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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Casamentos perfeitos

T-Mac, se liga, é a última vida!


A principal diferença entre Tracy McGrady e Kevin Martin, dois grandes jogadores que acabaram de ser trocados, é que um sempre quis ser estrela enquanto o outro se tornou estrela meio que por acaso. Quando T-Mac foi draftado pelo Raptors, não via a hora de deixar o time que pertencia ao seu primo Vince Carter para poder brilhar em um time que fosse inteiramente seu. Conseguiu uma equipe só para ele no Magic, onde descobriu que carregar uma franquia inteira nas costas é uma merda. Ele queria ser estrela e conseguiu, foi cestinha da NBA duas vezes seguidas, mas aprendeu que sem um elenco decente não é possível ganhar jogos. Foi ficando cada vez mais frustrado, mais insatisfeito, até que não aguentou mais e chutou duas bolas pra fora da quadra:


O mais engraçado desse vídeo é que o T-Mac parece bem calmo até que, de repente, uma vontade incontrolável de ser expulso lhe toma o corpo, enquanto o Juwan Howard tenta desesperadamente impedí-lo de chutar a bola porque se o McGrady não estiver em quadra não iria sobrar ninguém no Magic capaz de amarrar o próprio cadarço. Após esse incidente a troca foi inevitável e o T-Mac foi ser estrela no Houston, onde ele sabia que, com o apoio de uma outra estrela, poderia ser campeão.

O Yao Ming é meio tímido, não tende a dominar jogos, e o McGrady nunca deixou de carregar nos ombros a responsabilidade pela equipe. Dava discursos sobre ser a estrela, sobre recair sobre ele o peso da vitória, e garantiu que se a equipe fosse eliminada nos playoffs a culpa seria sua. Mas aí ele jogou bem pra burro, fez tudo que poderia, foi eliminado mesmo assim e aí - depois do lendário choro na entrevista coletiva - percebeu que a culpa era do resto do time. McGrady sempre balançou de um lado para o outro nessa história de assumir a responsabilidade ou delegá-la para a equipe, mas nunca cogitou não ser a estrela, o astro principal. Quando as dores nas costas começaram a destruí-lo e minar seu tempo de jogo, disse que esperava ser campeão logo para poder se aposentar. Estava apenas esperando as honras para poder se livrar do fardo.

Kevin Martin é o extremo oposto. Foi draftado com a vigésima sexta escolha depois de jogar numa faculdade obscura e mal entrava em quadra pelo Kings, até acertar o arremesso da vitória contra o Spurs nos playoffs de 2006.


Quando lhe deram mais minutos na temporada seguinte, ele explodiu apesar do seu jogo silencioso, quase invisível, em que marcou mais de 20 pontos por jogo dando o menor número de arremessos por partida de toda a NBA. Quando a temporada terminou e Kevin Martin tinha números incríveis, havia batido recordes com o número de lances livres cobrados e convertidos, o Kings lhe ofereceu um questionável contrato de 55 milhões de doletas por 5 anos, um contrato que nem a mãe do Martin esperava. Tanta grana para um jogador que não era uma estrela, vinha de apenas uma grande temporada e se portava timidamente em quadra foi uma ação duramente criticada. Um salário de mais de 10 milhões por ano deveria ser entregue a alguém que pudesse carregar nas costas o Kings inteiro, algo que não parecia ser o caso de Martin. Ele virou estrela pela grana que recebia, pelas suas estatísticas, não por quem ele era. Embora seus números sejam de um pontuador nato, Kevin Martin arremessa pouco, não tem um drible devastador, não arma o jogo e não tem explosão rumo à cesta nem força física. Tem um corpo de quem ainda escuta os álbuns da Xuxa e descobriu agora que meninos tem pipi, não gosta de ser um líder e não é vocal na quadra, preferindo ficar quietinho. Ele é apenas um jogador coadjuvante, mas bom demais, eficiente demais, pontuador demais, ladrão de bolas demais, para ser considerado coadjuvante. O Kings achou que ele merecia 55 milhões então ótimo, sorte dele que vai ter grana para comprar muitos álbuns da Xuxa e enfiar o resto nas orelhas.

Assim que Tracy McGrady chegou no Knicks, agiu como estrela. Ele é obviamente o jogador mais talentoso da equipe, o mais experiente, e apesar de estar completamente sem ritmo de jogo começou como titular. Exigiu a bola nas mãos logo de cara, atacou a cesta mesmo sem qualquer sinal de velocidade, e fez os torcedores explodirem com duas cestas com falta ainda no primeiro quarto. Movido pela torcida amalucada do Knicks, arremessou e bateu para dentro do garrafão sempre que deu na telha, colocando em prática o seu "veteranoból", aquele basquete de velhinhos que não envolve pulos, força ou velocidade, e se aproveita das manhas de quem sabe onde estar na quadra, como enganar a pirralhada e como usar os juízes ao seu favor. Para alegria do técnico Mike D'Antoni, que estava desesperado por um armador desde que o Chris Duhon caiu de produção de uma temporada para a outra, McGrady é inteligente o bastante para armar o jogo, tem boa visão de quadra e encontra os companheiros livres com os passes certos, mas tudo isso sem correr. O resto do time batendo para a quadra de ataque como gatos no cio e o McGrady trotando devagarinho, na velocidade em que ele consegue, jogando de armador principal pela primeira vez na carreira. Ainda assim cansou logo e mal participou da prorrogação, em que o Eddie House provou que sem o Garnett para comer o seu fígado se ele fizer cagada (e com o D'Antoni que quer mais é que todo mundo arremesse mesmo) ele vai arremessar o tempo inteiro, ganhar uns jogos sozinho e perder dez vezes mais jogos por culpa sua e de sua falta de cérebro.

A estreia do T-Mac foi digna de uma estrela, de um jogador que domina o esporte, se encaixa em qualquer lugar, sabe chamar a torcida e sabe como conseguir pontuar do jeito que bem entender. Falta oxigênio, joelho, ter nascido quando já existia internet, mas fora isso ele ainda é espetacular. Só que, como em todo o resto de sua carreira, para ele ser estrela e chamar a responsabilidade para si é preciso um time horrível à sua volta que lhe trará derrota atrás de derrota. Cada vez mais cansado, questionando se seria capaz de enfrentar o Celtics depois de sentir dores no joelho após duas partidas, T-Mac faz o que consegue. Mas ele não consegue vencer.

Já a estreia do Kevin Martin foi, assim como ele, muito mais discreta. Começou no banco de reservas, o que é muito sensato porque ficaria bem feio colocar Ariza ou Battier no banco depois de tudo que eles fizeram juntos na temporada até agora. K-Mart começou devagar, arremessou algumas bolas quase por obrigação, tentou não participar muito, e foi ajudando a equipe em todos os aspectos mesmo sem seus arremessos caírem: roubou bolas, pegou rebotes, soube encontrar seus companheiros livres. Quem não prestou atenção nem reparou que ele estava em quadra. Em sua segunda partida, instruído a arremessar mais, acabou errando mais. Mas só dá para notá-lo por causa do arremesso esquisito, do jeito engraçado que ele joga, porque ele nunca chama o jogo, jamais compromete a equipe, nunca dá para xingá-lo. Ganhará os jogos cobrando lances livres, arremessando bolas de três apenas quando estiver livre, preferindo cavar o contato ao invés de tentar um arremesso forçado. Ele não é uma estrela mesmo que tenha números de estrela, mesmo que bata recordes, que sua eficiência o coloque estatisticamente ao lado de lendas como Michael Jordan e Nate Archibald.

