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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Na cagada

Jamal Crawford: cagado


Muita gente apontou entusiasmada, tanto aqui no blog quanto no Twitter, que acertamos em cheio com nossa leitura da série entre Grizzlies e Thunder. Esperávamos que o Grizzlies não usasse nenhuma marcação especial para Durant e Westbrook, neutralizando os passes para o garrafão e o perímetro, e forçando os desperdícios de bola de Westbrook com forte defesa e incentivando um ritmo acelerado de jogo. Para minha surpresa o Grizzlies mudou sim um pouco a defesa contra o Durant, dobrando com Randolph em algumas oportunidades, e usando uma tática defensiva que eu chamo de "enlouqueça o Dirk Nowitzki", que é marcar o Durant no perímetro o mais perto possível, umbigo com umbigo, forçando o jogador a ter que colocar a bola no chão para cortar o defensor. No mais, o Thunder realmente tropeçou na própria velocidade, os turnovers viraram pontos fáceis para o Grizzlies, e a alta pontuação de Westbrook e Durant não foram o bastante. Até os números que indicamos se mantiveram: depois de cometer quase 17 turnovers por jogo contra o Grizzlies na temporada regular, o Thunder cometeu ontem 18 (sendo 7 deles apenas do Westbrook). No duelo de duas fantásticas defesas, o ataque atrapalhado do Grizzlies não é tanto um problema - especialmente porque Randolph continua achando pontos fáceis e o Grizzlies garantiu que ele não será incomodado pelo Perkins no garrafão, colocando nosso gordinho contra o Ibaka ou nos arremessos de média distancia (que o Marc Gasol também acertou, bem longe do titio Perk). Então eu desconfiava que, se a defesa do Grizzlies funcionasse do mesmo modo que conseguiu contra o Spurs, engoliria o Thunder. E tá lá, engoliu.

Essa leitura acertada da série não esconde, no entanto, o fato de que errei miseravelmente na série entre Magic e Hawks - e nem impede legiões de leitores frustrados de me cobrar diariamente uma retratação lá no nosso formspring. Que o Magic iria perder a série quase ninguém imaginava, erro normal, mas eu não tive receio de dizer que a série seria uma vergonha, uma lavada histórica do Magic, e que ninguém deveria sequer se dar ao trabalho de assistir a um jogo dessa palhaçada. Funhé. Disse a mesma coisa nos playoffs passados, quando o Magic eliminou o Hawks pela maior margem média de pontos da história da NBA, mas dessa vez as coisas simplesmente não funcionaram como o esperado. No primeiro jogo, o Magic claramente perdeu por ter acionado demais Dwight Howard, algo que gera turnovers demais e tira completamente os arremessadores do jogo, porque o pivô não consegue passar a bola para o perímetro. O Magic arrumou isso, isolou menos o Dwight nos outros jogos, passou até a fazer mais pick-and-rolls, que estavam faltando, entre Dwight e Jameer Nelson. E, mesmo assim, foi eliminado em 6 jogos. Era de se imaginar então que o Hawks tivesse tido atuações espetaculares, um plano tático fantástico, tivesse tirado o Magic de sua zona de conforto e vencido a série na raça, na unha. Mas não. O Hawks continua uma merda.

A defesa de perímetro da equipe de Atlanta é boa, sem dúvida, mas a rotação defensiva é uma vergonha. Isso quer dizer que eles defendem mal o pick-and-roll e não conseguem parar os arremessos de equipes que giram bem a bola, algo que sempre foi característica dos arremessadores do Magic. O Hawks fez um bom trabalho defensivo, Josh Smith se sacrificou na série saindo do garrafão e marcando arremessadores (o que é certamente seu ponto fraco defensivamente), e mesmo assim o Magic conseguiu um trilhão de arremessos simples de três pontos de jogadores que saíam do corta-luz completamente livres - só que ninguém converteu. É verdade que o Magic insistiu demais em jogadores isolados criando arremessos no perímetro e não rodou a bola como estava acostumado, mas ainda assim é seguro dizer que o Magic não forçou muitos arremessos idiotas. Tentou na maior parte bons arremessos, com distância dos marcadores, de jogadores recebendo livres. Só que nada caiu.

Os números são completamente assustadores: o Magic, como time, acertou apenas 26% dos seus arremessos de 3 pontos. JJ Redick, o especialista da equipe e que em geral só arremessa em jogadas desenhadas para que ele saia livre, acertou 1 dos 15 arremessos de três pontos que tentou. Turkoglu, o jogador que mais arremessou de 3 pelo Magic na série, acertou 7 de suas 30 tentativas. Jameer Nelson acertou 6 em 26 arremessos. Jason Richardson, o jogador que mais converteu bolas de 3 pontos na última temporada, acertou 8 em 25 arremessos (além de estar mal na série, conseguiu a proeza de pisar em vidro em casa e jogar a última partida com trocentos pontos no pé). Sempre dissemos que o Magic vivia e morria nas bolas de 3 pontos, podia abrir uma vantagem repentina de 40 pontos de uma hora para a outra, e perder a mesma vantagem numa fase ruim durante o mesmo período. É um time com muitos altos e baixos, típico de quem aposta nas bolas de fora, mas quando chegaram numa final da NBA ninguém mais questionava a tática. Ficou bem claro que os momentos bons compensavam os ruins e que numa série de 7 jogos é difícil manter a seca nos arremessos por muito tempo. Mas foi o que aconteceu com o Magic, e eu sequer posso dar o mérito para o Hawks por isso. As bolas não caíram mesmo quando eram arremessos simples, bem desenhados. Se existem culpados, além do azar a que times construídos assim se sujeitam a enfrentar, é o psicológico da equipe completamente abalado depois das trocas quando nenhum jogador sabia exatamente qual era seu papel, quando devia arremessar ou passar para o lado, quando dar o passe a mais ou quando forçar o arremesso e assumir a responsabilidade. Ninguém soube definir as funções desse elenco e isso teve os piores resultados possíveis durante essa série.

O mérito do Hawks foi conseguir construir uma boa defesa de garrafão para incomodar o Dwight Howard. Jason Collins mostrou que tem físico e posicionamento para atrapalhar o jogo atlético do pivô, a defesa soube apertar o garrafão para roubar bolas do Dwight constantemente, e souberam jogar com força e intensidade inclusive na hora de cometer faltas e deixar o Howard cobrando lances livres a noite toda (e cortando o ritmo do resto da equipe do Magic). Mas assim que perceberam que o Dwight não iria ganhar sozinho, que o Magic era pior acionando demais o pivô, e que o perímetro do Magic estava catastrófico, o técnico Larry Drew tirou Jason Collins e nada de ruim aconteceu. Não foi punido por isso. Conseguiu usar formações mais baixas, dando mais minutos para Jamal Crawford, Kirk Hinrich e Marvin Williams sem sofrer o peso de não ter um pivô de verdade para defender Dwight. Ou seja, a única cartada do Hawks sequer precisou ser utilizada, porque o Magic não confia no seu pivô, não sabe procurá-lo quando ele conquista posicionamento, e não acertou bulhufas no perímetro. Foi um total e completo desastre. O próprio Dwight deu os parabéns para o Hawks por não ter se desmontado apenas para ir atrás de um pivô para pará-lo, como fez o Cavs (ou o Suns para tentar vencer o Spurs). Mas esses parabéns significam simplesmente que o Hawks não precisa se preocupar com o Dwight se o resto do Magic não fizer o que deveria, o time não fez, e o Hawks vai para a semi-final de conferência. Mesmo sendo o time mais fraco. Mesmo não tendo vencido a série taticamente. Mesmo sendo uma porcaria.

A defesa do Hawks é o ponto positivo, eles conseguem vencer alguns jogos bem feios, mas o ataque se baseia em jogadas de isolação e arremessos forçados. Não há uma presença física no garrafão que atraia a marcação, o Al Horford se sente mais confortável arremessando da cabeça do garrafão. O Jamal Crawford acertou 17 bolas de 3 pontos (quase metade do que o Magic acertou coletivamente) e não consigo lembrar de uma única bola dessas que tenha sido pensada, construída, conquistada. Mesmo o arremesso do Crawford que venceu o jogo 3 foi forçada, ridícula, improvável e bateu na tabela antes de entrar. Enquanto isso, o Magic podia levar o jogo 6 para a prorrogação com um arremesso bem construído de JJ Redick, deixado livre na jogada, mas que não entrou - lembremos de novo, ele só acertou um dos 15 que tentou! Jamal Crawford foi demais para a defesa do Magic, foi a única força no perímetro da equipe e manteve o ataque do Hawks funcionando apesar de não haver nada trabalhado ali. O Hawks é um time muito, muito, muito ruim quando está atrás no placar, algo típico de equipes que não conseguem pontos fáceis, que não possuem um jogador capaz de decidir com facilidade ou uma jogada de segurança. O Magic e suas bolas de 3 pontos aleatórias costumam criar vantagens do nada, e bastaria isso acontecer uma única vez para o Hawks desmontar e não conseguir recuperar o placar. Mas as bolas do Magic nunca caíram, e o Jamal Crawford e suas bolas improváveis mantiveram o Hawks ofensivamente no jogo evitando que ficassem atrás no marcador.

Por mais defeitos que eu encontre nesse Bulls, e por mais problemas que Derrick Rose tenha tipo ao enfrentar um bom defensor como Paul George na série contra o Pacers, creio que o Bulls ainda tem tudo para deixar bem explícito como o Hawks está nas semi-finais por cagada. O Hawks tem problemas em parar armadores rápidos, é o ponto mais fraco da defesa, e a defesa do Kirk Hinrich (que foi tão importante contra Jameer Nelson) não estará presente, porque o Capitão Kirk lesionou a coxa e pode ficar fora a série inteira contra o Bulls. Derrick Rose será contestado apenas no aro, onde poderá acionar seus companheiros e quebrar a defesa do Hawks. O grande jogador de garrafão do Atlanta gosta de ficar nos arremessos de média-distância como o Boozer, então até ele se sentirá mais à vontade na defesa quando voltar de sua lesão num dedo do pé. Jamal Crawford e suas bolas aleatórias agora serão contestadas por uma das melhores defesas de perímetro da NBA, com um jogador designado apenas para ficar no seu cangote. Eu sei que eu já disse isso da série contra o Magic, sei que eu já disse isso ano passado, nos playoffs passados, mas isso aqui vai ser um massacre. Daqueles de desistir da NBA e levar a namorada no cinema. Eu sei, o Crawford pode acertar bolas espíritas, as jogadas individuais do Hawks podem estar num bom dia, Al Horford pode encontrar espaço se o Boozer feder e o Noah não sair de perto do aro, e o Derrick Rose pode comprometer a equipe se forçar demais o ritmo de jogo e cometer muitos turnovers (algo pelo que o Hawks reza, já que eles não sabem pontuar de outro jeito). Mas nada disso deve acontecer se as leis da física estiverem em vigor. Minhas reclamações do Bulls são porque eu sou chato e detalhista, contra o Hawks o Bulls é um time perfeito, uma Alinne Moraes para o Hawks versão Playboy-da-Mara-Maravilha.

Por isso mesmo, o jogo que importa hoje é Lakers e Mavs. Esse sim será disputado - aliás, mais disputado do que muita gente está achando por aí. Fisher está aliviado porque só terá que marcar Jason Kidd, o grande ponto fraco da defesa do Lakers não será explorado, mas o armador vovô do Mavs está com a mão calibrada nos arremessos e isso pode complicar bastante a defesa do Lakers. Aliás, como o Lakers lidará com a marcação do Nowitzki será algo para estudo: ele se incomodaria muito com o Artest marcando colado, mas alguém do garrafão vai ter que sair para contestar os arremessos. Por alguém, quero dizer provavelmente o Gasol, que anda mal defensivamente - e isso tem tudo para abrir espaço para rebotes ofensivos caso os grandões do Mavs, como Tyson Chandler e Brendan Haywood joguem o que sabem. O Lakers mostrou na série contra o Hornets que é muito melhor quando coloca a bola no garrafão, então Chandler e Haywood vão ser os responsáveis por manter a série competitiva. O Mark Cuban não tevo medo de gastar toda sua grana pra trazer alguns pivôs capazes de incomodar o Lakers - sabe, aquilo que o Dwight criticou que algumas equipes fazem e se lascam. Se der certo, teremos uma série bacana. Esqueçam Hawks e Bulls, troço chato, o negócio é ficar de olho nos pivôs do Mavs e o que eles representam: uma possível série competitiva contra os atuais campeões.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Bagos gigantes

Sam Cassell mostra o tamanho das bolas do Magic, 
que trocou dois de seus jogadores titulares

O Magic sempre mostrou que é um time disposto a arriscar. Quando o elenco parecia ter futuro e os comentários eram de que, com um grande arremessador de três pontos, eles seriam capazes de lutar pelo título, juntaram todas as moedinhas e ofereceram tudo que tinham disponível para o Rashard Lewis - na época um dos arremessadores mais badalados da NBA. O contrato foi ridículo, somando 124 milhões de dólares em 6 anos, e dá pra ter ideia do absurdo fazendo uma visita a esse site aqui, que calcula em tempo real quanto o Rashard Lewis ganhou no mundo real a partir do momento em que você entrou na página (adianto, é mais de 1 dólar por segundo). O jogador não vale tudo isso, nunca fez grandes coisas pela equipe, mas quanto você estaria disposto a pagar por um jogador que pode ser a última peça para vencer um anel? Na temporada seguinte à sua contratação, o Magic se tornou campeão do Leste e perdeu na Final da NBA para o Lakers. Não dá pra criticar a decisão.

