. O ataque marca 4 pontos a menos, a defesa sofre 4 pontos a menos. Como esses números se repetem em muitos times e até nas estatísticas gerais da liga, acho que podemos colocar isso na equação locaute + calendário + falta de training camp. Mas mais importante que os números totais é como o Spurs consegue ou evita esses pontos. Como citei acima, a defesa pode ter eficiência parecida no geral, mas melhorou no garrafão, justamente onde perdeu a série para o Memphis Grizzlies nos playoffs do ano passado.

No ataque alguns números ainda são bem parecidos. O time ainda marca 23% de seus pontos em bolas de 3 pontos, marca altíssima, a 5ª da liga, atrás apenas de atiradores pirados como Magic, Warriors, Nets e Clippers. Os pontos no garrafão ainda são os mesmos 42 por jogo, maior parte deles cortesia de Tony Parker, não tanto dos pivôs. Onde finalmente vemos um número que chama atenção pela mudança é nos pontos de contra-ataque. Ao invés de 15 por jogo como no ano passado, agora são só 11. O time não tem menos jogadores capazes de jogar assim, pelo contrário, mas simplesmente escolheu correr menos e tomar mais conta da bola. Não à toa o time subiu de 8º para 2º no ranking de turnovers por posse de bola, só o Sixers erra menos.

Com tantos chutadores de 3 pontos, como Gary Neal, Danny Green e mesmo Manu Ginóbili, o Popovich não tem muita opção senão usar o que tem e esperar que as bolas caiam. Mas por experiência em vencer o Suns ele sabe que somar bolas de 3 e correria já é suicídio demais, então baixou um pouco o ritmo da equipe e cortou erros. Ele Spurizou um pouco seu Spurs, pra não perder a identidade, acho. Outra coisa que mudou em relação ao ano passado é a distribuição de minutos. Na temporada passada 3 jogadores (Parker, Jefferson e Ginóbili) tinham mais de 30 minutos por jogo, com outros 5 tendo mais de 20. Nesse ano apenas Parker passa dos 30 e são 10 jogadores no total jogando pelo menos 20 minutos por jogo.

Com o time confiando em mais gente e poupando melhor seus jogadores, ao mesmo tempo que joga num ritmo menos alucinado, podemos esperar o Spurs pelo menos mais inteiro e com pernas nos playoffs, algo que pareceu faltar no ano passado. Mas a conclusão que podemos ter mesmo é que no fundo esse é o mesmo time de 2011, com alguns pequenos e pontuais ajustes. Embora isso possa soar desanimador, não é. O Spurs do ano passado teve muito azar. Pegou na pós-temporada um time que sempre o deu problemas, que estava em ótima fase e mesmo assim a série foi disputada. Todos os times venceram seus jogos em casa com exceção do Jogo 1, que o Spurs jogou sem Manu Ginóbili.

Se você pensar bem e com calma, lembrará que aquele time era sim muito bom. Apenas teve azar e alguns defeitos expostos naquela série. Mas ao invés do time entrar no desespero e querer tacar tudo para o alto, atacaram na medida do possível esses problemas. O ritmo é mais lento, o time erra menos, chuta duas bolas de 3 a menos por jogo (embora a porcentagem de pontos vindos desse tipo de chute seja a mesma, como vimos) e Tiago Splitter tem sido trabalhado para melhorar a defesa de garrafão. Somente na hora do vamos ver, de novo, saberemos se foi o bastante. Mas fizeram o possível e são o time em melhor forma na NBA no momento. Quer dizer, não que isso importe para eles, segundo o Richard Jefferson: "Em San Antonio sequências de vitórias não significam nada. Popovich ainda quer que a gente melhore e vai estar muito bravo a cada pedido de tempo".

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O basquete clássico de Larry Brown

Uma história de amor


Meio que caiu no meu colo, muito em cima da hora, a chance de ir em uma clínica ministrada pelo Larry Brown no Clube Paulistano aqui em São Paulo. O Larry Brown, pra quem não lembra, é o único técnico campeão da NBA e da NCAA na história do basquete americano, tem entre seus times famosos o Indiana Pacers do fim dos anos 90, o Philadelphia 76ers de Allen Iverson que foi para a final de 2001 e o Detroit Pistons campeão da liga em 2004 em cima do Fab Four do Los Angeles Lakers. Já escrevemos sobre ele duas vezes, uma em 2008 e outra em 2010. Bom, o cara manja, tem história e a chance tava lá, eu fui.

O público-alvo do programa eram treinadores e eles estavam até que em peso por lá. Não sou grande conhecedor do meio basquetebolístico nacional, mas vi caras conhecidas e uniformes de pelo menos uns 6 ou 7 times da NBB, além de uma porrada de desconhecidos que se anunciavam como treinadores de categorias de base, deu pra encher uma arquibancada do ginásio. Querendo conhecer o seu público, em certo momento o Larry Brown perguntou "Quantos de vocês são técnicos de High School?" e o tradutor mandou "Quantos de vocês são técnicos de categorias de base?", Coach Brown nunca vai saber que a relação escola-esporte não é nada como no país dele.

Nos dois dias de clínica, sábado e domingo, Larry Brown mostrou o que é ser um técnico old school dos Estados Unidos: Cobrou muito, com gritos, os jovens garotos-cobaia que mostravam seus exercícios, enfatizou o jogo de equipe, a defesa forte, os fundamentos e fez questão de deixar claras suas raízes no basquete, principalmente quando encerrou a clínica fazendo um breve discurso em que mostrou como estava a apenas algumas pessoas (entre seus técnicos e técnicos de seus técnicos) do próprio James Naismith, criador do jogo de basquete. Ele queria dizer que o que estava ensinando lá é do jeito que foi ensinado desde o princípio.

Mas nem precisava de tudo isso, dava pra ver como ele era da velha geração pelos seus exercícios. Nada de mirabolante, nada que usasse aparelhos modernos, trocentas pessoas ou movimentações revolucionárias, eram aquecimentos simples, movimentações de bola básicas e sistemas de ataque e defesa que vemos qualquer dia na televisão. Isso provocou algumas reações negativas da platéia, ouvi vários "Isso eu faço todo dia nos meus treinos", mas o segredo estava nos detalhes. Larry Brown, chato, não deixava passar nada. Cobrava intensidade e velocidade dos movimentos (não o mais intenso possível e nem o mais rápido possível, tudo do jeito certo), o pé que começava os movimentos, a cabeça levantada, a altura dos passes, o movimento das mãos na hora de passe e bandeja, em que altura driblar a bola, se o drible deve ser ao lado do corpo ou na frente, etc, etc, etc. Um simples "oito", aquele exercício em que três jogadores correm trocando passes, sem drible, até a cesta, era desculpa para milhares de pequenos comentários que nunca passariam pelas nossas cabeças.

Não quero ser preconceituoso com o basquete brasileiro, até aproveito pra divulgar aqui que tinha bastante gente lá e vários estavam até filmando e fazendo toneladas de anotações, mas não faltavam também bocejos e comentários como o que eu citei antes dizendo que ele não estava apresentando nada de novo. Não estava mesmo, mas estava apresentando o bem feito, o que é bem mais difícil. Afinal, quem de nós não morre um pouquinho por dentro sempre que vemos erros primários mesmo em jogos entre os maiores times e melhores jogadores aqui do Brasil? Não queremos admitir, é chato, mas somos ruins pra cacete nesse esporte que a gente tanto gosta.

Uma coisa que parece ter decepcionado parte da platéia e animado outra é que muitas vezes os comentários e exercícios mostrados pelo Larry Brown eram voltados para quem está ensinando crianças e adolescentes a jogar basquete, não para os profissionais. Uma vez perguntaram sobre pick-and-roll e a resposta dele foi "NUNCA usem pick-and-roll com os mais novos", a dica era ensinar o básico, a jogar, passar, driblar, arremessar, defender e só depois, muito depois, complicar com o pick-and-roll. Ele também é cegamente contra o uso de defesas por zona nas categorias de base. Os jogadores, para ele, devem aprender os princípios de defesa individual, só marcar assim e, no futuro, aprender a zona, que é mais posicionamento do que a técnica de defender o seu homem. Ah, ele também disse algo que eu espero que todos os técnicos lá tenham anotado: não force os meninos novinhos a jogar em uma posição apenas. Todo mundo tem que fazer todos os exercícios em todas as funções e aprender a jogar nas cinco posições, quando forem mais velhos, com o físico e a altura mais definidos, aí sim vão se especializar em algo. Não precisamos de mais pivôs de 1,95m que só sabem jogar de 5 porque eram os mais altos da escola.

Na parte ofensiva os times do Larry Brown sempre foram muito simples, e tudo ficou bem claro depois de ouví-lo falar. Ele explicou que nas primeiras semanas de treino com qualquer equipe ele só treina defesa, defesa, mais defesa e rebote. Depois de um tempo um pouco de contra-ataque e só semanas mais tarde algumas movimentações ofensivas mais simples. Quando ele mostrou essas movimentações - simplíssimas e que os técnicos das categorias de base podem usar quando bem entenderem com qualquer pirralho - ele ia dizendo como as usava nos seus times da NBA! Apontava para um garoto e dizia "Essa a gente fazia em Philadelphia, esse é o Allen Iverson" e mostrava como isolar o segundo armador no lado da quadra. Os exemplos da NBA, aliás, deixavam tudo mais fácil de entender. Uma jogada fazia mais sentido se você tivesse um cara como o Tim Duncan na posição 4, ou a defesa do pick-and-roll muda se um dos envolvidos for um arremessador como o Dirk Nowitzki.

O Allen Iverson foi o jogador mais comentado do fim de semana. E nem é porque todo mundo queria saber dele, simplesmente o Larry Brown o citava a todo momento! O assunto poderia ser ataque, defesa, disciplina, futebol de botão, não importa, Iverson era o exemplo. Quando estava pregando a obediência às regras e horários disse que quando o ônibus de um time seu tem hora marcada, sai naquela hora e quem ficou pra trás não joga. Mas quando o Allen Iverson certa vez, em um jogo importante, se atrasou, ele mandou o motorista ir arrumar o motor, que ficou pronto justamente quando o AI entrou pela porta do automóvel.

O curioso é que ele falava de indisciplina com certa raiva, como se fosse um câncer para o time, ele é do tempo (que nunca acabou aqui no Brasil, especialmente no basquete) em que o técnico é um líder-general e os jogadores são soldados jovens, burros, submissos e sem vontade. O técnico fala, grita, dá ordens, broncas e o jogador deve fazer tudo em nome da equipe, é uma visão militar do esporte que, confesso, me perturba um pouco. Alguém já presenciou a cena de um técnico gritando com um jogador profissional? E não pela TV, mas ao vivo, vocês já viram um marmanjo de 30 anos levando um esporro humilhante só porque executou uma função de maneira inapropriada em um jogo? É uma cena bizarríssima, pelo menos pra mim. Não vejo razão alguma para um homem adulto gritar com outro homem adulto dessa forma, ainda mais em um contexto esportivo, mas vai saber, pode ser só porque eu não sou do meio. Bom, Larry Brown é desse tempo e dá esporros, mas quando conta de Allen Iverson é sempre com uma pitada de humor e nostalgia. Embora o Detoit Pistons tenha tido mais sucesso, a impressão que temos é que ele se orgulha mesmo daquele Sixers, de como fez aquele time limitado render muito, jogar como time unido e como domou o indomável Allen Iverson.