O Knicks precisa de atenção. Precisa de audiência na TV, marketing, barulho, o que for preciso para atrair as grandes estrelas ao término da temporada, já que a equipe terá dinheiro para assinar dois contratos máximos. T-Mac é perfeito para isso, ele será uma estrela mesmo aos 80 anos, mesmo quando não acerta os arremessos, mesmo na derrota. Já avisou que o que ele quer da vida é poder jogar, e que está mais do que disposto a assinar um contrato pequeno e permitir que duas estrelas venham jogar com ele em contratos máximos. Está se preparando para sumir nas sombras, brilhando agora para se tornar ajudante na temporada que vem. São os últimos suspiros do McGrady que conhecemos, mesmo que ele não ganhe uma partida sequer. Ainda que para o Knicks perder não dê resultados porque a escolha de draft desse ano não é deles (o Sampa City me avisou nos comentários que a escolha era do Jazz, e aí fui descobrir que o Knicks mandou para o Suns quando trocaram pelo Marbury), o que importa mesmo, mais do que as vitórias, é o T-Mac ter bons números para iludir outras estrelas a jogar com ele. O casamento foi perfeito para os dois, nem importam os resultados.

O Houston sente falta de Carl Landry, único pontuador do time em quartos períodos, e perdeu suas duas partidas até agora no final porque a equipe não sabia como marcar pontos de modo algum. Mas o casamento com o Kevin Martin também é perfeito, um jogador inteligente e discreto que não quer ser e nem nunca será uma estrela. Ele pode ajudar como quiser, como conseguir, sem nunca ter que chamar a responsabilidade que se espalha por todo o elenco graças ao planejamento de uma vida toda do técnico Rick Adelman. Cansei de ver o Rafer Alston querer decidir jogos pro Houston e eu tendo um aneurisma cerebral, e ando cansando do Aaron Brooks querer bancar o herói em momentos impróprios. É um alívio ver que o Kevin Martin vai eventualmente começar a ganhar jogos, decidir partidas, tudo daquele jeito estranho de moleque de 12 anos que não sabe jogar basquete, e eu nem vou perceber quando ele errar porque é inteligente e discreto. Quando acertar também não vai querer ser estrela, não vai reclamar de minutos, de vir do banco, de não ter certo número de arremessos. Enquanto até o Travis Outlaw diz que estava louco para sair do Blazers porque lá ele nunca teria o número de arremessos que merece, o Kevin Martin entra para a história com o menor número de arremessos para atingir sua média de pontos. Não consigo imaginar alguém que se encaixe tão bem no atual momento do Houston, mesmo que as derrotas continuem vindo. Essa sim é uma equipe, ao invés do erro lendário de juntar duas estrelas e ver o que acontece. Com o Houston não deu certo, será que dará com o Knicks?

Por que tantos times acreditam que, juntando dois jogadores fantásticos, ganharão títulos? Contusões, elenco de apoio, tática, psicológico, identidade, química - uma tonelada de fatores que vão muito além de ganhadores de contratos máximos. O Celtics percebe que, com outro clima no vestiário, tem menos chances de ser campeão apesar de reunir tanta gente fantástica no mesmo lugar, todos com contratos máximos e alguns a preço de banana. É por isso que desejo boa sorte para quem T-Mac receber como ajuda na temporada que vem. Como torcedor feliz com a equipe pela primeira vez em anos, acompanhando o basquete coletivo e sem estrelas do Houston Rockets, prefiro ficar com o Kevin Martin.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

As trocas menores

Tyrus Thomas e mais um monte de gente voou para outro time nessa quinta-feira

Enquanto o Danilo não chega para falar da grande troca do dia, a que levou Kevin Martin para o Rockets, Tracy McGrady para o Knicks e muito espaço salarial para o Kings, eu aproveito para falar de todas as pequenas trocas que tornaram o dia de hoje um dos dias-limite para trocas mais movimentados dos últimos anos.

Sem enrolação, vamos lá:

Chicago Bulls manda: Tyrus Thomas
Charlotte Bobcats manda: Acie Law, Flip Murray e uma escolha de 1º rodada de draft do Bobcats

Dois vencedores nessa troca. O Bulls queria se livrar do Tyrus Thomas e do máximo de contratos que pudesse para ter o espaço necessário na folha salarial para entrar na briga por LeBron ou Wade na temporada que vem. Conseguiu isso já que os contratos de Murray e Law acabam nesse ano. De brinde, conseguiram o que o Clippers não foi capaz de fazer com Thronton e Camby, levaram uma escolha de draft para tentar a sorte num futuro próximo.

Boris Diaw não tem sido regular, Diop e Chandler só se machucam e Nazr Mohammed é bom mas nem tanto. O Bobcats procurava desesperadamente alguém para dar um jeito no seu garrafão e conseguiu! Perdeu pouca coisa e em troca ganhou um baita jogador que deverá brilhar muito sob a tutelagem do Larry Brown. Ele é reboteiro, agressivo no ataque e nos tocos, e com os toques defensivos do técnico será imediatamente importante na equipe.

A troca, porém, deixou a armação do Bobcats com pouquíssimas opções, Larry Brown terá que respirar fundo e usar dois caras que não estavam agradando o exigente (jeito simpático de dizer "chato, pé no saco") técnico: DJ Augustin e o novato Gerald Henderson.

atualização: O garrafão do Bobcats está tão mal que o Yahoo!Sports diz que eles acabaram de conseguir o avô do (já avô) Greg Oden, Theo Ratliff, com o Spurs. Isso que é desespero! Só não informaram ainda o que os Bobgatos mandaram em troca.
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Chicago Bulls manda: John Salmons
Milwuakee Bucks manda: Joe Alexander e Hakim Warrick

Outra troca puramente financeira para o Bulls. Ao invés de se contentar em ser o sexto melhor time do Leste eles estão perdendo bons jogadores apenas para poder tentar dar um passo rumo ao topo na temporada que vem. Arriscado, mas necessário. E Warrick ainda poderá quebrar um galho com a ausência do Tyrus Thomas.

Para o Bucks a troca é muito boa. Perdem dois jogadores que jogavam pouco e não eram essenciais no elenco e em troca recebem um pontuador. Considerando que marcar pontos é a maior dificuldade da equipe e que o Salmons joga na posição do machucado Redd, foi uma boa aquisição para tentar roubar a oitava vaga nos playoffs.
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Washington Wizards manda: Dominic McGuire
Sacramento Kings manda: Uma escolha de 2º round e bufunfa

Típica troca de último dia de trocas. Um time quer fazer uma graninha, outro quer uma escolha de draft, um perdeu muita gente em trocas maiores e quer compor o elenco e por aí vai. Você nunca mais vai ouvir desse negócio na sua vida.
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New York Knicks manda: Darko Milicic
Minnesota Timberwolves manda: Brian Cardinal

Com essa troca o campo magnético da Terra foi alterado, as regras vigentes na economia mundial mudaram por completo e o Wolves agora é sério candidato ao título e à presidência dos Estados Unidos. Ou numa versão menos plausível...

O David Kahn, manager do Wolves, disse estar intrigado com o Darko. Disse que ele às vezes dá flashes de grande jogador e logo depois de jogador horrível e que decidiu dar meia temporada de chance ao pivô sérvio na NBA antes de sua despedida, já que Darko disse que após essa temporada ele não pretende nunca mais jogar nos EUA.

