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domingo, 12 de fevereiro de 2012

A vida sem Billups

Billups e Paul apontam lugares aleatórios para parecerem interessados no jogo


Foi confirmada na noite da última quarta-feira a notícia que o Los Angeles Clippers temia. A lesão no tendão de aquiles de Chauncey Billups foi realmente grave e ele está fora do restante da temporada. De todas as fontes gringas que eu li, 95% dão como certeza que ele não volta ainda nesse ano, uma outra fonte disse que Billups está confiante de que ainda é possível e irá consultar novos médicos. Mas a verdade é que uma lesão desse tipo até coloca em risco a carreira do vovô Billups. Sua presença nos Jogos Olímpicos também provavelmente foi para o ralo.

Analisando o lado pessoal, é bem triste. Ele já tinha decidido que iria se aposentar em Denver, sua cidade natal, jogando pelo Nuggets. Aí acabou sendo envolvido na troca do Carmelo Anthony e foi para o Knicks. Engoliu o sapo e disse "Ok, fico em Nova York". Foi anistiado (dispensado pela nova regra) para que o Knicks tivesse espaço salarial para assinar Tyson Chandler e pela nova regra da anistia não pode escolher para onde iria, simplesmente foi escolhido pelo Los Angeles Clippers. Ele até cogitou encerrar a carreira no meio dessa confusão toda, mas acabou aceitando e incorporando o papel de líder no jovem e promissor time outrora amaldiçoado. E aí, quando o time estava embalando ele se machucou. Não tem como não ficar com dó do Mr.Big Shot.

Mas e o time, como fica? Na prática eles fizeram uma troca. O primeiro jogo que Billups não pode jogar foi o da estreia de Kenyon Martin, recém-chegado da liga chinesa. Curioso que desde o começo da temporada é bem claro que o Clippers tinha muitos armadores e precisavam de um defensor de garrafão. Apesar dos tocos alucinantes de DeAndre Jordan e da boa defesa de perímetro de Chris Paul e até então de Chauncey Billups, o time é apenas tem apenas a 19ª posição na lista de times que menos sofrem pontos no garrafão. Já sabemos que Blake Griffin precisa melhorar muito na defesa e que Reggie Evans, embora seja um dos melhores reboteiros da NBA, não é grande coisa no mano a mano e muito menos na defesa de cobertura. Eles precisavam de alguém como Kenyon Martin e conseguiram.

A troca, portanto, era uma barbada que iria acontecer assim que sobrasse o cara certo. O Clippers acabou dando sorte que Kenyon Martin veio de graça, mas a contusão do Billups equilibrou a balança da sorte que já estava pesando demais para o lado positivo em um time tão zicado quanto eles. A questão principal é que eles provavelmente cogitavam trocar Mo Williams, Randy Foye ou Eric Bledsoe por esse defensor, não o Billups. Mas isso era pelo nome ou pelo o que ele estava rendendo dentro de quadra?

O PER (número que mede a eficiência dos jogadores usando uma fórmula que só o Jeremy Lin entende) do Billups nessa temporada é o seu pior desde a temporada 2000-01. O aproveitamento de arremessos dele (36%) é o pior desde a temporada 99-2000. Seu jogo também estava bem mais simples que o que nos acostumamos a ver, ele tentava 7.2 bolas de 3 por partida, seu máximo da carreira e um dos que mais queimam arremesso de longa distância na NBA, mas seu aproveitamento, embora alto (38%) é mais baixo do que o dos últimos anos. Ou seja, ofensivamente o Clippers perde um bom jogador, mas que não estava no seu auge e que não estava fazendo muito mais, às vezes bem menos ,do que os substitutos Randy Foye e especialmente Mo Williams, esse em especial tem jogado muito bem no ataque.

O problema é na defesa. Ou nem tanto? Quando o Clippers tem Mo Williams em quadra eles sofrem, em média, 1.12 pontos a cada posse de bola, um dos piores números do time. Com Billups, assim como com Foye, o número cai para 1.04. Ajuda Billups que ele geralmente divide o quinteto titular com DeAndre Jordan, que tem o melhor rendimento do time: 0.99. Mas temos que ser legais com Billups porque em muitos momentos ele estava marcando jogadores mais altos que ele, por jogar agora na posição 2 volta e meia ele estava ficando cara a cara com jogadores como Kobe Bryant, Dwyane Wade ou Kevin Martin, pontuadores natos e maiores que ele. Quando Billups joga na posição 1 é ele que sempre tem a vantagem física.

O Billups, portanto, era útil na defesa, mas nada de outro mundo também. Não só Randy Foye quebra um baita galho, como ainda existe a chance de deixar Caron Butler, esse sim excelente defensor, para cuidar desses pontuadores enquanto Ryan Gomes pode assumir o jogador da posição 3. Lembrando que mesmo prejudicando o ataque, Kenyon Martin já defendeu alas mais baixos anteriormente na sua carreira e pode ser improvisado. A perda de Billups é sentida, como de qualquer bom jogador, mas não parece ter grande impacto assim na defesa ou no ataque, seja pelos bons reservas ou pela chegada de Kenyon Martin. Até mesmo nas decisões tomadas em quadra ele não estava muito bem, assumindo demais seu papel de arremessador e menos de organizador.

Aparece então a última questão dele, o título de Mr.Big Shot. O Clippers não precisaria dele para arremessos decisivos no fim dos jogos? Certamente não incomodaria ter ele lá a postos para vencer jogos, ele fez isso naquela partida contra o Mavericks, lembram?. Mas ele faz menos falta se lembrarmos que o Clippers tem hoje em mãos um dos melhores finalizadores de jogos dos últimos tempos, Chris Paul.

Não estou falando isso só porque sexta-feira ele simplesmente costurou a defesa perfeita do Sixers para derrotá-los quase no último segundo, digo baseado na carreira toda de CP3 desde que foi draftado em 2005. No ano passado a NBA.com calculou a eficiência de times em jogos decididos por 5 pontos ou menos desde o ano em que Paul entrou na NBA. Nesse tempo todo o Hornets, time de Paul até essa temporada, tinha até então 80 vitórias e 44 derrotas nessa situação, aproveitamento de 64%. Apenas o Mavs teve mais vitórias, 90, com 40 derrotas, nesse período, mas com o detalhe que essa diferença entre vitórias e derrotas era compatível com o recorde geral do time de Nowitzki. Ou seja, o Mavs vencia apertado uma quantidade de jogos que costumavam vencer normalmente. O Hornets não, o aproveitamento geral deles nesse tempo foi de 54%, mas em jogos disputados pulava para 64%, maior melhora na liga. Se o jogo chegava apertado no final a chance do Hornets vencer era gigantesca, seja contra quem fosse.

Normalmente os números ofensivos das equipes caem se você só contar os últimos minutos de jogos apertados. Existe o nervosismo, a defesa atenta, a pressão. Mas o Hornets de Chris Paul tinha média de 1.7 pontos a cada posse de bola nos últimos 24 segundos de jogo. É um número compatível ao que os melhores ataques da NBA tem em jogos inteiros. Ou seja, o Hornets não era um time bom sempre, mas finalizava os jogos como ninguém. A jogada deles era simples: pick-and-pop entre Chris Paul e David West. Ou Paul infiltrava, ou arremessava de meia distância ou achava West para o arremesso se recebesse marcação dupla. Praticamente infalível.

Com a diferença que Griffin prefere atacar a cesta a ficar parado para o arremesso, é o que acontece agora também com o Clippers. Ontem Paul tentou achar Griffin, que perdeu a bola, na segunda tentativa ele foi sozinho e acertou o arremesso espetacular sobre o Andre Iguodala. E eles ainda tem os arremessos precisos de Caron Butler e Mo Williams para abrir espaço na quadra para que essa jogada seja realizada.

Não que o Clippers vá ser um time melhor sem Chauncey Billups, estava longe de ser um daqueles caras que atrapalham, mas me arrisco a dizer com alguma segurança de que não fará tanta falta assim dentro de quadra. O time tem as peças necessárias para cobrir tudo o que ele fazia. A diferença é que agora se exige mais dos que sobraram. Eric Bledsoe, que voltou agora de contusão, terá que armar bem o jogo, já que Mo Williams passará mais tempo na posição 2. Randy Foye não pode se dar ao luxo de ficar apagado em muitos jogos. No ano passado muita gente precisou cobrir o buraco no ataque que Caron Butler deixou no Mavs e acabou dando certo. Claro que contaram com contribuições improváveis como JJ Barea, mas é possível.

E é importante que Chauncey Billups se mantenha dentro grupo. Se existe algo onde ninguém lá pode substituí-lo é na parte da experiência e liderança. O time confia no que ele diz e segue o que ele fala. Será importante durante todo o resto da temporada e principalmente nos playoffs, mesmo que só nos bastidores.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Preview 2010-11 / New Orleans Hornets

- Ai, olha a roupa dela, que mico!


