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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O prêmio de consolação que deu certo


A gente tem o poder de elogiar um time e vê-lo perder na rodada seguinte. Ou falar mal de um jogador e ele meter 30 pontos no mesmo dia. Não costumamos estar tão errados assim, às vezes é só naquele dia mesmo, pra tirar uma com a nossa cara. Foi o que aconteceu com o Mavs que perdeu do Bucks bem quando o Danilo fez um post explicando a espetacular sequência de 12 vitórias seguidas do time de Dallas. Mas não se preocupem torcedores do Mavs, nossa zica dura pouco e perder do Bucks não é tão ruim quanto parece. Os veadinhos tem a quinta melhor defesa da NBA! Seu recorde negativo de 10 vitórias e 13 derrotas só existe porque são o segundo pior ataque. Quando conseguem colocar a bola dentro daquele anel laranja que fica pendurado num quadrado de vidro, eles são um ótimo time. Dá pra reclamar que jogaram uma vantagem de 18 pontos no lixo (em casa!), que sofreram com o Hack-a-Haywood e que fizeram uma cesta contra, mas nem tudo é perfeito, né?

Tem time muito mais satisfeito e com números piores na tabela, como o NY Knicks, e é deles que vamos falar e zicar hoje. A satisfação da torcida do Knicks, eufórica ultimamente mesmo sendo uma das mais pentelhas dos Estados Unidos, é explicado pelo enorme fracasso da franquia nos últimos 10 anos. Em 1999 eles se classificaram em sétimo para os playoffs mas mesmo assim venceram o Leste e foram até a final, em que tomaram de 4 a 1 para o Spurs. Nos anos seguintes, de 2000 até hoje, possuem o pior aproveitamento da NBA (perderam 62% dos seus jogos) ao mesmo tempo em que foram o time que mais gastou dinheiro com salários e técnicos. É como pagar mais que todo mundo por um videogame e levar pra casa um 3DO.

Com um desastre atrás do outro eles resolveram se focar em LeBron James. Passaram as últimas temporadas só acumulando contratos expirantes para chegar em 2010 com chance de levar o jogador mais humilde da NBA para a cidade mais humilde dos EUA. Não deu certo. Perderam para Miami não só LeBron como Wade, mas levaram um prêmio de consolação que muito time venderia a mãe para ter: Amar'e Stoudemire. E no desespero por um armador pagaram mais do que qualquer um pagaria pelo Raymond Felton. Essa offseason era pra ser a virada do Knicks, mas acabou sendo um "Fizemos o nosso melhor e ainda estamos em obras".

Mas a verdade é que o resultado tem saído maior do que muita gente (eu estou nessa!) esperava. Explico todas as razões.

Em uma matéria da faculdade, ainda no Brasil, fiz um projeto de como seria uma revista Bola Presa de basquete. Ficou bem legal e a matéria principal, que fiz só para o meu professor que não sabe nada de basquete ler, era sobre o Amar'e Stoudemire. Questionava se valeria a pena um time investir nele e colocava em questão os argumentos daqueles que acham que ele é um dos melhores jogadores da NBA e os que acham que ele é mais um produto da Steve Nash Ltda. Eu, desinteressante como sou, me colocava no meio termo. Ninguém tem mais de 25 pontos por jogo em uma temporada (como ele já teve duas vezes) só porque tem um armador bom. E era só ver os jogos dele (a segunda metade da temporada passada tem vários exemplos bons) pra ver como nem tudo o que ele fazia era produto de jogada do Nash. A maioria era, claro, mas quando se joga com o Nash é assim!

Mas eu ficava ainda em cima do muro porque achava que ele não era muito eficiente quando segurava muito a bola ou tentava comandar o jogo sozinho. É o tipo de jogador que tem que fazer cortas e brigar por um bom posicionamento para então receber a bola e fazer o que ele sabe fazer, pontos. Portanto, não era que Amar'e precisava do Nash, mas sim de um bom armador, qualquer um, não necessariamente um gênio.

No começo da temporada os meus medos se mostraram verdade, o Amar'e estava fazendo sua tonelada usual de pontos mas do pior jeito possível. Recebia a bola longe da cesta e demorava um tempão até conseguir infiltrar ou arremessar. Era um ataque sem padrão tático e sem a velocidade que o técnico Mike D'Antoni gosta de ver em seus times. O resultado numérico foi um Knicks que não assustava ninguém e que tinha melhores números quando Amar'e estava fora de quadra. Mesmo quando ele marcava 30 pontos acabava com -5 ou -10 nos "net points" ou "plus/minus", o número que conta o placar do jogo só quando certo jogador está em quadra. Era um típico caso de buraco-negro que lembrava os tempos de Zach Randolph no Blazers e no mesmo Knicks.

Mas com o tempo a coisa foi mudando, bem aos poucos, jogo a jogo. No começo os números do "plus/minus" ainda não favoreciam muito o Amar'e, mas ele já estava fazendo a diferença no quarto período dos jogos e o Knicks começou a vencer e não parou mais. São hoje oito vitórias seguidas e 13 nos últimos 14 jogos, e nesses oito jogos seguidos o STAT marcou mais de 30 em todos as partidas, um recorde da franquia e o primeiro jogador da NBA a conseguir pelo menos 8 jogos seguidos com mais de 30 desde que Kobe Bryant conseguiu 9 vezes seguidas na temporada 2005-06.

As duas últimas partidas foram simbólicas também para o Amar'e, ele não só fez jogadas decisivas no fim dos jogos como os números começaram a contribuir também. Na difícil vitória contra o Nuggets, o time esteve +16 com Amar'e em quadra e -12 com ele fora, antes, contra o Wizards, +13 com e -7 sem ele. Mas não vamos ficar presos nos números, o time agora consegue procurar ele em quadra mas sem se prender a isso. Eles fazem suas jogadas e não jogam em função do seu pivô. Ao invés de assistir ao Amar'e, jogam o basquete veloz que devem jogar e o acionam quando é a melhor opção. Eu outras palavras, estão entrosados.

E já que estão entrosados temos que falar dos outros jogadores que fizeram possível a gente falar bem do Knicks pela primeira vez em tanto tempo. Tudo começa com Raymond Felton, o armador que, nas sábias palavras de um analista do site FanHouse, "parece melhor jogador em 20 jogos pelo Knicks do que em 5 anos pelo Bobcats". Isso define o que é o Felton nessa temporada. Esqueça tudo o que já comentamos sobre ele nos últimos anos, é um novo jogador, mais agressivo (+4 arremessos tentados em relação ao ano passado), melhor arremessador (melhor marca na carreira em arremessos de quadra e segunda melhor em três pontos) e melhor em pontos, 18 por partida, 4 a mais que no ano passado. Também tem os melhores números em assistências, 8,7, contra 5,6 na temporada anterior, e em roubos, 2 por jogo, 8º melhor em toda a NBA. O aumento no número de assistências e de arremessos tentados mostra como ele tem uma função muito mais importante e que fica mais com a bola na mão no Knicks. No Bobcats ele distribuía a responsabilidade de armar as jogadas com Stephen Jackson e Boris Diaw, que são bons passadores, mas em New York ele tem a chance de comandar o show por conta própria e ainda pode jogar em velocidade. Ele não é nenhum Ty Lawson correndo mas se sente mais confortável no jogo de transição do que no basquete burocrático de meia quadra que o técnico Larry Brown usava em Charlotte.

Outra coisa que o Felton tem no Knicks que não tinha em Charlotte? Sorte:



Algumas pessoas tem criticado o Danilo Gallinari nessa temporada, mas acho que o jogo dele só tem muito problema pra quem tinha a expectativa de que ele seria um jogador completo e espetacular. Ele não é isso e acho que nunca vai ser, mas é um ótimo arremessador e até melhorou levemente o seu aproveitamento em arremessos perto do aro. É um role player que faz bem o seu papel e que não compromete porque quando está em um mal dia pode ser rapidamente substituído pelo Wilson Chandler, que faz a melhor temporada da sua carreira. Chandler é um dos vários bons candidatos ao prêmio de 6º homem da temporada com média de 17,5 pontos, 6 rebotes e 37% de aproveitamento nos três pontos, quase 10% melhor que na temporada passada! Ele dobrou o número de tentativas de três por jogo em relação ao ano passado, deixou de atacar o aro como antes e tem se estabelecido no time como um arremessador, usando o espaço que ter um pivô dominante como o Amar'e Stoudemire abre.

Por fim merece muito destaque o Landry Fields. Ele foi escolhido no segundo round do Draft e até dissemos aqui que ele deveria mofar na D-League. Não é à toa, os dois maiores sites que analisam universitários que vão para a NBA, o NBADraft.net e o DraftExpress, não colocavam o Fields nem entre os 60 draftados. O NBADraft.net dizia que ele era o 93º melhor jogador inscrito! 6 meses depois ele está recebendo o prêmio de novato do mês na frente de Evan Turner e John Wall. Pode-se questionar o prêmio, mas só de estar na discussão é uma surpresa, ele estar na NBA é uma surpresa, oras!

Ele tinha todas as características de jogadores que fracassam na NBA: Com 2,01m ele tem altura para jogar em diversas posições, na universidade jogava nas posições 2, 3 e 4, mas assustou alguns scouts da NBA ao se destacar mais na 4, como ala-pivô. Sem chance dele entrar num garrafão da NBA com esse tamanho. Também tinha o problema dele ter tido três anos discretos antes de brilhar no basquete universitário como Senior e, por fim, era bom em tudo mas não era especialista em nada. No segundo round do Draft os times costumam buscar especialistas (defensor, arremessador, reboteiro) ou algum cara de 19 anos que possa ser preparado para o futuro. Fields não era ruim em nada mas não era espetacular em nada e já tinha 22 anos. Ele tinha tudo pra dar errado.

Porém, observar talentos juvenis não é uma ciência exata e surpreendentemente ele está conseguindo repetir as atuações "all-around" em nível profissional. 10 pontos por jogo, 7,6 rebotes (excelente número para alguém de sua posição) e um roubo por jogo, sem contar os 52% de aproveitamento. Ele não força arremessos, é muito bom nos rebotes, erra pouco, defende muito bem e faz o trabalho sujo que o David Lee fazia até o ano passado como corta-luz, rebotes ofensivos, acompanhar o contra-ataque para aproveitar uma bola que sobre na sua mão, recuperação de bolas perdidas, etc.