Já o Knicks fez a troca porque o contrato do Cardinal, que expira também ao término dessa temporada, é um pouco mais barato, rendendo uma economia nas multas pagas pela equipe.
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Memphis Grizzlies manda: Escolha de 1a rodada
Utah Jazz manda: Ronnie Brewer

O Jazz já trocou Eric Maynor por um pacote de Trakinas vencidas por questões financeiras e aqui repete a dose. Por uma singela escolha de primeira rodada mandam um belo jogador, Brewer, que ajudaria qualquer time com sua velocidade, explosão, ótimos números em roubo de bola e eficiência no contra-ataque.

O Grizzlies não perde quase nada e em troca recebe tudo o que precisa. Um cara que se encaixa com o estilo de contra-ataque do time e, finalmente, um jogador decente para vir do banco de reservas. O banco do Memphis era um dos que menos tinha minutos por jogo e era claramente um dos menos talentosos da NBA.
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Boston Celtics manda: Eddie House, JR Giddens e Bill Walker
New York Knicks manda: Nate Robinson e Marcus Landry

A troca estava combinada faz tempo, mas por questões financeiras não poderia ser apenas House por Robinson. Depois de horas e horas de conversa eles pensaram "Hum, que tal a gente mandar um monte de jogador ruim, que não entra em quadra e com contratos que já vão acabar?" Perfeito.

Agora o Eddie House brinca de arremessar de 3 no esquema do D'Antoni até acabar seu contrato no fim do ano, enquanto o Nate Robinson vai lá estragar o Celtics. Claro que ele é melhor e mais completo que o House, mas também mais fominha, estraga mais o resto da equipe e quer ser herói quando não deve. Cansei de ver o Nate perder jogos sozinhos para o Knicks porque ele que queria fazer a cesta da vitória ou a cesta da virada. Ridículo, o Celtics vai se arrepender dessa troca.
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Philadelphia 76ers manda: Royal Ivey, Primoz Brezec e uma escolha de 2º rodada
Milwuakee Bucks manda: Jodie Meeks e Francisco Elson

Uau! Que revolução. Na prática o Sixers mandou um bom dançarino e uma escolha de 2º rodada em troca do jovem e talvez-útil-se-der-sorte Jodie Meeks.
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Em nota também importante, os fracassos: apesar das tentativas de Heat, Cavs, Knicks, Kings e mais um monte de gente, ninguém tirou o Amar'e Stoudemire de Phoenix e nem Carlos Boozer de Utah.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Com sobras

Paul Pierce de carrinho no maior estilo Sandro Goiano

O jogo 7 de Lakers e Rockets serviu apenas para uma coisa: enchermos o peito e gritarmos "Como o Lakers deixou essa mamata chegar a esse ponto?". O Aaron Brooks foi ótimo nas vitórias do Houston, claro, ele merece aplausos, a vaga garantida de armador titular por anos, um carro zero e um beijo no rosto, mas deixar um armador de segundo ano levar um time nas costas até o jogo 7 é motivo de vergonha para um time que almeja um título.

Ontem o Lakers defendeu o Houston como o time que eles são, uma equipe sem os dois principais jogadores de ataque e que depende de jogadores limitados para pontuar. Ou seja, bota pressão no Brooks, no Scola, e deixa Battier e Hayes se matarem pra fazer uma cesta. A defesa foi esmagadora e o Lakers mesmo sem muita inspiração ofensiva venceu com muita facilidade. Desde o primeiro minuto o jogo já estava decidido.

Também usaram e abusaram de Pau Gasol, melhor jogador da partida, e do Bynum, ambos destruiram na defesa e nos rebotes ofensivos, o mínimo que eles deveriam fazer contra um time que usa o Chuck Hayes de pivô. Continuo com a minha tese de que se o Lakers joga o seu melhor jogo, é o melhor time da NBA, mas dentre os melhores times é provavelmente o mais irregular, seja de um jogo para outro ou mesmo dentro de uma mesma partida.

Se serve de consolo, no ano passado o Celtics também precisou de jogos 7 contra times mais fracos (contra dois times mais fracos, na verdade) e só depois disso é que embalou rumo ao título. No ano passado o Ray Allen demorou duas rodadas pra finalmente pegar no breu, quem sabe o Bynum não é o Ray Ray desse ano? Ridículo, mas que serve para os torcedores do Lakers se animarem um pouco depois de uma série que expôs tantos defeitos da equipe.

Falando em Celtics, estes protagonizaram a 21ª derrota de um time da casa em jogo 7 na história da NBA em 104 jogos 7 na história.

O jogo do Celtics contra o Magic ontem foi bem estranho. Tudo o que eu esperava do Boston, não aconteceu: o Paul Pierce não foi o melhor jogador em quadra, o Rondo não foi tão agressivo, o Eddie House não estava nos seus melhores dias e o time não parecia pilhado como se fossem 12 Garnetts sob efeito de cocaína.

Pelo lado do Magic também aconteceu tudo do avesso: o Alston não entregou o ouro, o Turkoglu fez seu melhor jogo na série e o melhor período deles no jogo foi o quarto. Foi um jogo 7 do mundo bizarro, se eu não tivesse mudado de universo ao apertar o botão vermelho teria visto o Celtics vencer.

O jogo não foi um primor técnico e nem de emoção, mas foi surpreendente e encheu de esperanças os torcedores e os jogadores do Magic. Com a palavra, Dwight Howard:

"A primeira vez que falei que iríamos lutar pelo título, todos riram. Eu acredito que podemos ser campeões. Nós não vamos parar até conseguirmos. Nós temos o time certo, temos o talento, temos a comissão técnica. É só irmos lá e jogarmos duro. Ainda temos muito pela frente e eu ainda estou faminto."

Não tenho dúvida de que vontade não vai faltar para o Magic. Não faltou quando eles perderam o Jameer Nelson, quando sofreram contra o Sixers, não faltou quando precisaram se recuperar de um déficit de 10 pontos no último período do jogo 6 e não faltou ontem de novo. Vontade eles têm de sobra, o resto que o Dwight falou é que pode não ser verdade.

Será que eles tem elenco e talento o bastante pra passar pelo Cavs? Duvido. Para pelo menos não serem varridos como foram todos até agora? Aí sim.

Na temporada regular o Orlando foi um dos times que mais incomodou o Cavs. O LeBron liderou o time à vitória no único jogo realizado em Cleveland, um apertado 97 a 93 com direito a virada no último período. O Orlando venceu os dois jogos em casa, um por 99 a 88 e venceu aquele jogo que a ESPN aqui do Brasil passou no fim da temporada por 116 a 87, uma humilhação que poucas vezes vi o Cavs sofrer. Mas até aí o Lakers tinha varrido o Rockets na temporada regular, então não é garantia de nada.

Os dois jogos 7 não foram tão emocionantes quanto eu esperava, é verdade. O do Orlando até foi emocionante até aqueles primeiros minutos do quarto período quando eles deslancharam, mas de qualquer forma os dois vitoriosos foram os dois times que deixam as finais de conferência mais interessantes. O Celtics não teria chance contra o Cavs e o Houston seria trucidado pelo Nuggets. Perdemos jogos 7 emocionantes mas ganhamos finais de conferência espetaculares.


Os derrotados
Esquecendo um poucos dos vencedores e dando um pouco de atenção aos derrotados que são jogados no lixo dos corredores da NBA, lembramos que amanhã tem o sorteio para se definir a ordem do Draft 2009.

Para quem mora em Marte, o sorteio do draft decide que times terão a primeira, segunda e terceira escolha no draft. Da escolha 4 até a 30 irão os times não sorteados com a ordem inversa de classificação. Mas os times que foram para os playoffs não têm chance de ganhar uma das três primeiras escolhas, apenas os 14 fracassados que não foram para a pós-temporada participam do sorteio de amanhã.