Com a derrota, vieram novos papos. Supostamente o que faltava para ganhar o título era, então, alguém capaz de criar o próprio arremesso, decidir os jogos no final, encontrar uma bola de segurança que não fosse um arremesso de três forçado. Fizeram uma troca para conseguir Vince Carter, jogador longe de seu auge e com fama de fominha. Foi arriscado, mas o Magic preferiu apostar na imagem que o Carter construíra no ano anterior como tutor da pirralhada do New Jersey Nets. O sucesso do Carter foi moderado, por vezes parecia estragar o ritmo da equipe, por outras salvava o jogo, mas o Magic com ele chegou novamente à final do Leste - desse vez perdendo para o Celtics.

Não é estranho, portanto, que um time que chegou a duas finais de Conferência em anos consecutivos esteja sempre envolvido em tantos boatos de troca. Estão sempre dispostos a arriscar, a acrescentar uma peça final, a mudar o elenco vencedor para conseguir dar um passo a mais. É por isso que a resposta a uma fase de derrotas nessa temporada foi trocar vários jogadores - aquisições, como as de Carter e Lewis, arriscadas mas inteligentes. O Magic não tem aquela postura bizarra do Cavs da era LeBron, que trocava apenas por trocar e formou um circo de horrores, em Orlando as trocas tem uma visão de conjunto, um plano definido de qual é a identidade do time. Só trocam por quem se encaixa na brincadeira.

O primeiro passo do Magic nessa maratona de trocas anunciadas hoje foi se livrar do Rashard Lewis. Não que ele feda, como muita gente anda sugerindo recentemente. Longe disso, ele é um bom jogador, mas seu contrato vai até 2013 lhe pagando mais de 20 milhões por temporada bem quando o Magic não precisa mais de arremessadores. Todo mundo no elenco, até o garoto da água e a mãe do Dwight Howard, arremessam de três mesmo durante o sono. O processo de montar um elenco eficiente no perímetro que teria o Rashard Lewis como peça final deu tão certo, mas tão certo, que agora o Lewis é descartável. Já não fará nenhuma falta.

Em seu lugar, o Wizards manda nosso canalha favorito, Gilbert Arenas. Nos últimos anos Arenas sofreu com uma lesão, depois com a lesão resultante dele tentar voltar cedo demais para as quadras, depois com a lesão resultante dele treinar demais para se reabilitar mais rápido, e depois com a punição por ter feito uma piada com armas de fogo no vestiário (que ele ainda não engoliu muito bem e diz ter sido julgado injustamente). Faz tanto tempo que ele não pisa numa quadra de basquete que até dá pra esquecer que, uns anos atrás, ele era um dos jogadores mais fodões da NBA, cotado para ser MVP, marcando 60 pontos nos times com os quais tinha birra, e dando mais de 10 assistências por jogo em sua volta às quadras só pra provar que, se quisesse, teria fácil média de double-double como armador. Arenas era tão bom que recebeu um contrato de 111 milhões e um elenco de apoio de respeito para tentar um título do Leste, mas todo mundo do elenco se lesionou numa hora ou em outra (e quando estavam saudáveis perdiam pro Cavs de LeBron nos playoffs) e agora já era, desistiram do projeto, desmontaram o time, e já é tarde demais para o Arenas voltar e tentar fazer valer o contrato gigantesco Ele merecia esse contrato quando o Wizards queria ganhar naquela hora e acreditava em títulos, agora estão reconstruindo em volta do John Wall e o Arenas não apenas ganha dinheiro demais e é bom demais, mas também rouba minutos do novato John Wall porque jogam basicamente na mesma posição. Para o Wizards é melhor se livrar do Arenas por qualquer outro jogador que seja de outra posição e dê ideia de recomeço, de que o John Wall é a estrela, e se tiver um contrato mais curto é brinde. O Rashard Lewis tem um contrato um ano mais curto, não é metido a estrela (nem nunca foi, tem "jogador secundário" escrito na testa), e não vai roubar minutos do John Wall, pronto, tá ótimo. Enquanto isso o Arenas está jogando cada vez melhor, recuperando a forma, e pode criar o próprio arremesso como se esperava que o Carter fizesse na temporada passada. Fora que, como já provou que sabe passar a bola como armador principal, pode substituir Jameer Nelson numa das trocentas contusões anuais do garoto.

É claro que o Arenas pode pregar uma peça e envenenar a água de Orlando, exagerar e querer dar todos os arremessos finais do meio da quadra enquanto grita algo absurdo como "Colher!", e segurar demais a bola, mas é mais um risco para o Magic que simplesmente vale a pena. O Arenas tenta começar de novo e deixar as polêmicas para trás, vai querer ser bom moço na nova equipe, está cada vez em melhores condições de jogo e tem potencial para voltar a ser jogador digno de papo sobre MVP. Se fizer merda e forçar muito o jogo, não vai ser nada que o Carter já não tenha feito tantas vezes no último ano, com a vantagem de que o Arenas é mais versátil e pode jogar nas duas posições de armação.

Essa troca, além disso, permitiu que o Orlando fosse ainda mais além com seus bagos gigantes. Com a chegada do Arenas, ficaram livres para enviar o Carter para o Suns. Aproveitaram para enviar dois jogadores de valor mas que, assim como Rashard Lewis, eram cada vez mais inúteis na equipe: Mickael Pietrus e Marcin Gortat. O Pietrus era importante na equipe graças à sua defesa e às bolas de três, mas desde que o JJ Redick passou a defender o bastante para conseguir ficar em quadra e teve atuações memoráveis nos playoffs, tem tido prioridade. Já o Gortat nunca foi muito usado mesmo, mas ele teve alguns momentos brilhantes em quadra, mesmo que raros, e o Magic resolveu lhe dar um salário gordinho só para impedir que os outros times interessados contratassem o rapaz (sabe como é, pivô é raro hoje em dia). No Magic faltam oportunidades porque o Dwight Howard é o dono absoluto do garrafão e o Brandon Bass joga cada vez melhor, em especial porque ele tem um arremesso de média distância consistente e aí não bate cabeça com o Dwight. No fim, valeu a pena investir no Gortat porque ele agora virou moeda de troca, só isso. Nenhum desses jogadores, no momento, fará falta para o Magic. O risco está mesmo é no que eles recebem em troca.

Em troca de Gortat, Pietrus, Carter e uma escolha de primeiro round no draft, o Suns mandou Jason Richardson e Hedo Turkoglu, além do Earl Clark (que só vai junto porque deve ter entrado no avião sem querer). Pra mim, Jason Richardson é o jogador perfeito para o Magic atual. Sua temporada pelo Suns tem sido fantástica, seus arremessos andam precisos, seu basquete anda eficiente como nunca, ele cria o próprio arremesso, e tudo isso sem exigir a bola nas mãos. Até chega a forçar o jogo, especialmente no primeiro período (dizem que se ele domina o primeiro quarto, é certeza de que terá um jogo fodão), mas nunca segurando demais o jogor. J-Rich joga bem sem a bola em mãos, se posiciona bem no perímetro e está sempre cortando para a cesta. É o jogador ideal para continuar a tradição de arremessos de três do Magic, um especialista no quesito que já liderou a NBA mais de uma vez em bolas de 3 convertidas, mas capaz de se virar quando o perímetro não estiver funcionando - e tudo isso sem comprometer a rotação de bola e o ritmo da equipe. Com o Hedo Turkoglu o negócio é diferente, ele também arremessa bem de três mas segura muito mais a bola, gosta de jogar como armador, e agora o Magic parece ter excesso de gente assim. Mas mesmo que o turco tenha minutos limitados, já deve valer a pena. Postei no começo da temporada sobre como o estilo do Turkoglu não se encaixava com o Suns de modo algum, que ele não tinha como render lá, e que sofrera com a mesma questão em Toronto. No estilo do Magic, pelo contrário, o Turkoglu parece um bom jogador, usa suas principais qualidades. Então mesmo que seus minutos fiquem restritos pela presença de Brandon Bass, Jameer Nelson, Jason Richardson e Gilbert Arenas, será no mínimo um jogador que pode render um pouco ao invés daquela lástima que ele era no Suns, em que não rendia nada. O jogador foi salvo e o Magic ganha de volta um reforço que deve estar muito grato e já conhece todo o andamento da equipe. É arriscado porque o contrato do turco é enorme e ele pode bater cabeça com outros jogadores, mas é tentador conseguir por um preço baixo um jogador que você sabe que vai render muito mais justamente no estilo de jogo da sua equipe - e que não rende nada em nenhum outro lugar.

Pro Suns, é um alívio se livrar do Turkoglu e receber o Marcin Gortat é um motivo para ver alegria na vida outra vez. Hakim Warrick quebra um belo galho no garrafão ofensivo mas falta alguém que possa sequer se fingir de pivô desde que o Robin Lopes se contundiu. Se o Gortat for mesmo aquilo que se supunha e puder dominar na defesa enquanto contribui no ataque com enterradas e jogo físico, o Suns nem fica com tanta saudade do Amar'e e para de tomar um pau de qualquer jogador com mais de um metro e meio de altura. E se o Gortat for um jogador limitado e souber apenas levantar os braços, o garrafão do Suns também já fica imediatamente melhor - estavam numa situação tão ruim que se um torcedor sorteado fosse jogar de pivô, seria lucro. Para isso perdem J-Rich numa temporada magistral, o que é uma pena, mas o Carter tem ao menos em teoria a possibilidade de tapar o buraco. Precisa de entrosamento com o Nash, soltar a bola, correr um bocado, mas o Carter já começa se encaixando no time em um aspecto básico: ele nunca defendeu bulhufas mesmo.

O Wizards deu o último passo necessário em sua reconstrução - que pra mim foi, até agora, impecável e relâmpago - se livrando de seu melhor jogador e dando espaço para John Wall, e o Suns ainda se debate para conseguir um garrafão pós-Amar'e e vai tentar tapar o buraco do J-Rich enquanto tenta descobrir se pode sonhar com alguma coisa enquanto ainda possuem o Nash. São todas mudanças significativas, mas quem mais tinha a perder com tudo isso era o Magic, porque o Suns e o Wizards fediam enquanto o Magic é um timaço que vem de duas finais de Conferência. A equipe de Orlando tem testículos de jumentinho para arriscar a esse ponto, e pra mim só apostou em coisas que valem a pena - mesmo se derem errado.

Jameer Nelson já está confirmado como titular (enquanto não se contundir, ele nunca joga mais de 70 partidas numa temporada), Arenas já avisou que está sussa de vir do banco, então o resto do quinteto inicial deve ter Jason Richardson (no papel de Vince Carter) e Turkoglu (no papel de Rashard Lewis), com o garrafão reforçado por Brandon Bass. Subitamente o time mantém as características usuais, sua identidade como um time de arremessadores, mas todo mundo sabe criar o próprio arremesso e o garrafão fica mais forte. Gilbert Arenas pode vir do banco armando o jogo e, claro, criando as próprias situações de cesta, ao lado de JJ Redick, e nos momentos cruciais de jogo o quinteto pode ter Jameer Nelson, Arenas, J-Rich, Turkoglu de ala (como teve que jogar no Suns) e Dwight no garrafão. Lembra quando ninguém no Magic queria decidir? E a bola parecia batata quente? O Turkoglu passou a criar cestas mesmo que a contragosto, o Jameer Nelson aprendeu a bater para dentro e forçar pontos, Arenas tem história como um dos jogadores mais decisivos de sua geração, e o Jason Richardson sabe muito bem criar espaço para si mesmo. É um Magic irreconhecivel.

Passei muito tempo não levando esse Magic a sério, meio como se eles fossem um Mavericks do Leste, sabendo que eles poderiam chegar a uma Final de NBA e esfregar minha cara no troféu e mesmo assim eu sempre iria achar que tudo ia dar merda. É que acho difícil ter medo de times que se baseiam nos arremessos de três porque eles são inconstantes e é preciso ter uma bola de segurança pra quando tudo o mais falha, pra quando a água bate na bunda. Pois agora eles tem, ao menos no papel, tudo o que é necessário. Devem chegar a mais uma final de Conferência, mesmo com os inevitáveis problemas de entrosamento que surgirão nos próximos meses. E, mesmo se der tudo errado, aplaudo os bagos dos engravatados de Orlando. Essa equipe que arrisca e inova já tem, pra mim, muito mais valor do que qualquer equipe de sucesso que bate na trave e não tem coragem de mudar os rumos. Quero ser igual ao Magic quando eu crescer.

Outras equipes, como Lakers, Nets e Rockets, fizeram trocas recentemente e vamos comentar delas nos próximos dias (sei que estamos meio devagar, prometo que a gente engrena ainda esse ano). Mas pegar um time vencedor, com chances de título, e mandar embora peças tão importantes para trazer jogadores polêmicos é coisa para poucos. Só por isso, já merecia que desse certo. Bem que o Arenas poderia tentar não andar nos vestiários armado dessa vez só pra ajudar um pouco.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Feio, emocionante e divertido

O amor move montanhas e ganha jogos

Eu disse que o Lakers precisava melhorar o ataque. O Kobe Bryant disse que o Lakers precisava melhorar a defesa. Adivinha quem o Phil Jackson escutou? Pois é, não dá pra culpá-lo, acho que o Kobe entende um pouco mais de basquete que eu. Mas só porque ele é mais velho, claro.