Com a ascensão de todos esses jogadores, o Knicks saiu do nível de mediocridade que lhe era característico na última década e hoje parece um legítimo time de playoff no Leste. Mas depois disso aparecem duas perguntas:
1. Essa sequência de vitórias foi algo real ou um golpe de sorte?
2. O time precisa ainda de uma mudança drástica para realmente ir longe?

1. Eu não acredito que tenha sido um golpe de sorte, eles jogaram realmente um bom basquete, mas também abusaram de um calendário que os ajudou. Durante as 13 vitórias em 14 jogos, enfrentaram times em má fase como Clippers, Kings, Nets, Wolves, Raptors, Wizards e Bobcats. Além de pegar os bons Warriors e Hornets em seus piores momentos na temporada. Vitória impressionante mesmo foi a última sobre o Nuggets! Não é culpa do Knicks pegar esses adversários um atrás do outro e isso não desvaloriza o feito deles, a primeira sequência de 8 vitórias da franquia desde 1995, mas se nos próximos 14 jogos eles ficarem com 7-7 não vejam como uma aberração também.

2. O Donnie Walsh, presidente do Knicks, disse essa semana: "Se você acha que o time é bom o bastante você não faz nenhuma troca bombástica, se achar que não é o bastante você faz. Eu ainda não decidi o que eu acho sobre o nosso time".

Ele provavelmente vai se decidir até o fim do mês. Hoje o Knicks pega o Celtics e até o fim do mês enfrenta o Miami Heat, Orlando Magic e o Chicago Bulls, todos os times do Leste que estão hoje à frente do Knicks. Se o time tiver sucesso contra todos esses, talvez eles não façam nenhuma loucura atrás de Carmelo Anthony, mas se tomar um sarrafo atrás do outro é possível que alguma coisa mude, eles não parecem estar satisfeitos em voltar a ser um time de playoff, o plano do Knicks é mais ambicioso.

Um plano poderia ser esperar até a temporada terminar e simplesmente assinar com o Carmelo Anthony, que já deixou bem claro pra todo mundo que gostaria de jogar no Knicks. Parece o cenário perfeito porque assim eles não perdem nada fazendo uma troca, só ganham o Melo por nada. Mas a coisa não é tão fácil quanto parece. Primeiro porque o Nets está se equipando para continuar atrás de Melo, hoje já conseguiu mais duas escolhas de 1º round (de Lakers e Rockets, em uma troca que vamos analisar mais pra frente e enviou Joe Smith para o Lakers, Terrence Williams para o Rockets e Sasha Sharapova para o Nets) para mandar para o Denver junto com Derrick Favors em troca do ala. Depois porque o Carmelo quer assinar a sua extensão de contrato antes da temporada acabar, para não correr o risco de ganhar menos do que podia com o novo acordo financeiro entre a liga e os jogadores. O jogador prefere o Knicks sobre o Nets, mas entre ganhar muito mais dinheiro no Nets e menos no Knicks ele pode mudar de idéia.

Tem também uma terceira questão importante: O time pode precisar de mais peças para brigar com os times do topo do Leste, mas esse cara é o Carmelo Anthony? Afinal, o que ele traria para o Knicks são pontos e um poder de decisão no quarto período. Mas o Knicks é o quarto melhor ataque da NBA em pontos a cada 100 posses de bola, o segundo em total de pontos e Felton e Amar'e estão se virando mais do que bem nos quarto períodos fazendo o bom e velho pick and roll. Eles tem vários pontuadores, já falamos aqui de Gallinari e Chandler, não seria melhor buscar outro tipo de jogador?

O Knicks ainda é uma defesa fraca, é apenas o 24º melhor time da liga em pontos sofridos a cada 100 posses de bola e é o terceiro time que mais sofre pontos no garrafão, atrás apenas dos patéticos Raptors e Suns, que nem deveriam contar na lista porque eles não tem idéia do que é defender um garrafão. Entre Melo e um bom ala de força ou pivô para jogar ao lado de Amar'e, o que o Knicks precisa mais? É uma questão pra pensar durante o jogo de hoje contra o Celtics. Sim, eu sei que somar nossa zica de falar de um time e ele perder logo no dia que esse time enfrenta o melhor time do Leste é apelação. Mal aê, Knicks.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Preview 2010-11 / New York Knicks

 Cadê a Alicia Keys?

Objetivo máximo: Vão dizer que é ir para os playoffs, eu finjo que acredito
Não seria estranho: Não passar nem perto dos playoffs
Desastre: Feder a ponto do Carmelo Anthony ou do Chris Paul desistirem de ir para lá

Forças: Um ataque veloz e equilibrado
Fraquezas: Não defendem nem ponto de vista e não tomam boas decisões em quadra

Elenco:














.....
Técnico: Mike D'Antoni

Pra variar, relembremos nossa tradicional "Semana dos Técnicos":

O bigodinho mais famoso da NBA tornou-se praticamente uma lenda com a filosofia de "7 segundos ou menos", ou seja, a idéia de que as melhores oportunidades para pontuar acontecem nos primeiros 7 segundos de posse de bola. Na prática, isso significa correr como um maluco e arremessar o mais depressa possível. Parece estranho mas é uma tática funcional e responsável por formar um dos times mais velozes e divertidos de se assistir nos últimos anos.

A tática de D'Antoni é especialmente efetiva contra times mais fracos, sem identidade, que acabam sendo pegos na correria e tentam devolver na mesma moeda. Marcando trocentos pontos num ataque balanceado, evita-se que times com menos talento consigam manter o mesmo ritmo, mesmo que não exista esforço na defesa. Com isso, o Suns de D'Antoni chutou centenas de traseiros na NBA, aniquilando com facilidade os adversários mais frágeis mas suando contra adversários de peso. Ao enfrentar equipes equilibradas que joguem de maneira lenta e cadenciada, protegendo a posse de bola, a técnica de correr e arremessar (run 'n gun) de D'Antoni encontra graves problemas para funcionar. A encarnação na Terra da entidade cósmica do basquete lento e cadenciado é o Spurs de Gregg Popovich, que aniquilou ano após ano os "7 segundos ou menos", até que o Suns resolveu seguir em outro caminho.

Sempre insisti que o ataque do D'Antoni não é uma farsa, um sonho de criança, por ignorar a defesa e tentar vencer só no ataque. Na verdade, o plano dos "7 segundos ao menos" camufla uma série de limitações defensivas de suas equipes, pois obriga os adversários a jogarem rapidamente e tomarem decisões piores no ataque. Quando seu time não tem nenhum grande defensor nem consegue colocar em prática uma defesa coletiva, o melhor modo de lidar com isso é atacando em velocidade e forçando o adversário a fazer o mesmo. As defesas de Suns e do Knicks seriam ainda piores se um técnico defensivo assumisse e estipulasse um ataque lento, como vimos no Suns de Terry Porter. No entanto, precisei concordar um pouco com os odiadores do D'Antoni quando o Amar'e disse que, no Suns, nunca havia feito um único treino defensivo com  seu técnico. Nenhum! Dá pra acreditar num troço desses? Uma coisa é deixar a defesa em segundo plano se o ataque for melhor negócio, outra completamente diferente é ignorar a defesa por completo, jogar na privada e dar descarga. Às vezes, quando vejo o Knicks jogando, dá pra imaginar que realmente eles nunca nem brincaram de defender nos treinos, mas prefiro acreditar que isso é apenas exagero do Amar'e e ruindade dos jogadores.

A tática ofensiva do D'Antoni, no entanto, é bem menos efetiva no Knicks do que chegou a ser no Suns. O problema principal que o técnico enfrenta é a incapacidade que o time tem de tomar boas decisões em quadra. Ao contrário do que se imagina, atacar o mais rápido possível não significa dar qualquer arremesso de costas no meio da quadra como seu colega débil mental que não sabe fazer bandeja fica tentando na aula de Educação Física. É preciso saber onde colocar a bola para que surja a oportunidade de arremesso mais simples e rápida, e ter paciência quando ela não aparecer. O Knicks às vezes parece entender bem a ideia da coisa, mas em outros momentos apenas se afoba e tropeça nas próprias pernas, em parte pela falta de um armador que possa ser a voz de D'Antoni em quadra. Essas dificuldades sempre colocam em questão a viabilidade do esquema tático do D'Antoni em qualquer equipe, e sua capacidade de tentar outra coisa e se adaptar. Na temporada passada, o D'Antoni já foi mais maleável com a correria e o Knicks já se focou menos nos contra-ataques e mais em jogadas individuais de meia quadra, com foco no pick-and-roll, mas é óbvio que o técnico usa isso como útimo recurso apenas porque o time não consegue manter em alto nível o projeto inicial. Mas a chegada de Amar'e, que sempre floresceu nesse esquema tático do D'Antoni, pode lhe dar uma boa sobrevida e é capaz que o técnico experimente voltar um pouco à correria.

...

Quando analisou a chegada de Raymond Felton e de Amar'e ao Knicks, o Denis escreveu um post detalhado e gigaaaaante sobre o time que deixo aqui para ser lido na íntegra e mesmo assim colo quase inteiro aqui embaixo para todos aqueles que tem preguiça de dar um mísero clique com o mouse:


Para muita gente o dia da decisão do LeBron James de ir para Heat foi o símbolo do fracasso do Knicks nos últimos anos. Todos sabem que o time de Nova York passou pelo menos as últimas duas ou três temporadas mais preocupado em abrir espaço na folha salarial do que pensando em basquete de verdade, com LeBron sendo o alvo principal do plano. E pior,Wade Bosh eram as opções seguintes! Depois de tanto tempo, ficar com sua quarta opção é foda. É como passar anos planejando o casamento com a Alinne Moraes e na hora colocar a aliança no dedo da Wanessa Camargo.

No caso do Knicks até que era uma mulher mais gatinha que a Uanessa, o Amar'e Stoudemire é uma mina bem firmeza pra falar a verdade, mas uma que enjoa rápido. Como já dissemos no post em que comentamos a sua contratação, o Knicks fez a sua parte em garantir pelo menos uma grande estrela para não passar em branco. Quem se arriscou mesmo foi o Stoudemire, que corria o risco de não receber ajuda e ficar mais longe de títulos do que estava em Phoenix. E no fim das contas foi o que aconteceu. O Knicks perdeu a maior parte dos seus alvos e teve que se esforçar para colocar pelo menos alguns jogadores decentes em volta da sua nova estrela.