Neste link da NBA.com você pode ver quais são as chances de cada time que não foi para os playoffs de conseguir a primeira escolha e qual é a ordem do resto do draft.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Basquete de playoff

"Amigos, na vida é tão bom ter amigos..."


Existe uma percepção, na NBA, de que existem dois tipos diferentes de basquete: o "normal", com o qual todos estamos acostumados na temporada regular; e o "basquete jogado nos playoffs", bastante diferente. Não se trata, no entanto, de uma diferença apenas de importância, com mais pressão da torcida, da mídia ou dos próprios joadores. Trata-se de um basquete mais físico, brigado, em que pancadas não apenas são justificáveis mas aguardadas, necessárias.

Não vimos muito disso na série entre Cavs e Hawks ou entre Mavs e Nuggets até agora, simplesmente porque os jogos foram fáceis demais. Até mesmo o Celtics e Magic de ontem foi um passeio, afinal a equipe de Orlando aparentemente não apareceu para jogar e mandou 4 clones geneticamente alterados e um Rafer Alston, esse de verdade, mas que é como se não fosse. Não houve um basquete tão físico, mas ainda assim o gênio do Alston respondeu a um toque incidental que recebeu na cabeça numa comemoração do Eddie House (após acertar uma bola de três na sua cara) com um baita "pedada, Robinho!" dado com gosto. Os dois se encararam, quase rolou uma bitoca, mas não tivemos nenhum confronto real. Esse vídeo do tapa é genial porque lembra os antigos "replays de pagadinha" (tóim, tóim, tóim) dos finados Sérgio Mallandro e João Kléber, descansem em paz.

Foi em Los Angeles que vimos, então, esse tal de "basquete de playoff" acontecendo de verdade. Os times morderam um ao outro como se suas vidas dependessem disso. Houve muito contato, agressividade e provocação, e ao invés de achar natural eu não podia deixar de pensar no trabalho terrível que estava sendo feito pela arbitragem para evitar aquilo. Não me levem a mal, eu até gosto de bastante de boxe, mas sinto falta dos calções bregamente coloridos.

De fato, acho que eu não ficava tão bravo num jogo desde os bons e velhos tempos em que o Spurs dava um pau no Suns com pancadas do Bowen no Nash e quinhentos lances livres cobrados pelo Manu Ginóbili. Estou acostumado a ver meu Houston Rockets perder porque fede, porque o Rafer Alston forçou arremessos importantes, porque a bola não chegou no Yao e coisas do tipo. Ou seja, estou acostumado a me enervar com o próprio time, mas não estou acostumado a me enervar tanto com uma arbitragem que flutuou do total descaso ao exagero em marcações minuciosas. A verdade é que a arbitragem foi tão confusa que não conseguiu agradar ninguém, afinal os jogadores do Lakers também não estavam satisfeitos. Mas, quando o tal "basquete de playoff" está sendo jogado, uma arbitragem confusa é inaceitável e tem repercussões catastróficas para o espaço-tempo. Ninguém quer colocar o Mike Tyson num ringue e mandar o árbitro ir passear, não é mesmo? Algumas orelhas, certamente, iriam sofrer um bocado.

Para garantir minha choradinha e tirar isso logo do caminho, a arbitragem não deixou Yao Ming jogar. Com duas faltas logo no primeiro período, só conseguiu voltar no meio do segundo. Numa das primeiras posses de bola, então, após pegar um rebote ofensivo, jogou seu corpo contra Pau Gasol (que se encontrava dentro do semi-círculo abaixo da cesta) enquanto arremessava, numa jogada clássica de qualquer armador com um pouco mais de experiência (acho que Billups é o maior PhD do planeta nessa habilidade). Pelo clima do jogo naquele momento, em que o confronto dentro do garrafão deveria ser censurado para as crianças, o que Yao fez foi quase um chamego no espanhol. A falta de ataque marcada no Yao não foi apenas grotesca tendo em vista o andamento do jogo naquele momento, ela também mostrou que os árbitros não sabem para que serve aquele semi-círculo embaixo do aro, onde o jogador de ataque não pode ser tocado indo para a cesta. Outro erro similar foi feito nesse sentido mais pra frente, no terceiro período.

No primeiro tempo, então, o Yao Ming não conseguiu sequer molhar a camiseta e chinesa que lava suas roupas tirou o dia de folga. Carl Landry assumiu a função de jogar no garrafão e, naquele jogo exageradamente agressivo, pegou um punhado de rebotes ofensivos e sofreu trocentas faltas. Jogou muito bem, sem dúvida nenhuma, mas o problema é que Landry erra seus lances livres. Ao todo, acertou 7 em suas 13 tentativas, coisa que Yao Ming não faria (dos 42 que cobrou até agora nesses playoffs, acertou 39).

Foi sem o chinês, portanto, que o Houston teve que correr atrás do prejuízo no segundo período. E o prejuízo já era grande demais, afinal Kobe Bryant estava num daqueles dias de Kobe, aquela expressão de "eu sou foda e não precisaria estuprar nenhuma mulher, a Alinne Moraes deve ser louca por mim" na cara e os arremessos impossíveis caindo constantemente. Shane Battier não podia fazer nada, nesses "dias de Kobe" o melhor a fazer é sentar no chão e jogar um pokerzinho.

O Houston até chegou a liderar a partida no segundo quarto, mas Kobe encerrou o primeiro tempo com uma bola de três para empatar o jogo. Tava na cara que ele faria qualquer coisa que fosse preciso para o time ganhar, até andar sobre as águas, então moralmente o Houston já tava no buraco e se tivesse bom senso poderia ter saído de quadra e se concentrado já no próximo jogo. Teria poupado muita, muita dor de cabeça.

As marcações dúbias da arbitragem, a falta de critério ("pode ou não pode tocar garrafão, professor?"), e o jogo físico em excesso que não foi coibido obviamente iam dar merda rapidinho. Primeiro foi, depois de muito contato no garrafão, uma discussão entre Luis Scola e dois jogadores do Lakers, Luke Walton e Lamar Odom. Cada um ganhou uma faltinha técnica para mostrar pra esposa em casa. Minutos depois, Scola tomou uma cotovelada do Derek Fisher quando ia fazer um corta-luz, e caiu como se tivesse sido baleado por um canhão. Argentinos à parte, a queda pareceu até que um tanto convincente porque a pancada foi de verdade, e o Fisher foi expulso do jogo. Ninguém percebeu, nesse ponto da história da humanidade o Lakers joga melhor com Shannon Brown.

A agressividade continuou. Nos dois garrafões, só sobrava tabefe. Pelamordedeus alguém dê uma olhada no que fazem com Yao Ming em todo maldito rebote ofensivo, seguram seus braços e puxam sua camisa, e após trombar tentando ir pra cesta ainda acaba recebendo um par de faltas de ataque. Olha, vou ser bem sincero, o chinês às vezes fede e mal consegue receber a bola, ele definitivamente não precisa de uma arbitragem que o torne ainda pior! Ainda assim, em quase todas as posses de bola em que tocou na bola (foram poucas), Yao cobrou lances livres. Ele acaba desequilibrando o jogo, é uma pena que tenham feito ele passar tanto tempo sentado e proíbam ele de pegar rebotes no garrafão.