O ajuste defensivo do Lakers deu certo durante quase todo o jogo. A estratégia era trocar o marcador sempre que houvesse um corta-luz. Ou seja, se o Amar'e, marcado pelo Gasol, faz um bloqueio para o Nash, o Gasol marca o Nash e o Fisher tenta impedir o passe para a continuação da jogada. Essa estratégia faz com que o Nash fosse obrigado a passar mais tempo com a bola na mão e que ele fosse obrigado a arremessar mais e passar menos. O Steve Nash fez uma partida espetacular dentro dessa situação que o colocaram, com 29 pontos, a maioria arremessando sobre Gasol, Bynum, Odom ou qualquer gigante que fizesse a troca em cima dele.

Mas aqui vale a mesma observação que fizemos ontem sobre o Dwight Howard. Assim como o Magic joga melhor quando o Dwight toca menos na bola no ataque, o Suns joga melhor quando todo mundo participa, não quando o Nash faz tudo. Só com o Nash, o ataque fica mais previsível e todo mundo se movimenta pouco, deixando tudo mais fácil para o Lakers. Mas não foi só isso, o time de LA também jogou com mais inteligência, fechando o garrafão nas tentativas de infiltração do Suns, causando faltas de ataque e bem menos lances-livres.

Foi com essa defesa forte que o Lakers chegou a abrir 17 pontos no primeiro tempo. Mas não foi só assim, o ataque melhorou demais em relação aos últimos dois jogos. Para enfrentar a zona o Lakers resolveu, finalmente, atacar a cesta. O Odom fez a festa saindo do perímetro ou de trás de seu marcador para se posicionar no ponto fraco da defesa zona 2-3, entre as duas linhas de defesa, e então fazendo bandejas. Outra coisa que mudou foi o posicionamento dos pivôs, especialmente de Pau Gasol, que conseguiu ficar mais perto da cesta, aí era só receber a bola e finalizar rápido, antes que aquela marcação dupla ou tripla fizesse ele jogar a bola para fora do garrafão de novo.

Outro mérito enorme no ataque do Lakers vai para o Derek Fisher. Passamos a temporada inteira comentando como ele está velho, como não consegue mais marcar ninguém e repetimos tudo isso aqui mesmo nos playoffs, quando ele foi esmagado pelo Russell Westbrook na primeira rodada. Mas depois disso o Fisher se revolucionou. Na segunda rodada fez um ótimo trabalho marcando o Deron Williams e nessa série está marcando muito bem o Nash, em especial nos jogos 1 e 2. Ontem foi a hora de contribuir no ataque e toda vez que o Lakers se perdia naqueles passes sem objetividade ele aparecia para resolver acertando um arremesso longe. Foram 22 pontos e sempre nos momentos mais importantes e tensos do jogo.

Não faltaram momentos importantes nessa partida. Mesmo depois de abrir 17 pontos no primeiro tempo, o Lakers não conseguiu manter a diferença e o Suns respondeu diminuindo para 7. Depois, no segundo tempo, o Lakers abriu ainda mais, 18, mas de novo o Suns voltou. As corridas do Suns de volta no placar sempre aconteceram quando o centro do jogo não foi o Nash, que mantinha o time no jogo mas não era capaz de virar o placar só com seus arremessos de meia distância. Eles tiraram a vantagem quando conseguiam parar o ataque do Lakers e atacar na velocidade, na transição. Foram em jogadas assim que sairam os arremessos de 3 do Channing Frye, o arremesso de 3 com falta para o Jared Dudley e a bandeja com falta do Jason Richardson. Como disse o comentarista (e recém-contratado para a vaga de técnico do Philadelphia 76ers) Doug Collins, "Times que arremessam tão bem de 3 nunca estão completamente fora do jogo".

A reação do Suns nasceu na defesa, virou ataque e em poucos minutos os 18 pontos de diferença viraram 3 e o relógio marcava um minuto para o fim da partida. Então o Ron Artest deu um arremesso, errou e o Gasol pegou o rebote. O Lakers poderia matar 24 segundos do relógio e manter a diferença em 3 pontos, mas ao invés disso o Artest resolveu que era a hora de um segundo arremesso seguido e, tendo gastado só 2 segundos de posse de bola, chutou de 3, errando feio.

Esse erro do Artest poderia ser fatal, mas Channing Frye respondeu errando outra bola de três. Foi a vez do Lakers ir para o ataque e errar de novo, dessa vez Pau Gasol tentou enterrar na cara de Amar'e Stoudemire e acertou o aro. Para a sua última posse de bola no jogo o Suns foi de novo para a bola de três, aí Nash errou uma bola de 3, o Suns pegou o rebote, Jason Richardson errou outra bola de 3 e quando parecia que esse seria o minuto final mais desastroso dos playoffs, a bola caiu de novo para Jason Richardson, que acertou um arremesso de três usando a tabela (quem joga basquete sabe que isso não deveria valer!) e empatou o jogo.

Se já deixavam os outros arremessarem para marcar o Kobe antes, imagina o que o Suns ia fazer no último arremesso do jogo? Pois é, mandaram um monte de gente pra tentar parar o Kobe e conseguiram pará-lo. Saiu uma air ball feia da mão dele, mas assim como um erro do Kobe rendeu a cesta da vitória de Pau Gasol no jogo 6 contra o Thunder, ontem foi a vez do rebote ofensivo ser de Ron Artest, que fez a cesta no estouro do cronômetro. Nunca um minuto final com tantos erros foi tão emocionante e divertido!

Sério, as únicas duas cestas desse período foram um rebote de air ball e uma bola de três rabuda usando a tabela. Mas era exatamente esse tipo de emoção que a gente estava pedindo na pós-temporada. Mesmo com erros no final, o jogo foi bem jogado, Nash e Kobe jogaram muito e o jogo foi decidido no último segundo possível, os fãs não tem do que reclamar.

Quem tem é o Suns, que perdeu um jogo que tinha boas chances de ganhar e o fez tomando uma cesta do pior jogador ofensivo do Lakers. Muita gente tem falado que o Suns deve estar se matando porque perdeu um jogo simplesmente por não ter colocado um corpo na frente do Ron Artest, o famoso "box out". Essa crítica valia para o Thunder no jogo 6, na cesta do Gasol que eu citei, mas ontem nem tanto. Todo mundo que está no rebote sempre espera a bola bater no aro, pegar o rebote de um arremesso que passa reto é bem mais complicado, dá pra entender a falha.

Espero mais uma partidaça no jogo 6. O Lakers melhorou, se ajustou ao Suns, que vinha sendo o melhor time nos últimos jogos, e mesmo assim o jogo foi disputadíssimo. Não dá pra esperar que seja diferente no próximo, só esperaremos um final de acertos, não de erros.

Abaixo o vídeo da cesta do Ron Artest:



E tem outro vídeo, o do técnico Alvin Gentry, que não aguentou ver tantos erros do seu time.

sábado, 1 de maio de 2010

Destino

Tim Duncan está tentando sorrir: sabe que pegará o Suns na próxima rodada


Teremos apenas um Jogo 7 na primeira rodada dos playoffs, a imperdível partida entre Bucks e Hawks que acontece no domingo. Mas antes de falarmos sobre o "Tema a Rena" ou sobre as séries da segunda rodada (que começam hoje com Cavs e Celtics, às 21h), vamos falar um pouco sobre alguns dos fracassados que voltaram pra casa mais cedo.

Antes de mais nada, vou dar uma de velho e choramingar sobre o Mavs dos meus tempos, naquela época em que a gente podia brincar de pião na rua e a Sandy ainda era virgem. Eu era completamente fã daquele Dallas que tinha o biruta do Don Nelson como técnico, que jogava com velocidade, passes rápidos, toneladas de bolas de três pontos, muita técnica e nenhuma força bruta. Naquela época o Nowitzki ainda era chamado de amarelão, não gostava de contato físico, não sabia infiltrar no garrafão, e o Mavs não defendia nem a mãe apanhando na rua. Não dava certo, foram eliminados dos playoffs algumas vezes, mas era uma delícia de ver jogar. Quando o Don Nelson foi demitido, quem assumiu as rédeas de equipe foi seu assistente Avery Johnson, que misteriosamente ensinou o time de Dallas a defender de um dia para o outro (dava até a impressão de que a equipe já era uma potência na defesa mas que o Don Nelson proibia todo mundo de sequer levantar os braços no garrafão defensivo). Aquele Mavs que jogava rápido e defendia bem era maravilhoso e sempre vai ter um lugar no meu coração emo. Deu azar de pegar uma máquina bizarra criada pela Rita Repulsa apenas para derrotar o time de Dallas: o famigerado Warriors de 2007.

Desde então, ver o Mavs jogar tem sido pra mim uma experiência similar a ter diarreia: você até fica lá sentado, mas não quer dizer nem por um segundo que está sendo agradável. O time é bom, o Nowitzki é espetacular e melhora mais a cada ano, o elenco é profundo, mas o estilo de jogo parece sempre idiota e os jogadores são mal aproveitados. É surreal dizer isso de um time que se classificou em segundo lugar de uma Conferência Oeste absurdamente forte e disputada. Mas é que o time poderia ser muito, muito melhor do que é. Com as trocas de Caron Butler e Brandon Haywood, o Mavs deveria ser um dos grandes favoritos ao título, mas eu nem por um segundo conseguia acreditar na equipe - e repeti isso por aqui inúmeras vezes, sempre com uma pitada de vergonha e medo dos torcedores do Mavs ficarem chateados. Porque eu sei que o time é maravilhoso, fico até constrangido de achar que não vai dar certo. Mas é que ver essa equipe jogar é como assistir a Monica Mattos interpretando Shakespeare num monólogo no Teatro de Manaus: pode até ficar legal, não duvido das capacidades interpretativas da moça, mas a gente sempre vai ficar tentando entender porque diabos ela não está pelada.

Nessa temporada, o técnico Rick Carlisle fez um trabalho melhor em envolver Jason Kidd no esquema tático. No entanto, descobri recentemente que grande mérito disso é do próprio Kidd, que passou todas as suas férias treinando arremessos de três pontos para ver se conseguia se encaixar no papel determinado para ele. Acabou passando mais tempo arremessando nessa temporada do que encontrando companheiros livres para o passe, até porque as jogadas do Mavs costumam ser mais focadas em isolações ou em rotação de bola para encontrar arremessadores livres. Definitivamente ele participou mais, passou mais tempo com a bola nas mãos, mas nem de longe foi o suficiente para conseguir usar plenamente as vantagens que ter um jogador como o Kidd trazem para um time.

Nos playoffs, esse ponto ficou mais explícito. Na busca por "bolas de segurança", aquelas bolas que você só arremessa se tiver certeza de que vão cair (afinal playoff é coisa séria, diabos!), o Nowitzki fica sobrecarregado e o Jason Kidd é ignorado. Os arremessos do Kidd não são confiáveis, então ele torna-se inútil nesse esquema tático que fica caçando gente para arremessar do perímetro. Ter o Kidd em quadra nessas circunstâncias não é prejudicial, ele é talentoso e volta e meia consegue tirar alguma coisa da cartola, mas usá-lo tão mal (e tão pouco) é burrice. O time ficou praticamente sem armação, apenas arremessando de fora e sem nenhum jogo no garrafão. Ganhou duas partidas, tornou as outras disputadas, tudo porque os jogadores são muito talentosos e o Nowitzki é um monstro. Isso apenas já é suficiente para vencer grande parte das equipes do Oeste. Mas o Mavs deu o azar de pegar um Spurs que começava a recuperar sua identidade, criar ritmo, e que encontrou seu novo Bruce Bowen na figura de George Hill.

No Jogo 6, que o Mavs precisava vencer fora de casa para continuar vivo, o George Hill acabou com a partida marcando 21 pontos e metendo duas bolas da zona morta. O técnico Popovich chegou até mesmo a dar liberdade para o garoto nos momentos decisivos, mandando ele esquecer o resto do time e o plano de jogo e simplesmente ser agressivo. Essa reação do Popovich causou algum terremoto e uma chuva de sapos ao redor do mundo, mas mostra sua clara percepção de como o Hill é fundamental para o sucesso do Spurs. Duncan, Ginóbili e Parker tiveram boa partida, como é de se esperar de um time que sabe exatamente o que fazer nos momentos decisivos de uma série, mas o armador francês tem cada vez mais um papel secundário. Duvido muito que seja culpa dele estar retornando de lesão, George Hill é simplesmente mais importante para os planos de Popovich. Parker levou anos para conquistar alguma liberdade nesse time, e ela sequer é, hoje em dia, tão grande quanto aquela que Hill conquistou em seu segundo ano de NBA.