A maior contratação foi o Raymond Felton. O armador fez boas temporadas no Bobcats nos últimos anos, mas eu fui uma das muitas pessoas que esperava muito mais dele depois de vê-lo ter grandes atuações no seu ano de novato em 2005-06. No seu primeiro ano ele teve média de quase 12 pontos por jogo, nada mal, mas nunca conseguiu superar a casa dos 14. Nas assistências subiu variou de 5 a 7. Ele nunca foi ruim, mas também não foi espetacular como parecia que poderia ser. E ainda falhou em ser o líder do Bobcats. Quando o Larry Brown chegou em Charlotte, quis fazer com que Felton fosse o que o Billups foi naquele time do Pistons que ele treinou e foi campeão em 2004, alguém que controlasse a bola, o ritmo de jogo e chamasse o jogo nos momentos decisisvos. Ele até tentou e chegou a ter bons momentos de quarto período, mas o time só deslanchou quando o Stephen Jackson foi contratado e assumiu esse posto. Na defesa o líder sempre foi Gerald Wallace. Ray Felton era, em suma, o terceiro melhor jogador de um time que nunca foi mais do que o sétimo melhor time da conferência mais fraca da NBA.

Outra questão importante sobre o Felton é como ele vai se encaixar no time do técnico Mike D'Antoni. Mas para isso a gente precisa saber qual vai ser o esquema que o D'Antoni planeja usar. No seu primeiro ano de NY ele mandou o time correr como fazia no Phoenix Suns, era o segundo time mais veloz da NBA com 97,6 posses de bola por jogo. Depois de algumas derrotas humilhantes, resolveu se controlar um pouco e na temporada passada o time era outro. Com um pouco mais de jogo de meia quadra e apelando mais para os pick-and-rolls do que para os contra-ataques, foi apenas o oitavo time mais rápido, com 94 posses de bola por jogo. O que ninguém sabe é se o D'Antoni fez essa mudança porque acredita mais nela ou porque não tinha as peças para fazer diferente. E agora com Felton e Amar'e, vai decidir voltar ao plano anterior ou manter um time ainda rápido, mas um pouco mais controlado?

O time mais rápido passa por um armador rápido. Não tenho dúvidas de que um dos motivos (impossível saber todos) que fez o D'Antoni repensar o seu plano tático foi a incapacidade de fazer o Chris Duhon render em alto nível. Jogar na velocidade não é só ser rápido na corrida, é pensar, passar, driblar, infiltrar e tomar decisões inteligentes enquanto se corre. Steve Nash é o melhor da NBA nisso, Duhon era um rapazinho esforçado. O Felton é um meio termo. Ele sabe jogar na transição, fazia muito bem essas jogadas de contra-ataque com o Gerald Wallace no Bobcats, mas não é um jogador veloz. Eu vejo ele agindo bem em situações típicas de contra-ataque, como bolas roubadas ou tocos, mas não acho que ele tem a capacidade de fazer como o Nash de transformar qualquer posse de bola em um contra-ataque só com um pique e alguns passes longos e precisos.

Se o D'Antoni pensar como eu, o Knicks do ano que vem deve ser mais parecido com o da temporda 2009-10 do que com o de 2008-09, um time mais devagar. Espero que isso tenha sido levado em consideração na hora da contratação do Felton, que é mais um daqueles jogadores que são bons se você souber o que pedir deles.

Mas se a questão do tempo do jogo é um problema, o pick-and-roll não é. (...) Essa é a jogada que fez o Amar'e fazer 80% dos seus pontos na carreira, é onde ele mostra o seu melhor jogo. E nos últimos anos ainda foi capaz de fazer o pick-and-pop, que é quando, ao invés de correr para a cesta, quem faz o corta-luz fica parado para realizar o arremesso. Quando comentamos a sua contratação, pedimos um armador que soubesse fazer bem essa jogada, e Felton sabe. Sendo um bom passador (mas espere passes mais óbvios que os do Nash) e sendo, ao mesmo tempo, uma ameaça na infiltração e no arremesso vindo do drible, ele tem as ferramentas para fazer a jogada mais básica do basquete.

A outra conquista do Knicks nessa offseason foi ter conseguido um sign-and-trade com o David Lee. Um sign-and-trade é quando você assina com um jogador que era seu e virou Free Agent, caso do Lee com o Knicks, e logo depois o troca para o time que o jogador desejava ir. É um jeito do time não perder o seu jogador por nada e do time que recebe o jogador de abrir mais espaço salarial para receber um novo jogador. A troca foi com o Golden State Warriors, que mandou Kelenna Azubuike (eleito por mim no nosso formspring o jogador mais bonito da NBA), Ronny Turiaf (o melhor dançarino) e Anthony Randolph, um ala que já disputou duas temporadas da NBA e nunca foi citado numa frase sem a palavra "potencial" do lado. Típico caso do jogador que mistura partidas ótimas com outras medíocres e deixa todo mundo com um gostinho de que de lá pode sair alguma coisa interessante. Darius Milesestá aí para mostrar o perigo de jogadores assim, e Rajon Rondo para mostrar que de vez em quando os caras deslancham mesmo, e vão até mais longe do que se imaginava. Escolha o seu lado.

Para o Knicks, de novo, foi só uma saída para não sair com nada. Eles tiveram a chance de manter o Lee desde o ano passado, mas sempre se recusaram a oferecer uma extensão de contrato decente para que isso não prejudicasse o espaço salarial do time, agora pagam por isso. Perderam seu melhor jogador nos últimos anos, alguém que poderia jogar ao lado do Amar'e Stoudemire e que já se sabia que se dava bem em qualquer esquema do D'Antoni, para ganhar um monte de resto do Warriors. Azubuike, além de gatinho, sabe fazer seus pontos. Acho bem possível que ele acabe até virando titular nesse time, por falta de opções na posição 2, mas não deve estar para os planos em longo prazo do time.

O Turiaf pode dar certo demais no time. Basta uma de suas danças típicas depois de uma enterrada do Amar'e, para que ele vire um favorito da torcida e alguns tocos e rebotes ofensivos para que se torne a primeira opção do banco de reservas entre os jogadores de garrafão. Já o Anthony Randolph pode dar muito certo se conseguir ser mais regular nos seus melhores dias. Ele é bem alto, tem 2,10m, mas uma mobilidade e velocidade absurda. Para ele, sem dúvida alguma, seria melhor que o time fosse o mais veloz possível, pouquíssimos jogadores da sua altura conseguem acompanhá-lo na transição, e ele ainda é muito fraco tecnicamente para criar jogadas próprias no 1 contra 1 no jogo de meia quadra.

Outro problema é que ele joga na posição 4 e não tem chance alguma de ser pivô por ser muito magrelo. Se ele for ser titular, força Amar'e a jogar de pivô, coisa que ele já fez mas que reclamou de fazer a vida inteira, não seria surpresa se tivesse uma cláusula no contrato dele exigindo que ele fosse um ala de força. Isso sem contar a total incapacidade do Stoudemire de marcar jogadores mais altos que ele. Minhas dúvidas sobre como os dois podem funcionar juntos me fazem achar que Randolph vai vir do banco e que esse banco, se achar o armador certo, pode ser um time mais rápido que a equipe titular.

Talvez já pensando em um pivô que não seja o Eddy Curry para atuar ao lado de Amar'e, eles contrataram o russo Timofey Mozgov, que jogava no Khimki Moscou e na seleção russa. Eu não conhecia nada do jogador, mas pesquisando eu vi vários vídeos dele e recomendo esse que mostra os melhores momentos dele pela seleção russa enfrentando a Grécia. Acho que esse vídeo resume bem que é o Mozgov, um jogador que consegue ser ágil para o seu tamanho, 2.16m, tem um bom tempo para o toco, mas que dificilmente fará pontos na NBA que não sejam de rebotes ofensivos. Talvez o Knicks só queira ele para isso mesmo, um parceiro defensivo para o Amar'e, alguém para jogar 20 minutos por jogo. Se o plano foi esse, parece que foi uma boa contratação, mas melhor esperar para ver uns jogos dele antes."

Vale acrescentar ao post do Denis que o preview do Knicks e do Nuggets não foram os dois últimos porque não gostamos dos times ou algo parecido. Apenas enrolei os dois ao máximo porque a qualquer momento o Carmelo Anthony poderia ser trocado e ir parar em New York, e eu é que não ia ficar fazendo preview de novo, nem dei conta de lidar com esses aqui! Mas o ponto principal é que o Knicks não consegue ficar satisfeito. Sonhavam com LeBron, Wade, Amar'e, conseguiram só o terceiro. Abriram mão das últimas temporadas para concertar uma série de erros financeiros da última década e achavam que poderiam começar de novo com novas estrelas - que não vieram. Agora, frente a essa fracasso (ainda que a equipe já tenha melhorado muito), já sonham com Carmelo e com Chris Paul e se dizem dispostos a trocar qualquer um da equipe para que isso aconteça. O primeiro passo para isso já foi dado: Eddy Curry, o pivô gordo que literalmente desapareceu nas férias e botaram a polícia para encontrá-lo (como alguém perde um gordo daquele tamanho?), já recebeu parte do seu salário anual adiantado para que seja mais fácil trocá-lo ou mandá-lo embora. Seu contrato termina ao fim da temporada e enfim o Knicks vai ter dinheiro novamente para ir atrás de Carmelo, Chris Paul e o diabo a quatro. 