Um time que ele citou no máximo uma vez foi o seu último trabalho, o Charlotte Bobcats, mas estava implícito em diversas outras falas. Pra quem não lembra, há duas temporadas o Bobcats acabou com 44 vitórias, 7º lugar no Leste, primeiro playoff da história do clube e a melhor defesa, disparada, de toda a liga. Larry Brown disse incontáveis vezes que não importa o elenco que você tem e a incapacidade deles de marcar pontos, jogando com mais vontade e jogando bem na defesa (o que é possível, segundo ele, mesmo sem os melhores defensores individuais) é possível vencer qualquer um. Defesa foi a palavra mais falada do fim de semana, até quando estava ensinando movimentações de ataque ele terminava dizendo "treinar isso é também um bom jeito de treinar sua defesa". Obsessivo.

Em um dos intervalos eu consegui chamar o Larry Brown de lado para uma conversa, disse que queria fazer uma entrevista rápida e ele topou com um sorriso no rosto. Eu estava animado e com umas trezentas perguntas pra fazer, mas não consegui fazer nem 10% delas. Primeiro porque o tempo era curto, depois porque fomos interrompidos um gazilhão de vezes por uma caralhada de gente querendo tirar fotos. Larry Brown, sempre sorrindo, aceitava todos os pedidos e eu até fui o fotógrafo algumas vezes. Quando finalmente começamos a conversar apareceu um cara nos interrompendo e dizendo que tinha morado na Philadelphia na época que ele treinava lá e que era uma honra conhecê-lo e blá blá blá. Ou seja, foi uma conversa curta e picotada, mas foi uma conversa com o Larry Brown.

Como o assunto anterior ao intervalo em que conversamos tinha sido a dobra defensiva (como fazer, onde fazer, em que situação) eu trouxe à tona aquele fatídico lance do jogo 5 da Final de 2005 quando o Pistons, em casa, perdeu para o Spurs com uma bola do Robert Horry depois que o Rasheed Wallace dobrou a marcação no Manu Ginóbili. É a última bola desse vídeo:



O Larry Brown riu quando mencionei esse lance e comentou com o seu pessoal, "Ah não, ele está me perguntando daquela bola de 2005", ao que seu assistente respondeu "Aquilo não foi culpa nossa".  Disse que no tempo pedido logo antes da jogada tinha dito apenas que seus jogadores não dessem a chance da bola de três pontos e nem dobrassem a marcação de maneira alguma, depois até me falaram pelo Twitter que em um DVD do Spurs tem a cena dele dizendo isso. Rasheed Wallace simplesmente não obedeceu. Mas ele me explicou o motivo daquilo ter acontecido, disse que o Rasheed era o líder defensivo daquela equipe, que não parava de falar em uma posse de bola sequer comandando onde todo mundo deveria estar, avisando onde estavam os bloqueios, onde estava a ajuda, era uma matraca com total consciência do sistema defensivo do time. E completou falando que os jogadores tinham a liberdade de improvisar na defesa quando vissem algo diferente acontecendo, e foi o que o Rasheed viu e fez quando percebeu Ginóbili no canto da quadra. O Larry Brown até deixou claro que a dobra foi bem feita e o argentino teve que fazer um passe muito difícil, mas ei, é o Ginóbili, fazer coisas difíceis pra ele é mais fácil do que fazer o básico. Foi um erro que não foi dele, mas que ele parecia aceitar.

Logo depois conversamos sobre o seu trabalho no Charlotte Bobcats. Ele contou com certa alegria como os jogadores abraçaram a idéia de que poderiam vencer qualquer um mesmo tendo consciência de que, como elenco, não eram os melhores. Então eu perguntei da fama de alguns jogadores do time de serem difíceis de treinar, em especial o desobediente Stephen Jackson e o preguiçoso Boris Diaw. Sobre o francês ele disse na hora que isso é lenda, que Diaw é um dos melhores caras que ele já treinou, mas que Stephen Jackson, esse era um inferno mesmo. Brown me disse que no seu primeiro ano o time estava indo bem e o Jackson atuando muito bem dentro de quadra, então que fingiu não ver muitas bobagens no seu comportamento, mas que no segundo ano ele chegou para Michael Jordan e o resto da direção do time e disse que eles não iriam longe com aquele cara no elenco. "Então alguns meses depois eles não tinham mais o Ray Felton e o Tyson Chandler, mas o Stephen Jackson ficou lá. É por isso que eu não sou mais o técnico daquele time".

Conversamos também sobre a clínica em si, sobre a motivação dele. Pela dedicação que ele demonstra não parece que faça isso só pelo dinheiro, ele realmente se dedica a ensinar tudo e não sossega até ver que tudo foi assimilado pelos jogadores e que os técnicos não têm mais perguntas. Ele também já tem dinheiro de sobra para o resto da vida, nem poderia ser isso também. E nem digo isso porque o coitado tá com idade avançada, mas seus contratos como treinador foram zilionários, o que teve com o Knicks logo depois que saiu do Pistons daria pra acabar com a fome na África e ainda criar um problema de obesidade no continente. Ele me disse então do prazer de ensinar, que gosta de basquete e quer que o jogo seja mais praticado ao redor do mundo e, mais do que isso, jogado do jeito certo. Larry Brown realmente acredita do fundo do coração dele que o seu jeito de ensinar é o melhor e quer compartilhar isso, é algo impressionante mesmo que você não compartilhe de tudo o que ele fala.

Eu perguntei para ele sobre o uso de estatísticas avançadas na NBA atualmente, ele disse que odeia, que é coisa criada por gente que nunca jogou ou treinou basquete e que não sabe o que se passa lá dentro, uma bobagem cara e desnecessária. Em alguns momentos ele também pareceu muito descrente de times muito velozes ou com ataques complexos cheios de invenções. O negócio do Larry Brown é defesa e simplicidade, é como ele aprendeu, como ele construiu sua carreira e como quer ensinar para o mundo todo. Old School, como disse antes.

Como fã de NBA eu não estou 100% com ele. Acho que o uso das estatísticas pode fazer muita diferença na hora de arrumar um time e que quando se tem os jogadores mais talentosos do planeta nas mãos, até deve-se tentar ser inventivo, criativo e tentar coisas novas para tirar o máximo deles. Mas entendo o lado dele também, na hora de espalhar o basquete pelo mundo você deve ensinar o pessoal a como bater a bola certo e não dar um passe no pé, depois de décadas aprendendo isso é que você começa a pensar em um time jogando no run-and-gun. É quando os times já sabem jogar e estão nivelados num nível alto e em um campeonato estável que as estatísticas podem fazer mais diferença, as duas coisas, de certa forma, podem se completar. Ele não acha isso, mas concordamos pelo menos que o seu jeito clássico de ensinar é bastante indicado para qualquer tipo de iniciante, seja um garoto querendo evoluir como jogador ou um país precisando de uma leva desses garotos.

Pessoalmente eu não consegui tudo o que eu queria. Ainda poderia conversar muito mais sobre aquele Pistons de 2004 e 2005, sobre o que ele achava do Raymond Felton como armador principal e porque brigava tanto com o DJ Augustin, também se ele vai mesmo ser assistente do Celtics no ano que vem e, claro, sobre o Iverson.  Mas foi corrido, não dava tempo e, no fundo, o negócio lá era para os técnicos. Espero que eles tenham feito mais do que tirar fotos de tiete e aproveitado todas as dicas dadas para a preparação de novos jogadores, por incrível que pareça os conselhos de um cara tão conservador da velhíssima guarda americana podem ser úteis para revitalizar o esporte por aqui.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Spurs sempre será o Spurs

O Denis analisou o jogo 5 entre Spurs e Grizzlies, comentando sobre as mudanças táticas no Spurs nessa temporada, a defesa do Grizzlies e o arremesso final de Gary Neal que levou o jogo à prorrogação - e então à vitória do Spurs. Mas o site NBA Playbook fez um trabalho tão genial analisando as últimas posses de bola da equipe de San Antonio que é impossível não compartilhar aqui algumas conclusões que essa análise nos traz num mini-post de sobremesa para quem leu o post anterior, prato principal.

1) O Spurs sempre causa medo com as bolas na zona morta

A análise da jogada no NBA Playbook está aqui. Com 14 segundos no cronômetro, o Spurs optou por não tentar uma bola de 3 pontos. Ao invés disso, Duncan recebe a bola no perímetro e dá um passe certeiro para o Ginóbili finalizar com uma bandeja simples. Tony Allen estava marcando o Ginóbili e ele opta por proteger uma possível bola de 3 do argentino, liberando o jogador do Spurs para uma corrida rumo à cesta. Mas porque a ajuda defensiva não bloqueia o caminho do Ginóbili? Porque o Shane Battier, responsável por essa ajuda, está se borrando de medo de deixar alguém (no caso Gary Neal) livre na zona morta. É justo, o banco do Spurs é o banco que mais converte bolas de 3 na NBA, e a zona morta sempre foi uma das principais armas da equipe na época de Bruce Bowen. Quantos jogos o Suns não perdeu por culpa de uma maldita bola de 3 pontos na zona morta? Mas, como o Denis indicou, o Spurs está tentando apenas metade dos arremessos na zona morta que tentou na temporada regular, estão bem marcados e nenhum jogador mais é especialista na área. Mas é isso, os arremessos daquele região vencendo jogos para o Spurs fazem parte do nosso imaginário, e então o Shane Battier preferiu permitir a bandeja do que desgrudar do Gary Neal.

2) O Duncan sempre causa medo mesmo sendo velho e tendo cara de bobo

A análise da jogada no NBA Playbook está aqui. Com menos de 2 segundos no cronômetro e precisando de uma bola de 3 pontos, o Spurs faz uma série de corta-luzes na cabeça do garrafão para liberar alguém pra receber a bola e o Grizzlies faz a escolha correta: ao invés de lutar contra cada corta-luz, os marcadores fazem a troca, ou seja, quem parar no corta-luz passa a marcar o adversário que fez o corta, e quem estava marcando esse jogador passa para o próximo adversário em movimento, evitando assim o corta-luz. Tudo lindo e maravilhoso, até que Shane Battier - de novo - decide que não vai fazer a troca de marcação. Porque para isso ele teria que sair do Tim Duncan, ali paradinho na linha de lance livre, e todos nós sabemos do que o Duncan pode ser capaz quando está livre nos segundos finais de um jogo, né? Mas por ter ficado no Duncan, Shane Battier deixa Gary Neal livre, e graças às trocas seria ele o responsável por fechar no armador do Spurs. Neal arremessa uma bola de 3 com bastante espaço, converte e leva o jogo para a prorrogação, enquanto o Duncan (que só poderia fazer uma bola inútil de dois pontos) estava muito bem marcado. Pois é, na hora final dá cagaço de deixar o Duncan livre, mas era a única coisa inteligente a se fazer.

3) O Spurs sempre recebe ajuda de algum jogador aleatório

O Battier errou nas duas marcações e ele é simplesmente um dos melhores defensores da NBA. Ele tem responsabilidade pelo erro, claro, mas o peso do Spurs, a fama do Spurs, acaba tendo um papel fundamental em como os jogadores reagem ao time na hora de defender uma posse de bola fundamental. Mas no fim das contas, erro de marcação ou não, quem acertou a bola final foi Gary Neal - mais um para a imensa lista de jogadores eleatórios que já salvaram o Spurs em jogos decisivos de playoffs. Mas quão aleatório é o Gary Neal, afinal? Basta dar uma lida nessa história que o Denis publicou um mês atrás no seu filtro semanal:

Vocês sabiam que o Gary Neal, o novato-sensação (como diria a RedeTV!) do Spurs, teve um caminho complicado pra diacho pra chegar na NBA? Eu não sabia. No seu segundo ano de faculdade foi acusado de estupro e perdeu sua vaga no time. No fim ele foi inocentado, pelo jeito foi um caso de sexo entre bêbados em uma festa, mas mesmo com a inocência oficial não foi recebido de volta e teve que caçar outro lugar pra jogar.