Pelo lado do Mavs, ficou claro que eles sentiram falta do Devin Harris. Sem armação e sem jogo no garrafão, com a defesa do Spurs focada no perímetro, eles precisavam desesperadamente de alguém para infiltrar nessa partida. O JJ Barea teve algum sucesso nessa empreitada durante a série, mas é bem óbvio que ele é apaixonado pelo próprio arremesso. Após errar duas bolas no primeiro quarto, foi sentar e mal voltou pra quadra. Rick Carlisle preferiu usar o novato Roddy Beaubois, que é ótimo em atacar a cesta. Sempre tem torcedor do Mavs reclamando no Bola Presa de que o Beaubois não é usado o bastante nesse time, e aí está mais um sinal de cagada do técnico. O francês é um dos poucos jogadores desse elenco que se nega a ter fobia de garrafão, e foi ele quem fez o Jogo 6 ficar competitivo novamente. Caron Butler também fez algum estrago, mas o tempo que ele passou atrás da linha de três pontos errando tudo começou a me dar dor de estômago. O mundo que me desculpe, mas ver o Spurs jogar não faz tão mal pra minha saúde estomacal quanto esse Mavs burro que não sabe usar os jogadores que tem.

Vamos brincar de somar todos os arremessos tentados por jogadores de garrafão do Mavs nessa partida? Haywood deu 2, Dampier deu 1, Najera deu 1. São 4 arremessos ao todo, sendo que apenas um deles entrou, uma bola do Haywood. Isso é patético, time que joga tão longe do garrafão não consegue ganhar um jogo decisivo desses. Quando você precisa de uma bola importante, para diminuir uma diferença pequena no placar no quarto período de um jogo que pode te eliminar, vai ficar arremessando de longe, onde a porcentagem de aproveitamento é menor? Parece coisa de time brasileiro! Para se ter uma ideia, apenas três jogadores do Mavs cobraram lances livres durante a partida: Nowitzki, que é fortemente marcado; Caron Butler, que ataca a cesta quando não está preso pelo esquema tático; e o Beaubois, que entrou no jogo para ser cover do Devin Harris. Não preciso nem dizer que o Spurs cobrou o dobro dos lances livres que o Mavs, né?

O Spurs tem suas dificuldades, nunca estiveram tão distantes de seu plano original de jogo e sem ritmo em quadra durante a última década como estão agora, mas o ataque flui mais fácil até mesmo quando os arremessos são forçados. Para o Mavs, parece que todo ataque é um parto de um bebê cabeçudo tão cabeçudo quanto o Zach Randolph, cada ponto é dolorido e sofrido. Se não fosse a facilidade do Nowitzki em colocar a bola dentro da cesta, eu poderia processar o Mavs por fazer meus olhos sangrarem.

Para o Mavs, então, sobra pensar em nova abordagem tática na temporada que vem. O ideal seria outro técnico, mais espaço para a pirralhada, mais contra-ataques que terminem dentro do garrafão com enterradas e bandejas, não em bolas de três pontos. Mas como o Nowitzki tem muitos motivos para dar o fora e tentar alguma equipe mais inteligente, talvez o processo em Dallas tenha que ser mesmo de reconstrução. É bizarro pensar em reconstruir um time que acabou em segundo lugar do Oeste, mas alguém realmente acha que, jogando assim, essa equipe poderia ser campeã? Precisamos ser realistas, e o Mark Cuban não está muito interessado em gastar seu dinheiro nerd num time que não vai ganhar nada nunca. De que adianta manter o Nowitzki se ele acaba de entrar para a história como o primeiro jogador a perder tanto para um oitavo quanto para um sétimo colocado em séries de playoffs? Culpa, sempre, de azar e má utilização do elenco.

O Spurs, ao contrário, pode respirar aliviado. Renovaram o contrato com o Ginóbili, o que é polêmico porque ele está ficando velho e baleado, mas pelo menos podem ter a certeza de que a base do time estará lá enquanto a pirralhada cresce para tomar o lugar. Experiência para eles não vai faltar, até porque a criançada do Spurs está prestes a fazer parte de uma tradição antiga da equipe: enfrentar o Suns nos playoffs.

Se eu lesse horóscopo e acreditasse em destino, teria feito os palpites para as séries simplesmente baseado no fato de que Spurs e Suns iriam passar da primeira rodada para se enfrentarem, afinal é para isso que eles nasceram, para isso que eles foram feitos. O mundo foi criado apenas como uma desculpa para esse confronto, o sentido do mundo é ser palco para Spurs e Suns, e nossa função na Terra é sermos espectadores. Tendo dito isso, quem deixar de assistir a qualquer partida dessa série, eu vou descobrir o endereço e ir pessoalmente em casa dar uma surra.

O estranho é que o Blazers até deu uma cansadinha no Suns, e eu nem entendo bem o porquê. Em geral as partidas que o Suns ganhou foram fáceis, controladas e com placares elásticos, então as vitórias do Blazers foram realmente sustos inesperados. As bolas de três pontos do Blazers mantiveram o Jogo 6 disputado, mas o Suns fez uma mesma jogada com sucesso três vezes (Amar'e na cabeça do garrafão passando para o Jason Richardson infiltrando), a defesa do Blazers ficou com cara de pamonha, e a partir daí o jogo virou poeira. Quando o Jason Richardson começa acertando seus arremessos, pode ter certeza de que ele terá um jogo incrível - pena que quando ele começa errando, parece desistir da partida bem rápido. Vai ser bem legal ver como ele vai lidar com a defesa do Spurs nesse sentido, e quem vão usar para marcá-lo. Além disso, vai ser incrível ver como o Grant Hill vai se sentir agora que ele passou da primeira rodada dos playoffs pela primeira vez (Síndrome de Tracy McGrady), e como o Nash vai lidar sendo marcado pelo novo Bruce Bowen, chamado George Hill. O Hill é forte pra burro e, pior, joga na mesma posição do Nash, o que significa que isso sequer irá gerar uma falha de marcação em outro lugar da quadra. O Nash vai sofrer um bocado e a nossa compreensão de mundo diz que o Spurs vai acabar vencendo (assim como a água molha, as coisas que jogamos para cima depois caem no chão, colocar dedo na tomada dá choque, etc), mas será uma série espetacular. Arrisco apenas dizer que o Suns parece mais descansado, as partidas contra o Blazers foram mais na maciota do que as batalhas com o Mavs, ainda que os times tenham jogado o mesmo número de partidas. E o Nash, pela primeira vez na história, não enfrentará o Spurs morto de cansaço pelos playoffs e pela temporada regular, principalmente porque ele tem um reserva de nível no Goran Dragic que permite que o canadense não fique com remorso de ter que sair de quadra de vez em quando.

O Blazers tem mais é que ficar feliz de ter dificultado a vida do Suns e ir assistir à maravilhosa série da próxima rodada em casa. Tudo que eles fizeram nessa temporada já é lucro se você pensar na quantidade de contusões surreal que eles enfrentaram. Esse time com Brandon Roy, Camby e Greg Oden ainda vai fazer muito estrago, mas não dava pra fazer isso com a maldição de Clippers que eles enfrentaram esse ano. Para a temporada que vem, o plano é simples: conseguir contratar todo o departamento médico do Suns, que recupera qualquer jogador, e tentar de novo. O elenco está lá, só precisam conseguir andar e fazer xixi sem usar sonda.

Antes de falarmos mais sobre a série entre Spurs e Suns, com o devido preview da rodada, não perca o preview de Cavs e Celtics que sai ainda hoje, antes da partida das 21h. Amanhã, o Denis falará mais sobre a vitória do seu Lakers que eliminou o Thunder, e do Nuggets-sem-vontade sendo eliminado pelo Jazz. Boatos dizem até que alguns torcedores do Jazz, quem diria, foram capazes de esboçar um sorriso! Fiquem de olho então, maratona de posts do Bola Presa nesse fim de semana!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sapato apertado

Essa foto só tem um problema: Billups não está nela


Após a derrota feia para o Boston Celtics no domingo, podemos ter certeza de que o Suns voltou ao normal: faz 140 pontos contra os times que fedem e é incapaz de defender sequer ponto de vista quando enfrenta times de verdade com ataques mais lentos, de meia quadra. Não há dúvida alguma de que o time melhorou e, ao mesmo tempo, não há dúvidas de que o Suns não seria capaz de ganhar uma série nos playoffs contra o Celtics ou, pior ainda, contra o Spurs. Sem o Amaré, então, nem se fala.

Ainda assim, o retorno ao basquete veloz no estilo "corram pelas suas vidas" era a única atitude que fazia qualquer sentido para a franquia. O elenco tem um punhado de jogadores versáteis, capazes de jogar tanto em transição quanto num basquete de meia quadra, como Steve Nash, Shaquille O'Neal e Jason Richardson. É óbvio que o rendimento do Nash é infinitamente superior quando está correndo, e que Shaq, pelo contrário, é muito mais dominante num jogo mais lento. No entanto, os dois são jogadores competentes capazes de produzir de qualquer modo, sendo as mudanças táticas na equipe a diferença entre ter em quadra um bom jogador, como o Nash do técnico Terry Porter, e uma estrela com um prêmio de MVP, como o Nash do técnico Mike D'Antonni. O mesmo ocorre com Jason Richardson, que pode ser o principal pontuador de uma equipe que jogue na correria, como ocorria no Warriors de Don Nelson, ou apenas um contribuidor sólido como ocorreu no Bobcats de Larry Brown.

Alguns jogadores, entretanto, não são capazes de manter algum rendimento em quaisquer condições. Num esquema tático mais cadenciado, Leandrinho torna-se um jogador inútil. Dificuldades em armar as jogadas ofensivas, decisões questionáveis com a bola em mãos, arremesso inconsistente e, acima de tudo, horrível em ajudas defensivas. Num esquema puramente ofensivo de transição, Leandrinho pode explorar sua velocidade, mostrar sua criatividade na hora de bater para dentro do garrafão, não tem que se preocupar em passar a bola e suas falhas defensivas são escondidas num esquema em que ninguém está defendendo mesmo. O mesmo acontece, em certa medida, com Matt Barnes. Um dos reforços mais ignorados dessa temporada, Barnes é um jogador versátil e completo para times que joguem em velocidade. Fora do seu estilo de jogo, tornou-se uma peça descartável e desapareceu no banco de reservas do Suns.

Mais do que chances de título, a volta à correria significa para o Suns a recuperação de uma série de jogadores: Leandrinho volta a ser uma estrela (com 41 pontos contra o Thunder), Matt Barnes passa a ser um dos melhores reservas da NBA (capaz de jogar em múltiplas posições, dentro e fora do garrafão, arremessar de três, jogar na defesa), Jason Richardson volta a ser uma máquina de pontuar (e de arremessar de três, já que foi o líder de arremessos do perímetro convertidos na temporada passada) e Steve Nash volta a ser um dos armadores de elite da Liga com seu estilo de jogo característico. O compromisso com o jogo de velocidade deixa de ser uma escolha pelas vitórias ou pelas chances de título e passa a ser uma simples questão de reabilitar os jogadores que compõe o elenco. Se você tem dez chineses trabalhando num restaurante, é melhor que eles façam comida chinesa - mesmo que ela não venda nada, mesmo que dê prejuízo - ao invés de mandar todo mundo cozinhar jerimum e perder os vestígios de talento possuídos. É como se todo mundo em Phoenix estivesse usando um sapato apertado para esconder o pé feio, é melhor tirar o sapato, deixar todo mundo sorrir e respirar aliviado, e mostrar o pé mesmo.

E o que fazer com Shaq? Bem, ele pode render menos na velocidade, mas é capaz de se adequar. No nosso Tumblr (o local em que postamos vídeos e fotos aleatórias sobre NBA), colocamos um vídeo do Shaq tentanto mostrar que pode puxar os contra-ataques. Ainda que ele não possa fazer isso o tempo todo, não usar suas principais qualidades é melhor do que não usar as principais qualidades de todo o resto do elenco. Passa a ser uma questão de lógica, não de sucesso garantido. Contra o Celtics, eles foram incapazes de defender Rajon Rondo, que fez 32 pontos (maior marca da carreira) praticamente apenas em bandejas, e mesmo atacando bem e encostando no placar diversas vezes, em nenhum momento conseguiram as jogadas defensivas necessárias para virar o placar. Foi um jogo típico do Suns contra o Spurs, em que o placar fica apertado mas no final não há dúvidas de quem será o vencedor. Não deu certo, não venceram, mas pelo menos as qualidades da equipe estão mantidas, ao invés de feder em tudo. Para que esmagar o pé feio com o sapato e deixar todo mundo triste, miserável e perdendo ainda mais?

O mesmo caso acontece com o Detroit Pistons, só que mais complicado. É como se o Pistons tivesse a Monica Mattos e a Fernanda Montenegro, apenas um filme para fazer, e tivesse que decidir o que dirigir: um filme pornô, mas aí perde-se o talento da atriz séria; um filme sério, mas aí perde-se o talento da atriz pornô; um filme pornô com historinha, daqueles que ninguém assiste e todo mundo pula a parte da história; um filme sério com pornografia, daqueles que ninguém leva a sério e chama de pornochanchada; ou então ficar com apenas uma das atrizes e se livrar da outra.