Por melhor que seja esse Knicks de agora, ele está me cheirando a bagunça (jogadores que precisam correr junto com jogadores que rendem melhor correndo menos, etc) e a temporada jogada no lixo para, pra variar, esperar os jogadores que podem ser conseguidos na temporada seguinte. Se o Carmelo deixar o pessoal do Knicks chupando o dedo, será que uma hora eles aprendem a se concentrar no presente e tentar montar um time com as peças disponíveis?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Vitória sem vingança

Nash imita o Cristo Redentor


Para quem não é fã do Spurs, os últimos 10 anos não foram tempos muito divertidos. Desde 2003, parece que o Spurs não fez outra coisa além de chutar o traseiro do Phoenix Suns. Quanto mais a NBA ficava defensiva, quanto mais os times se transformavam em enormes retrancas, quanto mais os times pareciam todos iguais tentando arranjar peças similares umas às outras, mais o Suns se levantava como uma alternativa viável, um basquete diferente, uma mentalidade quase insana, mas que também era capaz de dar resultado. Com apenas um único problema: não era capaz de dar resultado coisa nenhuma. Porque o Spurs não deixava.

Como acontece com todo projeto político, para provar que seu plano dava resultado, o Suns teve que - funhé! - abandonar seu plano. Primeiro foi a contratação de Shaquille O'Neal, dando ao Suns um jogo de meia quadra e um cara para trombar com Tim Duncan, depois foi a mudança de técnico para tentar se focar na defesa. Não deu certo.

Os erros foram se acumulando, o tempo foi passando, e a gente desistiu de um monte de coisas: a Alinne Moraes não vai ficar pelada, eu não vou ganhar na loteria, e o Suns não vai ganhar do Spurs. Como surpresas, no máximo esperamos um pneu furado pela manhã que nos poupe de chegar no trabalho, ou um incêndio que acabe com o escritório, talvez um Jogo 7 nos playoffs entre o Spurs e o Suns e olhe lá. Mas não conseguimos acreditar na vitória mesmo quando ela era mais provável.

Levou anos para o Spurs finalmente não ter as peças necessárias para colocar em vigor o esquema tático absurdamente rígido do técnico Gregg Popovich. Faltava um defensor no perímetro, um arremessador de três da zona morta, arremessadores experientes que gostem de arremessar com os pés parados, um biruta de posto no garrafão pra fazer faltas duras no lugar do Duncan. Levou anos para o Spurs sem as engrenagens certas ainda contar com lesões de Ginóbili e Tony Parker, tirando da equipe qualquer esperança de ritmo de jogo, algo tão essencial para um time regular como esse. Durante as últimas semanas recuperaram todos os jogadores de contusão, conquistaram algum ritmo, conseguiram descobrir em George Hill alguém para defender e arremessar da zona morta. Mas ainda ficaram claros os buracos no elenco que Popovich não podia tapar sem jogar seu plano de jogo pela privada.

Levou anos para o Spurs ser um time de defesa mais capenga e que, portanto, depende mais do ataque e joga melhor em velocidade. Levou anos para o Suns ser um time com melhores reboteiros, que joga melhor num ataque de meia quadra, defende melhor e corre menos. Com o Spurs correndo mais, querendo usar um time mais rápido e mais baixo (Parker, Ginóbili e George Hill) e o Suns correndo menos, tendo mais opções no jogo individual (Jason Richardson, Grant Hill), não dava nem pra saber qual dos dois times jogava mais na correria do que o outro. E mesmo assim a gente achava que o Suns iria ganhar sem sequer confiar nas nossas próprias palavras. No fundo aquela certeza de que o Spurs ia dar um jeito, como sempre deu. O Ginóbili iria arrumar um modo de ganhar os jogos no final se tacando no chão argentinamente.

Os quatro jogos da série viram Grant Hill sair contundido para voltar minutos depois como se nada tivesse acontecido, e Steve Nash sair sangrando de quadra para voltar minutos depois - com 6 pontos tomados na cabeça e um olho a menos na cara - como se nada tivesse acontecido. Ué, os dois não deveriam ter morrido misteriosamente enquanto alguém aleatório do Spurs (eu chutava o Matt Bonner) marcaria 50 pontos inesperados? O Nash não deveria morrer em quadra vítima do ataque de um navio bucaneiro por estar jogando caolho, fantasiado de pirata?

Tudo deu certo para o Suns e bizarramente errado para o Spurs. Foi um encontro muito diferente daquele que ficamos acostumados, com um Spurs diferente e baleado que se encaixou muito pior em um Suns diferente e reforçado em aspectos mais diversos do que só o campo ofensivo. É até difícil acreditar que, mais do que vencer o Spurs, o Suns varreu a equipe de San Antonio com um estrondoso 4 a 0 na série. Fico feliz de não ter sido com Shaquille O'Neal, às custas do projeto de um Suns ofensivo, se vendendo apenas para se livrar do rival. Mas não há como não ficar com um pingo de tristeza ao ver as consessões que o Suns fez para sair vitorioso dessa série, jogando com um pivô, segurando a bola, pegando rebotes ofensivos. Há muito do Suns de resistência, do Suns rebelde e subversivo que aprendemos a amar, como um Nash vovô jogando muito, Amar'e pontuando mas incapaz de defender, um pivô chamado Channing Frye que só arremessa de três pontos, um banco de reservas que corre como louco (até mais do que o time titular). Mas essa vitória não muda nem compensa as derrotas anteriores - agora é tarde.

Assisti emocionado ao Duncan se aproximar de Nash, após o fim da partida, e pedir desculpas pelo talho que abriu na cabeça do canadense. Duncan estava sorridente, sinal claro do apocalipse. Depois, Duncan foi dar tapinhas no ombro do Amar'e e dizer que agora é a hora do garoto. Parker abraçou o Nash com nobre admiração, depois de ter dito um dia antes que é um grande fã do armador canadense e que aprendeu muito assistindo a ele jogar durante os últimos anos. Até o Ginóbili conseguiu abraçar Grant Hill sem se jogar no chão e pedir uma falta. Esse time do Spurs é grandioso, saiu de quadra com um sorriso no rosto, consciente de que perde apenas porque a máquina não tem mais as mesmas peças. Simplesmente chegou a hora do Suns de ir em frente. É claro que a equipe de Phoenix respira aliviada e se sente parcialmente vingada, mas pegou um adversário combalido e o enfrentou depois de anos adulterando seu elenco. Legal, estou feliz pra burro e torço para o Suns coroar essa vitória com um anel de campeão depois. Mas ficamos longe de ter aquela vingança, aquela vontade de sangue que as séries passadas tiveram. Não apenas estamos fadados a nunca ver um Jogo 7 entre Suns e Spurs, como também só vimos o Suns vencer frente a esse Spurs sem muitas chances, quase desistente, dócil, cheio de abracinhos no final. Bowen e Horry não abraçariam ninguém, a não ser para bater carteiras - mas felizmente o basquete os engoliu faz um tempo.

O San Antonio Spurs é como chocolate amargo, parece horrível perto do docinho gostoso que estamos acostumados desde bebês tomando Ovomaltine. Mas aos poucos vamos acostumando e tomando gosto pela coisa. Com os anos aprendi a apreciar mais e mais o basquete do Spurs, admirar Tim Duncan e bater palmas para o jogo subversivo de Tony Parker e Ginóbili que, muito aos poucos, foram dobrando o esquema tático de Popovich. Mas esse não é o mesmo Spurs que chegou numa semi-final de conferência passando bolas decisivas para o Richard Jefferson errar seus arremessos livres. Dá pra imaginar o Suns não tendo que marcar um dos arremessadores do Spurs? Culpa do Spurs que apostou as fichas no cara errado, mérito do Suns que fez as trocas certas e soube reforçar fraquezas do time sem colecionar grandes defensores.

Nem acredito que vi o Suns passar do Spurs, resolvi até postar rápido antes que a NBA resolva cancelar o resultado por doping ou alguma loucura do tipo, haverá tempo de se falar melhor dessa partida mais pra frente, enquanto esperamos o vencedor de Lakers e Jazz. Mas uma parte de mim percebe claramente que não há uma vingança acontecendo aqui: um Suns diferente venceu um Spurs mais diferente ainda. Em quatro partidas fáceis, quase sem graça. Todo aquele desgosto de ver o Suns experimento de cientista maluco ser eliminado por um Spurs brutal e violento continuará para sempre entalado na garganta. O Nash sangrou por uma cotovelada sem querer de um Duncan que até pediu desculpas constrangido, é uma outra realidade. A vitória dessa noite vem com alegria para o Suns e com aceitação para o Spurs, que sabe de sua necessidade de, agora, reconstruir. Mas não há espaço para alivio na equipe de Phoenix. Os tempos são outros e o Spurs era uma equipe babinha: pela frente, deve vir Lakers. Não vai adiantar nada se livrar de uma zica que durou uma década para ser eliminado de novo. Se não for campeão, esse Suns vai desmontar e se vender de novo, cada vez mais longe do projeto inicial. Quem será que contratarão, na temporada que vem, pensando apenas em parar Kobe e Gasol?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

As trocas menores

Tyrus Thomas e mais um monte de gente voou para outro time nessa quinta-feira

Enquanto o Danilo não chega para falar da grande troca do dia, a que levou Kevin Martin para o Rockets, Tracy McGrady para o Knicks e muito espaço salarial para o Kings, eu aproveito para falar de todas as pequenas trocas que tornaram o dia de hoje um dos dias-limite para trocas mais movimentados dos últimos anos.

Sem enrolação, vamos lá:

Chicago Bulls manda: Tyrus Thomas
Charlotte Bobcats manda: Acie Law, Flip Murray e uma escolha de 1º rodada de draft do Bobcats

Dois vencedores nessa troca. O Bulls queria se livrar do Tyrus Thomas e do máximo de contratos que pudesse para ter o espaço necessário na folha salarial para entrar na briga por LeBron ou Wade na temporada que vem. Conseguiu isso já que os contratos de Murray e Law acabam nesse ano. De brinde, conseguiram o que o Clippers não foi capaz de fazer com Thronton e Camby, levaram uma escolha de draft para tentar a sorte num futuro próximo.

Boris Diaw não tem sido regular, Diop e Chandler só se machucam e Nazr Mohammed é bom mas nem tanto. O Bobcats procurava desesperadamente alguém para dar um jeito no seu garrafão e conseguiu! Perdeu pouca coisa e em troca ganhou um baita jogador que deverá brilhar muito sob a tutelagem do Larry Brown. Ele é reboteiro, agressivo no ataque e nos tocos, e com os toques defensivos do técnico será imediatamente importante na equipe.