Ainda dava para o Houston alcançar, embora o Lakers estivesse em geral 10 pontos à frente e Kobe estivesse multiplicando pães e transformando água em vinho. Vale dar uma olhada na cesta que o senhor Bryant fez, prova máxima de seu "dia de Kobe":



Se não fosse o suficiente, a pancadaria ainda continuava e ninguém dava a mínima. Até que, na disputa por um rebote, Kobe deu uma cotovelada na garganta de Ron Artest, que saiu como uma bala na direção do árbitro. Uma falta havia sido marcada, mas contra o Rockets. Desesperado, Artest atravessou toda a quadra, no que pareceu para mim todo o trajeto da São Silvestre em câmera lenta, para peitar Kobe e ficarem testa-a-testa. Kobe não é burro nem nada e tirou o corpo fora, Artest foi puxado para longe, recebeu uma técnica, mas aí fez um gesto de "haka" repentino: passou um dedo horizontalmente na garganta, no maior estilo briga de cadeia: "vô te degolá".



Foi expulso, e todo o elenco do Houston teve muito trabalho para tirar Ron da quadra (pelo menos não era para tirar Ron da arquibancada, vejam bem). Com ele em quadra, Yao praticamente sem jogar e Kobe imparável, o jogo já estava perdido. Sem ele em quadra, então, o jogo tava mais perdido do que o Gilberto Barros em horário nobre.

Ter o Ron Artest no time tem dessas coisas: saber que, num jogo importante nos playoffs, a qualquer momento, ele pode perder a cabeça e desfalcar o time. Na noite de ontem estava jogando demais, acertando tudo que arremessava da cabeça do garrafão, e aí numa sequência de 15 segundos já estava no chuveiro. Acho que era isso que os fãs do Kings tanto temiam, e é isso que lhe dá a fama de maluco instável que deixa o time na mão. Sua entrevista coletiva, no entanto, foi uma das coisas mais sensatas que já ouvi.

Artest começou dizendo que, na infância e adolescência, jogava um basquete na rua ultra-competitivo, sujo e agressivo, e que viu um garoto (literalmente!) se matar em quadra uma vez (e você achava que tinha histórias estranhas quando conta, em volta da fogueira, que sua avó uma vez se engasgou um com um Doritos). Então, explicou que está acostumado com esse tipo de jogo mas que, com os anos, foi aprendendo a se controlar e modificar sua forma de jogar.

"É assim que eu cresci, brigando nas quadras jogando basquete. Me levou anos para eu recuar e entender que a liga não era sobre isso, era sobre um tipo diferente de jogo."

Todos nós sabemos que Artest é emocional e perde a cabeça, mas ele realmente não é mais um cara que dará uma porrada em alguém em quadra. Ele atiça, discute, peita, faz seu jogo de animador de luta-livre.

"Pra mim eu achei o jogo legal, achei divertido, mas para essa liga foi agressivo demais - foi um jogo divertido de se participar mas foi agressivo demais e é preciso ter bolas para me golpear na garganta. Mas eu espero que a liga olhe para isso e possamos ir para o próximo jogo."

Assim como eu, Artest também expressou seu desejo de que os árbitros tivessem coibido a agressividade antes, o contato físico excessivo. Segundo ele, Kobe passou o jogo inteiro estapeando seus braços, batendo toda vez que Artest lhe marcava. "Você não vai iniciar nada, eu não vou reagir, vou deixar os árbitros controlarem você", disse para Kobe. Também alertou os juízes. Mas aí tomou a cotovelada, a arbitagem não fez nada, e ele surtou.

"Eu sabia que receberia uma falta técnica, o objetivo era, de preferência, fazer os árbitros verem que eu estava puto, que eu estava cansado desse cara."

Bem, que ele estava puto acho que todo mundo conseguiu perceber, imagino que a eminência de cortar a garganta de alguém seja algum tipo de linguagem universal. Mas será que os árbitros perceberam o que Kobe fez? Notaram que o jogo havia saído do controle ainda no primeiro quarto? Que eles eram responsáveis pelo confronto inicial ter ido longe demais? O Artest curte o confronto, já bateu boca antes com o Kobe, seu grande ídolo do basquete, mas nem mesmo ele quer que a brincadeira chegue a esse ponto.

"Nós nos enfrentamos antes, sem socos, sem cotoveladas, apenas confronto. E então eu fiz isso, era uma falta técnica, mas uma expulsão?"

Segundo Artest, o Kobe é que deveria ter sido expulso. Em sua entrevista coletiva, Bryant disse discordar, alegando que ninguém deveria ter sido expulso em momento algum.

"Pra ser honesto, acho (o Artest) ótimo, não acho que ele deveria ter sido expulso por isso, esse é um basquete competitivo, ele não vai recuar e sabe que eu não vou recuar. (...) Estávamos apenas disputando posição embaixo do garrafão, não foi nada malicioso de modo algum"

No fundo, é um modo de tirar o corpo fora e evitar qualquer tipo de punição. Disse que "o Artest não disse nada" para ele quando veio peitá-lo, e afirmou que a partida "foi um bom jogo físico". Legal, deve ter sido bom mesmo para o lado vencedor, se o Kobe tivesse sido expulso ou tivesse jogado meia dúzia de minutos e tivesse um blog, provavelmente estaria fazendo um post parecido com o meu, mas não tão bem humorado.

Artest lembra que num jogo de playoff, quando Ginóbili acidentalmente cortou seu lábio, Ron Ron ficou bravo e levantou os braços, atingindo o argentino. Por esse ato, que não foi uma cotovelada, acabou punido com uma suspensão de um jogo. Eu duvido que Kobe será punido e, na verdade, torço para que ele não seja. Que se lasque o fato de que o Houston ganharia o jogo com os pés nas costas sem o Kobe em quadra, por acaso eu esperei uma temporada regular inteira para assistir meu time enfrentando o Lakers sem sua maior estrela? Que jogo porcaria seria, uma perda de tempo. Se for para vencer essa série, o que já é improvável o suficiente, não seria legal ter motivos idiotas para isso. Eu não iria querer que o Houston Rockets fosse campeão depois de ter sido convidado pela FIFA para participar daquele torneio de verão, como o Corinthians (alfinetei!). Tudo que eu quero, crianças, é uma série disputada, competitiva, divertida, em que os jogadores dos dois lados tenham chances de ficar em quadra e não abrir a cabeça de ninguém com um pé-de-cabra. Será que é pedir demais?

Gostaria de acabar com esse mito idiota do "basquete de playoff". Um contato que é faltoso na temporada regular também é faltoso nos playoffs. A culpa é do critério da arbitragem, como se seguisse um estranho senso comum, de que na pós-temporada vale violência, o que traz apenas confusão e agressividade desmedida. Quando um árbitro entra em quadra disposto a apitar diferente porque "isso aqui é playoff, vai rolar mais porrada mesmo", as chances do jogo saírem do seu controle são grandes demais e depois não dá para recuperar sem que algum dos lados - às vezes os dois - esteja muito prejudicado.

Vamos ser honestos, tenho Ron Artest no meu time, se puder rolar porrada é o Houston quem sairá sempre prejudicado. A equipe do Houston é bastante física (depois que o T-Mac saiu), o garrafão é forte e o elenco é um dos melhores em lances livres na NBA, mas se as cotoveladas rolarem soltas ignoradas, não tem nem as faltas (que gerariam lances livres) e nem Ron Artest, que vai acabar indo dar um passeio.

A série agora vai para Houston, na minha torcida de uma mudança de postura dos árbitros responsáveis. Também espero que Kobe esteja presente - contra o meu time ou não, quero ver mais bolas inacreditáveis, arremessos espíritas, bolas na tabela. Quero ver mais Kobe em "dia de Kobe".

terça-feira, 5 de maio de 2009

Episódio 1

A foto é tão boa que não vou estragar com
uma legenda de humor duvidoso



O primeiro episódio do Clássico Bola Presa foi contado. E deu o time do Danilo, Rockets 1 a 0. Também começou uma outra série menos importante para este blog, em que o Orlando, assim como o Houston, afanou o mando de quadra.