Objetivo máximo: Tornar disputada uma série de playoff
Não seria estranho: Passar longe de se classificar para os playoffs
Desastre: Mais uma temporada com Chris Paul contundido

Forças: Um carinha lá que dizem que até que é bonzinho armando
Fraquezas: Um elenco sem pontuadores nem jogadores capazes de chamar a responsabilidade

Elenco:








....
Técnico: Monty Williams

Novo técnico do Hornets, Monty Williams não tem qualquer experiência como técnico de basquete. Sequer treinou o time de basquete do filho no colégio. Não deu tempo, já que Monty era jogador da NBA e acabou de se aposentar faz pouco tempo, em 2003. Era um jogador mediano feliz da vida por ter passado 9 anos jogando na NBA após ter sido avisado, ainda no basquete universitário, que um problema cardíaco lhe impedia de praticar qualquer esporte. Foi obrigado a passar dois anos parado até que, segundo ele, Deus fez um milagre e sumiu com qualquer traço da doença cardíaca. O médico responsável pela cura, que não chamava "Deus" mas sim Lameh Fanapazir, usou procedimentos muito arriscados que deram incrivelmente certo e Monty Williams foi capaz de ter uma longa carreira no basquete. Assim que se aposentou, foi chamado para passar uns tempos com o técnico do Spurs Gregg Popovich, acompanhando o time, vendo os treinos, os vídeos, as análises táticas, pra ver se ele gostava da ideia de ser técnico um dia. Acabou ficando por lá, aprendendo as funções básicas dos estagiários, até que lhe chamaram para ser assistente técnico no Blazers. Sua fama é de ser um cara simpático, divertido e educado, completamente focado no desenvolvimento dos jogadores. Dizem que sua casa está sempre aberta caso algum jogador queira descansar, comer ou assistir a algum filme, e nas viagens seu quarto é sempre tomado por jogadores querendo conversar e desabafar um pouco. Nos treinos, Monty Williams foi responsável pela melhora nos arremessos de Travis Outlaw, Martell Webster, e até na melhora nos lances livres do Joel Przybilla. Enquanto o técnico do Blazers, Nate McMillan, não tem saco pra bobagem e está sempre intimidando os jogadores a obedecerem ou darem o fora, Monty Williams é o cara legal que sempre diminui os confrontos.

Sua experiência tática vem apenas da observação de caras com quem trabalhou, como Popovich e McMilan, ou de técnicos para quem jogou, como Larry Brown e Pat Riley. Mas sua compreensão de todos os aspectos de uma equipe técnica, como análise de vídeo, preparo dos jogadores e estudo do adversário permitem que ele faça parte de todo o precesso ao invés de ser apenas o cara que fica na quadra dando ordens. Sua contratação pelo Hornets permite não apenas acalmar e ouvir Chris Paul, mas também trabalhar com cada um dos jogadores individualmente, o que será essencial para o núcleo do time que é muito jovem e ainda cheira a fralda. A princípio, veremos um Chris Paul mais calmo e um time disposto a melhorar, mas o desempenho do Monty Williams com a prancheta é que será decisivo para o sucesso do Hornets. Ao menos no papel, o técnico deverá passar os próximos 3 anos com a equipe - e se o Chris Paul der o fora, Monty Williams vai ter um longo trabalho reconstruindo a equipe e lidando com novatos, que é realmente seu ponto forte.

...

O Hornets gira ao redor do Chris Paul assim como o Universo gira em torno da Alinne Moraes e o mundo da gastronomia gira em torno do bacon. Quando Chris Paul foi obrigado, no começo da temporada passada, a ser um dos cestinhas da NBA porque não tinha ninguém para passar a bola, o time ia mais ou menos mas não passava vergonha. Sem ele, contundido, o time se viu diante de um dos ataques mais estagnados de toda a liga. As coisas só não ficaram piores porque o então novato Darren Collison tinha, assim como Chris Paul, as características perfeitas para render naquele esquema tático, mas ainda assim não tinha como levar o time muito longe.

Desde o começo fui a favor de trocar Chris Paul ou Collison, porque não faz sentido seus dois melhores jogadores terem características parecidas, jogarem na mesma posição e não renderem juntos. Como em filme de Velho Oeste, o Hornets era pequeno demais para eles dois, e o escolhido para ir foi Collison. Em troca dele, Trevor Ariza veio compor um elenco que precisa desesperadamente de ajuda depois do Chris Paul ter passado as férias inteirinhas reclamando que o time fedia e que ele queria ser trocado. Convenceram o rapaz a ficar, trouxeram o Ariza, mas ainda acho o elenco muito limitado.

Na troca do Darren Collison, o Hornets fez questão de se livrar do James Posey, que é um jogador espetacular para times que já estão formados mas que não faz nada de mais em times que estão apenas brigando para ir aos playoffs. Quando Posey foi contratado, o Hornets tinha acabado de fazer uma campanha completamente atípica e acharam, depois de uma boa dose de cachaça, que faltava apenas um bom reserva para serem campeões. Agora que caíram na real, pagar 13 milhões para um cara que deveria ser apenas uma peça final num elenco vencedor é a maior burrada. O que o Hornets não sabe, no entanto, é que ao adquirir o Trevor Ariza está pegando praticamente a mesma coisa. Pelo menos ele ganha apenas 7 milhões, mas ele também só rende de verdade num time que já lute pelo anel de campeão. No tempo em que esteve no meu Houston, foi muito eficiente e versátil em quadra, mas fugiu de toda e qualquer responsabilidade e mostrou todas as suas limitações em quadra, como a dificuldade de criar o próprio arremesso ou de bater bola. Ao lado de Chris Paul, vai render milhões de vezes mais do que rendia no meu Houston, mas não deve chegar a fazer uma diferença muito grande em quadra - especialmente se levarmos em conta que o Chris Paul disse, ao receber o Ariza em New Orleans, que "chegar aos playoffs não será o bastante", que ele quer "vencer tudo".

Com David West cada vez mais limitado conforme as defesas foram se acostumando com ele, não resta nenhum outro pontuador sólido na equipe. West está em seu auge quando as defesas estão olhando para o outro lado ou para outro jogador e ele pode aproveitar os espaços vazios da quadra, o que não é mais o caso desde que Stojakovic só falta andar de cadeira de rodas. As aquisições do Hornets tentam, mas não devem ajudar muito: Belinelli é um bom arremessador mas carece de fundamentos em todo o resto, Willie Green não tem critério e mais prejudica do que auxilia quando se mete a arremessar, Joe Alexander só sabe enterrar e não consegue nem escovar os próprios dentes. A grande esperança do time na parte ofensiva é Marcus Thornton, que teve uma excelente temporada de novato durante a ausência de Chris Paul. O pirralho é bom arremessador e sabe colocar a bola no chão, com infiltrações eficientes. Se ele puder se tornar um pontuador consistente, David West vai ter mais espaço em quadra, vai parar de bater cabeça com o Okafor, e Trevor Ariza poderá render melhor sendo apenas aquele jogador faz-tudo que garantirá as vitórias. No entanto, sem um pontuador constante, o Hornets se torna um time limitado, exposto, e nem Ariza nem David West são capazes de colocar um time nas costas. Caberá ao Chris Paul, pra variar, salvar o dia, mas ele pode encher o saco logo e retomar os papos de troca assim que o negócio não dar certo.

Há uma nova esperança na área, contudo. Temos o costume por aqui no Bola Presa de ter um post para cada uma das trocas que acontecem, mas na correria de tentar publicar todos os previews antes da temporada começar deixei para falar de uma delas aqui: o Blazers mandou Jerryd Bayless para o Hornets em troca de uma escolha de primeira rodada. O Blazers há uns dois anos já sofre com o excesso de jogadores bons nas posições de armação, e Bayless é um excelente pontuador que gosta de ter a bola nas mãos enquanto Brandon Roy exige a bola nas próprias mãos na maior parte do jogo e o resto da armação cabe ao Andre Miller. Bayless simplesmente não tinha espaço, e agora o Blazers ganhou mais uma escolha de draft - plano fantástico que gerou todo o talento jovem que forma a equipe incrível e divertida que vemos hoje em dia. Para o Hornets, foi uma maravilha porque Chris Paul precisa ver sinais de esperança agora, não num draft futuro. Bayless é um pontuador nato que poderá armar o jogo quando Chris Paul sentar (já que o armador reserva, Darren Collison, agora arma o jogo do Pacers) e quando jogarem juntos o fardo ofensivo deverá recair no Bayless, liberando Chris Paul para a armação pura e simples. O problema nessas horas será a defesa, mas o cobertor é mesmo curto demais mesm e depois é hora de ver isso. No momento, o Hornets está colocando em vigor a "tática Cavs": traga quaisquer jogadores que tenham duas pernas e pareçam poder ajudar, porque precisamos enganar, digo, ajudar, o Chris Paul para convencê-lo a ficar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dor de cabeça adiada


Chris Paul feliz em ver Ariza na sua frente



Vamos continuar hoje a falar da troca gigante que aconteceu ontem. Pra quem quer saber dos jogadores envolvidos, é só ler o post do Danilo, que analisou como Pacers, Rockets, Nets e Hornets ficam após trocarem alguns jogadores importantes. Hoje, nesse post, daremos mais atenção ao Hornets, que foi meio deixado de lado ontem porque merecia um texto só para ele. A história dessa troca, para eles, é mais demorada e envolve algumas questões mais complexas e até polêmicas.