A troca, porém, deixou a armação do Bobcats com pouquíssimas opções, Larry Brown terá que respirar fundo e usar dois caras que não estavam agradando o exigente (jeito simpático de dizer "chato, pé no saco") técnico: DJ Augustin e o novato Gerald Henderson.

atualização: O garrafão do Bobcats está tão mal que o Yahoo!Sports diz que eles acabaram de conseguir o avô do (já avô) Greg Oden, Theo Ratliff, com o Spurs. Isso que é desespero! Só não informaram ainda o que os Bobgatos mandaram em troca.
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Chicago Bulls manda: John Salmons
Milwuakee Bucks manda: Joe Alexander e Hakim Warrick

Outra troca puramente financeira para o Bulls. Ao invés de se contentar em ser o sexto melhor time do Leste eles estão perdendo bons jogadores apenas para poder tentar dar um passo rumo ao topo na temporada que vem. Arriscado, mas necessário. E Warrick ainda poderá quebrar um galho com a ausência do Tyrus Thomas.

Para o Bucks a troca é muito boa. Perdem dois jogadores que jogavam pouco e não eram essenciais no elenco e em troca recebem um pontuador. Considerando que marcar pontos é a maior dificuldade da equipe e que o Salmons joga na posição do machucado Redd, foi uma boa aquisição para tentar roubar a oitava vaga nos playoffs.
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Washington Wizards manda: Dominic McGuire
Sacramento Kings manda: Uma escolha de 2º round e bufunfa

Típica troca de último dia de trocas. Um time quer fazer uma graninha, outro quer uma escolha de draft, um perdeu muita gente em trocas maiores e quer compor o elenco e por aí vai. Você nunca mais vai ouvir desse negócio na sua vida.
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New York Knicks manda: Darko Milicic
Minnesota Timberwolves manda: Brian Cardinal

Com essa troca o campo magnético da Terra foi alterado, as regras vigentes na economia mundial mudaram por completo e o Wolves agora é sério candidato ao título e à presidência dos Estados Unidos. Ou numa versão menos plausível...

O David Kahn, manager do Wolves, disse estar intrigado com o Darko. Disse que ele às vezes dá flashes de grande jogador e logo depois de jogador horrível e que decidiu dar meia temporada de chance ao pivô sérvio na NBA antes de sua despedida, já que Darko disse que após essa temporada ele não pretende nunca mais jogar nos EUA.

Já o Knicks fez a troca porque o contrato do Cardinal, que expira também ao término dessa temporada, é um pouco mais barato, rendendo uma economia nas multas pagas pela equipe.
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Memphis Grizzlies manda: Escolha de 1a rodada
Utah Jazz manda: Ronnie Brewer

O Jazz já trocou Eric Maynor por um pacote de Trakinas vencidas por questões financeiras e aqui repete a dose. Por uma singela escolha de primeira rodada mandam um belo jogador, Brewer, que ajudaria qualquer time com sua velocidade, explosão, ótimos números em roubo de bola e eficiência no contra-ataque.

O Grizzlies não perde quase nada e em troca recebe tudo o que precisa. Um cara que se encaixa com o estilo de contra-ataque do time e, finalmente, um jogador decente para vir do banco de reservas. O banco do Memphis era um dos que menos tinha minutos por jogo e era claramente um dos menos talentosos da NBA.
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Boston Celtics manda: Eddie House, JR Giddens e Bill Walker
New York Knicks manda: Nate Robinson e Marcus Landry

A troca estava combinada faz tempo, mas por questões financeiras não poderia ser apenas House por Robinson. Depois de horas e horas de conversa eles pensaram "Hum, que tal a gente mandar um monte de jogador ruim, que não entra em quadra e com contratos que já vão acabar?" Perfeito.

Agora o Eddie House brinca de arremessar de 3 no esquema do D'Antoni até acabar seu contrato no fim do ano, enquanto o Nate Robinson vai lá estragar o Celtics. Claro que ele é melhor e mais completo que o House, mas também mais fominha, estraga mais o resto da equipe e quer ser herói quando não deve. Cansei de ver o Nate perder jogos sozinhos para o Knicks porque ele que queria fazer a cesta da vitória ou a cesta da virada. Ridículo, o Celtics vai se arrepender dessa troca.
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Philadelphia 76ers manda: Royal Ivey, Primoz Brezec e uma escolha de 2º rodada
Milwuakee Bucks manda: Jodie Meeks e Francisco Elson

Uau! Que revolução. Na prática o Sixers mandou um bom dançarino e uma escolha de 2º rodada em troca do jovem e talvez-útil-se-der-sorte Jodie Meeks.
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Em nota também importante, os fracassos: apesar das tentativas de Heat, Cavs, Knicks, Kings e mais um monte de gente, ninguém tirou o Amar'e Stoudemire de Phoenix e nem Carlos Boozer de Utah.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fantasiando a correria

Se joga, amiga


Nós sempre comentamos dos times que correm muito por aqui, até tentei parar por um tempo para não ser repetitivo mas a verdade é que esses times encantam. Um time que joga rápido e joga bem sempre parece invencível, parece que não dá chances para os seus adversários. E ainda fazem isso usando as coisas que mais botam fogo em uma torcida de basquete: contra-ataque, bola de 3 e enterrada.

Se você assiste e joga basquete há mais tempo pode até não se exaltar tanto com essas coisas, quer dizer, se você não se exalta de jeito nenhum eu sinto informar que você perdeu o amor pelo jogo. Mas o que quero dizer é que depois que você começa a manjar mais do assunto, passa a berrar “OH MEU DEUS!” depois de uma jogada de garrafão do Duncan ou depois de ver o Kobe humilhar alguém com giros e um simples jumper. Uma questão de repertório.

Mas para todo fã comum e uma parte ainda viva do fã hardcore, os times que jogam em velocidade trazem aquilo que lhes faz gostar do jogo. Você não começou a ver basquete porque o Olajuwon sabia fazer ganchos com as duas mãos, mas porque o Jordan corria e voava nos contra-ataques.

Nessa década o Dallas foi o primeiro grande time da correria, mas o que ficará para a história mesmo é o Suns, provavelmente o mais organizado time que já jogou sem defender na história do basquete. O time encantou, rendeu dois MVPs ao Steve Nash e sucumbiu na mão do outro extremo da velocidade e espontaneidade, o Spurs.

Uma coisa curiosa que o Suns simboliza perfeitamente é a relação dos torcedores com a questão show/resultado. Foi quando o Nash começou a distribuir passes em ângulos que a gente não viu em 15 anos de escola que começou o ciclo dos admiradores da correria, que diziam que era o mais puro basquete-arte. Mas foi com o mesmo Suns, depois de transformar esses basqueteiros comuns em torcedores vorazes, que encerrou-se esse ciclo, com a história de que o run'n'gun estava fadado à derrota e que basquete de playoff é defesa.

Então todo mundo volta a perceber que, mesmo com talento de sobra, esses times vencedores como Pistons, Spurs e Celtics uma hora cansam e a gente quer ver magia de novo, a gente quer ver a defesa mas quer ver o ataque como contra-ponto. Difícil descrever como é divertido os defensores do ataque alucinante e os da defesa sólida defendendo seu ponto como se fossem democratas e republicanos: os dois defendendo a mesma coisa por meios diferentes e os dois sem a razão completa.

Então depois de encantar, de decepcionar e de até tentar mudar de partido, cá está o Suns de novo. Desistiu de tentar virar um time mais defensivo e voltou a correr. Depois de duas semanas de temporada o Suns é o melhor time da NBA, o Nash é líder em assistências por jogo, o Frye está aproveitando sua última chance, eles tem o quinto melhor ataque e tudo isso sendo o segundo time com maior ritmo ofensivo da liga, atrás apenas do Warriors. (O ranking é feito baseado no números de posses de bola por 48 minutos)

Agora uma pergunta que eu já sei a resposta: o Suns vai ser campeão?
Para quem não sabe, não, não vai ser campeão. Talvez a maior beleza desse time do Suns é que provavelmente eles sabem disso. Sabem que estão abrindo mão do basquete que ganha e sempre ganhou títulos na NBA para jogar o único basquete que eles sabem, o mais bonito. É abdicar o fim pelo meio. Arte pela arte.

É bem possível que eu esteja fantasiando isso, que fique claro. Na cabeça do Nash e do Amar'e eles estão indo com tudo para o título e irão chorar se perderem nos playoffs de novo, mas prefiro fantasiar como eles fazem a gente fantasiar. Prefiro pensar que o Suns decidiu simplesmente fazer o que sabe sem pensar no resultado final. Jogar bem, jogar na correria e não se adaptar especialmente para vencer o Spurs, para defender melhor ou qualquer coisa que o valha. Jogar por jogar e ver o que acontece. Para mim esse é o Suns e é por isso que depois de alguns anos com certa raiva deles, volto a sentir aquele prazer infantil ao assisti-los.

...
Nota: A Dime chamou o Channing Frye de "o Raef LaFrentz negro". O LaFrentz, curiosamente, estava naquele time do Dallas que eu citei acima. Pensando nisso achei várias semelhanças entre as equipes: O Leandrinho funciona nem como 1 e nem como 2, é um armador 1,5 como era o Van Exel mas sem a canhota e o lance livre três passos mais longe. O Jason Richardson é o segundo armador que não sabe arremessar de meia distância, é enterrada ou bola de 3, como o Finley dos bons tempos e, claro, o Nash é o Nash. A grande diferença fica entre Amar'e e Nowitzki. Que elenco era melhor?

Se você quiser comparar o lixo também, de um lado tem Louis Amundson e do outro Eduardo Najera.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quase tudo definido

-Quem é você, camisa 12?


Ontem a NBA teve dois jogos decisivos na briga pelas últimas vagas nos playoffs. O Dallas enfrentou o Suns e o Pistons enfrentou o Bobcats, o destruidor de Lakers. E o resultado dos jogos confirmou que a briga por vaga nos playoffs nem foi tão legal assim nesse ano. Ainda faltam mais ou menos 5 jogos pra cada time e os 16 classificados estão praticamente resolvidos.

O Suns já tinha uma missão dificílima pra desbancar o Dallas da oitava colocação, mas talvez uma vitória na casa do adversário servisse não só pra cortar a diferença como pra botar medo no Mavs. Sabe como o time do Dirk é amarelão, né? Se perderam 4 jogos seguidos para o Miami na final de 2006, por que não perder de novo agora que o time é pior? Mas a verdade é que depois do jogo de ontem ficou bem claro que mesmo que o Mavs perca todos os jogos, o Suns não vai ganhar todos os dele. Em outras palavras: perdeu, playboy.