Ele acabou indo para uma faculdade bem pequena e sem renome, Towson, onde passou por zilhares de entrevistas para ser aceito. Depois dessa história é claro que passou em branco pelo Draft da NBA e aí foi para Turquia, Espanha e depois Itália, onde milagrosamente recebeu uma chance do Spurs. Aliás, milagrosamente não, por méritos dele e dos melhores olheiros do planeta. Neal é uma das razões para o Spurs ser um dos melhores time da NBA em bolas de 3 pontos nessa temporada. A história dele tem mais detalhes nesse link do Spurs Nation.

Desastre anunciado

Pois é, foi daí que o Manu acertou o arremesso dele


Foi por pouco, por muito pouco. O Memphis Grizzlies estava a 1.7 segundo de eliminar o San Antonio Spurs, vencer sua primeira série de playoff na história, causar uma zebra do tamanho de um elefante (só pra ficar no mundo animal) e tudo isso, é sempre bom lembrar, sem o Rudy Gay! Ficou no quase porque o técnico Gregg Popovich resolveu colocar o trabalho de um ano inteiro nas mãos de um novato. Ele desenhou uma jogada para Gary Neal, que meteu a bola de três pontos que levou o jogo para a prorrogação e salvou o Spurs das férias indesejadas. Não que vocês não saibam disso tudo, devem ter visto o jogo ou visto o resumo hoje cedo, mas estou colocando tudo isso no papel (ou na tela) para ver se acredito. Alguém alguns meses atrás imaginaria que esse parágrafo pudesse ser escrito de maneira séria?

São muitas coisas estranhas acontecendo e a primeira a gente já alertou durante a temporada regular. Nesse post sobre o Spurs eu disse que eles estavam se parecendo mais com os times que estavam acostumados a vencer, ofensivos, velozes, baseados nas bolas de 3, do que com o "clássico" Spurs defensivo, pragmático e entediante. Acabaram o ano com o segundo melhor ataque da NBA e 11ª melhor defesa, números parecidos com o Phoenix Suns de alguns anos atrás que eles enjoaram de vencer. A fragilidade defensiva era ainda maior quando o Popovich, por falta de opção provavelmente, usava formações que favoreciam as bolas de três pontos ao invés do poder defensivo, foi o aproveitamento insano nas bolas de longe que fizeram o Matt Bonner ser mais usado que o Tiago Splitter durante todo o ano, por exemplo.

O discurso do Popovich e dos jogadores nunca mudou, eles sempre disseram que queriam voltar a ser um time defensivo, mas na prática não mudaram muita coisa, preferiram seguir com esse plano estranho que estava garantindo uma vitória atrás da outra na temporada regular. Eles falharam em perceber alguns sinais importantes, porém, como alguns jogos contra o Lakers e o próprio Grizzlies em que foram engolidos vivos pelos fortes garrafões das duas equipes. Claro que venceram jogos contra eles também, mas ficou bem claro que quando eles enfrentavam um garrafão alto e em boa forma, não sabiam como responder defensivamente e precisavam de dias inspirados nas bolas de três para vencer. E, como todo mundo no mundo do basquete sabe, nada é tão perigoso quanto depender dessas bolas de longa distância, é a bola mais irregular e imprevisível do basquete, uma temporada pode ir para o ralo em um dia ruim.

O Grizzlies provavelmente sabia disso. Perdeu alguns jogos bobos no final da temporada regular quando poderia avançar até a 6ª posição no Oeste e deu a impressão (que eles negam) de que estavam escolhendo enfrentar o Spurs. Verdade ou não a gente nunca vai saber, mas se foi intencional, foi inteligente. Na temporada regular eles fizeram jogo duro para o Spurs e têm as qualidades que mais os incomodam, a começar pela dupla de garrafão mais entrosada da NBA com Zach Randolph e Marc Gasol. Sim, o outro Gasol e o Andrew Bynum são do caralho e Serge Ibaka e Kendrick Perkins são a perfeita combinação na defesa, mas atualmente ninguém é páreo para o entrosamento da dupla do Memphis. Eles executam muitas jogadas um com o outro, ambos passam bem a bola e ainda são potências nos rebotes de ataque.

Como o Spurs usa muito o Tim Duncan no ataque, principalmente fazendo a maioria dos bloqueios e corta-luzes dos pick-and-rolls, que são responsáveis por 27% das ações ofensivas do Spurs (disparado a jogada mais usada por eles), eles liberaram o TD do fardo físico e perigoso, pelas faltas, que é marcar o Zach Randolph. Isso resultou num banho do Z-Bo para cima do Antonio McDyess e, principalmente, do Matt Bonner. Aliás, parece uma ordem bem clara do técnico Lionel Hollins para os seus jogadores: se Bonner está em quadra a jogada é simplesmente acionar quem está sendo marcado por ele, sucesso garantido.

Isso obriga Popovich a usar menos o Bonner e no lugar dele não pode colocar uma escalação mais baixa, que também seria explorada do mesmo jeito pelo garrafão forte do Grizzlies, então tem que colocar o McDyess e, nos últimos jogos, Tiago Splitter. O DeJuan Blair, titular durante muito tempo, é solenemente ignorado e não me pergunte o motivo. Todas essas opções, mesmo quando McDyess e Splitter jogam decentemente, não são o bastante para vencer a disputa no garrafão e ainda tiram as bolas de três do Spurs. O Spurs não tem opção, é na defesa que o Grizzlies está vencendo essa série.

O ótimo site NBA Playbook fez um post só para explicar como o Grizzlies está parando o ataque do time de Popovich. A principal estratégia está em limitar as bolas de três pontos ao mesmo tempo que não abrem um corredor para infiltrações. Na jogada que ele dá de exemplo abaixo, a ajuda fecha a infiltração de Parker mas sem que ele tenha espaço para tocar para Bonner nos três pontos, resta um arremesso longo de dois para Tim Duncan. E nem é da posição onde ele pode usar a tabelinha.



Vale reforçar também o empenho com que todo mundo no Grizzlies está correndo em toda santa posse de bola para cobrir as opções mais óbvias de passe depois de cada corta que o Spurs faz. É um trabalho digno de defesa do Celtics. Em muitas vezes eles sabem onde dobrar, onde ajudar e o cara que fica livre é sempre o mais distante da bola, obrigando o Spurs a passes complicados, longos ou infiltrações em um garrafão congestionado. Outra decisão importante está em tirar o arremesso da zona morta; se deixam alguém livre de três, não é lá. É o arremesso favorito do Spurs, tentavam 8 desses por jogo na temporada regular, e agora estão tentando só metade e sempre marcados. A bola na zona morta era a válvula de escape deles e não está funcionando. Para compensar o Spurs precisa  passar mais a bola no perímetro e forçar jogadas individuais, deixando aparecer ainda mais as qualidades defensivas de Shane Battier, Tony Allen e as mãos rápidas do Mike Conley para interceptar passes. É simplesmente um massacre! Pode-se dizer que o Lionel Hollins era um stalker do Spurs e sabe todas as qualidades, defeitos, desejos, medos e comida favorita do seu adversário.

Se essa série já não está morta e enterrada é porque o Spurs tem a mão certeira de Gary Neal e o Grizzlies também tem os seus defeitos. Quando Zach Randolph está no banco eles não tem alguém que pode criar o seu próprio arremesso do nada diante de uma defesa mais forte, Tony Allen é um dos piores arremessadores da NBA e OJ Mayo compromete na defesa. E embora o Randolph esteja dando conta do recado na hora de arremessar bolas decisivas, às vezes é difícil passar a bola lá pra dentro do garrafão, nessas horas faz falta o Rudy Gay para receber a bola mais longe da cesta e criar alguma jogada.

Mas defeitos a parte, o Grizzlies é o melhor time da série e quem dominou todos os jogos. Se tiverem a cabeça no lugar e não ficarem lamentando a classificação que escorregou por entre os dedos devem fechar a série já na próxima partida. Não dá pra cravar isso porque séries longas de playoff são interessantes pelos ajustes que cada técnico faz para resolver os problemas, mas o negócio é que tenho a pequena impressão de que o Popovich não sabe mais o que tentar para sair das armadilhas do Grizzlies.

Abaixo, o arremesso insano em uma jogada desastrada do Manu Ginobili, que cortou a diferença para um ponto, e depois a bola de três salvadora do Gary Neal. E vale uma nota para algo impressionante: Foi dito pelo próprio elenco do Spurs depois do jogo que a jogada final foi mesmo desenhada para o Neal, não era segunda ou terceira opção. O novato disse que a sensação foi ótima de ouvir as instruções e ver que ninguém nem por um segundo questionou a decisão do treinador de colocar toda a temporada nas mãos de um novato que nem foi draftado. Sangue frio e obediência ao treinador, talvez o Spurs ainda tenha um pouco do velho Spurs escondido lá no fundo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Spurs enganado

O arremesso é feio, mas os cabelos...


Em 2009 a grande brincadeira era que o San Antonio Spurs voltaria para ser campeão de novo. Afinal eles foram o time mais estável dos últimos 10 anos mas nunca conseguiram vencer dois títulos em sequência, insistiam em vencer só em benditos anos ímpares: 1999, 2003, 2005 e 2007. Mas a volta por cima não foi o que aconteceu, o Spurs tomou de 4 a 1 do quase sempre freguês Dallas Mavericks e começamos a achar que a era de ouro de Tim Duncan e Gregg Popovich começava a virar passado.

Sentindo a mesma coisa, Popovich e o General Manager RC Buford mudaram uma de suas regras básicas nesses anos de sucesso e decidiram abusar no dinheiro e trocar por Richard Jefferson. Ultrapassariam o limite do salary cap, pagariam multas e tudo isso que eles sempre abominaram, mas parecia o jogador que faltava para dar um empurrão no envelhecido time. Não foi o que aconteceu, Jefferson teve uma temporada bem abaixo da média no ano passado e a única ajuda além do trio Duncan, Ginobili e Parker veio de contribuições esporádicas dos jovens George Hill e DeJuan Blair. Pouco para compensar as várias contusões e maus momentos de vários jogadores do elenco.

Para essa temporada a grande esperança estava na adição do brazuca Tiago Splitter, que se consagrou na última temporada espanhola e teria tudo para ser um novato diferente, já mais velho e experiente que o resto da pivetada que acabou de sair do Draft. Mas Splitter perdeu boa parte da pré-temporada machucado, pegou o bonde andando e ainda está com dificuldades, ganhando poucas oportunidades para jogar. Ele faz bons jogos volta e meia, em outros não faz nada de errado sem se destacar e em outros fica apagado por não entrar ou só fazer faltas. Se a grande mudança no elenco não está nem jogando às vezes, como o Spurs tem a melhor campanha da liga depois de um terço da temporada?