Tudo começou com uma mudança radical no New Orleans Hornets. O presidente de basquete Hugh Weber mandou embora o ótimo treinador Byron Scott no começo da temporada passada. Tudo bem, dizem que a relação dele com alguns jogadores não era boa, mas para o lugar entrou o então General Manager Jeff Bower, que ficou no time até o fim da temporada com jeitão de técnico temporário. Aí logo depois do Draft, Weber atacou de novo. Mandou embora Bower dos cargos de técnico e GM ao mesmo tempo e chamou o ex-jogador Monty Williams para ter seu primeiro trabalho como técnico à frente do Hornets. (O leitor Lucas me corrigiu dizendo que o Weber primeiro demiriu Bower apenas como técnico, ele continuou como GM, nomeou Monty Williams técnico e aí sim foi mandado embora) Depois nomeou Dell Demps como novo General Manager. Embora Demps tenha experiência como vice-presidente de basquete no Spurs e até como olheiro do mesmo time, nunca havia trabalhado como GM, era outro estreante. Foi o bastante para enfurecer Chris Paul.

O armador já passou da fase de adaptação à NBA e não há duvidas de que ele está na elite da liga atualmente. Alguns podem preferir Deron Williams, Steve Nash ou até Rajon Rondo, mas não há uma pessoa que não coloque o Chris Paul como um dos três melhores armadores do mundo na atualidade. E ele está morrendo de medo de viver o auge da sua carreira em um dos times mais pobres da NBA, que faz trocas pensando mais em questões financeiras do que em basquete e que é treinado e gerido por dois novatos.

Uma vez eu vi o Chris Webber, ex-jogador, dizendo que os jogadores não tem problema em obedecer técnicos novos, mas que dificilmente confiam nele logo de cara. Nas palavras dele, "Jogadores que querem vencer querem ter em volta outros que já venceram antes". Engraçado que todo técnico campeão tem que ter sido campeão pela primeira vez um dia, mas para os jogadores isso não existe, não querem se arriscar.

O CP3 foi até à direção do time e então exigiu uma troca. Foi o bastante para pipocarem rumores dele no Blazers, no Knicks, no Magic e, claro, no Lakers, o único time que está envolvido em qualquer boato mesmo quando não há qualquer chance de conseguir o jogador. E aqui é o primeiro tema polêmico. O que achar de jogadores que exigem ser trocados?

Eu acho esse um dos temas mais difíceis de ter uma opinião formada. Penso nisso faz tempo porque faz tempo que jogadores pedem para ser trocados, mas é complicado de decidir. Por um lado o jogador tem contrato com o time, acertou por uma quantia zilionária por muitos anos e faz parte do jogo estar em um time bom ou ruim, que tivesse escolhido melhor quando assinou o contrato. Por outro, dinheiro não manda em tudo, não é porque o cara é empregado que ele deve ficar quieto e aceitar tudo. Se ele sente que o time está sendo mal gerido, que foram por caminhos diferentes daqueles prometidos na época do contrato, ele deve ter o direito de contestar.

Pra sair de cima do muro, fico contra os jogadores na maior parte dos casos. Geralmente a razão dada é "quero jogar em um time vencedor". Tá bom, e eu quero ser rico e comer a Alinne Moraes. Não dá pra ter tudo. A Alinne Moraes é uma só e só tem um namorado, a NBA tem 30 times e não dá pra todos serem bons, alguns jogadores tem que ficar nos ruins, faz parte da brincadeira. Faz mais sentido pedidos de troca como o que o JJ Redick já fez para o Magic, ele estava afundando no banco e queria ir para um lugar onde tivesse tempo de quadra, aí sim!

Tem ainda as consequências do pedido (ou exigência, depende do nível de educação e raiva do jogador). O time não é obrigado a trocá-lo porque ele pediu, mas e como fica o clima no time? Ele vai jogar no mesmo nível ou vai boicotar, como fez o Vince Carter quando estava doido para sair do Toronto Raptors e chegou a contar para um adversário como seria a última jogada do seu time em um jogo empatado?

Talvez a solução para isso esteja nos contratos. Assim como alguns jogadores (poucos) tem a opção de vetar trocas envolvendo eles, alguns jogadores poderiam colocar termos que dão a opção dele poder cobrar uma troca em tal período de tempo. Os times não gostariam, mas talvez jogadores do nível do Chris Paul conseguissem.

Outra polêmica foi o envolvimento do LeBron James, sempre ele, na história. Hoje em dia qualquer história polêmica tem o LeBron no meio, é um Alonso/Schumacher da NBA. Ele é grande amigo do Chris Paul, ficaram muito próximos depois que passaram bastante tempo junto nas Olimpíadas de 2008. E em conversas nessa offseason o LeBron teria (nenhum jornalista americano teve as bolas de afirmar com 100% de certeza que isso aconteceu) aconselhado o Chris Paul a exigir uma troca para não perder tempo em times sem chance de vitória.

Os dois tem, inclusive, o mesmo agente, Leon Rose, que também cuida da carreira de Carmelo Anthony, que junto com CP3 foi cogitado para ir para o New York Knicks no ano que vem para formar um outro trio de ferro com Amar'e Stoudemire. Esse envolvimento de outros jogadores e de outros times com o Leon Rose fez até a NBA soltar uma carta para todos os times dizendo que é proibido abordar um jogador que está sob contrato, deve-se negociar diretamente com o time.

De novo pode-se ver a história sob duas perspectivas. Ou você acha normal o LeBron aconselhar um amigo próximo sobre suas decisões na carreira, ou você acha um absurdo o LeBron ficar metendo o nariz em equipes de que ele não faz parte. Além de ser odiado em Cleveland, seria mal recebido em New Orleans também, que fase! Eu acho normal um amigo dar conselhos para o outro. Os dois são próximos, tem a mesma profissão e eventualmente querem ou precisam de um conselho. Se o Leon Rose ficou oferecendo e negociando com outros times antes da hora, aí sim é sacanagem, mas deixa o LeBron falar o que quiser para o Chris Paul, que é grandinho e vai saber decidir por conta própria.

O Hornets tinha a opção de trocar o Chris Paul e resolver logo essa dor de cabeça. Como o Danilo disse ontem, CP3 é bom, caro, todo mundo sabe disso e dava pra tentar conseguir uma coisa boa em troca, melhor do que conseguiram pelo Darren Collison. Mas isso é a teoria, como seria na prática? O que ofereceram por Chris Paul? Teriam que contar também com o prejuízo que daria perder um dos jogadores que ainda rende venda de camisas, ginásio cheio e jogos na TV. Tanto que para compensar a parte econômica, todos que tentassem Paul teriam que levar o contrato-monstro do Emeka Okafor junto.

Para a imprensa americana, chegaram três propostas de troca. Os times não confirmam que foram exatamente assim, mas as fontes são confiáveis:

1. Blazers: Eles teriam oferecido Nicolas Batum, Andre Miller, Joel Pryzbilla, Jerryd Bayless e a escolha 22 do último Draft pelo Paul. É a típica troca de quantidade por qualidade que o Hornets fez certo em recusar. Mas dizem que houve outra em que ofereceram Greg Oden ao invés de Pryzbilla e Bayless. Essa dava pra considerar, mas seria ainda trocar a certeza pela dúvida.

2. Knicks: Pelo o que dizem, as conversas não avançaram muito, mas o Knicks teria oferecido qualquer coisa do elenco deles com exceção do Amar'e Stoudemire. Isso antes de terem assinado o Ray Felton. Será que valeria a pena trocar Chris Paul por, digamos, Danilo Gallinari e Wilson Chandler? Ou Gallinari e Anthony Randolph? Os dois são bons, mas Ariza faz mais sentido para eles e veio por menos.

3. Magic: A oferta do Magic era de Vince Carter, escolhas de draft e mais alguns jogadores que ninguém sabe, talvez Brandon Bass e/ou Marcin Gortat. A oferta tinha que envolver Carter por causa dos salários e seria uma boa porque o contrato acaba no próximo ano. Ou seja, eles iriam trocar o Paul para usar o Vince por um ano e depois perdê-lo, razões econômicas, não técnicas.

Analisando as propostas que chegaram nas mãos do Hornets, deu para entender o que fizeram. Na teoria era bom trocar o Paul e em troca receber uma outra estrela de uma posição que eles precisavam mais, mas na prática ninguém tinha esse jogador para oferecer. Até porque para o Chris Paul aceitar a troca, ela tinha que envolver um time com potencial. O Pacers poderia mandar o Danny Granger, por exemplo, mas aí o Paul sairia de um time ruim para outro pior.

Outro motivo é que o Collison é pivete, não sabemos até onde ele vai, o Chris Paul já sabemos que é espetacular e pode levar mesmo um time limitado muito longe, como já fez com o mesmo Hornets há 2 anos. O elenco não era tudo isso e eles chegaram até um jogo 7 de semi-final de conferência, o cara é foda!

Depois de toda essa negociação e boataria, o Chris Paul decidiu se reunir com a nova direção da equipe para resolver sua situação. Ele não disse que saiu feliz da reunião, mas que iria dar um tempo com os pedidos de troca e esperar para o time fazer alguma coisa. Eis que ontem eles conseguiram Trevor Ariza e Marco Belinelli, que em uma troca paralela, veio do Raptors em troca do fracassado Julian Wright, um cara que chegou cheio de nome na NBA, mas que nunca teve espaço. Tá bom que quando teve não correspondeu à altura, mas sua grande chance foi no ano passado, quando o técnico Byron Scott disse que ele começaria a temporada como titular. Nove jogos depois Scott foi demitido e Wright afundou de novo no banco.