Legal para o Mavs que teve um jogo ótimo, legal para o Jason Kidd que deu 20 assistências e passou o Magic Johnson para ser o terceiro maior assistente da história da NBA. Mas a verdade é que o Dallas garantiu apenas a chance de ser atropelado pelo Lakers nos playoffs.

O Mavs é um time do passado. Não é que o time seja velho, tanto Kidd quanto Dirk, Terry e Josh Howard ainda jogam bem. Mas a melhor fase da equipe já passou, as grandes atuações se repetem com cada vez menos frequência e ninguém teve coragem de recomeçar tudo. Quando tiveram coragem de mudar, trocaram um armador por outro. Os resultados continuaram os mesmos. O Kidd até joga bem ainda, mas o time está estagnado como um time mediano. Melhor às vezes é perder de uma vez, reconstruir e começar de novo. Falando em perder...

O Suns não ir para os playoffs não parece tão absurdo depois dos mais de 70 jogos que vimos eles jogarem nessa temporada, mas vendo por outros lados, o fracasso deles é algo mais que impressionante, é histórico:

-A última vez que um time com o Shaquille O'Neal não foi para os playoffs foi o Orlando de 93, temporada de novato do Diesel.

-Será a primeira vez que o Nash não joga os playoffs desde a temporada 2000-01.

-Não consegui achar os números certos para saber se é a primeira vez que acontece isso, mas o Suns está bem próximo de ser o líder em pontos da NBA e ficar fora dos playoffs. Imagino que se isso não é inédito, é no mínimo bem raro.

- Na parada do All-Star Break da temporada passada o Suns era o LÍDER do Oeste. Líder. Meia temporada depois eles estavam em sexto e uma temporada depois estavam fora da pós-temporada. Alguém lembra de ter visto uma decadência tão rápida?

Por um lado acho que essa derrota é boa para o Suns. Imagine que eles conseguissem a oitava vaga e que motivados por uma tola rivalidade conseguissem fazer o Lakers suar na primeira rodada dos playoffs. O Steve Kerr, GM do Suns, já ia ficar pensando que era só Amar'e voltar na temporada que vem que tudo estaria de volta ao seu lugar. O que é mentira.

Mesmo com o Amar'e jogando nessa temporada, o Suns continuava com os mesmos defeitos de sempre. Eram um time melhor com o grandalhão lá no meio mas ainda não sabiam defender e perdiam de times top de linha. Essa derrocada do Suns é necessária porque é a derrota simbólica que eles precisam para reconstruir um time que deu show mas que já deu o que tinha que dar.

Eles tem que aproveitar que o Nash ainda tem valor de troca (e ano que vem tem mais valor porque tem contrato expirante), que o Shaq ainda tem bastante valor e fazer algumas mudanças, deixar o time mais novo e definir uma cara para essa nova equipe. Também poderiam aproveitar para achar um técnico de verdade para colocar no lugar do Alvin "Hora do recreio" Gentry.

Pelos mesmos motivos, o resultado de Pistons e Bobcats me decepcionou bastante. Seria muito mais interessante ver a empolgação e a novidade do Bobcats indo para os playoffs pela primeira vez do que ver a triste cena do Pistons decadente tomando 4-1 ou 4-0 do Cavs. Perder essa oitava vaga também seria o chacoalhão que o Pistons precisava para mudar umas coisas na equipe.

Assim como o Suns, o Pistons é um time que teve sucesso nos últimos anos e que não perdeu a qualidade do elenco, perdeu apenas a qualidade como time. Ou alguém aí vai dizer que Stuckey, Iverson, Hamilton, Prince, McDyess e Rasheed de repente são ruins? O Atlanta joga melhor com um elenco bem pior.

Essas peças boas não devem de jeito nenhum ser trocadas a preço de banana só pelo prazer de recomeçar do zero, digo o mesmo para o Suns, mas tá na hora de mexer no time. A começar pelo técnico, o Michael Curry, que se ferrou ao perder o seu armador principal e cabeça do time com alguma semanas de campeonato, o que fez o ataque do Pistons começar do zero, mas a defesa sempre esteve lá e de repente sumiu. Sem contar que a imprensa local diz que os próprios jogadores não respeitam muito o técnico, coisa parecida com o que já acontecia com o técnico anterior, o Flip Saunders.

Outra atitude já é bem óbvia depois que o Iverson disse que prefere se aposentar a vir do banco (frase que ele disse com tanta raiva que até deu um mal jeito nas costas que o tirou do resto da temporada, que coisa, não?), que é não renovar o contrato dele e liberar 20 milhões de espaço na folha salarial para reforçar a equipe.

Com o espaço disponível aparece outro dilema, o que fazer com Rasheed Wallace. Renovar o contrato ou não? Por quanto tempo? Por quanto dinheiro? Usá-lo ainda como pivô ou voltar a colocar ele como ala de força?

Eu acho o Sheed importante para o time como líder, como defensor e como arremessador de três, renovar com ele parece óbvio. Mas com o time mirando Carlos Boozer ou Chris Bosh para um futuro próximo, talvez fosse bom negócio só aceitar o Sheed se for por menos dinheiro. O boato do Boozer é até bem forte e renderia um ótimo garrafão. O time com Sheed e Boozer no garrafão, Prince e Hamilton fazendo o que sabem e o Stuckey tendo uma pré-temporada inteira para se preparar como armador principal seria bem interessante.

Falando em armador principal, ontem o Hamilton foi expulso no jogo contra o Bobcats e o Stuckey foi jogar na posição 2, levando o Will Bynum (O único Bynum da NBA que não quebra o joelho) para a quadra. E não é que o armador mané que veio da D-League há não muito tempo atrás chegou lá e quebrou um recorde que era do maior jogador da história do Pistons?

O Bynum fez 26 pontos só no quarto período e quebrou um recorde que era do Isiah Thomas e do Jerry Stackhouse. O Isiah fez 24 pontos duas vezes (em 83 e 89) e o Stack fez 24 uma vez em 2001. Uma das maiores e mais vencedoras franquias da NBA agora tem um recorde do Will Bynum, dá pra entender? É como se John Salmons quebrasse um recorde do Bulls que era do Jordan. Deveriam cancelar o recorde para o bem da história do time.

Eu queria mostrar um bom vídeo com a atuação do armador mas tá foda de achar. É engraçado ver que se o Kobe ou o LeBron espirram na quadra, tem 1000 vídeos mostrando o espirro, o pré-espirro, o espirro filmado por um torcedor, entrevista com o catarro e tudo mais. Agora quando o pobre Will Bynum faz 26 pontos em um período, não tem um videozinho decente sequer. As pessoas gostam mais de ídolos do que de basquete.

Terminando o assunto do jogo, para o Bobcats fica a sensação de uma boa temporada, a melhor da história da franquia. Desde a troca do Jason Richardson pelo Raja Bell e Boris Diaw, o time está com praticamente o mesmo número de derrotas e vitórias. Se esse aproveitamento de 50% tivesse acontecido desde o começo da temporada, os Bobgatos estariam hoje com a 7° colocação no Leste. Talvez seja o que aconteça já no ano que vem.


O que sobrou?
Com tudo decidido, as brigas mais importantes para acompanharmos nessas últimas semanas da NBA serão:

- Lakers x Cavs pela melhor campanha da temporada. Há uma grande chance dos dois times disputarem a final da NBA, e mando de quadra em final, pelo seu formado (2-3-2), é até mais importante que nas outras fases dos playoffs. (o Cavs tem uma vitória a mais, por enquanto)

- Magic x Celtics pelo segundo lugar no Leste. Se não acontecer nenhuma loucura na primeira rodada, o confronto de semi-final do Leste deve ser entre os dois times, quem acabar a temporada na frente tem mando de quadra. (O Celtics tem meio jogo de vantagem no momento)

- Heat x Sixers pelo quinto lugar no Leste. É bem simples, quem perder vai apanhar do Celtics ou do Magic, quem vencer joga de igual pra igual com o Atlanta e pode passar para a segunda rodada. (O Miami lidera por meio jogo)

- Spurs x Rockets x Blazers x Hornets x Jazz x Mavs. Nesse bumba meu boi desgraçado do Oeste são 3 jogos e meio separando o terceiro colocado, o Spurs, do oitavo, o Mavs. O Nuggets parece ter garantido o segundo lugar por já ter uma diferença de duas vitórias que nesse momento parece enorme. Os times estão num nível tão próximo que o mando de quadra pode fazer mais diferença do que nunca, a briga deve ser acirrada.


E visite nosso Tumblr, o Google Analytics mostra um número ridículo de visitas da nossa ferramenta tão bonita, meiga e divertida. Hoje temos lá um arremesso pirado do Rasheed, uma enterrada doentia do Von Wafer e as melhores fotos do dia.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

As quebradeiras - parte 2

Esses caras que caem no chão pra fazer cera me irritam


Depois de um fim de semana em que tentei fazer aquilo que os seres humanos chamam de "vida social", cá estou para terminar o prometido texto sobre as contusões que estão assombrando os grandes times da NBA. Para minha sorte, nenhuma contusão muito séria me fez mudar muito o texto, só o Scalabrine que se machucou mas isso acho que dá pra deixar passar.


Portland Trail Blazers - O Oden se machuca toda vez que volta de uma contusão. Mas o que esperar de um senhor de 70 anos, certo? O Blazers é um timaço mesmo sem o Oden, vai fazer muito barulho nos playoffs e tem talento pra dar e vender. Mas não é por isso que as frequentes contusões do Oden devem passar despercebidas.

Ter um pivô defensivamente forte é justamente o que separa o Portland de ser um time "que faz barulho" de um time que luta por títulos. E se outro dia a gente reclamava que o Oden não pegava experiência por causa de seus problemas com falta, imagina não jogando um minuto sequer? Alguém dê leite cheio de cálcio pro menino ficar bom logo, o Portland precisa dele mais do que parece.