Pior: é como se o Pistons, ainda por cima, tivesse duas Monica Mattos, além da Fernanda Montenegro. Funciona assim: o Richard Hamilton precisa de um esquema para ele, que permita sua movimentação característica de hamster em rodinha pela quadra para então lhe entregar a bola em mãos para um arremesso. Enquanto isso, o Iverson precisa da bola em suas mãos o tempo inteiro e liberdade para atacar a cesta para, só então, ser efetivo. Mesmo caso do pirralho Rodney Stuckey, detentor das mesmas características, mas que quando tem a bola em mãos acaba anulando o Allen Iverson. Em teoria, é um pesadelo. Na prática, todos estão dividindo o tempo de quadra, cada hora joga-se um estilo de jogo, todo mundo sai prejudicado e o time é uma pornochanchada ruim com a Vera Fisher.

O clima na equipe não poderia ser pior: com a derrota para o Cavs na segunda, já são 6 derrotas seguidas e a pressão para que o Iverson volte aos "velhos tempos" aumenta sem parar. Acontece que, quando o Iverson ataca como um louco em Detroit, costuma de fato colocar o time nas costas e permitir ao menos um esboço de chances de vitória, mas o custo é alto demais - todo o resto do elenco está sendo desperdiçado. E se o Iverson não está pontuando sem pensar no resto da humanidade, que é aquilo que ele sabe fazer de melhor, para que serve tê-lo no time? Eis uma jogada típica do novo Pistons: Iverson vem armando o jogo, enfrenta seu marcador no mano-a-mano, dá alguns dribles, ensaia uma penetração, mas então passa a bola de lado seguindo o esquema tático que exige rotação de passes. Queimou-se então quase 10 segundos no cronômetro para nada, para a bola ser passada de lado, coisa que milhões de outros jogadores podem fazer por menos dinheiro - alguns até de graça, tipo eu - e com a vantagem de que não vão tacar na privada segundos preciosos num drible desnecessário. É o famoso "ou caga ou sai da moita", mas o Iverson é obrigado a ficar no meio termo. Se ele não ataca, o time fede e sente falta de seu talento para decidir; se ele ataca, o time deixa de usar todas as outras armas ofensivas que possui e desestrutura a química da equipe que funcionava há anos. Não dá pra vencer.

No Suns, a decisão era fácil. Até os reservas mais nada-a-ver, como o Goran Dragic, rendem muito mais correndo do que renderiam em milhares de anos de basquete cadenciado. Mas no Pistons, cada um rende em um esquema diferente e, não importa qual seja a abordagem tática, eles continuam sem ter um armador puro capaz de fazer a bagunça funcionar. No fim, quem acaba sofrendo mais é o Rasheed Wallace, que fica como cego no meio de um tiroteio. Preso num time subitamente sem identidade, tentando resolver o que fazer com suas quinhentas peças que não se encaixam, Rasheed não sabe o que fazer em quadra - e, em alguns jogos, parece que sequer se importa. Não consigo pensar numa troca tão desastrosa quanto essa do Billups pelo Iverson, e aí está um pé que estou engolindo. Para mim, um pontuador nato como o Iverson seria a resposta (sem trocadilhos, por favor) perfeita para um time que parecia falhar na hora de decidir jogos nos minutos finais contra times munidos de superestrelas. Na verdade, era justamente o contrário: sem a armação comedida de Chauncey Billups, o Detroit tornou-se um time sem resposta. Enquanto o Nuggets, que parecia um caso perdido, encontrou na armação aquilo que tanto faltava à equipe.

Espelhando-se no Suns que voltou à correria, talvez a única solução para o Pistons seja decidir por aquilo que beneficiará a maior parte do elenco. Não tenho dúvidas de que trata-se de um basquete lento de defesa forte, sem grandes estrelas ou individualismo, que rendeu ao Pistons um título da NBA não tanto tempo atrás. Iverson deve ir embora, mas com ele deveria partir Rodney Stuckey, figurinha repetida. Seria preciso um armador de verdade, retornar aos velhos tempos - mesmo que isso signifique perder para o LeBron, mesmo que signifique não ganhar um título. Às vezes, é melhor ater-se ao que o time faz de melhor do que feder por completo em todas as áreas, tirar o sapato apertado que tenta disfarçar o indisfarçável. É assim que o Knicks já igualou, nessa temporada, o número de vitórias que havia conseguido em toda a temporada passada. Não sabem defender e não vão arrumar um esquema que finja que eles são capazes nisso. Vão ganhar um título sem defesa? Diabos, provavelmente sequer cheguem aos playoffs. Mas o avanço já é alguma coisa: são cozinheiros chineses fazendo comida chinesa, são atrizes pornôs num bom filme das Brasileirinhas, quer a gente goste, quer não.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Enterradas para a geração nerd

Os geeks saem do armário


Houve uma época em que ler gibi, gostar de Super-Homem e usar a internet era coisa de fracassado, mas essa nova geração invertou completamente os valores. Quem não está no Orkut não existe, quem não está na comunidade "Eu odeio acordar cedo" é um alienado social, e não tem nada mais natural do que falar sobre videogame, física teórica e andar por aí fantasiado. Numa NBA em que o Kirilenko assumidamente joga "World of Warcraft" na internet com o Malik Rose e o Channing Frye, não é nada fora do comum um par de marmanjos andando fantasiados por aí fazendo referências a super-heróis. Nada demonstra mais essa nova tendência do que o campeonato de enterradas da NBA. O lado sério da coisa virou farofa, a competição tornou-se um palco para que os jogadores liberem seu lado nerd, se fantasiem como seus personagens favoritos e façam a festa.

O campeonato de enterradas é sempre criticado, os tempos áureos são sempre coisa do passado, e é compreensível um ar de "é, mais ou menos" depois que o Vince Carter tornou-se o padrão pelas quais todas as outras enterradas são avaliadas. Mas Jason Richardson também deu enterradas espetaculares na era pós-Carter, sempre surge alguém fazendo algo sensacional, e a capacidade de aproveitar a competição depende apenas de um pouco de boa vontade e algum desligamento com as edições passadas. No momento, o que importa no campeonato de enterradas é a aparência, a brincadeira, o espetáculo, um ar fanfarrão e as referências nerds que são obviamente impulsionadas pela personalidade marcante do Dwight Howard. Toda aquela alegria do Shaq que transformava o All-Star em festa (afinal, se o All-Star não for festa, para que ele serve?) aparece no Dwight com um ar mais adolescente, mais bobo e mais geek. Não há dúvida alguma de que essa nova abordagem é a responsável pelo aumento do interesse na competição, principalmente de quem antes não acompanhava ou não tinha contato algum com o basquete. O David Stern está rindo sozinho, agradecendo aos céus pela revitalização que o Dwight trouxe ao esporte, e dessa vez resolveu apoiar a brincadeira ao invés de complicar. Na última edição, o Howard queria aumentar a altura da tabela e o Stern, burocrata pentelho, não deixou. Dessa vez, apoiou a idéia e deixou que a festa rolasse solta. O resultado acabou sendo exatamente isso: pura festa, tabela mais alta, Dwight e Nate Robinson interpretando personagens. Ou seja, um campeonato de enterradas bonachão com clima de luta-livre, a alegria da geração YouTube. Para quem comprou a idéia foi um prato cheio, cheio de risadas, surpresas e originalidade. Para quem queria Vince Carter, deve ter sido uma decepção. Me enquadro no primeiro grupo: me diverti pra burro.

Perdi o ar de tanto rir quando Dwight entrou na cabine telefônica para se transformar em Super-Homem, fiquei empolgado quando o Nate Robinson correu para os vestiários e voltou com o uniforme verde do Knicks com acessórios combinando e representando o poder da kriptonita. Só não gostei do trocadilho "kriptonate" porque trocadilhos são a forma mais baixa de humor, abaixo até mesmo da mímica. Consigo imaginar o Dwight Howard em casa lendo quadrinhos e debatendo em convenções se a kriptonita é, afinal, metal ou mineral, e não posso deixar de achar divertido ver isso acontecendo em público, em rede mundial, sem vergonha. Tanto ele quanto o Nate foram palhaços nerds que divertiram o público e, diabos, me coloque no grupo dos que se divertiram. Talvez isso tenha deixado a técnica em segundo plano e prejudicado o Rudy Fernandez, em especial, mas o foco dessa edição foi outro. Com todo mundo querendo dar risadas, enterradas mais sérias pareciam decepcionantes. Aliás, vale a pena ver na íntegra as duas enterradas do espanhol:



Na primeira, a homenagem do Rudy ao primeiro jogador espanhol a jogar na NBA e morto num acidente de carro acabou atrapalhando a enterrada por pura incapacidade do mané cuidando da transmissão: foi colocar a explicação de quem era o tal do "Martin" bem no meio da enterrada e acabou cortando o modo como o Rudy mandou a bola na tabela. A enterrada até que foi legal, embora tenha pecado um pouco na hora de finalizar. Mas a segunda é que merece nossa atenção. Com passe do Pau Gasol, que errou quinhentas vezes (onde estava o Sergio Rodriguez, companheiro de equipe do Rudy, nessas horas?) mas, por fim, acertou sem firulas um passe atrás da tabela que o Fernandez finalizou com perfeição. Foi a enterrada mais plástica, contorcendo o corpo de maneira artística, e embora a torcida tenha se apaixonado na hora, os juízes pareceram punir o Rudy por ter errado demais ou por não ter usado uma capa nas costas. Acabando em último lugar, acabou se tornando uma mancha para o torneio de enterradas: deveria ter ido para a final, sendo que o Dwight só ganhou notas altíssimas porque estava continuando com o clima de brincadeira que todos queriam. Mas não tem jeito, não há maneira de que todos estejam na mesma sintonia. Agora é hora de brincar, quem jogar sério vai ser prejudicado; quando é hora de jogar sério, aquele que brincar sai por baixo. Cada jogador pode fazer o que bem entender, mas o sucesso nas notas está ligado ao que os torcedores estão querendo, não adianta dar caviar para quem quer comer Cheetos.

Compreendo que algumas pessoas não estejam dispostas a aceitar o clima de brincadeira que tomou conta do espetáculo, a derrota do Rudy Fernandez e as enterradas relegadas a segundo plano (embora eu tenha achado o campeonato desse ano tecnicamente bom, com pelo menos uma boa enterrada para cada participante e duas em especial - a segundo do Rudy e a do Dwight quicando a bola na lateral da tabela - espetaculares). Mas quem não comprou a idéia sequer é o público-alvo desse campeonato. As novas gerações adoraram, os leigos adoraram, e os jogadores da nova safra, mais moleques e bem-humorados, adoraram. Prova disso? LeBron James se comprometer a participar da próxima edição do campeonato de enterradas, vítima da empolgação da cabine telefônica, da kriptonita, de um pulando o outro. O LeBron, como deu pra ver na entrevita com o Kobe, está muito interessado na piada, na brincadeira, na diversão. Só consigo imaginar ele participando de um campeonato que descambe para a esculhambação, mais próximo do público, e pelo jeito ele também. A atenção retornou ao campeonato de enterrada de um modo tão drástico que os próprios jogadores agoram voltaram a se interessar. A subida do nível tático vai ser consequência, e o clima de piada deve permanecer por muito tempo. Agora, só temos a ganhar.

O que faltava para o campeonato de enterradas era justamente gente que quisesse participar, que fizesse questão de estar lá, coisa que já há muito tempo não acontecia. Fred Jones e Gerald Green, por exemplo, são a trigésima escolha de qualquer um, vinte nove outros jogadores devem ter dito "não" ao convite. Dessa vez, com estrelas querendo estar lá, o negócio passa a ter muito mais graça. Basta dar uma olhada no "Skill Challenge", o desafio de habilidades entre os armadores no fim de semana do All-Star. O vencedor foi o Derrick Rose, mas jamais um vencedor pareceu tão pouco interessado no que estava fazendo. Um monte de armadores fazendo um percurso de velocidade sem a menor vontade de correr não é das coisas mais divertidas de se assitir, convenhamos. O Rose, aliás, passou todo o fim de semana com cara de bunda, como se o All-Star Game fosse uma visita ao museu monitorada pelo Tim Duncan. Se os melhores armadores do planeta fizessem questão de participar e bater recordes, a coisa seria diferente. No campeonato de enterradas, já estamos mais perto disso. O Dwight pode ser palhaço e pentelho para alguns, mas ele recuperou um interesse quase extinto. LeBron participará, e fico na torcida para que Kobe leve isso no pessoal e participe também. A NBA agora pertence à geração nerd, bem-humorada, brincalhona, lendo Super-Homem no quarto com óculos de aro grosso. O Dwyane Wade, aliás, passou o fim de semana inteiro com visual de nerd dos anos 50. Avisem as garotas: os fracassados chegaram para dominar. Só elas é que não sabem (e nem vão saber).

sábado, 27 de dezembro de 2008

O jogo de verdade

"Fecha os olhos e adivinha quem é!"