O italiano pode ser uma boa para o Hornets, mas não o bastante para animar o Chris Paul. Ele, assim como o provável titular Marcus Thornton, é um bom arremessador de longa distância, tipo de jogador que o Paul precisa para ter espaço para infiltrar.

Quem deve fazer mais diferença mesmo é o Trevor Ariza, que é uma espécie de Shawn Marion: tem todas as características de um role player, mas é tão bom, tão bom, que acham que é estrela. Mas não dá pra montar um time em volta do Marion, assim como não dá pra fazer com o Ariza. Em New Orleans ele vai render bem melhor sendo só a terceira, às vezes quarta, opção ofensiva e atuando mais em contra-ataques e se movimentando sem a bola. Vai fazer a festa recebendo bons passes e vai cometer bem menos erros e arremessos forçados do que no ano passado no Rockets.

O Ariza, além de deixar o ataque mais dinâmico, menos previsível e mais veloz, deve oferecer mais opções de contra-ataque e deixar a defesa de perímetro mais forte. Com Paul e Ariza dá pra esperar o Hornets como um dos times com mais roubos de bola por jogo na NBA.

O time ainda tem um garrafão forte com David West e Emeka Okafor. Nenhum dos dois é fora de série, o David West depende muito dos seus arremessos de meia distância e ajuda pouco na defesa e nos rebotes. Mas dá pra entender sua queda de rendimento no ano passado, ele funciona bem quando é bem usado pelo Chris Paul, sem ele não é a mesma coisa. Já o Okafor é um cara de lua, pode fazer 15 pontos, 15 rebotes e 5 tocos numa noite e ficar se ferrando com problemas de falta na outra. Um pouco de regularidade, mesmo sem os jogos espetaculares no meio, já seria um alívio para o torcedor do Hornets.

Não tenho dúvidas de que o time assim ficará bom. Tá bom, tenho um pouco de dúvida porque não conheço o técnico, mas mais importante do que isso é a competição no Oeste. Porque mesmo se o time ficar ótimo, o bicho vai pegar.

Pensa bem, dos oito classificados para os playoffs, qual ficou pior? Talvez o Suns, mas que mesmo assim não está fora da briga depois de trazer Hedo Turkoglu e Josh Childress. E além dos oito, o Warriors ficou bem melhor com David Lee, o Rockets está mais forte com a volta de Yao Ming, chegada de Brad Miller e um tempo maior para entrosar Brooks, Kevin Martin e Luis Scola. Ainda tem o Memphis, com o mesmo bom grupo do ano passado e o Clippers, com a estreia do Blake Griffin. Ou seja, é certeza absoluta de que mesmo bons times, com bons jogadores e que fizeram bons movimentos nessa offseason, vão ficar fora dos playoffs.

O Hornets melhorou e Trevor Ariza deve brilhar por lá, mas quanto tempo até o Chris Paul começar a choramingar por uma troca de novo? Ele disse com todas as palavras "quero lutar por títulos todos os anos". Se ele pensa assim mesmo, o Hornets só adiou a dor de cabeça.

...
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E já respondeu à nossa pesquisa? Estamos querendo conhecer melhor nossos leitores e até agora tem sido muito divertido. Descobrimos que pelo menos duas garotas lêem o Bola Presa, que pelo menos dois caras acham a Maria Rita a mulher mais linda do mundo e que, até agora, só dois times não tem torcedores no Brasil. Responda, será divertido e daqui um tempo vamos divulgar o resultado.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Mais uma vez Prince

-Vai lá e seja o Billups, é fácil!


Tá bom, tá bom, eu confesso. Fui apressadinho demais fazendo aquele post com os vídeos do Tayshaun Prince. Bastou uma jogada decisiva do cara e eu já sai escrevendo sobre ele. Custava esperar mais alguns jogos? Ou melhor, custava esperar o próximo jogo?

Se eu tivesse esperado, já teria mais um vídeo maravilhoso para colocar. Ontem, na partida 5 entre Pistons e Magic, o jogo foi mais uma vez decidido no minuto final. Com pouco mais de 20 segundos no relógio, o Magic tinha um déficit de 3 pontos e a bola nas mãos. Turkoglu, marcado por Prince, recebeu na linha dos três mas ao invés de forçar o arremesso, tentou bater pra dentro para diminuir a diferença para 1 e aí torcer para o Pistons errar pelo menos um lance livre na jogada segunite. A infiltração foi boa, ele passou bem pelo Prince e, com os jogadores bem abertos, não havia uma boa cobertura no garrafão. Mas com a qualidade defensiva e os braços maiores que o Nate Robinson inteiro, você nunca deixa o Tayshaun Prince pra trás. Na hora em que Turkoglu foi enterrar, apareceu a mão do Prince e acabou com o Turkoglu, com a brincadeira, com o jogo, com a série e com a temporada do Orlando Magic.

Para ver as outras jogadas decisivas do Tayshaun Prince em um post de dois dias atrás, CLIQUE AQUI. Eu acabei de atualizar o texto com o toco de ontem, está lá embaixo, é o último vídeo. Mas você também pode ver aqui mesmo, no vídeo abaixo:



Mas explicar a derrota do Magic só com o toco do Prince seria simples demais. O Pistons ganhou ontem por um simples motivo, arremessou 83 bolas durante todo o jogo enquanto o Magic arremessou apenas 64. Os 19 chutes a mais foram causados pelos VINTE E UM turnovers que o Magic cometeu contra apenas três do Pistons, assim como pela vitória de 15 a 12 do Pistons na batalha dos rebotes ofensivos.
Chutando bem mais, o Pistons pôde se dar ao luxo de não arremessar tão bem assim, acertando apenas 36% dos seus chutes, contra 48% do Magic. Ou seja, bastava o Magic ter arremessado um pouco mais e desperdiçado a bola menos que o jogo poderia ser deles e poderia estar decidido antes do Prince ser capaz de fazer qualquer coisa.

O que impressionou muito foi o Pistons ter cometido apenas 3 desperdícios de bola mesmo sem o Chauncey Billups em quadra. Geralmente, um time sem seu armador titular fica bem perdido, ainda mais quando o reserva, o Rodney Stuckey, no caso, é apenas um novato e que muitas vezes durante a temporada regular entrava pra jogar na posição 2, não na 1, de armador principal. Stuckey não só não cometeu nenhum desperdício como também marcou 15 pontos e deu 6 assistências. O que deve ter tirado o Magic do sério, já que o Stuckey foi escolhido no draft desse ano com uma escolha que originalmente era do Orlando. Só foi parar nas mãos do Pistons porque o Magic desistiu dela para contar com Darko Milicic em uma troca com o Detroit no meio da temporada passada. Darko, porém, quando virou Free Agent, foi ganhar milhões no Grizzlies e deu o fora. O Magic ficou sem sua escolha, sem Stuckey e sem Darko.

Para a temporada que vem, o Magic já tem que começar a ver o que precisa ser feito. O trio Turkoglu-Rashard-Dwight jogou bem, está entrosado e não deve mudar, embora precise evoluir, principalmente Dwight Howard. O Dwight é chamado agora de "Superman", apelido que era do Shaq mas que depois do campeonato de enterradas virou dele, mas ele tem que entender que o Superman, além de ter super-força, tem visão de raio-X, tem raio laser, voa, tem o super-sopro e ainda é jornalista do Planeta Diário, ou seja, não dá pra ter um poder só. Ele tem que desenvolver alguns movimentos de pivô, ganchos, um arremesso de meia-distância, melhor lance livre, para assim ser mais difícil de ser marcado. O Pistons botou na cabeça que sempre que o Dwight fosse enterrar eles iriam fazer falta e o resultado foram poucas enterradas e milhares de lances livres, a maioria errados. Mais poderes para o Superman, você só pode ter um poder só se você for um Lanterna-Verde, porque aquele anel faz de tudo, é impressionante.

Já a dupla de armação precisa de alguma evolução. Não só por causa dos muitos erros, mas pela falta de criatividade também. Eu gosto do Jameer Nelson e acho até que vale a pena apostar nele, mas o Orlando precisa de um segundo armador que saiba criar o próprio arremesso ou que seja pelo menos um bom passador, alguém que saiba envolver as outras armas do time no jogo. Mas mesmo com Nelson não sendo ruim como algumas pessoas acham, não seria ruim pro Magic ficar de olho na situação dos armadores do Toronto e do Seattle. Entre Calderon, Ford, Ridnour e Earl Watson, todos com rumores de troca, pode sobrar um grande armador ou no mínimo um bom reserva para o Nelson. Vale a pena ficar de olho no Grizzlies também, o manager do time, o gênio Chris Wallace, disse que entre Conley, Lowry e Javaris Crittenton, pelo menos um deve sair da equipe via troca. E depois da troca do Gasol, acho que todo mundo quer trocar com ele.

Além disso, tem o banco de reservas. Ontem, em um jogo decisivo para salvar a temporada da equipe, só participaram do jogo o já folclórico Marcin Gortat, Keyon Dooling e Keith Bogans. Gosto do Bogans mas acho que ter ele no mesmo time do Maurice Evans é ter duas versões da mesma coisa, é como namorar as duas gêmeas Olsen ao mesmo tempo, o dobro das qualidades mas o dobro de chatice. O Magic precisa de um banco melhor e com mais opções.