Dallas Mavericks - O Dallas é um time baseado ("baseado" não no sentido Josh Howard, que fique claro!) em arremessadores. Toda a dinâmica ofensiva é baseada em que, em algum momento, algum bom arremessador fique livre, geralmente o Nowitzki ou o Josh Howard. E, em determinados momentos do jogo, o Jason Terry.

Com a contusão do Terry deu pra ver com mais clareza quais são esses momentos do jogo: os mais importantes. Por mais piadas que faça sobre o assunto, não sou daqueles que acham o Dirk Nowitzki amarelão, muito pelo contrário, confiaria arremessos decisivos a ele o tempo todo se fosse técnico, com raras exceções, como, por exemplo, ter o Jason Terry no time.

Quem é torcedor do Dallas sabe a quantidade de arremessos gigantescos que o Terry acerta em todo jogo. Seja quando o Dallas precisa de pontos fáceis, seja quando está para abrir grandes diferenças, e principalmente em quartos períodos. Segundo dados do 82games.com, o melhor site de estatísticas de NBA, o Terry é o sétimo melhor pontuador em quartos períodos em toda liga com 6,4 pontos por quarto período. Na frente dele apenas LeBron, Kobe, Granger, Wade, Roy e Devin Harris. E acho que todo mundo que já viu ou jogou um jogo de basquete na vida sabe quantos e quantos jogos não são decididos apenas no quarto período, em que a cesta parece menor e muitos jogadores desaparecem do jogo.

Só para constar, o Josh Howard tem média de 2,5 pontos por quarto período, o Dirk 4,6.


Phoenix Suns - Primeiro queriam trocar o Amar'e, mas ao invés disso trocaram de técnico e o Amar'e parecia feliz em jogar no Suns de novo. E dois jogos depois ele teve mais um problema no olho que o fez usar óculos no começo da temporada, e aí já era o ano dele.

Perder o Amar'e para o resto da temporada inteira para Suns é uma perda imensa, tanto que alguns jornais de Phoenix afirmam que gente lá do Phoenix disse que se soubesse da contusão antes da data limite para trocas teriam abandonado a temporada e trocado o Shaq.

Jogar sem o Amar'e obriga o Suns a jogar com uma formação mais baixa, geralmente usando o Grant Hill ou o Matt Barnes na posição 4, o que é legal durante uns minutos, mas o Shaq não é mais nenhum menino pra jogar 45 minutos por jogo, então quando ele descansa o Suns usa o Louis Amundson ou o Robin Lopez de pivô e ao lado dele um jogador baixo como ala de força, o que significa um garrafão mais fraco que o de muito time da NBB.

Em um Oeste cheio de contusões, com o Shaq motivado do jeito que está e com um time feliz em correr de novo, o Suns tem até bastante chance de ir para os playoffs, mas imaginar eles jogando dois minutos de um jogo de playoff com o Shaq no banco já é de dar medo. Podem contar mais um fracasso de primeira rodada para o Suns.


Boston Celtics - Bom, sem Garnett o Celtics perdeu para o Clippers, precisa dizer mais alguma coisa? Hoje eles perderam para o Pistons mas isso até dá pra perdoar porque o time de Detroit estava sem o Iverson, o que parece ser a fórmula mágica para eles.

Mas falando sério, a contusão do Garnett não parece séria o bastante para tirar ele de ação por muitas e muitas semanas ou meses, mas serve para mostrar uma certa fragilidade do Celtics. Nenhum dos três grandes jogadores do time é novinho e basta um deles cair que o Boston vira um time mais fraco, ainda forte, claro, mas mais humano.

E principalmente se quem machucar for o Garnett, principal peça do sistema defensivo do time, que é a marca registrada deles. Perder o Ray Allen pode ser mais aceitável se o Paul Pierce jogar mais minutos e em alto nível e se o Eddie House estiver inspirado, perder o Pierce pode ser aceitável se o Ray Allen jogar como nos seus tempos de Sonics, mas perder o Garnett exige que o Glen Davis jogue com um talento que ele não tem nem mesmo se você procurar em cada banha daquele corpo.

Outro risco para o Celtics é que essa contusão do Garnett está custando jogos que antes seriam vitórias garantidas, como o do Clippers que eu citei. Isso pode fazer a diferença na hora de definir o mando de quadra em uma possível final com o Lakers ou mesmo antes, em uma série contra o Cavs. Ano passado o Celtics acabou os playoffs como campeão mas com um patético recorde de apenas 2 vitórias (Pistons, Lakers) e 10 derrotas (3 Atlanta, 3 Cavs, 2 Pistons, 2 Lakers) fora de casa.


Cleveland Cavaliers - Um mês sem o Ben Wallace com a perna quebrada. Isso quer dizer mais um mês de festa pra todo mundo que tem o Varejão no seu time de fantasy. No começo da temporada foi o Ilgauskas que se machucou e o Varejão entrou muito bem no lugar dele, agora entrará no lugar do Big Ben e tem tudo pra dar certo de novo.

O porém aparece no banco de reservas. O novato JJ Hickson é bom mas terá muito mais minutos confiados a ele em um momento crucial da temporada em que o Cleveland tenta confirmar a liderança do Leste para ter mando de quadra nos playoffs. De qualquer forma o Cavs é o time com chance de título que menos sofre com as contusões nesse momento da temporada.


Orlando Magic - Eu achei a troca do Magic pelo Rafer Alston uma ótima sacada. Pegaram no último dia possível um armador que se encaixava no perfil que eles queriam e perderam muito pouco pra isso. Mas mesmo assim não passou de um remendo.

Minha aposta até um tempo atrás, mesmo com vitórias sobre todos os favoritos, era que o Magic não venceria o Leste jamais. Sem o Jameer Nelson não vão ganhar mesmo, mesmo que o Alston jogue melhor do que já jogou em toda carreira.

Além do Nelson ser muito mais defensor, ele é melhor preparador de jogadas e é uma ameaça muito maior no ataque, criando inúmeras chances para os outros jogadores marcarem cestas. Além disso, acontece aqui o mesmo caso do Dallas, o Nelson era o maior cestinha do Magic em quartos períodos. Com 4,9 pontos por período decisivo, ele fazia mais pontos que Rashard Lewis, Turkoglu e Dwight Howard. Nelson também conseguia ficar entre os 20 primeiros da liga inteira em assistências no quarto período, com números próximos aos do LeBron James, nada mal.

Se alguém aqui assistiu aos jogos em que o Magic venceu fora de casa o Spurs e o Lakers, irá lembrar dos arremessos decisivos do Nelson nos quartos períodos dos dois jogos. Sem o Nelson o Magic é um time ainda forte mas que volta e meia irá perder para adversários mais fracos. O sonho do título fica para o ano que vem, com o Rafer Alston como reserva.


Respondendo ao comentário do outro post, o título "Quebradeiras" é sim uma homenagem à péssima série da MTV. Eita programinha vagabundo...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

140 ou mais

Terrorista Leandrinho dá uma bolada na bandeira americana


Eu não acho que um técnico quando é mandado embora de um time fique torcendo para que sua ex-equipe se dê mal só pra perceberem que não era culpa dele. Prefiro enxergar os técnicos como seres superiores, inteligentes e profissionais que sabem que nem sempre as coisas dão certo e que rancor não vai adiantar nada. Mas acho que o Terry Porter deve estar com uma dor no coração de ver o Suns jogando tão bem desde que ele foi embora.

Não digo isso porque o Suns venceu esses três jogos desde que trocou de técnico, afinal ganhariam mesmo se eu fosse o técnico. Foram dois jogos contra o Clippers e um contra o Thunder, sendo dois desses três jogos em casa. As vitórias, porém, vieram da forma mais convincente possível: 140 pontos no primeiro jogo, 141 no segundo e mais 140 ontem. É a primeira equipe desde 1990 a conseguir esse feito. Fato irônico é que o Terry Porter era o armador principal do Blazers que fez isso.

O que deve magoar mais o Porter é ver um minutinho de qualquer uma das partidas e já ter o olho ofuscado pelo sorriso de orelha a orelha na cara de todo mundo. O Nash e o Leandrinho pareciam cachorros que passam o dia inteiro presos e de repente são libertados em um quintal gigante. Está todo mundo tão feliz de não jogar no esquema do Porter que o clima lá é de carnaval e não tem nada a ver com a data no calendário. O Nash jogou melhor do que jogava sob o comando do Porter mas os números não mudaram muito, já o Leandrinho teve uma mudança inacreditável, acho que ele odiava mesmo jogar no esquema de meia-quadra do antigo treinador.

O nosso brazuca favorito fez 24 pontos no primeiro jogo contra o Clippers, 13 no segundo (em apenas 22 minutos) e 41 ontem! Foi a maior pontuação da sua carreira e ainda foi acompanhado de 7 rebotes, 7 assistências e 6 roubos. Depois do jogo ele falou umas coisas interessantes sobre a partida e sobre como é voltar a jogar na correria:

"Eu adoro jogar correndo pra cima e pra baixo. Acho que todo mundo gosta."

"Eu não sabia o que estava acontecendo na quadra no fim do jogo. A gente estava ganhando e o técnico mandava eu continuar indo pra cesta. Só depois do jogo que eu fui ver que estava com 41 pontos. Estou muito feliz mas mais feliz que o time fez isso junto."

O Leandrinho fez sem dúvida o melhor jogo dele na NBA em termos de números e agora terá que repetir a dose algumas vezes, afinal ele é o mais novo titular do Suns depois que o Amar'e Stoudemire teve um problema no olho e está fora da temporada. Alguns falaram que ele poderá voltar para os playoffs, outros dizem que talvez nem isso. Uma pena, afinal ele era outro que se libertou nos jogos sem esquema preso e meteu 42 pontos em 36 minutos no segundo jogo contra o Clippers. Só que para ele jogar nos playoffs o Suns precisa, primeiro, classificar-se para a pós-temporada. Hoje o time está em nono no Oeste, aquela posição medonha que não te põe nos playoffs e nem dá a chance de uma boa escolha de draft.

O novo técnico da equipe, Alvin Gentry, decidiu que o time voltaria a correr e, com a saída do Amar'e, decidiu que o time voltaria a jogar com uma escalação mais baixa, colocando o Leandrinho no lugar do machucado e o Grant Hill na posição 4. Contra o Thunder que é um time bem baixo e improvisa na posição 4 deu certo, mas será que dará certo pra sempre?