Ah, o Natal! Família, presentes, aves geneticamente alteradas nas mesas de jantar, árvores secando cobertas de penduricalhos frágeis e idiotas, filmes infantis dublados na televisão, um punhado de idiotas testando os fogos de artifício comprados para o Ano Novo, álcool demais na cabeça daquele seu tio xavequeiro e sempre, sempre, alguém roncando na hora de lavar os pratos. Tudo isso, no entanto, está muito longe da verdadeira tradição natalina, daquilo que o Natal realmente significa: NBA. Não me venha com essa de que um cara nasceu há 2 mil anos atrás, por acaso você não viu todos aqueles Lakers contra o Heat, na época em que o Shaq havia sido trocado, ou aquela infinidade de Suns contra o Spurs, mesmo todo mundo sabendo qual seria o resultado? Isso sim é tradição, é por isso que todos nós esperamos um ano inteiro. Deixem as crianças acordarem babando nos presentes (pelo menos naquele curto período de tempo entre as crianças acharem que vão ganhar um Wii e elas enfim descobrirem que ganharam meias e uma camiseta justa demais), nós marmanjos acordamos pela manhã babando com a rodada de Natal na NBA. Todo o resto são apenas obstáculos que tentam nos afastar da simples e pura felicidade de um Lakers enfrentando o Celtics.

Confesso que os obstáculos foram bem grandes para mim esse ano, incluindo família, trânsito, chuva pra burro, um sedutor almoço feito com restos da noite anterior que acabou me tomando mais tempo do que o esperado, e acabei chegando em casa nos segundos finais de Spurs e Suns. Para a minha surpresa, o Suns vencia por dois pontos, mas como perfeitamente esperado por qualquer mamífero bípede que ande sobre a Terra, o Spurs conseguiu uma jogada manjada que permitiu ao Roger Mason converter uma bola de 3 pontos no estouro do cronômetro. O prêmio "Eu escolho Darko Milicic" da noite (em homenagem à escolha de Darko antes de Carmelo, Wade e Bosh) foi para o Jason Richardson, que ao invés de marcar o Roger Mason preferiu pular junto com o Tony Parker sabe-se lá porque.



Chega uma hora em que é preciso admitir a derrota. O Suns em seus tempos de correria fazia tudo direitinho mas alguma coisa sempre acontecia para o Spurs sair com a vitória. Foram quinhentas cestas de último segundo, jogadas perfeitas, erros oportunos, dores de barriga que acabaram dando certo. Com Shaq, mudanças no estilo de jogo, também não foi suficiente. Agora, o Suns é outro time, pelo jeito concentrou as bolas nas mãos de Shaq e de Amaré, que tiveram grandes partidas, num basquete de garrafão. Mas o resultado é sempre, sempre o mesmo contra o time de San Antonio. Coloquem quatro orangotangos com roupas de balé com o Duncan em quadra e ainda assim farão uma cesta de último segundo para vencer o Suns. Joguem o elenco fora, troquem os uniformes, mudem o esporte, coloquem os dois times para se enfrentar no "Passa ou Repassa" e o Suns ganhará na parte das perguntas, apenas para perder na prova final que vale 500 milhões de pontos a mais do que o resto do programa inteiro (sempre me perguntei, pra que se dar ao trabalho de se melecar no "Torta na cara" se o que decide mesmo a budega é a maldita prova final? Eu não participaria.)

Para nossa sorte, o jogo que veio a seguir não tinha um resultado óbvio e previsível. Eu não me conformaria em perder Lakers e Celtics por nada, principalmente levando em conta que eu de fato ganhei meias no Natal e tinha trocado dois jogos da rodada quíntupla por isso. A partida compensou as meias rapidamente, já que desde o princípio o que se apresentou diante de nossos olhos foi a partida mais feia e sensacional da temporada. Feia porque o jogo foi brigado, cheio de capotes, gente se tacando em cima de todo mundo e momentos que lembravam futebol feminino de escola, quando todas as garotas se atiram ao mesmo tempo em cima da bola o tempo inteiro. Mas sensacional pelo resultado, pela qualidade que surgia dessa bagunça. O melhor exemplo foi o tapa de vôlei que o Kobe deu na bola na briga por um rebote, que teria saído pela linha de fundo no outro lado da quadra se o Trevor Ariza não tivesse se atirado para salvar a bola dando uma assistência para o Vujacic no processo, que converteu a cesta apesar de sofrer uma falta. Ou seja, em todos os momentos da jogada, parecia que tudo iria dar errado, mas acabou dando certo. O próprio Trevor Ariza salvou outras bolas semelhantes durante o jogo, numa mistura de basquete, salto em distância e boliche. Em geral nunca é bom quando basquete parece estar misturado com boliche, mas dessa vez deu bastante certo: em parte porque era Natal e qualquer coisa seria melhor do que um par de meias (na verdade, dois pares), em parte porque o clima de final era palpável e o nível do jogo não foi comprometido por isso.

Dava pra saber que o Lakers estava encarando o jogo como se fosse a final da NBA simplesmente porque o Kobe pediu a bola em todas as malditas vezes que seu time esteve no ataque. Acho que não houve uma só vez que Kobe não tenha levantado a mão, desesperado, correndo pra lá e pra cá como um hamster no cio, exigindo receber um passe. No entanto, a marcação que recebeu foi implacável e, desde o começo do jogo, a opção do Celtics foi dobrar em Kobe em todas as ocasiões. Nas poucas vezes em que a marcação não dobrou, em geral porque não houve tempo, ele chutou o traseiro do Ray Allen, então a tática do Boston foi certamente bem acertada. Mas de modo algum suficiente: de fato impediu que Kobe recebesse a bola muitas vezes, e por isso lhe obrigou a demandar passes com tanta frequência, mas todas as vezes que tinha a bola em mãos e sofreu marcação dupla, teve a calma necessária para encontrar um companheiro livre. Colocou constantemente Pau Gasol em condições de pontuar, e foram os 7 pontos nos minutos 3 minutos finais do espanhol que deram a liderança decisiva para o Lakers, que depois foi alargada por lances livres todos apenas pra dar a impressão de que o jogo não foi disputado e impedir o suicídio dos coitados que não puderam ver o jogo. Aliás, se você é um deles, fica aqui a dica: dá pra ver o jogo inteiro, na íntegra, no YouTube. Está dividido em várias partes e, como bem sabemos, não vai durar muito - o David Stern é um velhinho muito entediado e possessivo, terrivelmente pentelho, e olha que ele nem ganhou meias, cuecas e um guarda-chuva de Natal como eu - e portanto quem quiser aproveitar o jogo precisa correr e clicar aqui.

O Gasol sem dúvidas foi um grande diferencial, se compararmos essa partida com a Final da temporada passada entre Lakers e Celtics. Na verdade, os dois times são bem diferentes hoje do que eram então. Pela equipe de Los Angeles, o espanhol está mais entrosado com o time e mais presente no garrafão. Trevor Ariza está saudável, desempenhando um papel importante, e Lamar Odom agora tem uma função diferente, vindo do banco. Mas a maior diferença foi Andrew Bynum, que passou grande parte da temporada passada e teve sua volta adiada mais e mais, até que a Final terminou e ainda estavam dizendo que ele iria voltar "no próximo jogo". Talvez se os playoffs fossem num formato "melhor de 42 jogos" o Bynum tivesse conseguido voltar, mas a verdade é que, ao menos pelo que vimos na partida de Natal, ele não teria feito tanta diferença assim. Não me entendam mal, o Bynum chuta traseiros e se eu tivesse que apontar um pivô para dominar a próxima década seria ele (ultimamente não ando botando muita fé em Greg Oden), mas ele ainda está longe de dominar os jogos e não influenciou muito no resultado final. Justiça seja feita, deu dois tocos em Rajon Rondo que acabaram desencorajando o armador a tentar de novo, mas no resto da partida foi meio invisível. Sua presença vale, sim, no conjunto geral da obra, porque o Lakers é um coletivo que parece funcionar cada vez melhor e evolui junto. É possível sentir a melhora de todos os jogadores de uma temporada para a outra.

Pelo lado do Celtics, as diferenças também são muitas, e o mesmo conceito da evolução coletiva se aplica. Ao invés de caírem de produção com a partida de James Posey, o time está ainda melhor porque todos os jogadores secundários subiram de nível, pura e simplesmente. Houve uma época em que o Celtics parou de usar o Mark Blount (que hoje em dia fede no Heat, mas na época era titular no Boston) alegando que "Kendrick Perkins é o pivô do futuro", e eu molhei minhas calças de tanto rir. Agora, quem diria, Perkins está provando que pode contribuir em muitos aspectos que não apenas sendo grande na defesa. O time pode contar com ele dos dois lados da quadra e, por alguns instantes, ele chega até a ser (pasmem!) uma força ofensiva. O reserva Leon Powe também está em alta, até porque ele e o Paul Millsap são clones feitos em laboratório e se o Millsap virou titular com a contusão de Boozer no Jazz e está com médias surreais de pontos, rebotes e até mesmo pontos, Leon Powe não poderia deixar de evoluir. Esses alas fortes, baixos, carregadores de piano, são sempre menospresados e acabam provando seu valor bem rápido. O Powe já tinha salvado um bom punhado de jogos para o Celtics na temporada passada, mas agora está cada vez melhor e impactando ainda mais os jogos. Mas nenhum deles evoluiu como Rajon Rondo. No final de sua primeira temporada, quando acabou sendo titular do Celtics por falta de elenco, já tinha mostrado seu potencial de Jason Kidd, pegando rebotes, puxando contra-ataques e não acertando arremessos. Na temporada passada, primeiro provou que não comprometia a equipe, e depois foi ganhando um jogo ou dois com seus rebotes ofensivos e bandejas inesperadas. Agora, por inúmeras vezes é indiscutivelmente o melhor jogador em quadra, domina jogos sem tentar um arremesso sequer e parece poder pontuar quando bem entender, simplesmente batendo para dentro do garrafão. O técnico Doc Rivers parece ter dado muito mais liberdade para o garoto, que agora divide o fardo ofensivo com Paul Pierce, Garnett e Ray Allen, e não posso deixar de lembrar de Tony Parker, que sempre pareceu poder pontuar quando bem entendesse mas só aos poucos foi recebendo a permissão para isso do técnico Gregg Popovich. Quando digo que o Rondo é uma mistura bizarra entre Jason Kidd e Tony Parker, não quero dizer necessariamente que ele será tão bom quanto os outros dois armadores, mas sim que ele tem traços deles que são impressionantes. Não acho que o Rondo jogaria tão bem em qualquer outro time que não tivesse três grandes estrelas para segurar as pontas, mas isso não é importante: ele tem as estrelas, melhora a cada jogo e o Celtics é um time melhor do que aquele que foi campeão na temporada passada.

Por isso mesmo é tão curioso notar que o Lakers acabou vencendo a partida. Isso deve significar que o time de Kobe e seus amigos é ainda melhor do que o imaginado, ou que o resultado foi apenas uma aberração - o que é difícil de engolir porque, tirando o Tony Allen que teve uma das piores atuações de um jogador não chamado Kwame Brown, o Celtics não jogou particularmente mal. O Lakers, por sua vez, sentiu muito nitidamente a falta de Jordan Farmar, o armador reserva que hoje em dia joga trocentas vezes melhor do que o Fisher, que fedeu bastante. O Farmar tem um dos desenvolvimentos mais perceptíveis e bem-vindos nesse elenco do Lakers mas passará um bom tempo fora, contundido. Se estiver de volta num próximo confronto, o Celtics terá ainda mais problemas para parar o ataque do Los Angeles.

O Boston não lidou bem com a derrota, que foi o fim da sequência de vitórias que compunha o melhor começo de temporada da história. A ressaca de Natal foi tão grande que ontem acabaram perdendo para o Warriors, que não é mais do que uma piada e ainda por cima estava sem Jamal Crawford e Corey Maggette, sem falar no Belinelli titular mais uma vez e finalmente liberto de sua pokébola. É aquela clara sensação de "bah, essa droga de temporada regular não serve para nada", também conhecida como "Complexo de Ron Artest" (o famoso "será que posso fugir do time para gravar um CD de rap e volto para os playoffs?"). De que adianta ganhar de todos os times se o que importa mesmo é ser capaz de derrotar o Lakers na Final? Os outros times que me desculpem, mas o Celtics não tem muito mais a se preocupar além do Lakers. O Spurs pode vencer o Suns o tempo inteiro, com um pé nas costas e um Roger Mason Jr. na zona morta, e eles até podem de fininho ter ido parar no segundo lugar do Oeste (como diabos eles fazem isso?), mas não parecem ter condições de vencer essa budega. Meu próprio Houston, que em seus altos e baixos alcança uns altos bem altos mesmo, nem sonha em levar um anel pra casa dessa vez. A rodada de Natal, que até teve outros jogos, provou na verdade justamente isso: essa parada é entre Lakers e Celtics, esses serão os jogos de verdade. Talvez seja ainda muito cedo, é verdade, e outros times possam subir freneticamente rumo ao topo. Mas nesse tempo em que estive fora e acabei nem postando, não parei de relembrar os lances do jogo entre as duas equipes, e no fundo é disso que se trata a NBA, grandes jogos inesquecíveis. Por enquanto, poucos podem se igualar a esse grau de intensidade, rivalidade, talento e técnica. Bem, talvez se o Suns ganhasse do Spurs de vez em quando pudessemos ter alguma competição. Mas por enquanto, é pra mim a rivalidade absoluta, o jogo pelo qual eu estou esperando. Minha Final favorita - escolhida com bastante antecedência e pedida para o Papai Noel. Espero ganhá-la como ganhei as meias, a cueca e o guarda-chuva. E gostar, dessa vez.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Trocas e arrependimentos

Para fugir do Larry Brown, o J-Rich disse que a mãe dele
tava chamando - "logo ali, ó, em Phoenix!"