Essa é uma pergunta que eu demorei muito para poder esboçar uma resposta. Assisti a mais jogos do Spurs nesse ano do que nas últimas duas temporadas juntas e percebi uma coisa logo de cara, estava mais divertido do que costumava ser. Placares altos, infiltrações de Parker e Ginobili, rebotes ofensivos do Blair e um show de três pontos do trio Gary Neal, Richard Jefferson e Matt Bonner. Sim, o Spurs era uma potência ofensiva até nos dias em que o Tim Duncan mal tocava na bola. O Spurs, conhecido por jogar sempre do mesmo jeito até quando mudava de jogadores, revolucionou a sua maneira de jogar. Comecei a explicar isso em outro post semanas atrás:

"Dos últimos muitos anos. Explico, o Spurs é o terceiro melhor ataque da temporada até agora e a oitava melhor defesa. É a primeira vez desde que Tim Duncan chegou ao time, em 1997, que o Spurs é melhor ranqueado no ataque do que na defesa. Pra quem acompanha a NBA há pouco tempo pode parecer normal, mas quem viu o Spurs desses últimos quase 15 anos acha isso uma aberração. O Spurs atacando mais do que defendendo é insano como ver o Barcelona retranqueiro, no mínimo. E tem o ritmo de jogo, eles são hoje o 10º time mais veloz da NBA, nas outras temporadas da "Era Duncan"o Spurs ficou duas vezes com o 19º ataque mais veloz e depois disso sempre depois da casa dos 20, algumas vezes beirando as últimas posições."

Desde que escrevi isso poucas coisas mudaram. Hoje o Spurs é o ataque mais eficiente da NBA (112 pontos a cada 100 posses de bola), marcando 105.3 pontos por jogo (4º melhor) e é o 11º time mais veloz, com 93 posses de bola por jogo. Outros números mostram a mudança: hoje o Spurs é o quarto time que mais faz pontos em contra-ataque, 16.2 por jogo, 4 a mais que no ano passado e à frente de time conhecidos por seus contra-ataques como OKC Thunder e Phoenix Suns. No ano passado o Spurs era o 8º pior no mesmo quesito.

Nesse texto eu já disse muitas das razões do Richard Jefferson ter subido de produção da temporada passada para essa, mas é também bem claro que ele se beneficiou dessa maior velocidade do time. Desde os tempos do Nets que ele gosta e sabe sair no contra-ataque e finalizar perto da cesta. Essa maior liberdade ofensiva do time favoreceu também o Manu Ginobili, que é o cara mais criativo do mundo desde Leonardo Da Vinci e ainda passa a bola melhor que o faz-tudo italiano. Além do Tony Parker, que finalmente pode gastar à vontade e sem restrições toda a velocidade que tem. Desses, o Ginobili merece o maior destaque, ele está jogando mais tempo com os titulares do que o normal e ganhou mais responsabilidades de armação  do que no passado recente, resultado não só da mudança de estilo do time como também da recuperação física do argentino, que parecia meio baleado nas duas últimas temporadas. E sejamos honestos, é assim há um bom tempo: se Ginóbili joga bem, o Spurs joga bem. Nessa temporada até em alguns jogos em que o time não esteve no seus melhores dias ele estava lá pra fazer tudo certo no final. Foi assim contra o Pacers nessa semana e contra o Bucks no começo da temporada, e tantas vezes entre esses dois jogos.

Uma das qualidades do Ginobili está em saber quando tomar conta do jogo e quando envolver todo mundo. E geralmente ele não precisa ser o herói, porque caras imprevisíveis como o novato Gary Neal e Matt Bonner estão jogando melhor do que qualquer cara mais otimista no melhor do seus dias e depois de uma boa noite de sexo poderia prever, é por causa deles que hoje o Spurs é o 2º melhor da NBA em aproveitamento de 3 pontos, 39% por jogo, atrás apenas do Warriors. É compartilhando a bola que o Spurs consegue ser um dos melhores ataques mesmo com Duncan em seu pior ano ofensivo na carreira e nenhuma aberração tipo Kevin Durant no elenco, hoje o time do Popovich é o 5º com mais assistências na liga. Para finalizar as qualidades, impressiona como eles conseguem correr bastante e ser o 8º time que menos comete turnovers.

Eu estou impressionado com a capacidade do time de se reinventar de uma hora para a outra e mais ainda em ver como isso deu resultados tão positivos rapidamente. Muitas vezes times tentam mudar de atitude de uma hora para a outra mas não sabem como, mas como esse texto do blog Spurístico "48 minutes of Hell" confirma, o Spurs sabe contratar. E contrataram bem para cobrir os defeitos ofensivos do time desde a temporada passada e estão colhendo os frutos. Mas apesar de tudo isso, esse post não é uma babação de ovo no melhor time da temporada.

Numa ironia das mais profundas dos últimos milênios, o Spurs pode estar caindo no conto do vigário que ele mesmo ajudou a expor tantas e tantas vezes nos últimos 10 anos. Lembram do espetacular Dallas Mavericks de Steve Nash, Dirk Nowitzki, Michael Finley e Don Nelson? Ou do encantador Phoenix Suns do mesmo Nash e Amar'e Stoudemire? Foram duas das equipes que mais encantaram e divertiram a liga americana em uma época dominada por Spurs e Lakers. Eles faziam tudo isso que o Spurs faz nessa temporada, eram rápidos, criativos, com jogadores talentosos, coadjuvantes que metem bolas de longe com altíssimo aproveitamento e estavam sempre entre os melhores ataques da NBA. Porém, quando chegavam os playoffs esses times tomavam na cabeça. Na hora de passar pela defesa forte e ataque disciplinado do Spurs eles eram desmascarados e caíam quando estavam chegando perto do título.

Foi esse estilo de jogo defensivo e equilibrado (que outros times praticam mas que sempre foi a marca do Spurs) que fez o Mavs largar mão da super velocidade e o Suns ir até atrás do Shaq pra mudar de estilo de jogo (sem sucesso, como lembramos). De repente, em uma das muitas voltas que o mundo dá, o Spurs é o time que ataca, ataca, encanta e defende mal. Tá bom que não é tãaao mal assim, ainda estão com a 11ª melhor marca da NBA, mas volta e meia eles enfrentam times que mostram todos os vários defeitos do sistema defensivo da equipe. Atualmente eles são apenas o 18º no ranking de times que menos cedem pontos no garrafão, o 9º time que mais sofre arremessos de quadra por partida e no aproveitamento de 3 dos adversários é o 3º pior time, só (argh!) Cavs e Clippers são piores. E as bolas de três são porque protegem o garrafão? Necas, são só o 18º também em proteger a área pintada.

Como nem tudo pode mudar tão drásticamente, a Terra ainda é redonda, comer carne humana não é bem aceito socialmente e o Popovich está insatisfeito. Olha o que ele disse sobre essa questão ataque/defesa do Spurs: "Isso não é a gente, nós não jogamos assim. Eu não tenho idéia de como estamos marcando tantos pontos. Eu não estou comprando essa idéia". Quer dizer que o Spurs revolucionou o seu estilo de jogo e nem era isso que eles queriam? Não faz sentido. Mas pelo menos é uma pequena mostra de que não estão satisfeitos com sua defesa.

Se você pegar os jogos que eles fizeram contra o Mavs (aquele sem o Nowitzki) e o contra o Lakers, verá que esse time é capaz de executar uma defesa bem forte, mas até agora esses jogos foram exceção, não regra. Contra o time de LA a dupla Manu Ginobili e George Hill deu uma aula de como defender Kobe Bryant e a pressão nos passadores no perímetro fez com que eles pouco utilizassem Pau Gasol. Mas em compensação, o que foi aquela derrota para a o Knicks essa semana ? Foi a primeira vez em toda a carreira do Duncan no Spurs que eles tomaram 128 pontos em um jogo sem prorrogação. Aliás, a última vez que o Spurs tinha tomado mais que 128 pontos em um tempo normal havia sido em 1993, quando os hoje técnicos Vinny Del Negro e Avery Johnson ainda jogavam na equipe.

E no dia seguinte outra derrota, dessa vez para o Boston Celtics. Perder para o Celtics em Boston não é nenhum desastre, mas foi mais um exemplo de como o Spurs é um Phoenix Suns de 2011. O jogo foi pau a pau, talvez o melhor da temporada até agora, mas tomaram 105 pontos, deixaram o Boston chutar acima dos 60% nos arremessos de quadra e tomaram 34 pontos no garrafão, incluindo algumas bandejas bem fáceis nos minutos finais de jogo.

O Spurs é mesmo o melhor time desse começo de temporada, talvez por pouco sobre Boston Celtics e Dallas Mavericks e levando em conta que o Miami Heat demorou pra engrenar. Mas reconhecer isso não é dizer que eles tem um futuro fácil pela frente, eles precisam se manter saudáveis (o que foi impossível para eles nos últimos anos) e arrumar um jeito de acertar essa defesa se querem ser realmente levados a sério na disputa pelo título. O Popovich já disse que quer isso e o Duncan afirmou que "nós queremos ser é um clube defensivo", então a vontade está aí, é transformar em realidade para não ser mais um dos times velozes, ofensivos e perdedores que o próprio Spurs ajudou a destruir na última década.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A decisão de Richard Jefferson

Spurs e Knicks jogam durante um terremoto


Logo depois da humilhante eliminação do San Antonio Spurs para o Phoenix Suns nos playoffs do ano passado, uma varrida de 4 a 0 que ninguém poderia prever, o técnico Gregg Popovich chegou para o Richard Jefferson e disse "Entre em forma, treine ou vamos trocá-lo na primeira oportunidade". E completou, "Você tem a chance de voltar para a escola e treinar ou só fazer dinheiro nos últimos anos da sua carreira". 

O Richard Jefferson teve uma carreira ótima no New Jersey Nets e um ano discreto, mas bom, no Bucks antes de ir para o Spurs. Era considerado na época por nós e quase todo mundo como a peça que o Spurs precisava para voltar a lutar pelo título. Não era o defensor fora de série para substituir Bruce Bowen, mas tiraria o peso ofensivo do trio Parker, Duncan e Ginobili, especialmente dos últimos dois, que já estão chegando na menopausa, e não faria feio na defesa. No Nets nunca foi de anular uns Kobes da vida, mas não comprometia um time que precisava da defesa para puxar os contra-ataques, marca registrada daquela equipe liderada pelo Jason Kidd.

Mas sabe quando você vê o Big Mac lindo e grande na TV e aí recebe aquele lanche amassado, fino e com alface velha caindo pelos lados? Isso foi o Richard Jefferson no Spurs. Seus arremessos de longe não caíam, ele pouco infiltrava e na defesa parecia bem mais lento do que o normal, denunciando os 30 anos de idade que batem na sua porta. E o mais triste da história inteira foi que o Richard Jefferson ainda tinha mais um ano de contrato em que ganharia mais de 16 milhões de dólares. Não só ele não havia salvado o Spurs como agora impedia que eles tentassem de novo com outro jogador. Lembremos que o Spurs sempre foi um time muito cauteloso com dinheiro e pela primeira vez em anos toparam ultrapassar o luxury tax (entenda mais sobre o o salary cap da NBA nesse post) e pagar multas só pela chance de ter o Richard Jefferson e voltar a lutar por um título.

E voltando à conversa entre técnico e jogador, Richard Jefferson respondeu ao seu técnico: "Eu não quero só fazer dinheiro, quero jogar o melhor que eu puder".  Foi o "The Decision" que não passou na ESPN.

Fizeram treinos físicos que o Richard Jefferson afirmou "que não eram divertidos", pelo menos duas horas de trabalhos todos os dias com toda a equipe de preparadores físicos e técnicos que o Spurs tinha espalhado pelo país. Ele viajou para onde estava cada um deles para aprender tudo de novo. Praticou bastante o seu arremesso, em especial o do canto da quadra, na zona morta, aquele que consagrou o Bruce Bowen e matou Mavs, Suns e cia. tantas vezes nos últimos anos. Também estudou mais os sistemas ofensivos e defensivos do Spurs. Fez treinos específicos sobre as movimentações de quadra pedidas pelo técnico durante a temporada.  Popovich, aliás, participou de algumas etapas dessa volta à escola do RJ.