Cada jogo teve sua história e as duas séries, que acredito que vão ser bem longas, deixaram mais perguntas do que respostas.

Primeiro, qual é o Celtics que vai jogar daqui pra frente? É o que perdeu jogos em casa para o Bulls e que foi humilhado pelo Orlando no primeiro tempo ou é o Celtics que dominou o jogo 7 com uma defesa sufocante que lembrou os playoffs do ano passado e que, novamente com uma defesa assustadora, quase virou um jogo perdido? Acho que nem o Paul Pierce sabe responder.

O Ray Allen disse ontem que é inaceitável o time só acordar quando a água bate na bunda, mas se serve como consolo, o nível do jogo deles quando de repente acordam é nível para fazer até o Cavs suar bastante.

Por outro lado, o Orlando teve um jogo idêntico ao da série contra o Sixers, o que é bizarro! Como você tem um jogo exatamente igual contra times de níveis tão diferentes? Assim como contra o Phila o Dwight Howard dominou os rebotes mas foi discreto no ataque, assim como na série anterior eles tiveram uma movimentação de bola maravilhosa e dominaram o jogo até uma amarelada Dirkesca na quarto período para deixar o jogo disputado de novo.

A mesma amarelada de quando perderam uma liderança confortável em 3 dos 6 confrontos de primeira rodada. A única mudança no time foi que ao invés do grande novato Courtney Lee, que ainda está machucado, o Orlando contou com belas partidas de JJ Redick e principalmente do meu querido jogador ainda disponível para trocas no fantasy, Mickael Pietrus.

A série será definida a favor de quem for mais consistente ou pelo menos mais eficiente em seus momentos bons. O Orlando ontem lidou bem com a perda da vantagem porque jogou muito bem antes, uma distância menor no placar e a vitória já era. Pelo Celtics, se eles pegam no breu quando o jogo estiver empatado (como no jogo 7 contra o Bulls) aí o adversário já era, é Eddie House na cabeça!

A jogada mais curiosa da noite foi quando o Rajon Rondo recebeu um passe da linha de fundo na defesa mas não pegou a bola para não disparar o cronômetro, na linguagem NBAlística ele estava "walking the dog", levando o cão pra passear. Sempre achei arriscado fazer isso e finalmente tive a prova de que é mesmo quando o Rafer Alston saltou no chão e pegou a bola. A jogada, quando o Orlando liderava por 9, seria tacar o zap na testa do marreco. Mas de alguma forma o Rondo salvou a bola e ajoelhado atirou para ninguém mais, ninguém menos do que Brian Scalabrine, que acertou de três e colocou o Celtics de volta ao jogo.

Depois dessa jogada e de uma bola de 3 do Paul Pierce, a torcida foi ao delírio e durante uns dois segundos até torci para o Celtics ganhar, mas não deu mesmo, não dava mais tempo. O resumo do jogo e essa jogada do Rondo podem ser vistas nesse resumão:




No Oeste, onde realmente interessa, o jogo foi terrível para o Lakers e começou para o Houston como começou contra o Portland, hen hao.

O Kobe estava com um problema na garganta que o impediu de treinar no dia anterior ao jogo e de treinar antes da partida, acho que por causa disso ele começou o jogo arremessando muito, deve ter sido pra se aquecer.

Pior que essa atitude do Kobe é um dos sinais de derrotas do Lakers segundo minha experiência pessoal. Os 3 sinais são:

1. O Kobe arremessa demais (e erra!) no primeiro quarto.
Quando ele começa com essa gana toda é porque quer provar algo a alguém e quando acerta, como no jogo 4 contra o Jazz, é vitória certa. Quando erra é sinal de que ele está num dia que nada dará certo e ele não irá parar de arremessar mesmo assim. Mas que fique claro que apesar desse sinal, o Kobe não chutou tão mal ontem, só falhou na linhas dos 3.

2. O time adversário cobra muitos lances livres.
A defesa do Lakers nem sempre é boa, mas um sinal de que está péssima é quando o time adversário bate muitos lances livres. O Rockets bateu 29 e acertou 26.

3. As bolas de 3 não caem.
Um dos jeitos de marcar Bynum e Gasol é cercar eles de corpos e trombar, usar o jogo físico. Fechar o garrafão também é um jeito do Kobe infiltrar menos. Para abrir o garrafão, as bolas de 3 devem cair. Ontem foram apenas 2 bolas de 3 em 18 tentadas. Fracasso.

Segundo o sábio Phil Jackson, é difícil o Lakers jogar pior do que ontem, então todo mundo, inclusive eu, espera que o Lakers não tenha mais um jogo medíocre na série. O problema desses jogos extremos (seja no dia em que tudo dá certo ou no em que tudo dá errado) é que ele esconde o que foi mérito ou demérito do time em questão e o que foi responsabilidade do time adversário.

Esse jogo forçado do Kobe foi causado pela marcação dura de Artest e Battier (que sangrou feito boxeador depois de uma colisão com o Vujacic), pela saúde que o incomodava ou por que ontem, com razão, não estava confiando nos companheiros? Os lances livres em excesso do Houston foram porque o Lakers sentiu falta do Bynum no garrafão, que saiu cedo com faltas, ou o time simplesmente não tem as armas para marcar o Houston? As bolas de 3 não caíram devido à forte marcação do Rockets ou só foi um dia ruim com a confiança abalada?

O passado dessa temporada indica que foi só um jogo ruim, volta e meia o Lakers é capaz de ser medíocre mesmo. Mas pra quem viu o jogo e a série do Rockets com o Blazers, é também óbvio que o Rockets está numa ótima fase.

Não tenho dúvidas de que o jogo difícil do Lakers foi causa própria e do adversário, falta saber o peso de cada uma e respostas de verdade começaremos a ter a partir do jogo 2 e de maneira mais completa depois de pelo menos um jogo em Houston.

Falemos bem do Houston agora. Primeiro destaque para o Yao Ming, que não só deixou o Bynum com problemas de falta desde a primeira posse de bola do jogo, como também foi perfeito no ataque e fez sua melhor imitação do Paul Pierce ao deixar o jogo gritando de dor no joelho para depois voltar torturando o Lakers. Maldito chinês que não errava jumper!



Destaque positivo para o Ron Artest também, cuja missão principal é parar o Kobe (que, segundo o Artest, é pior que o Brandon Roy) mas acabou se destacando mesmo como força no ataque.

Por não ter um grande marcador de pontos, o ataque do Houston é bem questionado, mas faz tempo que eles sempre acham pelo menos um que salva a equipe. Às vezes, como ontem, é o Artest, outras vezes o Aaron Brooks, outras o Von Wafer e na série contra o Blazers foi o Luis Scola. Eles sempre dão um jeito de fazer seus pontinhos.

Agora o segredo ofensivo para o Rockets se dar bem independente de quem esteja em seu dia de cestinha é o Aaron Brooks continuar sendo agressivo e infiltrando. Isso serve pra todo jogo. É sua agressividade que deixa o time menos estático, acho que com o Alston o ataque do Houston era pior porque ele se empenhava tanto em ser o cara que mais dava bola para o Yao Ming que esquecia da sua função de atacar a cesta. O Brooks combina bem o número de passes para o pivô com jogadas individuais, que eventualmente até acabam com enterradas do Yao, que recebe depois do corte da marcação.