Mas quer saber, dane-se o Magic. Eles perderam, são fracassado, derrotados, as mulheres deles os largaram pra sair com os jogadores do Pistons, o Walter Hermann e o Amir Johnson estão pegando as irmãs do Arroyo agora mesmo e tô nem aí! Playoff é hora de falar de quem venceu e não de quem perdeu. E o Pistons está bem na fita, único time a passar tranqüilo nas semi-finais de conferência e Billups terá uns bons dias aí pra se recuperar para a final do Leste, já que Boston e Cleveland estão em ritmo de quem vai disputar jogo 7. E do jeito que estão jogando, apostaria em Pistons nas finais, tá bom que eles podem amarelar quando olharem pro LeBron, mas vendo o que cada um está jogando nas últimas semanas eu fico com o time do Sheed.


Hornets 3 x 2 Spurs






















Olha a mão do Tony Parker na foto, divina!



Esse jogo foi reprise. Todo mundo foi enganado. Um bando de gente lá na frente da TV e do computador doido pra ver o importante jogo 5 da série mais emocionante e os safados das emissoras colocam uma reprise do jogo 1, sacanagem! O pior é que ninguém percebeu e ficaram todos elogiando o David West, dizendo que ele joga bem, que ele tava pegando fogo à lá NBA Jam do Super Nintendo. Você acha mesmo que o David West ia ter uma partida de 30 pontos e outra de 38 contra o Duncan? Mentira.

Ele deu sorte no jogo 1 e ontem reprisaram e colocaram uns efeitos muito loucos pra parecer que fez 8 pontos a mais. Tudo mentira! Outra prova de que foi reprise foi como o jogo se desenrolou. Primeiro o Spurs acerta tudo de 3 no primeiro quarto enquanto o Duncan não acerta seus arremessos, depois o Hornets encosta e o primeiro tempo acaba quase empatado (49-45 no jogo 1, 47-44 no jogo 5) e aí no terceiro quarto até o Morris Peterson começa a jogar como super estrela e o Hornets abre trocentos pontos de vantagem. Qual é a chance de isso acontecer duas vezes em pouco mais de uma semana, do mesmo jeito, na mesma quadra, com os mesmos jogadores? Tão de sacanagem com a gente.

Mas bem que poderiam reprisar essa partida no jogo 7 também, só pra gente ver o Spurs perder, não custa nada, vai...

terça-feira, 6 de maio de 2008

O mistério de David West

O enquadramento da foto não mostra, mas West está levantando a perna pra mijar num poste


Afinal de contas, qual o lance com David West? Ele é ou não uma estrela? Sabe ou não sabe defender? É ou não é um bom passador de bola? Tem ou não tem alergia a rebotes? Não consigo descobrir as respostas para as questões anteriores, porque cada vez que David West entra em quadra parece ser um jogador diferente. Não quero dizer com isso que ele seja inconstante, que domine um jogo apenas para desaparecer no próximo. Minha teoria a respeito é um pouco diferente: acho que David West nunca parece o mesmo em jogos diferentes porque é inteligente.

No primeiro jogo contra o Spurs, West parecia ser incapaz de errar seus arremessos de meia-distância, em que levanta a perna da frente comicamente como se fosse um cachorro prestes a esvaziar a bexiga. Enquanto o Spurs se preocupava em marcar o garrafão, David West se afastou da muvuca e disparou seus arremessos de modo certeiro. Quando finalmente perceberam o que estava acontecendo e a marcação resolveu seguí-lo, passou a arremessar de mais perto do aro e até a bater para dentro, eventualmente. Uma coisa sensacional a respeito do West é que ele é completamente invisível, e não do jeito Jessica Alba de ser. O ala do Hornets é tão ignorado, considerado tão secundário, que quando alguém lembra que ele está em quadra, o sujeito já fez 30 pontos.

No jogo seguinte, West perdeu a invisibilidade e a defesa do Spurs finalmente sabia seu nome e talvez até seu rosto, quem sabe. Bem marcado, não teve liberdade nos arremessos e por isso parecia um jogador completamente diferente em quadra. Não porque errava tudo, mas porque se focou em outras coisas. Fez um trabalho defensivo exemplar, pegou rebotes, exerceu o papel de facilitador no ataque. Saiu de quadra com 10 rebotes, 5 assistências e um diploma de Melhor Atuação Que Não Se Vê Nas Estatísticas. Nas entrevistas depois do jogo, escancarou a estratégia e alegou ter realmente se focado na defesa, porque no ataque as coisas são naturalmente mais fáceis para o Hornets.

O cara é mais ignorado do que ex-participante de reality show. Pensa bem, você reconheceria algum cara do primeiro Big Brother? Lembra de alguém do "No Limite" fora aquela gordinha que ganhou a parada? De todos os jogadores da NBA que foram para o All-Star Game, será que alguém passaria despercebido por você na padaria do seu bairro, fora o David West? Quantas dezenas de arremessos decisivos de último segundo David West acertou da cabeça do garrafão porque os outros times da NBA não fazem a menor idéia de quem é aquele sujeito levantando a perna enquanto arremessa e ganha o jogo? Os números não dizem nada, os olheiros não devem dar importância ao ala do Hornets, mas ali está o sujeito como parte fundamental de uma equipe que está chutando o traseiro fedido do Spurs.

O Byron Scott é gênio, faz até cruzadinhas no nível "É Foda" entre as refeições. E o que um técnico inteligente pode fazer com jogadores inteligentes em quadra é algo sem limites. Que me importa se David West é mais-ou-menos, não pega uns rebotes que lhe acertam em cheio o nariz ou se não consegue distinguir mulheres barangas de travestis? O que interessa é que ele é inteligente em quadra, sabe perfeitamente de seu papel, está disposto a obedecer integralmente as orientações táticas de seu técnico, e não teme fazer 30 pontos em um dia e apenas 2 pontos em outro. Dentro de suas limitações, faz aquilo de que seu time precisa: sendo um jogador secundário, sendo estrela, acertando o arremesso decisivo ou indo dobrar a marcação em Tim Duncan. É isso que faz a diferença no elenco - será que Carmelo Anthony toparia fazer apenas 2 pontos em nome da vitória?

Juntando os retalhos, vamos formando a equação do time que eliminará o Spurs nas semi-finais da Conferência Oeste: um técnico inteligente, jogadores taticamente espertos e conscientes, um candidato a MVP em Chris Paul, e também Melvin Ely.

"Espera, Melvin Ely?" É, Melvin Ely. Eu sei que parece nome de atriz pornô, mas trata-se de um jogador da NBA que, esse sim, não seria reconhecido na padaria nem mesmo nos Estados Unidos. Arrisco até que nem a mãe dele conseguiria reconhê-lo, tamanha é a sua insignificância. Eu achava que ele estava no Hornets porque daria mais trabalho burocrático tirar ele da folha de pagamento do que deixar ele por lá mesmo, afinal ninguém percebe sua presença e ele deve comer pouquinho nas refeições. Mas é claro que eu estava enganado. Melvin Ely era a arma secreta que toda a NBA procurava na última década: apenas ele tem o conhecimento para parar a mais destrutiva arma do planeta Terra. O que seria um roteiro brega de filmes de espionagem é na verdade um conceito bem simples: Melvin Ely treinou anos e anos com Duncan, apanhando dele treino após treino, e agora alega conhecer todas as suas tendências e saber como parar seus movimentos.

A princípio, duvidei inteiramente. É como se um cara aparecesse do nada e falasse "eu sei como tirar o Faustão do ar". Mas se soubesse mesmo, será que não teria falado antes? Tinha que deixar a gente sofrendo por anos antes de liberar uma informação tão útil para a humanidade? Um cara me oferece a cura para a AIDS ou um modo de parar Duncan e eu fico com uma maneira de parar Tim Duncan. É um bem essencial e universal! Ou seja, se Melvin Ely tem mesmo esse conhecimento, deveria ser preso imediatamente por ter suprimido informação essencial ao bem comum!

Seja o conhecimento de Melvin Ely verdadeiro, seja apenas um modo de ser contratado pelo Suns na temporada que vem, o importante é que deu certo. Contra todo o bom senso, o Hornets está dobrando a marcação em Duncan e Tyson Chandler, que recebeu um treinamento diretamente de Ely, está fazendo um trabalho melhor do que nunca. Que tal o Melvin Ely abrir uma clínica de marcação no Duncan quando a temporada acabar? Aposto que será mais visitada do que a clínica de basquete do Matt Bonner.

É por essas e outras que o Hornets tem aquele cheiro de time campeão da NBA: as peças certas na hora certa. Até o Melvin Ely foi parar na brincadeira e soltar o ponto fraco de Duncan. (aliás, ter ponto fraco é muito coisa de vilão de videogame, e eu sempre desconfiei que o Tim Duncan era virtual mesmo, talvez saído do Resident Evil.) Com todas as circunstâncias apontando para uma eventual vitória do time de New Orleans, será que já cabe pensar em enfrentar Lakers ou Jazz? Algo me diz que o técnico Byron Scott deve estar tentando entrar em contato com o ex-jogador Ruben Patterson agora mesmo. Afinal, não era ele que, no maior estilo Melvin Ely, se auto-entitulava o melhor marcador de Kobe Bryant?