Jefferson disse que tinha muitas dificuldades na última temporada e que todo mundo respondia dizendo que no primeiro ano é sempre mais difícil pra sacar como funciona o time, mas que no segundo ano, com a experiência do ano anterior, é mais fácil jogar no Spurs. Um dos motivos é que Gregg Popovich não é um técnico que só aparece na hora do jogo e manda fazer uma jogada, que só delega poderes e faz discursos no vestiário, é um dos raros casos na NBA em que um treinador se preocupa em desenvolver o jogador. As escolhas de segundo round de Draft que viram ótimos jogadores são um mérito duplo, primeiro dos scouts, os olheiros bem treinados e pagos que sabem ver um bom talento, e depois dos técnicos, que sabem aperfeiçoar o jogador ao invés de só esperar pelo melhor.

Junto com os treinos houve a preocupação econômica. O jogador tinha um ano de contrato sobrando no valor de 16 milhões e a opção de sair e virar um Free Agent. Richard Jefferson se sentia mais confortável com um contrato mais longo para não correr o risco de estar sem nada no ano que vem quando os salários podem cair drasticamente, mas também não queria simplesmente optar por não ganhar tanto dinheiro e acabar com um contrato mais longo e também mais vagabundo. Chegaram então a um acordo, o Jefferson optou por desistir dos 16 milhões e já que estava treinando conforme o prometido para Popovich, ganhou um contrato novo de 38 milhões por 4 temporadas. Sem dúvida o voto de confiança mais caro e arriscado que eu já vi o Spurs fazer na vida. Se tínhamos dúvidas sobre o porque do Spurs pagar uma nota preta pelo Jefferson ao invés de investir menos em caras como Matt Barnes, a resposta é confiança.

Só foram cinco jogos pelo Spurs nessa temporada, mas tudo parece ter ido pelo melhor caminho possível. Nesses cinco jogos o Richard Jefferson tem média de 20 pontos por jogo, segundo cestinha do time, meio ponto atrás de Manu Ginóbili, e aproveitamento de arremessos espantoso, de 64%! É o terceiro melhor aproveitamento da liga e o único dos 15 primeiros da lista a não ser um jogador de garrafão. Em bolas de três é atualmente o quinto melhor da liga com insanos 60% de aproveitamento. Em lances livres está cobrando 5,8 lances livres por jogo, mais do que os 3,5 que tinha de média no ano passado. Não só acerta mais de longe como é um jogador mais agressivo ao atacar a cesta. Segundo Manu Ginóbili, RJ também tem jogado com mais confiança sabendo exatamente o que deve fazer em quadra.

O melhor jogo do Jefferson até agora foi contra o Suns, o time que os eliminou no ano passado. Para compensar os 9 pontos de média que teve na série contra eles nos playoffs de 2010, meteu 18 só no quarto período, incluindo quatro bolas de três da zona morta, onde enjoou de treinar na offseason.



Defensivamente o Spurs ainda não alcançou o nível do ano passado, que já não era o ideal, e Richard Jefferson entra no meio do bolo, mas o momento é de otimismo. A aposta do Spurs em renovar com Richard Jefferson e Manu Ginobili rendeu até agora 4 vitórias, só uma derrota, para o impressionante Hornets, e é o sexto melhor ataque da NBA.

Após o jogo contra o Suns todos os repórteres estavam atrás de Richard Jefferson e ele atrás de Manu Ginobili. Quando perguntaram o motivo ele explicou que no ano passado era só fazer um jogo um pouco melhor que todos os jornalistas iam lá perguntar se agora ele iria embalar e o Manu começou a fazer piada com isso, ele estava então esperando o argentino chegar para ele ouvir tudo de novo. Se tudo continuar assim a piada vai se repetir tanto que daqui a pouco o narigudo não vai rir mais, vai virar rotina.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Preview 2010-11 / San Antonio Spurs

 Ele é como qualquer um de nós


Objetivo máximo: Mais um título. O ano é ímpar, afinal.
Não seria estranho: Chegar longe mas perder para Lakers ou Mavs
Desastre: Cair na primeira rodada e ver os cabelos brancos nascerem na cabeça do Duncan

Forças: Time entrosado, técnico espetacular, defesa bem montada e Tim Duncan
Fraquezas: Parte do time está ficando velha demais e a outra parte ainda parece muito inexperiente

Elenco:








.....
Técnico: Gregg Popovich


Eu sempre entro na nossa página da semana dos técnicos para ver o que podemos aproveitar de novo aqui. E o texto do Popovich feito pelo Danilo está perfeito! Como a gente tinha bem menos leitores naquela época e já faz dois anos, acho que vale a pena a reciclagem completa:


"O técnico que todos amam odiar, o técnico que não cansa de ganhar, que faz os nerds das pranchetas terem orgasmos múltiplos e coloca para dormir todo o resto da civilização ocidental contemporânea. Tudo porque Popovich foca seus esforços na defesa enquanto tem fama de ser um dos técnicos mais severos e controladores no ataque (ele é tipo mulher ciumenta). Tente dar um arremesso que Popovich não planejou com antecedência de 48 horas e você será colocado no banco. Para conseguir arremessar uma simples bola, Tony Parker precisa preencher um formulário e autenticar em três vias - seja lá o que isso significar. Mas a verdade é que os jogadores no Spurs apenas obedecem o que está instituído, colocando em prática um ataque maquinal e absurdamente funcional. Duncan estará sempre em posição para seu clássico arremesso usando a tabela, Tony Parker sempre poderá infiltrar e passar a bola para a zona morta e Bruce Bowen sempre estará livre por aquelas bandas, pronto para arremessar de três e ser um bundão. Apenas Ginóbili é inesperado porque ele faz as mesmas coisas de modos extraordinários, com aquelas passadas malucas e destrambelhadas que, segundo o próprio Popovich, matam ele do coração.

Quando falo do Popovich, sempre uso como exemplo sua relação com Tony Parker. O francês tinha uma cota máxima de arremessos que podia dar de trás da linha de 3 pontos (sem brincadeiras!) e, quando começou sua sua carreira no Spurs, era obrigado a passar a bola para fora do garrafão ao invés de fazer as bandejas que hoje lhe são marca registrada. Com o tempo, foi ganhando mais liberdade com o técnico - o que equivaleria a uma mãe dizer que a filha não pode ir para a balada, mas que agora pode passar maquiagem dentro de casa. Para nós, fracassados que perdemos para o Spurs a torto e a direito, sua relação ditatorial com o time, respostas mal humoradas e cara de quem está com uma eterna apendicite nos fazem odiar Gregg Popovich como poucos no mundo. Mas tem mais: "Pop" (como alguém tão mal encarado pode ter um apelido tão fofucho?) era dirigente do Spurs, demitiu injustamente o técnico do time e se auto-proclamou o novo treinador, cargo que exerce desde então. Se ele não fosse um branquelo em um time texano, provavelmente o presidente Bush iria colocar o exército para intervir na questão. E o mais engraçado é que Popovich disse que deve se aposentar assim que acabar o contrato de Tim Duncan, ou seja, provavelmente não quer testar como seriam seus resultados sem um dos melhores jogadores de todos os tempos ao seu lado. Bem, se pudesse escolher, eu também não testaria.

E não adianta me dizer que estou com dor de cotovelo porque sim, estou com dor de cotovelo. O Gregg Popovich ganhou demais na vida, deixa pelo menos um blog na internet dar a entender que o cara é fracassado, tá legal?"


O que eu posso acrescentar é que nos últimos dois anos anos o Popovich ganhou um desafio novo. Ele teve que lidar com jogadores muito jovens que, por serem jovens, oras, não tinham a disciplina e inteligência tática que todos os comandados do Spurs nos últimos 10 anos tiveram. Ele precisou de paciência extra e voltou aos seus tempos de professor para conseguir lidar com DeJuan Blair, George Hill e Roger Mason, que de uma hora para outra viraram peças fundamentais em um time sem a profundidade que já tivera no passado. Mas ele fez um bom trabalho e a pivetada está dando resultado, é de se esperar que ele também tenha paciência e sucesso com o Tiago Splitter, que não é pirralho mas precisa de tempo para se adaptar ao jogo americano.

......
O sucesso na evolução dos pivetes que eu citei acima e o fato do Splitter ser um jogador já bem rodado são os motivos que me fazem pensar que essa temporada é a que o Spurs tem mais chance de voltar ao título desde que disputaram a final do Oeste contra o Lakers em 2008. As últimas duas temporadas serviram apenas para o Duncan parecer mais velho, para o Ginobili e o Parker se machucarem várias vezes e para a pivetada errar bastante e deixar o Pop louco da vida vendo o Roger Mason forçar bolas de três.

Mas depois de dois anos parece que está tudo certo. O Tony Parker chegou a ser envolvido em boatos de troca e falaram por aí que ele estava interessado em ir para o Knicks, mas ele sempre foi bem fiel ao Spurs e acredito que não tenha nenhum problema em ficar lá. Sem contar que pode ir para o Knicks quando for Free Agent e quando o time de NY estiver um pouco melhor, melhor jogar ao lado de Duncan e Manu enquanto ainda pode. O argentino já havia melhorado muito na segunda metade da temporada passada e depois de descansar durante toda a offseason ele deve estar inteiro fisicamente, é o que basta pra ele ser o homem do quarto período no time.

Já Duncan recebeu muitos elogios de Gregg Popovich. "Ele está mais magro e mais bem condicionado. Mais magro do que estava no meio da temporada passada". E completou com as razões para esse esforço extra, "Ele está levando tudo isso muito a sério. Ele quer voltar a vencer". Por mais cara de bundão que o Duncan tenha, ele não é bundão. Ele até foi legal e sincero o bastante para dizer que essa nova regra sobre as faltas técnicas é um exagero e um erro da NBA. A derrota para o Suns no ano passado marcou apenas a segunda vez na carreira que Duncan passou três temporadas em sequência sem título! E caras acostumados a ganhar não encaram muito bem derrotas, muito menos depois de tomar uma varrida de um time que até pouco tempo atrás era seu maior freguês. Vamos ver o Duncan a fim de jogar como há tempos não vemos.

Com o trio em forma e motivado o Spurs vai longe, não há dúvida em relação a isso. Mas até aí nada de mais, o Lakers tem seu trio, o Mavs tem elenco forte, assim como Blazers, Nuggets (pelo menos até o Carmelo parar de dar piti) e pelo menos três ou quatro times do Leste. A diferença vai ser nos detalhes: entrosamento, preparo físico e principalmente o elenco de apoio.

Eu fiquei bem encafifado quando o Spurs pagou uma boa grana para reassinar o Richard Jefferson mesmo depois dele milagrosamente ter optado por sair do seu contrato milionário. Talvez tenha sido um pensamento de "ruim com ele, pior sem ele" ou talvez um voto (caro) de confiança. Quando o Richard Jefferson jogou bem no ano passado o Spurs era um time difícil de parar, como foi na série contra o Mavs, mas muitas vezes ele era um Bruce Bowen que não defendia e nem acertava bolas de três, ou seja, um pedaço de carne que se movia. Qual será o que vai entrar em quadra nesse ano? Não sei, mas na pré-temporada ele tem jogado muito bem, inclusive acertando 50% das suas bolas de 3! Se ele for um arremessador de três confiável o Spurs já pode comemorar por ter feito a decisão certa em mantê-lo. Outro que pode ajudar nesse quesito que fez falta no ano passado é o novato James Anderson, embora também não seja nenhum especialista.