Que o Suns não estava dando certo, isso todo mundo podia ver. O ataque não resistiu à saída do técnico D'Antoni e a defesa não ficou lá essas coisas com seu substituto, o Terry Porter. Como o Denis bem disse há um tempo, o Suns sentiu uma saudade brutal da correria que era parte da identidade do time. É verdade que o estilo falhava justamente contra os grandes times, contra as grandes defesas, nos momentos mais decisivos. Mas no resto do tempo - e, portanto, na enorme maioria do tempo - o Suns de D'Antoni chutava traseiros, ganhava os jogos com imensa facilidade, abria sorrisos nas crianças e atraiu uma grande massa de gente ao esporte. Com a chegada de Shaq, o objetivo era continuar a correria mas ter uma arma para o basquete de meia quadra, justamente o maior problema nas partidas contra o Spurs. O próprio Shaq disse que poderia correr numa boa, que não seria nenhum problema e que seu jogo lento era, até então, escolha técnica. Mas a empreitada não deu muito certo, optou-se por uma mudança de ares e o D'Antoni foi plantar batata.

A temporada acabou de começar e todo mundo já está visivelmente descontente com o novo técnico Terry Porter. Ter um ataque mais lento e cadenciado depois de passar anos com D'Antoni deve ser intragável, é como beber Fanta Uva depois de anos de vinhos caríssimos. Ao contrário da crença popular, o esquema de D'Antoni não é uma porra-louquisse sem critério, mas sim um detalhado e complexo sistema que cria movimentação de bola, criatividade e liberdade ofensiva. Agora todo mundo se sente preso, num ataque chato e que não é nem de longe tão efetivo quanto era antes. A defesa melhorou com o Terry Porter, isso é fato, mas já se fala em Phoenix sobre a necessidade de voltar a correr, de recuperar a identidade que o time possuia. Nash não rende tanto no novo esquema tático, Boris Diaw era obrigado a jogar como um simples ala, plantado no garrafão, ao invés de poder utilizar a versatilidade que um dia - ah, bons tempos aqueles - lhe deu o prêmio de jogador que mais evolui na temporada, e o Leandrinho, mesmo com todos os problemas psicológicos e familiares pelos quais vem passando e que com certeza influenciam seu jogo, é muito nitidamente o mais incomodado com a nova mentalidade do ataque do Suns.

É muito engraçado, então, que o novo técnico que veio justamente para dar ênfase na defesa tenha que inverter tudo e focar o ataque, que não está funcionando. Com essa mentalidade, o Suns mandou seu melhor defensor de perímetro, Raja Bell, e um jogador versátil e mal utilizado, Boris Diaw, em troca de um jogador puramente ofensivo que foi o líder em bolas de 3 pontos convertidas na temporada passada, Jason Richardson.

Está aí uma troca que deixaria Mike D'Antoni orgulhoso, mandar às favas a defesa e versatilidade (o D'Antoni é famoso por usar o mínimo de jogadores possível) e conseguir um jogador que vai melhorar ainda mais o ataque. Espera, espera, isso não é um tanto absurdo? O ataque estava bom, a defesa fedia, aí vem um cara pra cuidar da defesa, o ataque fica uma porcaria, e aí eles trocam por alguém que faça mais pontos? Sou só eu ou o Suns parece que se arrepende o tempo inteiro, fica abandonando e recuperando suas mentalidades, e não consegue decidir se corre, se fica, se defende, se ataca, se segura o Tchan ou se rala na boquinha da garrafa?

Eu sempre bato na tecla de que todo time precisa ter uma identidade. O jogador precisa entrar em quadra sabendo qual é o maldito plano, o que diabos ele tem que fazer. Se uma hora o plano é correr, na outra é defender, depois fica correr de novo, não tem como haver ritmo ou consistência na produção dos jogadores. Pior ainda é as mensagens contraditórias que a equipe técnica acaba passando para o elenco: "Gente, o negócio agora é esquecer o D'Antoni, vamos aprender a defender porque defesa é que ganha jogos. Aliás, fizemos uma troca pelo Jason Richardson, ele chega amanhã." Hã? É tipo um cara dizer que quer fazer limonadas e ficar comprando laranjas.

A troca também mandou para o Suns uma escolha de segundo round no draft e o Jared Dudley. O Dudley estava sendo titular no Bobcats porque o Larry Brown estava tentando até a mãe dele para fazer dupla de garrafão com o Okafor, mas não há ninguém que preste no elenco. No entanto, para jogar apenas no garrafão e ser carregador de piano, obedecer, pegar rebotes e ficar quieto, Dudley vai se encaixar bem melhor do que o Diaw. O francês, por sua vez, é muito mais talentoso e cheio de recursos, mas fica difícil imaginar ele sendo o parceiro de garrafão de que Okafor necessita. Minha suspeita é que o Larry Brown não vai gostar da idéia de usar o Diaw e os problemas debaixo da cesta vão continuar os mesmos. O Raja Bell deve se dar melhor, mas como o Denis bem me disse, com Bell e Gerald Wallace o Bobcats está bem para marcar qualquer time, mas nunca vai fazer mais de 80 pontos num jogo sequer. Aliás, não vejo como o Bobcats vai conseguir marcar 5 pontos sequer, acho que o Larry Brown surtou e quer ver quantos times ele consegue acabar de afundar junto com sua carreira.

O Terry Porter também está afundando no Suns, mas agora ganha uma nova tentativa. Acho que sua presença, pra ser sincero, apenas demonstra como o time de Phoenix era limitado, uma ferida com um curativo bem feito que segurava as coisas nos trinques. Com o cutucão que o Porter deu, a defesa não melhorou (sangramento eterno) e o ataque desmantelou, expondo o ferimento. Olhar o Knicks de agora talvez torne isso ainda mais claro. O time é limitadíssimo, incapaz de jogar na defesa, fadado ao fracasso eterno, mas D'Antoni colocou um curativo e agora a equipe faz mais de 100 pontos por jogo, movimenta a bola, joga coletivamente. Ele é, como diria o Wolverine, o melhor no que faz (SNIKT!), o Mestre dos Magos do ataque, mas não dá pra concertar tudo. Às vezes, querer arrumar todos os aspectos leva o time a desmoronar por completo e perder sua identidade.

Agora temos um Suns que resolveu voltar a correr, com um Jason Richardson que vai atacar a cesta e arremessar milhões de bolas de três. Bem, se essa era a intenção, então por que não manter o D'Antoni? O Suns agora é um time que nem se pauta pelo passado e nem se foca no futuro, completamente perdido no tempo. Resta nossa torcida de que eles encontrem um meio-termo, que Terry Porter encontre uma voz própria, e que o ataque volte, no mínimo, a empolgar. Antigamente o Suns perdia mas levantava a torcida, o que é bem melhor do que perder e ainda parecer o Fábio Puentes, dizendo "Dorme, dorme, dorme, dorme!". Os ânimos por lá andam de fim de feira, todo mundo insatisfeito e a torcida preferindo ir jogar Pokémon. Supostamente, a troca deveria dar um ânimo na equipe, colocar sangue novo e impor um ritmo mais veloz, mas não deu muito certo a princípio: Nash e Raja Bell eram melhores amigos e o canadense está legitimamente desolado, se dizendo incapaz de compreender que isso é "um negócio" como todos os discursos padrão de jogadores trocados. Agora, como se não bastasse, o Suns tem que se preocupar com o descontentamento de Nash, a depressão de dois amigos desfeitos, e todo mundo que se lembra do Mobley e do Steve Francis sabe que, às vezes, um dos lados nunca mais se recupera (Mobley, aliás, que se aposentou com problemas no coração - típico de quem passa uns tempos jogando pelo Clippers).

Enquanto isso, outra troca aconteceu, mas quem repara naquela garota mais-ou-menos que está andando do lado da Alinne Moraes? O Hornets agora tem um armador, o Antonio Daniels, para substituir o Jannero Pargo na temporada passada, que fugiu para a Europa. O Wizards, por sua vez, tem agora um clone ruim-pra-burro do Gilbert Arenas, que é o Mike James, e conseguiu um reserva de verdade para a armação pela primeira vez na última década, que é o Javaris Crittenton. Lembra que o Grizzlies tinha mais armadores puros e jovens do que vitórias (Mike Conley, Kyle Lowry e o Javaris Crittenton) e todo mundo dizia o tempo todo que eles iriam trocar ao menos um deles por um jogador de garrafão? Pois bem, eles trocaram mesmo um deles e mais uma escolha de segundo round no draft, mas apenas para recuperar a escolha de primeiro round que eles tinham mandado para o Wizards pelo Navarro, que depois de uma boa temporada se mandou pra Europa. Ou seja, essa troca com cara de suruba forneceu armadores para o Wizards e para o Hornets, que estavam precisando, e o Grizzlies apenas perdeu um jogador cheio de potencial para tentar concertar a cagada que fizeram ao trocar pelo Navarro, na época apenas para deixar o Pau Gasol feliz - hoje, um foi trocado para o Lakers e o outro escafedeu-se. Pois é, no mundo das trocas, não é só o Suns que se arrepende às vezes.

quinta-feira, 27 de março de 2008

"Both Teams Played Hard"

Rasheed Wallace falando coisas carinhosas para o técnico em seus tempos de Blazers


Mais um post que começa com uma foto do Rasheed. Sabem o que isso significa, meninos e meninas? É isso mesmo! Significa que, ao contrário do que pode parecer, não esquecemos de responder as perguntas dos nossos fiéis leitores, mesmo tendo outras coisas mais interessantes pra fazer, tipo assistir Knicks e Grizzlies. Intervalo de jogo a intervalo de jogo, vamos respondendo as perguntas aos pouquinhos, o que é uma bela desculpa para a demora e faz até parecer que assistimos jogos o dia inteiro. O que não é verdade, veja bem. Nós também costumamos ir ao banheiro.

Como toda semana alguém pergunta por que diabos essa coluna chama "Both Teams Played Hard", então é melhor tratar todos vocês como crianças de 3 anos e lembrar mais uma vez que esse é o espaço para vocês fazerem perguntas, pertinentes ou não, que serão respondidas pelos dois escritores desse blog, muito embora alguns psicólogos insistam em dizer que somos apenas um. Perguntas sobre basquete, relações afetivas, Spinoza ou aumento peniano serão respondidas com a mesma atenção pela equipe Bola Presa. Aqui a gente demora como telemarketing mas pelo menos responde suas dúvidas direitinho. E quando enrolamos nossos leitores, pelo menos não empurramos nenhum produto inútil pelas suas goelas. Por falar nisso, comprem camisetas do Bola Presa. Eu compraria.

Nessa semana, um cardápio variado: Cavs, Kobe, os favoritos para o prêmio de 6o homem do ano e bastante literatura portuguesa. Aproveitem que a coluna dessa semana é útil para o vestibular.

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lucas:

1-Oq vc axa da transmisao da esporte interativo? quando eu vejo os jogos da nba na e+i, tenho q ver sem som, pq nao da pra ouvir u andre henning i u paulinho vilas boas pagarem tanto pau pru cavaliers. Ainda mais quandoo varejao pega na bola. Como é q pode babarem tanto por essi time.
2- q numero o shaq calça?

3- pq u kobe mudo d numero, do 8 para o 24?


Danilo:
1 - Pra ser sincero, nunca tinha assistido a transmissão simplesmente porque não pegava aqui em casa. Agora que pega, eu preferia que não pegasse. Cinco minutos depois eu desliguei a TV e voltei a ver os jogos no computador. E olha que nem era um jogo do Cavs!

2 - O Shaq calça número 22 na gringolândia. Até fiz um esforcinho para achar uma tabela de conversão no Google para o nosso padrão, mas nenhuma tabela em sã consciência vai até o tamanho do pé monstruoso do Shaq. Então resolvi deixar pra lá. Essa é só uma coluna idiota mesmo.

3 - Cada um tem uma teoria. Uns dizem que é o número que o Kobe usava no colegial, outros que ele quis ser um acima do 23 do Jordan. Eu prefiro a corrente de pensamento que diz que o Kobe joga com a 24 porque é viado.

...

Rodrigo Lakers:
Lá vão as minhas, espero ser respondido antes do próximo eclipse solar!
1. Na opinião do blog, qual foi o melhor jogador da história (e o mais zicado também) que nunca ganhou um anélzinho sequer da NBA, nem de latão.

2. Qual é o segredo pra pegar a Alinne Moraes?

3. E uma dúvida que traumatizou toda a minha adolescência: Por que diabos no NBA Live 98 do Super Nes o Michael Jordan não tinha nome e usava o número 99?

Denis:
1. Não gosto de responder essas perguntas que dizem respeito a "melhor da história" em alguma coisa porque eu não vi a história inteira. Mas desses últimos dez anos acho que os mais talentosos sem terem sido campeões (entre os já aposentados) são Malone, Stockton e Webber.

2. Se eu soubesse eu nem teria esse blog, estaria eternamente ocupado demais fazendo outras coisas.

3. E porque você se importa com isso? O Jordan é superestimado, ele nem jogava tanto assim. Tem o Luc Longley no time do Bulls? Então tá feito.