Será que se eu fizer uma fama como o único que sabe marcar LeBron James, vou parar na NBA? Aliás, hoje tem o primeiro jogo das semi-finais entre Cavs e Celtics. Vamos descobrir, em breve, se o Celtics precisará de meus serviços.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Prêmios Alternativos Bola Presa - 07/08

Ramon Sessions surgiu tarde na temporada mas já leva um "Prêmio Bola Presa" para casa


Nossa cobertura dos playoffs está a toda. Se você já está tão acostumado com um post diário no Bola Presa quanto com um cafezinho pela manhã, é hora de descobrir que pode rolar a barra lateral do seu browser até o fim: estamos postando várias vezes por dia! Por enquanto, comentamos sobre os jogos que já aconteceram entre Rockets e Jazz, Cavs e Wizards, e também entre Lakers e Nuggets e Pistons e Sixers, tudo logo abaixo. Se você está sem tempo para assistir aos jogos e para ler tantos posts aqui no Bola Presa, deveria então também reservar um tempinho para ler as dicas do Denis de como aproveitar os playoffs. Se você tem uma namorada, a leitura é essencial.

Enquanto aguardamos os jogos desta noite, vamos atender um pedido. Nossos leitores Renzo e Vitor sugeriram, já faz um tempo, que fizessemos uma premiação alternativa aqui no Bola Presa ao invés dos prêmios tradicionais, ultra-manjados como o de Melhor Sexto Homem do Ano que o Ginóbili acabou de levar para casa mesmo tendo minutos de titular. Então, enquanto Wizards e Cavs não começa, vamos dar uma olhada nos Prêmios Bola Presa que daremos ao fim de cada temporada. Se você tem mais sugestões de prêmios ou discorda dos nossos ganhadores, basta usar a caixa de comentários.

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1. Jogada "Bola Presa" do ano:

Vejam como nosso grande ídolo Zach Randolph leva o prêmio, mostrando toda sua habilidade no drible, no controle de bola, na distância de arremesso, na frieza para decidir e no talento para envolver seus colegas de equipe. Randolph, o prêmio de jogada do ano vai para você:




2. Troféu Kareem Rush para melhor atuação de um jogador ruim:

Na final do Oeste de 2004, Kareem Rush acertou seis bolas de 3 e com isso deu o título do Oeste para o Lakers em cima do Wolves. Em sua homenagem, damos um troféu homônimo para a melhor atuação de jogador ruim. Com 35 pontos e 9 assistências contra o Warriors, levando nas costas um Bulls completamente desfalcado naquela partida, Chris Duhon leva o prêmio, deixando para atrás nosso desconhecido do mês passado Matt Bonner (25 pontos e 17 rebotes como titular contra o Warriors, substituindo Tim Duncan, contundido). Pensamos em deixar os 41 pontos e 9 rebotes do Linas Kleiza contra o Jazz concorrerem ao prêmio, mas a verdade é que ele é bom demais para isso, como mostrou no Jogo 1 dos playoffs contra o Lakers.

3. Troféu Lonny Baxter para jogador que só jogou na liga de verão:

O Troféu Lonny Baxter, que leva o nome do legendário jogador que sempre teve atuações geniais nas ligas de verão mas que nunca era chamado para jogar por time nenhum na temporada regular, é dado para aquele jogador que se destaca antes da temporada começar e não tem um minutinho sequer quando as coisas estão realmente valendo. Quem leva o troféu para casa é o italiano Marco Belinelli, que teve médias de 22.8 pontos por jogo nas ligas de verão e menos de 3 pontos por partida na temporada regular, passando a maior parte da temporada comendo macarrão no banco de reservas.

4. Troféu Isiah Thomas de troca do ano:

Em homenagem ao homem que fez trocas genias para obter estrelas como Malik Rose, Mo Taylor, Marbury, Steve Francis, Curry e Zach Randolph, enquanto se livrava de trocentas escolhas de draft, Nazr Mohammed, Kurth Thomas, Trevor Ariza e Channing Frye, damos o prêmio que leva seu nome para a melhor troca do ano. O GM do Memphis Grizzlies, Chris Wallace, leva o troféu por mandar Pau Gasol para o Lakers em troca de Kwame Brown, Javaris Crittenton, duas escolhas de primeiro round e Marc Gasol, irmão de Pau. Na cabeça de Chris Wallace, "essa foi a melhor troca que apareceu", e ele diz ter trocado Gasol por, na prática, quatro escolhas de primeiro round e mais um contrato expirante. Uau. Incrível como ninguém percebeu isso, o Lakers foi realmente roubado nessa!

5. Troféu Grant Hill para o bixado do ano:

Grant Hill jogou 4 partidas em sua primeira temporada pelo Orlando Magic, 14 partidas na segunda temporada, 29 na terceira e nenhuma partida na quarta temporada. O troféu que leva o seu nome vai para o jogador que não fica saudável nem com reza brava. Na disputa, Yao Ming, que jogou apenas 55 jogos nessa temporada (e 48 na passada); Elton Brand, que jogou apenas 8 partidas, todas no final da temporada; e Andrew Bynum, que jogou somente 35 jogos. Por ter 20 anos de idade e ter sido anunciado para voltar em 2 meses, depois com 5 jogos antes de terminar a temporada regular, depois com apenas 2 jogos, depois no primeiro round dos playoffs, e agora só numa futura semi-final de Conferência, o prêmio vai para o jogador do Los Angeles Lakers Andrew Bynum! Parabéns!

6. Troféu Darius Miles para atuação surpresa na última semana:

Em 2005, Darius Miles jogou a última partida da temporada depois de sofrer durante todo o ano com contusões. Saiu de quadra com 47 pontos, 12 rebotes, 4 roubos, 5 tocos, apenas um turnover, tendo acertado 19 de 33 arremessos e 8 de 14 lances livres. Depois disso, praticamente nunca mais fez nada relevante, mal conseguindo voltar para a quadra e sendo finalmente liberado pelo Blazers semana passada, possivelmente na última nota de sua carreira. O prêmio baseado na última atuação de Darius Miles em 2005 vai para o novato Ramon Sessions, que chocou a todos com 20 pontos, 8 rebotes e 24 assistências. Outros concorrentes ao prêmio foram Quincy Douby, do Kings, com 32 pontos (11 de 22 arremessos certos, 3 bolas de três pontos e 7 lances livres certos em 7 tentados) além do novato do Bulls Aaron Gray, com 19 pontos, 22 rebotes e todos os 9 de seus lances livres convertidos na última partida da temporada.

7. Troféu Royal Ivey para jogador titular que jogou menos minutos na temporada:

Na temporada 2005-06, Royal Ivey foi titular em 66 jogos apesar de ter apenas 13 minutos por partida. Nessa temporada, quem leva o troféu para casa é Morris Peterson, o armador mequetrefe do Hornets, que foi titular em 76 jogos com médias de apenas 23 minutos. Outros concorrentes incluem o ala do Cavs, Sasha Pavlovic, com 45 jogos como titular em também 23 minutos por partida, e o armador do Sixers, Willie Green, que começou 74 jogos com apenas 26 minutos por partida.

8. Troféu Shawn Bradley de melhor cravada na cabeça:

Se o Shawn Bradley já foi o melhor pivô para tomar enterradas na cara e viver no YouTube, o atual pivô reserva do Lakers e ex-desconhecido do mês do Bola Presa, DJ Mbenga, quer tomar esse posto para si. Ele leva o prêmio nessa temporada pelo conjunto da obra, tomando cravadas na cabeça toda vez que entra em quadra, e pode até ter seu nome no troféu um dia. Escolhemos, abaixo, a melhor enterrada que ele sofreu para celebrar a entrega do troféu, mas não deixem de ver também as cravadas que tomou de Shaq e Okafor.



9. Troféu Chris Crawford para jogador que desapareceu na temporada:

Alguém se lembra de Chris Crawford, ala do Atlanta Hawks na temporada 2003-04? Com Shareef Abdur-Rahim contundido, Crawford levou o time sozinho depois do intervalo para o All-Star Game, com médias de quase 19 pontos por jogo em 36 minutos por partida (jogava apenas 8 minutos antes do All-Star). Muitos se impressionaram com seu potencial mas na temporada seguinte ele não conseguiu assinar um novo contrato e desapareceu por completo da NBA. Nessa temporada, quem desapareceu foi Tarance Kinsey, do Grizzlies, que perdeu seu contrato e não está mais na NBA depois de ter tido excelentes atuações na segunda metade da temporada passada, incluindo dois jogos em que marcou 28 pontos.

10. Troféu Brad Miller para maior aumento de produção depois de ser escolhido All-Star:

Lembra quando o Brad Miller jogava no Pacers, fedia e todo mundo aloprou o moço quando ele foi escolhido para o All-Star Game? Depois disso ele começou a jogar demais e foi novamente All-Star, só que dessa vez no Oeste com médias absurdas em pontos, rebotes e assistências. O ganhador do troféu nessa temporada é David West, que foi zoado até pela mãe quando foi convocado para o All-Star Game mas desde então subiu todas as suas médias, fazendo quase 23 pontos por jogo com 8.5 rebotes desde que participou da brincadeira em fevereiro.

11. Troféu Ronaldo Fenômeno de volta mais frustrada:

O prêmio, auto-explicativo, vai para o retorno às quadras que deu mais errado na temporada. Os dois concorrentes são Penny Hardaway, que tentou voltar a jogar justo no Miami Heat, e Chris Webber, que tentou correr com a molecadinha do Warriors. Enquanto a do Penny foi mais ridícula porque ele não jogava basquete há anos e foi no maior estilo "não tem mais ninguém então vai você mesmo", ele até que teve umas boas partidas antes de ser mandado para a rua. Já o Chris Webber achou que tinha joelhos para jogar na equipe mais porra-louca da NBA e 15 minutos depois, cuspindo os pulmões para fora, anunciou o fim da sua carreira do modo mais patético possível. O prêmio, então, fica nas mãos do Chris Webber e sua falta de noção de realidade.