No garrafão o Duncan vai contar com a ajuda de Tiago Splitter e DeJuan Blair. O brazuca, em teoria, deixaria o TD jogar mais fora do garrafão, onde eu acho que ele é melhor e daria mais altura para o time, valorizando o lado defensivo. Já o DeJuan Blair deixa o time mais veloz, muito mais forte no rebote ofensivo (o cara nasceu pra fazer isso), mas obriga o Duncan a jogar na posição 5 e às vezes compromete na defesa. Na pré-temporada o Splitter não jogou e o Blair empolgou com médias de 13 pontos e quase 9 rebotes em míseros 25 minutos por jogo. Por isso acho que o brasileiro começa a temporada no banco, mas isso vai ser irrelevante ao longo da temporada, os dois devem revezar nas duas posições do garrafão junto com Duncan e Antonio McDyess e eventualmente até jogar juntos. Tudo depende de treino, de entrosamento e do adversário que vão enfrentar.

Richard Jefferson e James Anderson podem ser a resposta para os problemas de arremesso de três da equipe, Blair e Splitter para o garrafão, mas o Spurs não arranjou ninguém para atuar como defensor de perímetro. Alguns especialista em basquete universitário até apontaram o James Anderson como alguém que pode virar um grande defensor em nível profissional, é esperar para ver. No ano passado eles às vezes colocavam o baixo George Hill para marcar jogadores da posição 2 e 3 só porque ele é o melhor defensor de perímetro do elenco. Era melhor que nada, mas não é solução de problema. Se cruzarem nos playoffs com pontuadores mais altos como Kobe Bryant e Kevin Durant, a coisa pode engrossar pra eles.

No ano passado o Spurs pagou toda aquela grana para o Richard Jefferson e passaram pela primeira vez em muito tempo do limite salarial. Como justificativa disseram que queriam usar os últimos anos de carreira do Duncan e do Ginobili para ir com força total atrás de outro título. Estão certos. Com os dois em forma e com a ajuda do resto do time, que tem chance de ser o melhor elenco de apoio nas últimas 3 temporadas, as chances de voltarem a ser o time chato, pentelho, sonolento e vencedor que a gente conhece são bem grandes. Como disse nessa análise bem mais detalhada sobre o Spurs há uns dois meses, o Spurs ainda não voltou, mas pode voltar.

E pra quem acha que o Spurs não é empolgante, saca só que show é o Duncan!!! Showtime, baby!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Spurs em busca do equilíbrio

Splitter já sorriu mais que o Duncan em sua carreira pelo Spurs


O Spurs já foi o time mais odiado de muita gente. Eu, por exemplo, já torci mais contra o time do Texas do que a favor de outros durante anos. Os motivos eram, basicamente, três:

1- Eles ganhavam demais. A gente sempre quer ver o time mais forte perder para algum que seja mais fraco e simpático.
2- Na época que eles eram o grande time da NBA eu não era lá muito fã de times muito defensivos, fui começar a ver graça nisso um tempo depois.
3- O Tim Duncan, a estrela do time e um dos melhores jogadores da história do basquete, não é lá o cara mais carismático e que dá espetáculo. Preferia ver meus outros ídolos ganhando campeonatos.

Com o tempo isso foi caindo por tabela. Apesar do Duncan ainda não ser tão carismático, ele passou a ter mais graça dentro dessa nova geração de jogadores que gostam tanto de tatuar os próprios nomes nas costas e usar correntes com cifrão pendurados no pescoço. Ele é tão diferente do padrão da liga que passou a ser mais legal. Também passei a gostar muito mais dele quando foi um dos poucos jogadores a se revoltar contra a decisão do David Stern, em 2005, de criar um código de vestimenta na NBA, obrigando todos os jogadores a abandonarem as roupas que costumavam usar (incluindo aí até as correntes com cifrão que o Duncan nem usava) para se apresentarem sempre com roupas sociais. Paul Pierce, Allen Iverson e Stephen Jackson também se manifestaram contra, mas deles eu esperava a revolta, do Duncan não. Ele mostrou, finalmente, a pessoa que existe por trás da poker face.

Hoje também não dá pra odiar eles por vencerem demais. Não ganham um título desde 2007 e nos últimos três campeonatos só chegaram uma vez perto, indo para as finais do Oeste em 2008. Estão sempre entre os melhores, mas não ganham, aí viraram o Dallas e ninguém odeia o Dallas, seria como odiar a Portuguesa.

Por fim, tem a questão da defesa. No seu auge o Spurs era um time defensivo que servia apenas para arruinar com nossos sonhos de ver times lindos como o Suns vencer um título, era o bastante para nos irritar. Hoje acho até bem legal ver como um time monta sua defesa e não me incomodo com times focados nesse lado da quadra. E mesmo se ainda me incomodasse, o Spurs não é mais aquele ferrolho. Nos últimos três anos, na média de pontos a cada 100 posses de bola, eles caíram do terceiro lugar para o quinto, e ano passado foram oitavos. Nesse tempo Bruce Bowen se aposentou, o Duncan não consegue ser mais efetivo como antes e eles até usaram o Matt Bonner como titular.

Em plena decadência, com muitos jogadores acima de 30 anos e com outros se aposentando, o Spurs chegou à hora de tomar uma decisão difícil. Sai trocando todo mundo e monta um time jovem ou tenta juntar mais gente velha em torno dos antigos jogadores para montar um time que se perder vai ser chamado de velho e se ganhar, de experiente?

Não dá pra dizer qual das duas formas é certa e qual é errada, as duas já deram todo tipo de resultado. Depende de quem são os veteranos, quem são os pivetes por onde passa a renovação, se os treinadores sabem lidar com esse tipo de time e muitas outras coisas. Não existe roteiro para a vitória.

O Spurs tentou primeiro a opção dos veteranos. Na temporada 2008-09 tinha Kurt Thomas, Fabricio Oberto, Michael Finley e Bruce Bowen no elenco. Não deu certo. No ano passado ainda insistiu nos mais velhos, afinal usava Antonio McDyess sempre que podia ao lado de Tim Duncan, mas o time só melhorava quando tinha bons momentos dos novinhos George Hill e DeJuan Blair.

Quando para muitos essa era a mensagem de que o time deveria ir pelo caminho da renovação, o Spurs entendeu que a mensagem era de que era hora de misturar. Afinal George Hill estava jogando bem, mas manteria o mesmo nível sem Ginobili e Duncan do seu lado? Os mais novos não são tão bons para bancar uma renovação (como seria o Rondo para o Celtics, se eles quisessem) e os mais velhos não dão conta do recado sozinhos. Era hora de misturar.

Mesmo antes do fim da temporada passada o time já fez um novo contrato com o Manu Ginobili, que quando esteve saudável na temporada passada mostrou que ainda pode alcançar o sétimo sentido durante alguns minutos de jogo e se tornar o melhor jogador da galáxia. Acontece com menos frequência do que antes, mas quando ele está pegando fogo não existe arma de fogo que possa pará-lo.

Depois disso veio o presente dos deuses. No ano passado o Spurs aceitou pela primeira vez em anos ultrapassar o limite salarial e pagar multas por excesso de salário. A extravagança foi para contar com Richard Jefferson, o ala que parecia ser o que faltava para o time. Parecia, acabou tendo a pior temporada da carreira, foi um zero à esquerda em muitos jogos e ainda tinha mais um ano de contrato ganhando 15 milhões de dólares. E não é que ele desistiu do contrato? Por motivos bem explicados pelo Danilo nesse post, preferiu sair dos 15 milhões para conseguir um contrato mais longo, e conseguiu: 38 milhões de dólares por 4 anos com o próprio Spurs.

Apesar do Jefferson não ser uma maravilha, eles não tinham conseguido ninguém para a posição dele entre os Free Agents. Então até que acabou sendo bom negócio manter o mesmo jogador mas pagando 8 milhões ao invés de 15.

Depois de manter o quarteto de Tony Parker, Manu Ginobili, Richard Jefferson e Tim Duncan, estava na hora da renovação. Ainda tem George Hill e DeJuan Blair, um ano mais experientes, e buscaram no draft o promissor James Anderson. Depois da Summer League, assinaram com o bom arremessador Gary Neal. A cereja do bolo foi trazer, finalmente, o brasileiro Tiago Splitter.

Muita gente fazia piada nos Estados Unidos dizendo que o Splitter não existia. Falam dele ir pra NBA desde que ele tem uns 18 anos e ele só foi agora, com 25! Uma vez ele desistiu de ir pro draft, depois adiou, depois foi escolhido mas decidiu ficar na Europa, foi uma novela gigantesca, mas podemos afirmar hoje que valeu a pena. O brasileiro ficou mais forte fisicamente, aprimorou sua técnica e até a liderança (era capitão no Caja Laboral) e ganhou mais nome ao sair da Espanha como MVP do campeonato nacional e campeão. Ele é a síntese do que o Spurs quer ser na próxima temporada: é novo, afinal é até um novato na NBA, mas tem mais bagagem e talento que muito veterano da liga.

E como diria o Polishop, não é só isso. Splitter também é o primeiro jogador em sei-lá-quantos anos a deixar o Tim Duncan voltar para a posição 4. É um bocado ridículo ter o melhor ala de força de todos os tempos no elenco e usá-lo fora de posição! Agora vão poder deixar o Splitter na posição cinco e o Duncan poderá sair mais do garrafão, onde poderá usar seu arremesso de meia distância usando a tabela (marca registrada) e onde tem mais opção, liberdade e espaço para usar seu arsenal infinito de jogadas ofensivas.

Dá pra dizer dessa vez com certeza que o Spurs voltou como dissemos no ano passado com o Richard Jefferson? Não, mas dá vontade.

Se eu fosse listar 5 coisas que o Spurs precisava melhorar do ano passado para esse, seriam defesa de perímetro, arremessos de 3, pivô, tocos e movimentação ofensiva.

A defesa de perímetro não melhora nada até o James Anderson provar o que alguns analistas dizem, que ele pode vir a ser um especialista na área. Mas se isso não acontecer nesse ano, não vai ser com Richard Jefferson ou Manu Ginobili que eles vão parar grandes jogadores de ataque. O arremesso de três deve melhorar com o próprio Anderson e o Gary Neal. Os dois são novatos, mas eu confio mais nos olheiros do Spurs do que na minha mãe. Sério, os caras não erram nunca. São muito bem pagos, viajam o mundo inteiro atrás de grandes talentos e não à toa o Spurs sempre acha alguém escondido no fim do draft, já foi assim com Tony Parker, Manu Ginobili, Luis Scola, Goran Dragic, Leandrinho, Tiago Splitter, DeJuan Blair, Beno Udrih, John Salmons, todos escolhidos depois da posição 20 em drafts recentes.

A parte do pivô é resolvida com o Tiago Splitter, que dá segurança para a posição, deixa o Duncan sair do garrafão e é um bom defensor, também dando uma ajuda nos tocos. O Spurs era um garrafão muito vulnerável quando tinha McDyess ou Matt Bonner em quadra.

A movimentação ofensiva ainda é um mistério. Deve melhorar com Duncan participando mais do jogo e Richard Jefferson deu sinais nos playoffs, em alguns jogos, de que pode ser muito útil quando se mexe ao invés de ficar parado para ser o arremessador que não sabe ser, mas vai entender a cabeça do Tartaruga Ninja.