Danilo:
3 - Lembra de uns Fifas que não tinham o Ronaldinho por problemas de contrato? Eu nunca me importei, afinal podia jogar com o Cafú. É o mesmo princípio!

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Renan Ronchi:
"Pois ela nunca dirigia-lhe a palavra; abafava-se a boceta" Queria saber o que significa a "boceta" nesse contexo. Trecho tirado do livro "O primo Basílio", de Eça de queirós. Obrigado.

Danilo:
Vê-se necessário analisar a definição desse sintagma no contexto do texto que o precede. O personagem sente-se enclausurado em uma boceta, ou seja, em uma caixa estreita, cada vez mais, conforme não lhe é dirigida a palavra. Desculpe acabar com seus sonhos pornográficos, portanto. E agora jogue esse livro no lixo antes que eu o faça por você.

...

William Bonner:
1- por que se chama both times played hard?
2- por que o nome do blog é bola presa?

3- por que vocês se chamam denis e danilo?

4- por que vocês torcem pro lakers e rockets?

5- por que diabos eu estou fazendo tanta pergunta?

6- por que vcs vão querer responder estas perguntas?

Denis:
1. Leia a primeira coluna do "Both Teams Played Hard" e descubra.

2. Porque a bola presa, além de ser uma situação de um jogo de basquete que envolve duas pessoas, como o blog, deve ser a jogada esteticamente mais feia de todo o esporte.

3. Eu chamo Denis por causa do Denis, o Pimentinha.

Danilo:
3. Eu chamo Danilo por causa do Danilo, o Caymmi.

Denis:
4. Eu torço pro Lakers porque gosto de times odiados por todo mundo e com uma torcida gigantesca. Sou louco por ti Corinthians!

Danilo:
4. Eu torço pro Rockets porque gosto de times que volta e meia são campeões mas mesmo assim sempre acabam amarelando! Salve o Tricolor Paulista!

Denis:
5. Porque você está drogado. Isso é facilmente percebido quando você assinou como "William Bonner". Porque você assinaria como sendo um cara chato, certinho, que come uma mulher sem sal e ainda tem que aguentar três pivetes chatos?

6. Eu não quero, apenas respondo.


...

felipe:
1- Vcs acham que com 5 vitorias seguidas (recorde da franquia) o bobcats vai pros Playoffs? 2-quem é o principal jogador do bobcats: Wallace ou J-Rich.?
3- Eu so o unico torcedor do Cats no Brasil?


Denis:
1. Hummmm... não.

2. Acho que o J-Rich é a principal arma ofensiva do Bobcats, mas o Gerald Wallace é mais completo e mais importante.

Danilo:
2. Faz uns 10 anos que eu sempre digo que esse é o ano em que o Bobcats vai pros playoffs e que o Gerald Wallace vai ser All-Star. Obviamente, a reação geral é de que eu sou biruta. Cedo ou tarde, vou ter que concordar.

Denis:
3. Não, tenho um amigo que é muito fanático e que em breve deve me zoar porque o Cats venceu meu Lakers. Basta uma olhada nas fotos do orkut dele pra ver se não é fã mesmo.
...

H20:
1. Na opinião de vocês, quem se salva no elenco Knicks?
2. Quando alguém finalmente conseguir tirar o Isiah Thomas do Knicks, o que o novo GM deve fazer pra dar um jeito no time?

3. O que um torcedor do Knicks, como eu, pode fazer até que isso aconteça?


Denis:
1. David Lee, Nate Robinson, alguns dias o Jamal Crawford, Renaldo Balkman e só.

2. Depois de tanta merda acho que o que o novo GM do Knicks pode fazer é, ou esperar os contratos horríveis acabarem e começar de novo, ou procurar uns doidos que queiram Randolph, Curry e cia.

3. Arrumar um segundo time, participar de ligas de fantasy e arranjar uma namorada gostosa acho que são as melhores coisas que um torcedor do Knicks pode fazer para se entreter até o time voltar a ser bom.

...

Diogo Costa:
1 - Já tem previsão pra chegar meu DVD? uhauhahuahu
2 - Ainda sobre os Pacers (serei chato com isso), o que está acontecendo com o Tinsley? Tá machucado, foi afastado ou o quê?

Denis:

1. Já chegou e mesmo sendo do Magic Johnson (do Lakers!!!), é todo seu!

2. A última notícia, do dia 12 de março, diz que ele iria ficar fora mais 3 semanas com problema no joelho. Então acho que ele volta só no mês que vem.


...

Genaro:
O Kobe mudou de numero pq ele mudou de patrocinador. O Celtics é o cavalo Paraguaio da temporada? Como o Mavs ano passado.

Denis:
1. O Kobe mudou por causa do patrocinador, mudou porque ele queria algo pra simbolizar sua nova fase na carreira, porque ele queria um número acima do Jordan, porque é o que ele usava no colegial. Depende da lenda que você acredita, são respostas diferentes.

2. O Mavs não era cavalo paraguaio, o estilo deles é que não batia com o do Warriors. Com o Celtics não vejo chance de ter um time com talento pegando eles antes da semi-final do Leste.


...

Sbub:
A ESPN vai trasmitir os playoffs do Oeste e as finais da Liga este ano?

Danilo:
Vai sim, Sbub. Depois de umas temporadas sem as Finais e sem o All-Star Game, resolveram abrir o bolso e transmitir tudo bonitinho. Aliás, pra temporada que vem a ESPN anunciou um pacote bem maior de jogos a transmitir, prometendo dois jogos por semana sem falta. Mas é claro que, como o Atlanta nos playoffs, eu só acredito vendo.

...

Renzo:
Quem (1 ou mais jogadores) o blog indicaria para sexto homem da temporada??? Ginobili não vale.

Denis:
Como assim o Ginobili não vale? Vai dizer que só vale gol dentro da área também porque vocês estão com goleiro-linha! Nada a ver, véio!
Mas falando sério, alguns outros bons sextos-homens (será que é o plural certo?) que mereceriam alguns votos são Leandrinho, Maxiell, Travis Outlaw, John Salmons, Carl Landry e Kyle Korver.

Danilo:
Também gosto do Josh Childress. E o que significa essa lista ter um jogador do Hawks, um do Sixers e um do Blazers? O fim dos tempos?

...

eric:
1. o amigo diogo costa acreditou que tava valendo um dvd pra promoção do all star! tsc, tsc. hahahahaha
2. vcs preferem quem: flavia alessandra ou alinne moraes?

3. A pessoa nas aveias quaker é uma véia ou um véio?


1. O Diogo acreditou, venceu e está com o DVD em casa. Acho que foi a fada do dente.
2. A Alinne Moraes ganha de todo mundo. (tirando minha namorada, te amo, querida!)

Danilo:
2. Citar o nome de outra mulher na mesma frase com o nome da Alinne Moares é heresia e deveria ser punível com a morte. Mas só digo isso porque minha namorada não costuma ler o blog!

Denis:
3. É uma mensagem subliminar que diz que quem come aveia fica com aparência andrógena.

...

marcelob1881:
1)Vocês acham que o San Antonio vai utilizar o Spliter na próxima temporada ou ele vai ser esnobado como fizeram com o Scola?
2)Vocês acham volei um esporte gay? Se quiserem eu posso responder: Sim, é muito gay.


Denis:
1. O Spurs tem o Kurt Thomas que é velho, o Horry que é avô e o Bonner que é o Bonner. Além disso, se arrependeram de ter mandado o Scola em troca de um pacote de Skittles. Eles vão usar o Splitter e usar bem.

Danilo:
2. Não acho que vôlei tenha nenhuma relação com a orientação sexual de cada indivíduo. E mesmo assim acho um esporte muito gay.

...

Cesar:
1)Quais são os principais personagens do livro o Auto da Barca do Inferno?
2)o qué o ciruclo de Krebs? e como acontece?

3)quem é pior Heat ou Knicks?

4)Quem voces escolheriam para MIP? e pra MVP?
5)Quem foi Parmenides?

6)Quem deve ser titular no Raptors Tj Ford ou Calderon?

7) o que voces acham do Amir johnson? Achei ele muito talentoso quando vi um partida do Pistons e ele entrou


Denis:
1. Fidalgo, Onzeneiro, Sapateiro, Parvo, Frade, alcoviteira, Corregedor, Enforcado e quatro Cavaleiros.

2. "Ciclo" e não "Círculo". O ciclo de Krebs, tricarboxílico ou do ácido cítrico, corresponde a uma série de reações químicas que ocorrem na vida da célula e seu metabolismo. Descoberto por Sir Hans Adolf Krebs (1900-1981).

3. O Knicks é melhor mas só porque o Heat está jogando com a equipe sub-17. Ontem eles venceram na prorrogação em um jogo que eu infelizmente não vi.

4. MVP: Kobe, MIP: Bynum, Jogador de defesa, Ariza e Lakers campeão. (claaaro!)

Danilo:
4. A gente ainda vai fazer um post sobre isso, defendendo nossas escolhas, mas meu MVP não é o T-Mac, o MIP não é o Yao Ming e o jogador de defesa não é o Battier. Um de nós dois precisa ter bom senso!

Denis:
5. Parmênides de Eléia (cerca de 530 a.C. - 460 a.C.) nasceu em Eléia, hoje Vélia, Itália. Foi o fundador da escola eleática. Há uma tradição que afirma ter sido Parmênides o discípulo de Xenófanes de Cólofon mas não há certeza sobre o fato, já que uma tradição distinta afirma ter sido o filósofo pitagórico Amínias (ou Ameinias) quem despertou a vocação filosófica de Parmênides.

6. Calderon, já disse isso umas mil vezes aqui.

7. Ele sempre entra bem nos jogos mas entra muito pouco. Antes da temporada vi um cara que cobre o Pistons dizer que nessa temporada ele iria estourar, ainda não foi dessa vez mas parece que é questão de tempo.

...

CaioJF:
1.Gostaria de saber o q acontece com o time do cleveland no terceiro quarto,Chega a ser ridiculo a forma como eles caem de produçao,erram praticamente tudo!
2.Bem agora q vcs estao mais conhecidos ainda,graças a publicidade feita para o blog,se precisarem de alguem pra guardar dinhero ou abrir uma conta nas ilhas cayman conte comigo!

3.pistões de detroit,esporas de san antonio,sóis(sóis?)de phoenix.Por que sera q os nomes em ingles ficam sempre mais legais?

Danilo:
1. Bem, teorias todo mundo tem. Como o LeBron é o jogador da NBA com maior número de pontos marcados no quarto período nessa temporada, isso tende a centralizar o jogo, corta a confiança dos outros jogadores, reduz a produção do resto da equipe. Mas numa clássica questão "quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?", dá pra argumentar que o LeBron força o negócio no quarto período justamente porque seus companheiros fedem e o time desaba no final do jogo. Em todo caso, a resposta para qualquer problema com o Cavs é sempre a mesma: técnico novo. Porque esse aí, vou te contar, fede demais.

2. O máximo que eu ganhei pelo Bola Presa foi um aperto de mão. Se algum dia ganhar algum centavo, pode deixar que eu guardo embaixo do colchão.

3. Essa é uma regra comum a várias coisas e os puristas da língua portuguesa sempre caem matando em cima. Ninguém torceria para os Esporas de Santo Antônio, ninguém compraria um CD da Donzela de Ferro ou do rapper 50 Centavos, e ninguém veria 24 Horas se o personagem principal chamasse José do Boteco. Algumas coisas funcionam melhor em inglês, é cultural. Provavelmente porque não estamos acostumados à tradição de acrescentar o nome da cidade ao time de futebol. No máximo, o que se faz aqui é acrescentar o nome do patrocinador ao da cidade, tipo Bauru Tilibra ou Apucarana Sempre-Livre, essas coisas. Hmmm. Pensando bem, torcer para os Esporas não é tão ruim afinal.


...

eric:
oq é esse ''vai chover!!''? comeram muito chocolate nessa pascoa? se vcs só pudessem escolher entre qualquer nba live e o magnifico jogo lakers vs celtics, qual vcs escolheriam?

Denis:
1. O "Vai Chover!!!" é o segundo melhor blog da história da internet, perdendo apenas para o grandioso, espetacular e bem dotado Bola Presa.

Danilo:
1. Blogueiros de basquete também tem cultura, viu só? Também sabemos ser chatos e acadêmicos!

Denis:
2. Sim, comi, estou comendo e quando enjoar vou derreter tudo e fazer mousse de chocolate (que é muito coisa de quem joga vôlei!)

Danilo:
2. Comi moderadamente porque tenho uma gastrite braba causada pelas contusões do Houston e o Spurs, como um todo.

Denis:
3. Lakers x Celtics sem pensar duas vezes!


...

Renzo:
Uma sugestão: O que acham de o blog fazer alguns posts destinados a comentários das pessoas que assistem aos jogos pelo computador? Vocês poderiam fazer uma "propaganda" do tipo: "Hoje vamos assistir a Lakers vs Celtics, que vai passar no canal X no software Sopcast. A caixa de comentários está aberta para debate durante o jogo". Que tal?

Denis:
Caro RENZO, sua sugestão foi recebida pelos nossos atendentes e vai ser analisada com muito carinho por nossa equipe. Obrigado pela preocupação e continue visitando o Bola Presa todos os dias.

(Sério, podemos fazer um teste qualquer dia desses pra ver se fica legal. Boa sugestão!)