Repito que essa opção tática serve sempre para o Houston, mas na série contra o Lakers serve ainda mais. O LA tem muita dificuldade em marcar armadores rápidos, culpa da idade do Fisher e da limitação do bom Shannon Brown, que roubou o lugar do Farmar no time titular justamente porque o "outro Jordan" não sabe defender. Sempre que o Lakers enfrenta armadores agressivos assim (Deron Williams é meu trauma principal) é desastre certo.

Para se defender melhor dessas infiltrações, o Lakers precisa de ameaças defensivas no garrafão, e aí entra a função do Yao de sempre manter o Bynum ocupado e, se possível, se preocupando com números de faltas.

Ainda teria muita coisa pra falar, essa série vai longe. Os confrontos de Artest/Battier x Kobe, Bynum/Gasol x Yao, Wafer x Vujacic, Brooks x armadores e também dos técnicos tentando impor ritmos de jogo diferentes pra cada equipe renderão inúmeras histórias até o fim da série. Até lá continuo brigando com o Danilo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Tatuagens e bolas de 3

Lembram que um tempo atrás eu fiz um post comentando as melhores e piores tatuagens de toda NBA?


Pois é, naquele post eu cometi o terrível erro de não falar nada do JR Smith! Dá uma olhada nessa foto do bonitão:


Reparem na mãe no lado direito do peito, Jesus no lado esquerdo e um monte de rabisco que eu não consigo imaginar o que seja mas que sabemos que não é a sua mãe. Ele também tem estrelinhas no ombro como se fosse uma garotinha de 16 anos que fez tatuagem com autorização por escrito dos pais. Sem dúvida um dos jogadores mais tatuados de toda NBA.

Mas ele entrou nos noticiários ontem não pelas tatuagens, mas porque chegou muito perto de igualar o recorde de bolas de 3 pontos da história da NBA e fez o recorde de bolas de 3 dessa temporada. Ele meteu 11 bolas de longa distância, o recorde é de 12, dividido por dois jogadores.

Quem fez primeiro o recorde foi Kobe Bryant, que acertou 12 dos 18 que tentou (mesmo número de tentativas do JR Smith na noite de segunda-feira) em um jogo contra o Seattle Sonics em 2003. Engraçado é que aquele Sonics tinha o Ray Allen e o Rashard Lewis, se eu tivesse que apostar que alguém naquele jogo quebraria um recorde de bolas de 3 pontos, o Kobe seria apenas minha terceira opção.

Antes do jogo contra o Sonics o Kobe tinha acertado apenas 1 dos últimos 14 arremessos de 3 pontos que tinha tentado nos 3 jogos anteriores e tinham saído algumas matérias na imprensa americana dizendo que ele não deveria continuar arremessando tanto de 3 porque não era o ponto forte do seu jogo. Foi uma bela resposta.

Nesse mesmo jogo o Kobe estabeleceu outro recorde, ele acertou seus 9 primeiros arremessos de 3, fazendo a maior sequência de bolas de 3 sem nenhum erro. Esse recorde foi igualado no mesmo ano pelo Latrell Sprewell e em 2006 pelo Ben Gordon.

Aqui o vídeo dos 12 acertos do Kobe:

O outro detentor do recorde de 12 acertos é ninguém mais ninguém menos que Donyell Marshall! Pois é, pois é, o lixo do Donyell Marshall, o cara que quase entrou em quadra sem o uniforme tem um recorde da NBA. Ele acertou 12 arremessos em 19 tentados em uma partida contra o Philadelphia 76ers. Aqui o vídeo:



Eu acho que esse recorde do Kobe e do Donyell tem tudo para ser conquistado pelo JR Smith. Ele tem o talento, tem uma confiança inabalável no seu próprio chute e tem a liberdade de poder arremessar quando quiser ou se não tem, parece que tem, se o George Karl não libera ele pra arremessar quando dá na telha, o JR Smith tem o desobedecido há alguns anos.

Além disso ele é bem jovem, são anos e anos a frente com inúmeras chances de ficar arremessando como um doido. Nessa temporada, por exemplo, ele teve 7 jogos onde tentou mais de 10 arremessos de 3 e em 10 ele acertou pelo menos 5 arremessos de longa distância! Esse cara é uma aberração. E o que os números não mostram são os tipos de arremesso que ele tenta (e acerta), dá uma olhada nos arremessos que ele fez ontem, o último que ele acertou é simplesmente demente, insano e retardado.



Legal ele ter feito essa atuação também logo depois que eu disse no post anterior que eu achava que com dedicação o JR Smith poderia ter média de mais de 20 pontos por jogo numa boa. Com essa qualidade de arremesso ele pode mesmo, não é nada normal um cara ser capaz de acertar arremessos tão marcado e tão desequilibrado como ele consegue.

E alguém tem algum outro palpite para quem pode também ameaçar esse recorde de 12 bolas de 3? Eu não duvido que o Eddie House possa conseguir ter um jogo assim um dia. Pra quem não lembra, o Eddie House chegou a acertar 8 bolas de 3 em um jogo nessa temporada. Contra o Kings também, claro:



Como eu comecei o post falando de tatuagens só porque achei aquela foto bacana do JR Smith, termino falando de tatuagens também só porque achei uma outra foto legal. Naquele post que eu tinha citado tem uma foto da tatuagem "Chosen One" (o escolhido) que o LeBron tem nas costas. Agora vejam o que o Anderson Varejão tem nas costas.


O Varejão tem 16 tentativas e nenhum acerto de bolas de 3 na sua carreira na NBA.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Finais de Conferência - Leste

Como fizemos com as semi-finais e com os confrontos da primeira rodada, vamos analisar o que cada time precisa para levar paca casa o caneco de campeão de sua Conferência. Para começar, uma olhada na final do Leste que começa hoje, logo após, aliás, do sorteio do draft, e deu pra acompanhar os dois aqui ao vivo no chat do Bola Presa, o lugar já tradicional pra quem quer bater um papo camarada e assistir aos jogos ao mesmo tempo, o que deixa todo mundo meio estrábico. Mas o Bola Presa não vai pagar indenização pelo seu futuro problema de visão, já basta a grana que desenbolsamos mensalmente com processos por danos morais.

Celtics vs Pistons





















O que o Celtics precisa fazer para vencer a série:
Organizar o ataque é a primeira coisa que deve vir à mente dos jogadores do Boston Celtics. Suas jogadas ofensivas são falhas e o time parece, sempre que a defesa adversária aperta um pouco, jogar no improviso e no desespero. Se temos certeza de uma coisa na vida é de que o Pistons vai defender como nunca, nem da nossa própria morte podemos ter tanta certeza assim. Se o ataque do Celtics não for calmo, planejado e cadenciado, serão sufocados pelo Pistons e terão poucas chances de vitória.

Melhorar as ações ofensivas também inclui saber utilizar Ray Allen. O arremessador que deve ter inspirado o filme "Melhor é Impossível" graças a todos os seus transtornos obsessivos compulsivos antes dos jogos vem tendo atuações pífeas nos playoffs, em parte porque não acerta arremessos nem nos treinos, em parte porque a execução ofensiva da equipe não lhe oferece oportunidades de arremessar nas situações que lhe são mais favoráveis. Ficar brincando de isolar Pierce e Garnett é coisa de técnico burro como o Mike Brown, do Cavs. Para vencer, Doc Rivers precisa criar movimentação de bola e ter certeza de que Ray Allen estará envolvido no jogo desde os minutos iniciais, mesmo se a pontaria estiver descalibrada.