O Spurs poderia ter tentado uma troca por um dos alas que estavam dando sopa e não saíram caro, como Ronnie Brewer, Josh Howard ou Matt Barnes, todos seriam mais úteis que o Richard Jefferson, então não dá pra dizer que a offseason foi perfeita. Também dava pra ter cogitado e feito propostas envolvendo o Tony Parker, que já deu sinais de que não ficaria nada ofendido com uma troca. Não foi perfeito, mas com bons nomes muito jovens para dar um gás nos veteranos, tem tudo para ser um time melhor que o do ano passado. O Spurs não voltou, mas pode voltar.

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Vitória sem vingança

Nash imita o Cristo Redentor


Para quem não é fã do Spurs, os últimos 10 anos não foram tempos muito divertidos. Desde 2003, parece que o Spurs não fez outra coisa além de chutar o traseiro do Phoenix Suns. Quanto mais a NBA ficava defensiva, quanto mais os times se transformavam em enormes retrancas, quanto mais os times pareciam todos iguais tentando arranjar peças similares umas às outras, mais o Suns se levantava como uma alternativa viável, um basquete diferente, uma mentalidade quase insana, mas que também era capaz de dar resultado. Com apenas um único problema: não era capaz de dar resultado coisa nenhuma. Porque o Spurs não deixava.

Como acontece com todo projeto político, para provar que seu plano dava resultado, o Suns teve que - funhé! - abandonar seu plano. Primeiro foi a contratação de Shaquille O'Neal, dando ao Suns um jogo de meia quadra e um cara para trombar com Tim Duncan, depois foi a mudança de técnico para tentar se focar na defesa. Não deu certo.

Os erros foram se acumulando, o tempo foi passando, e a gente desistiu de um monte de coisas: a Alinne Moraes não vai ficar pelada, eu não vou ganhar na loteria, e o Suns não vai ganhar do Spurs. Como surpresas, no máximo esperamos um pneu furado pela manhã que nos poupe de chegar no trabalho, ou um incêndio que acabe com o escritório, talvez um Jogo 7 nos playoffs entre o Spurs e o Suns e olhe lá. Mas não conseguimos acreditar na vitória mesmo quando ela era mais provável.

Levou anos para o Spurs finalmente não ter as peças necessárias para colocar em vigor o esquema tático absurdamente rígido do técnico Gregg Popovich. Faltava um defensor no perímetro, um arremessador de três da zona morta, arremessadores experientes que gostem de arremessar com os pés parados, um biruta de posto no garrafão pra fazer faltas duras no lugar do Duncan. Levou anos para o Spurs sem as engrenagens certas ainda contar com lesões de Ginóbili e Tony Parker, tirando da equipe qualquer esperança de ritmo de jogo, algo tão essencial para um time regular como esse. Durante as últimas semanas recuperaram todos os jogadores de contusão, conquistaram algum ritmo, conseguiram descobrir em George Hill alguém para defender e arremessar da zona morta. Mas ainda ficaram claros os buracos no elenco que Popovich não podia tapar sem jogar seu plano de jogo pela privada.

Levou anos para o Spurs ser um time de defesa mais capenga e que, portanto, depende mais do ataque e joga melhor em velocidade. Levou anos para o Suns ser um time com melhores reboteiros, que joga melhor num ataque de meia quadra, defende melhor e corre menos. Com o Spurs correndo mais, querendo usar um time mais rápido e mais baixo (Parker, Ginóbili e George Hill) e o Suns correndo menos, tendo mais opções no jogo individual (Jason Richardson, Grant Hill), não dava nem pra saber qual dos dois times jogava mais na correria do que o outro. E mesmo assim a gente achava que o Suns iria ganhar sem sequer confiar nas nossas próprias palavras. No fundo aquela certeza de que o Spurs ia dar um jeito, como sempre deu. O Ginóbili iria arrumar um modo de ganhar os jogos no final se tacando no chão argentinamente.

Os quatro jogos da série viram Grant Hill sair contundido para voltar minutos depois como se nada tivesse acontecido, e Steve Nash sair sangrando de quadra para voltar minutos depois - com 6 pontos tomados na cabeça e um olho a menos na cara - como se nada tivesse acontecido. Ué, os dois não deveriam ter morrido misteriosamente enquanto alguém aleatório do Spurs (eu chutava o Matt Bonner) marcaria 50 pontos inesperados? O Nash não deveria morrer em quadra vítima do ataque de um navio bucaneiro por estar jogando caolho, fantasiado de pirata?

Tudo deu certo para o Suns e bizarramente errado para o Spurs. Foi um encontro muito diferente daquele que ficamos acostumados, com um Spurs diferente e baleado que se encaixou muito pior em um Suns diferente e reforçado em aspectos mais diversos do que só o campo ofensivo. É até difícil acreditar que, mais do que vencer o Spurs, o Suns varreu a equipe de San Antonio com um estrondoso 4 a 0 na série. Fico feliz de não ter sido com Shaquille O'Neal, às custas do projeto de um Suns ofensivo, se vendendo apenas para se livrar do rival. Mas não há como não ficar com um pingo de tristeza ao ver as consessões que o Suns fez para sair vitorioso dessa série, jogando com um pivô, segurando a bola, pegando rebotes ofensivos. Há muito do Suns de resistência, do Suns rebelde e subversivo que aprendemos a amar, como um Nash vovô jogando muito, Amar'e pontuando mas incapaz de defender, um pivô chamado Channing Frye que só arremessa de três pontos, um banco de reservas que corre como louco (até mais do que o time titular). Mas essa vitória não muda nem compensa as derrotas anteriores - agora é tarde.

Assisti emocionado ao Duncan se aproximar de Nash, após o fim da partida, e pedir desculpas pelo talho que abriu na cabeça do canadense. Duncan estava sorridente, sinal claro do apocalipse. Depois, Duncan foi dar tapinhas no ombro do Amar'e e dizer que agora é a hora do garoto. Parker abraçou o Nash com nobre admiração, depois de ter dito um dia antes que é um grande fã do armador canadense e que aprendeu muito assistindo a ele jogar durante os últimos anos. Até o Ginóbili conseguiu abraçar Grant Hill sem se jogar no chão e pedir uma falta. Esse time do Spurs é grandioso, saiu de quadra com um sorriso no rosto, consciente de que perde apenas porque a máquina não tem mais as mesmas peças. Simplesmente chegou a hora do Suns de ir em frente. É claro que a equipe de Phoenix respira aliviada e se sente parcialmente vingada, mas pegou um adversário combalido e o enfrentou depois de anos adulterando seu elenco. Legal, estou feliz pra burro e torço para o Suns coroar essa vitória com um anel de campeão depois. Mas ficamos longe de ter aquela vingança, aquela vontade de sangue que as séries passadas tiveram. Não apenas estamos fadados a nunca ver um Jogo 7 entre Suns e Spurs, como também só vimos o Suns vencer frente a esse Spurs sem muitas chances, quase desistente, dócil, cheio de abracinhos no final. Bowen e Horry não abraçariam ninguém, a não ser para bater carteiras - mas felizmente o basquete os engoliu faz um tempo.

O San Antonio Spurs é como chocolate amargo, parece horrível perto do docinho gostoso que estamos acostumados desde bebês tomando Ovomaltine. Mas aos poucos vamos acostumando e tomando gosto pela coisa. Com os anos aprendi a apreciar mais e mais o basquete do Spurs, admirar Tim Duncan e bater palmas para o jogo subversivo de Tony Parker e Ginóbili que, muito aos poucos, foram dobrando o esquema tático de Popovich. Mas esse não é o mesmo Spurs que chegou numa semi-final de conferência passando bolas decisivas para o Richard Jefferson errar seus arremessos livres. Dá pra imaginar o Suns não tendo que marcar um dos arremessadores do Spurs? Culpa do Spurs que apostou as fichas no cara errado, mérito do Suns que fez as trocas certas e soube reforçar fraquezas do time sem colecionar grandes defensores.

Nem acredito que vi o Suns passar do Spurs, resolvi até postar rápido antes que a NBA resolva cancelar o resultado por doping ou alguma loucura do tipo, haverá tempo de se falar melhor dessa partida mais pra frente, enquanto esperamos o vencedor de Lakers e Jazz. Mas uma parte de mim percebe claramente que não há uma vingança acontecendo aqui: um Suns diferente venceu um Spurs mais diferente ainda. Em quatro partidas fáceis, quase sem graça. Todo aquele desgosto de ver o Suns experimento de cientista maluco ser eliminado por um Spurs brutal e violento continuará para sempre entalado na garganta. O Nash sangrou por uma cotovelada sem querer de um Duncan que até pediu desculpas constrangido, é uma outra realidade. A vitória dessa noite vem com alegria para o Suns e com aceitação para o Spurs, que sabe de sua necessidade de, agora, reconstruir. Mas não há espaço para alivio na equipe de Phoenix. Os tempos são outros e o Spurs era uma equipe babinha: pela frente, deve vir Lakers. Não vai adiantar nada se livrar de uma zica que durou uma década para ser eliminado de novo. Se não for campeão, esse Suns vai desmontar e se vender de novo, cada vez mais longe do projeto inicial. Quem será que contratarão, na temporada que vem, pensando apenas em parar Kobe e Gasol?

sábado, 1 de maio de 2010

Destino

Tim Duncan está tentando sorrir: sabe que pegará o Suns na próxima rodada


Teremos apenas um Jogo 7 na primeira rodada dos playoffs, a imperdível partida entre Bucks e Hawks que acontece no domingo. Mas antes de falarmos sobre o "Tema a Rena" ou sobre as séries da segunda rodada (que começam hoje com Cavs e Celtics, às 21h), vamos falar um pouco sobre alguns dos fracassados que voltaram pra casa mais cedo.

Antes de mais nada, vou dar uma de velho e choramingar sobre o Mavs dos meus tempos, naquela época em que a gente podia brincar de pião na rua e a Sandy ainda era virgem. Eu era completamente fã daquele Dallas que tinha o biruta do Don Nelson como técnico, que jogava com velocidade, passes rápidos, toneladas de bolas de três pontos, muita técnica e nenhuma força bruta. Naquela época o Nowitzki ainda era chamado de amarelão, não gostava de contato físico, não sabia infiltrar no garrafão, e o Mavs não defendia nem a mãe apanhando na rua. Não dava certo, foram eliminados dos playoffs algumas vezes, mas era uma delícia de ver jogar. Quando o Don Nelson foi demitido, quem assumiu as rédeas de equipe foi seu assistente Avery Johnson, que misteriosamente ensinou o time de Dallas a defender de um dia para o outro (dava até a impressão de que a equipe já era uma potência na defesa mas que o Don Nelson proibia todo mundo de sequer levantar os braços no garrafão defensivo). Aquele Mavs que jogava rápido e defendia bem era maravilhoso e sempre vai ter um lugar no meu coração emo. Deu azar de pegar uma máquina bizarra criada pela Rita Repulsa apenas para derrotar o time de Dallas: o famigerado Warriors de 2007.