12. Troféu Zach Randolph de melhor jogador em time que só perde:

O gordinho favorito de 9 entre cada 10 leitores do Bola Presa tinha quase 24 pontos e 10 rebotes de média por jogo pelo Blazers na temporada passada, enquanto seu time tinha apenas 32 vitórias e exorbitantes 50 derrotas. Nessa temporada, o Blazers terminou com 41 vitórias e 41 derrotas, nada mal. O prêmio do cara-de-Quico desse ano vai para Al Jefferson, com médias de 21 pontos e 11 rebotes, enquanto o Wolves acabou com 22 vitórias e 60 derrotas, seguido por Jason Richardson, com médias de 22 pontos e 5 rebotes no Bobcats, que teve 32 vitórias e 50 derrotas.

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Chegamos ao fim da premiação para essa temporada! Voltamos com os mesmos prêmios e mais alguns novos na temporada que vem. Agora, de volta com nossa programação normal de playoffs!

sábado, 19 de abril de 2008

Confrontos de sábado

Duncan e Popovich não se aguentam de ansiedade pelo começo dos playoffs


Hoje é dia de playoff! Depois de muitas noites sem dormir para assistir atrocidades como Knicks e Heat, é hora de sermos recompensados pelo deus do basquete com, talvez, os melhores playofs de todos os tempos. Ao menos no Leste, claro. Para aquecer os motores, vamos dar uma olhada em cada confronto deste sábado e analisar: o que cada time precisa fazer para sair de quadra com a vitória?

Também gostaríamos de avisar que você tem compromisso marcado aqui com o Bola Presa às 16h de hoje para assistirmos, juntos, a partida entre Suns e Spurs. Até vocês, fãs-esquisitos do Spurs, precisam marcar presença para encher nosso saco! Teremos uma cobertura ao vivo aqui no blog, comentando os principais lances, criticando, tirando sarro da cara do Duncan (e, de preferência, dando links para que todo mundo possa assistir o jogo), e você está intimado a acompanhar e ir batendo papo ao mesmo tempo na caixinha de comentários.

Leia nossa análise dos jogos imperdíveis de hoje e não se esqueça de voltar às 16h para ver esse jogão com a gente!

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Cavs vs Wizards














por Danilo


O que o Cavs precisa fazer para vencer a série:
Só se eu fosse cego, surdo e mudo eu seria capaz de deixar de lado o fato de que, para vencer, o Cavs precisa de atuações de alto nível de LeBron James. As razões são mais óbvias do que resposta do Show do Milhão. Com um elenco fraco e que, depois das trocas, não conseguiu encontrar nem entrosamento e nem identidade, é LeBron quem tem que imprimir ritmo ao jogo e, obviamente, decidir nos minutos finais. Por esse mesmo motivo, é essencial que LeBron consiga superar as dores nas costas que vem sentido e que podem limitar consideravelmente seu jogo. Se bem que o LeBron limitado vale por uns duzentos Delonte West.

O Cavs precisa se focar no rebote. Como a pontaria de fora é inconsistente, os rebotes ofensivos são importantes para manter o time de Cleveland na partida, assim como aconteceu nos playoffs passados. Isso significa que o Cavs precisa de atuações sólidas de Varejão, Ben Wallace e Ilgauskas. E as atuações sólidas a que me refiro são simplesmente defensivas, fazendo o trabalho sujo, mas até isso às vezes parece ser pedir demais.

O diferencial do Cavs precisa ser um outro jogador que surja para levar o fardo ofensivo da equipe em alguns momentos aleatórios da partida. Seja o Daniel "tive 10 minutos de fama nos playoffs" Gibson, seja Damon Jones ou Delonte West. Alguém precisa passar alguns minutos por jogo acertando arremessos seguidos, enquanto LeBron é isolado no resto do tempo.

O que o Wizards precisa para vencer a série: Antes de mais nada, DeShawn Stevenson precisa fazer um bom trabalho em LeBron James. Como essa série virou um clássico instantâneo em parte por causa do duelo entre esses dois, é bem capaz que DeShawn consiga complicar a vida de LeBron e isso será mais do que suficiente para ter o jogo em mãos.

A defesa, aliás, será um fator importante. Se o Wizards se aplicar na defesa como fez em alguns momentos da temporada regular, o frágil ataque do Cavs será praticamente anulado, o que pode vir a tornar as partidas até mesmo tranquilas para o time de Washington. A defesa de garrafão pode vir a ser um problema, então o Wizards tem que se focar em tirar os jogadores de Cleveland de perto do aro e pegar rebotes, evitando as segundas-chances adversárias.

A saúde de Arenas, Jamison e Butler é algo a se preocupar. Todos eles voltam de contusões, umas mais, outras menos recentes, mas o importante é tentar mantê-los todos saudáveis (se isso fosse tarefa fácil, o Clippers não seria tão ruim assim). Arenas deve vir do banco e é importante não forçá-lo muito a princípio, guardando-o para os momentos decisivos.

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Spurs vs Suns











por Denis

O que o Spurs precisa fazer para vencer a série: O Spurs tem a vantagem de sempre conseguir impôr o seu ritmo, mesmo quando perde. Então é essencial que o jogo seja lento e bem trabalhado, mesmo que o Suns consiga se adaptar melhor a isso do que nos anos anteriores.

Para parar Steve Nash, deve seguir usando a fórmula de usar Bruce Bowen em cima dele. Com faltas, sem faltas, jogando sujo ou não, isso não vem ao caso. O fato é que Bowen incomoda o canadense. Para marcar o garrafão, vai ser necessária a experiência de Kurt Thomas e uma rotação entre ele e Duncan para marcar Amaré e Shaq. Nenhum dos dois vai anular o poder ofensivo de Amaré, mas atrapalha o adversário ir para cima dele com diferentes marcadores e diferentes formas de marcar, a variação defensiva pode incomodar muito o Suns.

No ataque é preciso explorar as infiltrações de Ginobili e toda vez que Duncan sobrar sendo marcado por Amaré. É velha já a dificuldade de Amaré Stoudemire de ficar fora de problemas de falta quando é muito pressionado na defesa. Eles vão tentar deixar Shaq em Duncan para liberar Amaré disso, mas quando vacilarem, é bom o Spurs aproveitar.

O que o Suns precisa fazer para vencer a série: Não dá pra jogar na correria com o Spurs o tempo todo, faz anos que o Phoenix tenta e não consegue. Mas isso não quer dizer para não correr nunca. Todo turnover do San Antonio, ou rebote longo ou qualquer vacilo em geral, deve ser transformado em pontos fáceis. Mas quando o Spurs remontar sua defesa, o que é rápido, Nash e os outros jogadores devem ter a percepção necessária para parar e começar o ataque de novo.

No jogo de meia-quadra deve-se explorar os jogadores que são bons nisso. Usar Amaré toda vez que ele ficar no 1-contra-1, especialmente contra Oberto e Kurt Thomas, usar Grant Hill e seus arremessos de meia-distância e, claro, usar Shaq sempre que ele conseguir um bom posicionamento embaixo da cesta. Tudo isso, além de virar pontos, vira espaço para que Bell, Nash e Leandrinho tenham o tempo necessário para chutar de longe.

Também é necessário que a defesa se ajude. Steve Nash não vai parar Tony Parker e qualquer defensor, mesmo o bom Raja Bell, não pára Ginobili sozinho. E cada infiltração bem sucedida acaba em bandejas, lances livres, ou com Bowen ou Finley livres da linha dos três.

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Hornets vs Mavericks















por Danilo


O que o Hornets precisa fazer para vencer a série:
Manter a bola nas mãos de Chris Paul a maior parte do tempo é meio jogo ganho. Não que isso não aconteça em todos os jogos, mas deve ser ainda mais frequente nessa série. É preciso que Chris Paul pense mais em pontuar, em decidir, como aconteceu na primeira vez em que os dois times se encontraram após a troca do Kidd e ficou óbvio que o armador-vovô não consegue segurar o Paul. Quanto mais Chris Paul abusar de sua velocidade e partir para dentro, agressivamente, melhor para o Hornets.

Parar Dirk Nowitzki, em grande fase, deve ser também o foco principal. Vale até puxar os bagos e morder orelha. Mas o quinteto titular do Hornets terá problemas graves para marcar Dirk e Josh Howard ao mesmo tempo, porque Stojakovic não consegue defender nem tese de mestrado. O novato Julius Wright pode ser um fator fundamental vindo do banco para parar o alemão, que notoriamente tem problemas com bons defensores mais baixos e mais físicos do que ele.

Jannero Pargo pode ser a peça decisiva do jogo. Com o ritmo de jogo elevado que se espera nessa série, Pargo pode vir do banco com licença para atirar, chutar todas as bolas que conseguir. Quando está em um de seus grandes dias, isso pode ser o bastante para criar uma vantagem no placar que o Mavs não seja capaz de reverter.