Em teoria sim, afinal o time volta a ser o mesmo que fazia sucesso nas temporadas passadas, com a diferença de ter o Shaq como pivô no meio e não o Amar'e. Com as mesmas qualidades voltam também os mesmos defeitos. Nem Nash e nem Leandrinho são grandes defensores e Grant Hill não poderá fazer nada contra alas de força fortes na defesa. Quando o Suns enfrentar equipes de garrafão pesado colocará quem em quadra? O Amundson? O Robin Lopez?

Acho que o problema do Suns foi não conseguir achar o meio termo e talvez eles percam mais uma vez por causa disso. Eles passaram anos tendo o melhor ataque da NBA e perdiam nos playoffs porque não sabiam defender. A solução que eles encontraram foi trazer o Shaq e jogar um jogo mais de meia quadra. Não funcionou. Então trouxeram o Terry Porter, técnico essencialmente defensivo, e também não deu certo. O Suns de repente não atacava mais tão bem e nem aprendeu a defender pra compensar isso. Em resumo, o Porter não conseguiu fazer o que a diretoria pedia e nem agradar os jogadores.

No desespero, a decisão foi a de mandar o Porter embora e voltar para o run and gun que dava certo. Opa, dava certo? Há exatamente um ano atrás o time não estava começando a abandonar o run and gun porque ele não rendia títulos? Agora vão voltar pra ele mesmo assim? O que eu entendo é que eles estão mais com medo de passar a vergonha de não ir para os playoffs do que realmente acreditando que possam vencer títulos.

Depois de três jogos para entupir o time de confiança, agora começam alguns desafios de verdade. No domingo eles pegam o Celtics e na quinta-feira pegam o Lakers. O jogo contra o Celtics não será fácil, claro, mas pelo menos será em casa e o atual campeão não terá o Kevin Garnett, que machucou o joelho e ainda não sabe quanto tempo ficará de fora (os resultados dos exames saem hoje), então até que dará para abusar um pouco da escalação mais baixa. Já contra o Lakers será difícil lidar com a dupla Odom e Gasol, que tem destruido todos os garrafões que enfrentam desde a contusão do Bynum.

O técnico Alvin Gentry já disse que "pode prometer que não vão fazer 140 pontos no domingo", mas se eles forem capazes de vencer esses dois jogos importantes, mesmo marcando 100, 120 ou 80 pontos, serão a prova de que esse Suns voltou pra valer. Se perderem, será mais um time que bate feio nos fracos e que não vence os favoritos ao título. Em outras palavras: o mesmo Suns do Mike D'Antoni.

E sejamos sinceros, se era pra ser o mesmo time das temporadas passadas, que mantivessem D'Antoni e Shawn Marion, que há exatamente um ano atrás estavam em primeiro lugar no Oeste.

E façam o favor de visitar nosso Tumblr. Tem vídeos e fotos novas lá todo dia.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Suns não é mais aquele

Shaq segurando o choro (ou então se transformando no Hulk)


Na semana passada, a ESPN mostrou para o mundo todo o Suns ser humilhado pelo Heat. Mas o Nash não jogou aquela partida, então eles tinham uma desculpa.

Pois eis que ontem lá estava o Suns de novo em rede nacional para passar vergonha de novo. E dessa vez com o Nash em quadra! Mas tudo tem seu lado bom, se eles tinham tomado mais de 40 pontos do Wade e depois do Devin Harris, dessa vez seguraram o Nowitzki a apenas 39! Boa, time!

É impossível não lembrar que há 9 meses atrás, um pouco antes da troca do Shaq, o Suns era o líder do Oeste. Eles tinham Shawn Marion, D'Antoni e lideravam a conferência mais disputada da NBA. Uma troca de Shaq depois e eles caíram para a 6° colocação e perderam na primeira rodada dos playoffs.

Uma troca de técnico depois e eles hoje estariam fora dos playoffs. O que aconteceu nesse tempo todo? O que deu errado com o Suns? O que eles tem que fazer para voltar a ser um time forte?

A troca do Shaq foi igual à do Kidd, foi a do estilo "Ou vai ou racha", ou seja, ou a gente é campeão ou estamos fodidos. Com o Dallas ainda deu certo, porque embora eles tenham perdido um armador que está chegando agora no ápice do seu jogo, pegaram em retorno um que já está no fim carreira mas que pelo menos consegue ainda fazer a diferença em um jogo apesar da idade. O Shaq não tem tido o mesmo resultado.

A troca do Shaq fez o Suns perder toda a química que havia entre seus jogadores e perder a temporada passada. Como solução para esse ano, chamaram o Terry Porter para substituir o D'Antoni como técnico e fazer duas coisas: fazer o time ter um melhor ataque de meia quadra e fazer o time defender.

No ranking de ataque e defesa, usando os números de pontos feitos e sofridos a cada 100 posses de bola, o Suns, que sempre foi um dos melhores ataques da NBA desde que o Nash chegou, é hoje apenas o oitavo. Na defesa estão em 24°. E hoje tem 14 times na liga que têm mais posses de bola por jogo do que eles, ou seja, 14 times que jogam em mais velocidade.

Portanto, o Terry Porter conseguiu fazer o time jogar em ataque de meia-quadra, mas não fez esse ataque funcionar e nem conseguiu melhorar a defesa. O primeiro mês de temporada foi um fracasso. E nesse período já tivemos o Nash, que tem suas piores médias em tudo desde que chegou no Suns, reclamando que nada funciona, além do Amaré reclamando que não recebe a bola o bastante. Jogador reclamando para a imprensa nunca é bom sinal.

O que dá pra entender disso tudo é que está faltando sintonia. A grande diferença entre o run and gun do Suns e os utilizados no Nuggets pré-Billups e no Warriors era que o Suns parecia saber o que estava fazendo. Mesmo em velocidade todos sabiam o que fazer, hoje eles não sabem o que fazer, o que deveriam fazer, o que vão fazer amanhã e nem o que a Flora vai fazer com o Gonçalo na novela das 8.

Isso é culpa do técnico? É. Ainda dá tempo pra arrumar? Dá. Ele vai arrumar? Não apostaria meu pé nisso. Mas é culpa só do técnico? Definitivamente não.
De Bryan Colangelo a Steve Kerr, a direção do Suns tem muita culpa no que está acontecendo com o Phoenix Suns.

Hoje e em todas as temporadas desde que Nash chegou e o Suns virou uma potência da NBA, um dos grandes problemas do Suns foi não ter banco de reservas. Uma contusão e eles estavam ferrados, um time que anulasse uma de suas armas e eles não tinham resposta vinda do banco de reservas. Foi assim quando Amaré Stoudemire se machucou, foi assim no ano passado quando o Grant Hill não jogou nos playoffs, foi assim quando o Joe Johnson se machucou nos playoffs de 2005 e por aí vai.

Hoje o Suns continua com o mesmo problema e tem outro, a idade. Mais do que nunca, Nash, Shaq e Grant Hill precisam de descanso para aguentar a temporada e os playoffs. E o Suns precisa de armas vindas do banco, além do Leandrinho, para mudar a cara do time de vez em quando. E chances para isso não faltaram.

Essa é uma lista com jogadores que o Suns draftou ou trocou nos últimos anos:

Rudy Fernandez e James Jones - Mandados para o Portland em troca de dinheiro no draft de 2007

Sergio Rodriguez - trocado por dinheiro no draft de 2006

Rajon Rondo - Trocado por uma futura escolha de draft do Cavs (que pertencia ao Boston)

Nate Robinson e Quentin Richardson- Trocado por Dijon Thompson e Kurt Thomas

Luol Deng - Trocado por uma futura escolha de draft do Bulls


Claro que não dava pra ter todos, o Deng por exemplo foi o que rendeu a escolha de draft do ano seguinte, a escolha do Nate Robinson, mas o ponto principal é que o Phoenix Suns teve muito cara bom nas mãos em dia de draft e deixou escapar. Assim como deixou escapar dois de seus melhores arremessadores, James Jones e Quentin Richardson, em troca de nada.

Na época o Suns dizia que estava economizando, que não queria gastar com novos contratos de novatos. Mas quer dizer que eles economizam uns 3 milhões com o Luol Deng para pagar 8 para o Boris Diaw? Economizam menos de 2 no Rajon Rondo pra depois reclamar que não têm reserva para o Nash? Eles tiveram Sergio Rodriguez, Rajon Rondo e Nate Robinson nas mãos e hoje estão chorando atrás de um armador para substituir o Nash, é irônico demais.

Vocês conseguem imaginar o estrago que seria um banco de reserva com Luol Deng e a dupla Sergio e Rudy? Seria devastador. E olha que eu nem estou contando com a perda do Joe Johnson, já que o armador do Hawks fez de tudo para sair quando virou Free Agent, não foi o Suns que não quis segurá-lo.

Podemos então culpar o Steve Kerr e o Bryan Colangelo pelas trocas de draft que só prejudicaram o time. Culpar só o Steve Kerr pela troca do Shaq. Podemos culpar o técnico Terry Porter por não arrumar nada que ele se propôs a arrumar e também os jogadores porque são eles que estão lá tomando pau.

Não sei se alguém se sente melhor ao apontar os culpados. Eu não, mas aí estão todos eles. Mais um time que esteve a um passo de um título da NBA que hoje parece tão longe. Mas como não dá pra trazer todo mundo de volta, o que eles devem fazer? Shaq responde:

"Se nós vamos correr, deveríamos parar de só falar sobre isso e realmente correr. Não precisamos da permissão do técnico para pegar um rebote e sair correndo. Eu vou começar o contra-ataque porque eu é que pego a maioria dos rebotes e não importa pra mim. Eu posso jogar em qualquer estilo de jogo."

É isso aí, Shaq! Digam para o Terry Porter se preocupar apenas em treinar a defesa, o ataque é só fazer do jeito que sempre funcionou. O Shaq não precisa correr na velocidade do Nash pra dar certo, quantas vezes não vemos o Lakers jogando na velocidade com o Gasol acompanhando o contra-ataque e o Bynum chegando meia hora depois? O Amaré acompanha o contra-ataque e o Shaq vai depois.

Simples assim. Problema resolvido, vamos pra casa.