Desde então, ver o Mavs jogar tem sido pra mim uma experiência similar a ter diarreia: você até fica lá sentado, mas não quer dizer nem por um segundo que está sendo agradável. O time é bom, o Nowitzki é espetacular e melhora mais a cada ano, o elenco é profundo, mas o estilo de jogo parece sempre idiota e os jogadores são mal aproveitados. É surreal dizer isso de um time que se classificou em segundo lugar de uma Conferência Oeste absurdamente forte e disputada. Mas é que o time poderia ser muito, muito melhor do que é. Com as trocas de Caron Butler e Brandon Haywood, o Mavs deveria ser um dos grandes favoritos ao título, mas eu nem por um segundo conseguia acreditar na equipe - e repeti isso por aqui inúmeras vezes, sempre com uma pitada de vergonha e medo dos torcedores do Mavs ficarem chateados. Porque eu sei que o time é maravilhoso, fico até constrangido de achar que não vai dar certo. Mas é que ver essa equipe jogar é como assistir a Monica Mattos interpretando Shakespeare num monólogo no Teatro de Manaus: pode até ficar legal, não duvido das capacidades interpretativas da moça, mas a gente sempre vai ficar tentando entender porque diabos ela não está pelada.

Nessa temporada, o técnico Rick Carlisle fez um trabalho melhor em envolver Jason Kidd no esquema tático. No entanto, descobri recentemente que grande mérito disso é do próprio Kidd, que passou todas as suas férias treinando arremessos de três pontos para ver se conseguia se encaixar no papel determinado para ele. Acabou passando mais tempo arremessando nessa temporada do que encontrando companheiros livres para o passe, até porque as jogadas do Mavs costumam ser mais focadas em isolações ou em rotação de bola para encontrar arremessadores livres. Definitivamente ele participou mais, passou mais tempo com a bola nas mãos, mas nem de longe foi o suficiente para conseguir usar plenamente as vantagens que ter um jogador como o Kidd trazem para um time.

Nos playoffs, esse ponto ficou mais explícito. Na busca por "bolas de segurança", aquelas bolas que você só arremessa se tiver certeza de que vão cair (afinal playoff é coisa séria, diabos!), o Nowitzki fica sobrecarregado e o Jason Kidd é ignorado. Os arremessos do Kidd não são confiáveis, então ele torna-se inútil nesse esquema tático que fica caçando gente para arremessar do perímetro. Ter o Kidd em quadra nessas circunstâncias não é prejudicial, ele é talentoso e volta e meia consegue tirar alguma coisa da cartola, mas usá-lo tão mal (e tão pouco) é burrice. O time ficou praticamente sem armação, apenas arremessando de fora e sem nenhum jogo no garrafão. Ganhou duas partidas, tornou as outras disputadas, tudo porque os jogadores são muito talentosos e o Nowitzki é um monstro. Isso apenas já é suficiente para vencer grande parte das equipes do Oeste. Mas o Mavs deu o azar de pegar um Spurs que começava a recuperar sua identidade, criar ritmo, e que encontrou seu novo Bruce Bowen na figura de George Hill.

No Jogo 6, que o Mavs precisava vencer fora de casa para continuar vivo, o George Hill acabou com a partida marcando 21 pontos e metendo duas bolas da zona morta. O técnico Popovich chegou até mesmo a dar liberdade para o garoto nos momentos decisivos, mandando ele esquecer o resto do time e o plano de jogo e simplesmente ser agressivo. Essa reação do Popovich causou algum terremoto e uma chuva de sapos ao redor do mundo, mas mostra sua clara percepção de como o Hill é fundamental para o sucesso do Spurs. Duncan, Ginóbili e Parker tiveram boa partida, como é de se esperar de um time que sabe exatamente o que fazer nos momentos decisivos de uma série, mas o armador francês tem cada vez mais um papel secundário. Duvido muito que seja culpa dele estar retornando de lesão, George Hill é simplesmente mais importante para os planos de Popovich. Parker levou anos para conquistar alguma liberdade nesse time, e ela sequer é, hoje em dia, tão grande quanto aquela que Hill conquistou em seu segundo ano de NBA.

Pelo lado do Mavs, ficou claro que eles sentiram falta do Devin Harris. Sem armação e sem jogo no garrafão, com a defesa do Spurs focada no perímetro, eles precisavam desesperadamente de alguém para infiltrar nessa partida. O JJ Barea teve algum sucesso nessa empreitada durante a série, mas é bem óbvio que ele é apaixonado pelo próprio arremesso. Após errar duas bolas no primeiro quarto, foi sentar e mal voltou pra quadra. Rick Carlisle preferiu usar o novato Roddy Beaubois, que é ótimo em atacar a cesta. Sempre tem torcedor do Mavs reclamando no Bola Presa de que o Beaubois não é usado o bastante nesse time, e aí está mais um sinal de cagada do técnico. O francês é um dos poucos jogadores desse elenco que se nega a ter fobia de garrafão, e foi ele quem fez o Jogo 6 ficar competitivo novamente. Caron Butler também fez algum estrago, mas o tempo que ele passou atrás da linha de três pontos errando tudo começou a me dar dor de estômago. O mundo que me desculpe, mas ver o Spurs jogar não faz tão mal pra minha saúde estomacal quanto esse Mavs burro que não sabe usar os jogadores que tem.

Vamos brincar de somar todos os arremessos tentados por jogadores de garrafão do Mavs nessa partida? Haywood deu 2, Dampier deu 1, Najera deu 1. São 4 arremessos ao todo, sendo que apenas um deles entrou, uma bola do Haywood. Isso é patético, time que joga tão longe do garrafão não consegue ganhar um jogo decisivo desses. Quando você precisa de uma bola importante, para diminuir uma diferença pequena no placar no quarto período de um jogo que pode te eliminar, vai ficar arremessando de longe, onde a porcentagem de aproveitamento é menor? Parece coisa de time brasileiro! Para se ter uma ideia, apenas três jogadores do Mavs cobraram lances livres durante a partida: Nowitzki, que é fortemente marcado; Caron Butler, que ataca a cesta quando não está preso pelo esquema tático; e o Beaubois, que entrou no jogo para ser cover do Devin Harris. Não preciso nem dizer que o Spurs cobrou o dobro dos lances livres que o Mavs, né?

O Spurs tem suas dificuldades, nunca estiveram tão distantes de seu plano original de jogo e sem ritmo em quadra durante a última década como estão agora, mas o ataque flui mais fácil até mesmo quando os arremessos são forçados. Para o Mavs, parece que todo ataque é um parto de um bebê cabeçudo tão cabeçudo quanto o Zach Randolph, cada ponto é dolorido e sofrido. Se não fosse a facilidade do Nowitzki em colocar a bola dentro da cesta, eu poderia processar o Mavs por fazer meus olhos sangrarem.

Para o Mavs, então, sobra pensar em nova abordagem tática na temporada que vem. O ideal seria outro técnico, mais espaço para a pirralhada, mais contra-ataques que terminem dentro do garrafão com enterradas e bandejas, não em bolas de três pontos. Mas como o Nowitzki tem muitos motivos para dar o fora e tentar alguma equipe mais inteligente, talvez o processo em Dallas tenha que ser mesmo de reconstrução. É bizarro pensar em reconstruir um time que acabou em segundo lugar do Oeste, mas alguém realmente acha que, jogando assim, essa equipe poderia ser campeã? Precisamos ser realistas, e o Mark Cuban não está muito interessado em gastar seu dinheiro nerd num time que não vai ganhar nada nunca. De que adianta manter o Nowitzki se ele acaba de entrar para a história como o primeiro jogador a perder tanto para um oitavo quanto para um sétimo colocado em séries de playoffs? Culpa, sempre, de azar e má utilização do elenco.

O Spurs, ao contrário, pode respirar aliviado. Renovaram o contrato com o Ginóbili, o que é polêmico porque ele está ficando velho e baleado, mas pelo menos podem ter a certeza de que a base do time estará lá enquanto a pirralhada cresce para tomar o lugar. Experiência para eles não vai faltar, até porque a criançada do Spurs está prestes a fazer parte de uma tradição antiga da equipe: enfrentar o Suns nos playoffs.

Se eu lesse horóscopo e acreditasse em destino, teria feito os palpites para as séries simplesmente baseado no fato de que Spurs e Suns iriam passar da primeira rodada para se enfrentarem, afinal é para isso que eles nasceram, para isso que eles foram feitos. O mundo foi criado apenas como uma desculpa para esse confronto, o sentido do mundo é ser palco para Spurs e Suns, e nossa função na Terra é sermos espectadores. Tendo dito isso, quem deixar de assistir a qualquer partida dessa série, eu vou descobrir o endereço e ir pessoalmente em casa dar uma surra.

O estranho é que o Blazers até deu uma cansadinha no Suns, e eu nem entendo bem o porquê. Em geral as partidas que o Suns ganhou foram fáceis, controladas e com placares elásticos, então as vitórias do Blazers foram realmente sustos inesperados. As bolas de três pontos do Blazers mantiveram o Jogo 6 disputado, mas o Suns fez uma mesma jogada com sucesso três vezes (Amar'e na cabeça do garrafão passando para o Jason Richardson infiltrando), a defesa do Blazers ficou com cara de pamonha, e a partir daí o jogo virou poeira. Quando o Jason Richardson começa acertando seus arremessos, pode ter certeza de que ele terá um jogo incrível - pena que quando ele começa errando, parece desistir da partida bem rápido. Vai ser bem legal ver como ele vai lidar com a defesa do Spurs nesse sentido, e quem vão usar para marcá-lo. Além disso, vai ser incrível ver como o Grant Hill vai se sentir agora que ele passou da primeira rodada dos playoffs pela primeira vez (Síndrome de Tracy McGrady), e como o Nash vai lidar sendo marcado pelo novo Bruce Bowen, chamado George Hill. O Hill é forte pra burro e, pior, joga na mesma posição do Nash, o que significa que isso sequer irá gerar uma falha de marcação em outro lugar da quadra. O Nash vai sofrer um bocado e a nossa compreensão de mundo diz que o Spurs vai acabar vencendo (assim como a água molha, as coisas que jogamos para cima depois caem no chão, colocar dedo na tomada dá choque, etc), mas será uma série espetacular. Arrisco apenas dizer que o Suns parece mais descansado, as partidas contra o Blazers foram mais na maciota do que as batalhas com o Mavs, ainda que os times tenham jogado o mesmo número de partidas. E o Nash, pela primeira vez na história, não enfrentará o Spurs morto de cansaço pelos playoffs e pela temporada regular, principalmente porque ele tem um reserva de nível no Goran Dragic que permite que o canadense não fique com remorso de ter que sair de quadra de vez em quando.

O Blazers tem mais é que ficar feliz de ter dificultado a vida do Suns e ir assistir à maravilhosa série da próxima rodada em casa. Tudo que eles fizeram nessa temporada já é lucro se você pensar na quantidade de contusões surreal que eles enfrentaram. Esse time com Brandon Roy, Camby e Greg Oden ainda vai fazer muito estrago, mas não dava pra fazer isso com a maldição de Clippers que eles enfrentaram esse ano. Para a temporada que vem, o plano é simples: conseguir contratar todo o departamento médico do Suns, que recupera qualquer jogador, e tentar de novo. O elenco está lá, só precisam conseguir andar e fazer xixi sem usar sonda.

Antes de falarmos mais sobre a série entre Spurs e Suns, com o devido preview da rodada, não perca o preview de Cavs e Celtics que sai ainda hoje, antes da partida das 21h. Amanhã, o Denis falará mais sobre a vitória do seu Lakers que eliminou o Thunder, e do Nuggets-sem-vontade sendo eliminado pelo Jazz. Boatos dizem até que alguns torcedores do Jazz, quem diria, foram capazes de esboçar um sorriso! Fiquem de olho então, maratona de posts do Bola Presa nesse fim de semana!