Outra coisa que o Doc Rivers deveria aprender com as falhas do técnico do meu Houston, o Rick Adelman, é manter a rotação que deu certo na temporada regular. Eu sei, sentar o Sam Cassell e colocar o Eddie House em seu lugar mudou a série contra o Cavs, mas o Cassel não conseguia acertar nem uma bolinha sequer. O Leon Powe ir pro banco pra dar lugar pro Glen Davis é mais complicado, e no fundo os jogadores ficam sem saber quais seus papéis e quanto tempo vão jogar, reina aquele clima de que "playoff é diferente" e aí se foge do esquema que deu certo e venceu mais de 60 jogos na temporada regular.

Na defesa, que era o forte do Celtics até eles largarem mão contra o Cavs, o Celtics tem todas as armas possíveis para parar as armas do Pistons, a não ser Rip Hamilton. Como Ray Allen vai lidar com sua marcação pode ser o ponto decisivo da série. Fazer Hamilton suar na defesa pode ser a solução, o que nos faz voltar novamente à importância de um Ray Allen que participe ativamente do ataque.

O que o Pistons precisa fazer para vencer a série: Desencanar do ataque e se focar na defesa. Essa é uma série perfeita para o Pistons ganhar por 2 a 0, placar de futebol mesmo. O time de Detroit tem muitas armas ofensivas, um ataque mais fluido e entrosado, e não precisa se concentrar muito nisso, apenas levar o esquema ofensivo com a barriga. No entanto, se eles guardarem suas energias para a defesa, o Celtics vai expor cada uma de suas fraquezas e chorar mais do que torcedor do Jazz. Defesa forte, de quadra inteira, sem medo de dobrar em Paul Pierce e deixar Rajon Rondo arremessar, e a série estará no papo.

É essencial que, no ataque, o jogo fique bastante focado no Billups. Na temporada regular, com sua experiência e físico, Billups mostrou que o Rondo é apenas um fedelho que completa o Celtics, não o Quarto Fantástico. Brutalmente mais forte do que o armador de Boston, Billups pode jogar de costas para cesta, levar o jogo para o garrafão e criar espaço para si e para os companheiros. Não estranhem se Billups for o cestinha da série e, caso aconteça, as chances de vitória do Pistons serão grandes.

Além dele, Rip Hamilton deve tentar colocar a série nas costas. Sendo marcado por jogadores defensivamente inexpressivos como Rondo, Ray Allen e Eddie House, o Hamilton deve punir o Celtics com quatrocentos pontos por jogo. Se o Celtics for obrigado a colocar um jogador mais defensivo em quadra só para isso, como o James Posey, por exemplo, então o ataque já problemático do Celtics estará ainda mais desprovido de ajuda, desestabilizado e fora do seu ritmo habitual.

domingo, 25 de novembro de 2007

Sorte de campeão

Às vezes o mais difícil para um time grande é ganhar dos times meia-boca. Você se concentra para enfrentar Spurs, Mavs, Pistons, e aí é obrigado a ir pra Charlotte enfrentar os Bobgatos, que estão sem o Gerald Wallace, ainda por cima. É o tipo de jogo em que você boceja e não tem muita vontade de se dedicar - menos o KG, claro, porque ele se dedica, ele corre, ele grita, ele estoura as veias do pescoço, tem aneurismas e derruba a parede do ginásio com uma cabeçada se for preciso.
Fora o Garnett, que não é humano, é natural dar uma relaxada em jogos assim. Mas o Celtics parece ter tudo a seu favor e, até quando devia perder, ganha meio sem querer.

Perdendo por 2 pontos, 4 segundos para o final, cobrança de lateral com posse de bola para o Bobcats. Jogo perdido para os verdes, né? Se ao invés desse Celtics fosse o Clippers azarado, ou o Hawks, a bola bateria na mão do Eddie House e entraria numa cesta contra, aumentando a vantagem do Bobcats para 4 pontos. Mas não: a bola bate nas mãos do Eddie House, cai nas mãos do Pierce, que manda pras mãos do Ray Allen, que faz história. Cagadas de time campeão mesmo.

O Jason Richardson, que cobrou o lateral com o mesmo talento com que o Scott Pollard penteia o cabelo, pediu desculpas para seus companheiros ao fim da partida, dizendo que ele sozinho havia perdido o jogo que seu time havia ganhado. Coitado, fiquei até com dó. Mas não é nada que ganhar 10 milhões não faça ele esquecer logo...

Agora, dê uma olhada no vídeo do arremesso e tente descobrir quem é o coitado do Bobcats que desaba no chão quando vê que perdeu o jogo...

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Armador para quê?

Se o Rondo estivesse na foto, você perceberia?


Com três futuros Hall da Fama na equipe, as dúvidas sobre o Boston Celtics são sobre os cargos que restam: armação, pivô e banco de reserva. Dois jogos de pré-temporada assistidos e me sinto apto a responder algumas coisas.

Sabe quem será o armador principal do Boston Celtics? A resposta: ninguém.

Rajon Rondo, o pivete, vai ser o titular na armação, mas que fique bem claro que é apenas questão de formalidade. Poderia muito bem ser eu lá em seu lugar e ninguém sequer perceberia.
Nos jogos até agora, Rondo recebe a bola em mãos para correr para contra-ataques, utilizando sua velocidade. Mas ele não chama as jogadas, não estrutura o ataque, não comanda o show. O estilo do Celtics no momento, pouco ortodoxo, deixa a bola na mão de todo mundo. Basta ser um jogador e estar vestido de verde para poder iniciar uma jogada. Na maior parte das vezes, quem começa os ataques é Ray Allen, mas a variação é enorme, passando por Pierce, Garnett e até mesmo o Kendrick Perkins, na cabeça do garrafão. A função do Rondo é simplesmente estar em quadra, defender e arremessar quando livre. E veja bem: eu disse "arremessar", não "acertar seus arremessos". Ou seja, eu realmente poderia estar lá no lugar do Rondo: eu respiro, sou um mamífero, bípede, corro e também erro meus arremessos.

Outra posição que gerava dúvidas para o Celtics era a de pivô, mas Kendrick Perkins se saiu assustadoramente bem nas duas partidas até agora. Não se engane pelos número pouco expressivos, Perkins está bastante ativo em quadra, brigando por todas as bolas e sendo envolvido no ataque. Apesar das inegáveis opções ofensivas da equipe, Perkins ainda assim recebeu várias bolas no garrafão para definir contra seu marcador. O espírito de equipe é tão grande que até quem não tem talento ofensivo recebe a bola pra finalizar. Coloque um cone lá e o Garnett vai insistir que ele também deve arremessar.

Espírito de equipe esse que, aliás, se extende ao banco de reservas. Eddie House sempre foi um louco chutador desvairado que anda pelas ruas arremessando pessoas nas latas de lixo, mas no Celtics ele está tão empolgado que duas coisas inéditas estão acontecendo: ele está passando a bola, e seus arremessos estão caindo. Por vezes, mesmo com o Garnett gargalhando sozinho da sorte que teve de ir para Boston, Eddie House parece o jogador mais feliz do elenco. Acho que é isso que a possibilidade de ganhar um anel faz com as pessoas...
Além dele, Tony Allen volta a ganhar confiança em seu joelho, Esteban Batista não defende nem o Ostertag mas se garante no ataque, e o gordo do Glen Davis mostrou talento e um alcance no arremesso que eu nem imaginava.

E assim, o Celtics parece bem montado e funcionando razoavelmente. Não há armação convencional, armador principal, armador reserva, o ataque parece um tanto porra-louca e o banco faz o que quer, mas mesmo assim dá pintas de se tornar imbatível.
Me coloca no lugar do Rondo, por favor. Eu ganho um anelzinho só e depois volto pra casa...