O que o Mavs precisa fazer para vencer a série: Colocar Kidd na fonte da juventude ia ser uma boa, mas como vimos no cinema em filmes como "De Repente 30" com a tetéia da Jennifer Garner ou aquele clássico da Seção da Tarde em que o Tom Hanks quer namorar a professora, é muito mais fácil ficar velho do que ficar mais jovem. Então o Kidd tem que arranjar fôlego nas entranhas e dar um jeito de parar Chris Paul. Jogadores como Eddie Jones e Devin George, se estiverem vivos, podem ajudar nessa função.

Dirk Nowitzki deve ser mais utilizado do que nunca, principalmente no fim da partida, quando tem mostrado ser cada vez mais decisivo. Caso a marcação em Dirk aperte, é importante que Jason Kidd (ou Ason Kidd, para aqueles que acham que ele não tem "jumper") acerte seus arremessos livres. O Dallas pode viver ou morrer nos arremessos de 3 pontos de Kidd, o que, cá pra nós, é um problema.

O Dallas precisa cadenciar mais o jogo e evitar rebotes longos e turnovers bobos, de modo a evitar que Chris Paul passe o dia inteiro correndo pela quadra e fazendo bandejas. Para mim, se o ritmo de jogo diminuir um pouco, é o Dallas quem sai favorecido, com mais armas para o duelo de meia-quadra.

E o mais importante, o essencial, a coisa mais óbvia e banal que todo mamífero bípede deveria saber mas TODO MUNDO parece esquecer por completo: o Dallas NÃO PODE deixar o David West livre na cabeça do garrafão nas jogadas decisivas. Se ele acertar mais um arremesso dali só porque ninguém nem sequer sabe quem é esse tal de West, eu vou vomitar.

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Rockets vs Jazz















por Danilo


O que o Rockets precisa para vencer a série:
O maior problema do Houston nessa série é o jogo de garrafão. Na série contra o Jazz nos playoffs passados, a maior dificuldade foi em descobrir um modo de marcar dois jogadores de garrafão com características tão diferentes, Boozer e Okur. O turco é um problema defensivo porque fica passeando pela linha de 3 pontos, e Boozer pode jogar tanto debaixo da cesta quanto arremessando de meia distância. O Houston terá que conseguir colocar em quadra uma escalação equilibrada capaz de marcar tanto Boozer quanto Okur sem, ao mesmo tempo, perder toda a capacidade ofensiva do outro lado da quadra. Os melhores defensores de interior no elenco são Chuck Hayes e Mutombo, completamente nulos no ataque. Os novatos Luis Scola e Carl Landry, por outro lado, têm problemas defensivos embora sejam excelentes ofensivamente. Saber equilibrar as duas coisas será fundamental sem a presença de Yao Ming.

Além disso, é essencial que Tracy McGrady não queira decidir sozinho. Os melhores momentos da sequência de 22 vitórias seguidas aconteceram apoiados por um forte jogo coletivo, com T-Mac sabendo dar aquele "passe a mais" que faz toda a diferença. Quanto mais T-Mac forçar os arremessos, quanto mais ele quiser decidir para finalmente se ver livre da maldição de nunca ter vencido uma primeira rodada de playoffs, menores são as chances do Houston sair com a vitória.

O Rafer Alston também é uma peça central nas chances do Houston Rockets. Meu odiado Alston é um jogador que tem grande influência para o jogo do Houston, tanto positiva quanto negativamente. Sua vontade constante de decidir é justamente o que faz o Houston perder e vencer jogos, dependendo de como a mira do "Skip to my lou" está no dia. Com Skip no banco, os reservas Bobby Jackson e Aaron Brooks são menos decisivos, participam menos do jogo. Cabe ao Rick Adelman saber quando o Rafer Alston está decidindo para pior e sentá-lo imediatamente.

O que o Jazz precisa para vencer a série: O Jazz deve apostar o jogo o máximo que puder no garrafão, alimentando Boozer e Okur embaixo da cesta. Quanto mais agressivo o Jazz for no garrafão, mais o Houston terá que abrir mão de seu ataque em nome de sua defesa, além de que sobrarão lances livres para o time de Salt Lake cobrar. É importante para o Jazz manter o ritmo de jogo o mais lento possível, e jogar com tranquilidade e segurança. Embora o Houston tenha o mando de quadra, o Jazz sabe que não perderá em casa, bastando apenas uma vitória em Houston para colocar um pé no próximo round.

O jogador que poderá decidir a série é, da mesma forma que nos playoffs passados, Andrei Kirilenko. Ainda que a defesa do Houston seja uma das melhores da liga, contribuições de Deron Williams, Boozer e Okur são esperadas. Basta um jogo ofensivamente considerável de Kirilenko para que as armas ofensivas do Jazz sejam mais do que o Rockets pode segurar. Kyle Korver, vindo do banco, pode ter o mesmo papel. Caso o Jazz se foque no ataque, acertando a mão na execução ofensiva, dificilmente deixará de levar a série para casa.

Do mesmo modo, Paul Millsap pode ganhar o jogo vindo do banco, acertando a mão com pontos de rebotes ofensivos e sendo mais um corpo grande que o mirrado Houston não vai ter idéia de como defender.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Vitórias categóricas

David West e Brad Miller não sabem enterrar


Existem alguns times na NBA que, não importa o que estejam fazendo, nunca recebem a admiração merecida. Todo mundo reconhece que estão jogando bem, que a equipe tem futuro, que são um dos melhores da Liga, mas ninguém nunca vai dizer que eles podem chegar até a ser campeões. Muitas vezes, isso é compreensível. O Sixers está em sétimo, ganhou de times fortes, mas quem em sã consciência vai dizer que eles podem ganhar um título? Se o Hawks vencesse 50 partidas, mesmo assim eles seriam os favoritos nos playoffs para serem eliminados na primeira rodada. Afinal, são o Atlanta!

Mas acho que já é hora de começar a considerar o Hornets como um dos favoritos ao título, e eu falo sério. Chega de dizer que eles são jovens, que o Chris Paul ainda não tem pêlo no saco, que o ginásio da equipe está sempre vazio, que na hora decisiva eles vão falhar miseravelmente. A vitória do New Orleans sobre o Spurs na noite de ontem foi mais do que a ocasional vitória em cima de um time bom. Foi uma vitória categórica em cima de um Spurs que jogou muita bola. E vamos ser sinceros por um momento: quando foi a última vez que você viu o San Antonio jogar bem e ainda assim perder a partida? Nunca? Foi o que eu pensei.

Duncan, Parker e Ginobili jogaram bem, como sempre. Mas acontece que o Hornets nem percebeu. David West e Tyson Chandler fizeram turnos marcando Tim Duncan e ambos se saíram muito bem. Chandler agora passou a ser o meu favorito para o cargo de melhor marcador do Duncan na NBA. O cara-de-cera não ficou confortável em nenhum momento na quadra, e o fato de que o Hornets não o marcou sempre do mesmo modo ajudou bastante. Depois de ver o ala do Spurs massacrar tudo quanto é time, cheguei à conclusão de que fazer uma marcação dupla em cima do homem no jogo inteiro é pedir para perder a peleja: ele irá fazer os passes certos e o San Antonio vai matar o jogo chutando de fora. O melhor a se fazer, o Hornets como um todo provou perfeitamente ontem, é colocar marcação dupla no Duncan apenas às vezes, aleatoriamente. E depois marcá-lo homem a homem dentro do garrafão. E depois empurrá-lo para fora. E depois... quem sabe? Duncan não sabia o que esperar e por isso, ainda que jogando de modo sensacional, não foi capaz de colocar o time nas costas quando foi necessário.

Enquanto isso, Chris Paul continuou sua campanha para MVP. Vendo ele estripar Tony Parker no ataque, é difícil não acreditar que ele possa levar o prêmio pra casa. Engraçado é que supostamente Paul e Parker são melhores amigos, mas como Parker tem a melhor esposa, é justo que Paul tenha o melhor jogo: parecia não errar arremesso algum. Aqueles que argumentavam (como eu) que o arremesso do Deron Williams era o que mais o diferenciava de Chris Paul, é hora de pensar duas vezes. O armador do New Orleans, pelo jeito, andou treinando.

Mas quem mais me chocou na partida foi justamente o David West que, voltando de contusão, jogou como nunca. Me lembrei até de um caso curioso, que foi quando o Brad Miller foi All-Star em 2003. Aquele pivô branco e incapaz do Pacers vai para um All-Star Game? Que diabos, para onde vai a credibilidade da Liga? Daqui a pouco até aquele reserva ridículo do Bucks, o Michael Redd, vai acabar sendo All-Star desse jeito!

Bem, calando a boca dos críticos, Brad Miller foi trocado na temporada seguinte para o Kings e se mostrou um dos pivôs mais completos da NBA, um excelente passador e um dos meus jogadores favoritos. Ou seja, tomei na cara. Sobre o Michael Redd, melhor nem comentar a respeito.

O David West foi o All-Star mais zoado dessa temporada, com quatrocentos bilhões de gordinhos sedentários e desocupados dizendo que o cara não joga nada e foi para o jogo das estrelas "de favor". Em um maravilhoso Momento Brad Miller, West mostrou um arsenal ofensivo de deixar de boca aberta. Fez de tudo, jumper, fadeaway, floater, teardrop, tudo que tem nome gringo e esquisito ele acertou. A única coisa que ele não fez foi enterrar, o que me fez lembrar do Brad Miller mais ainda, aliás.

Com David West, Chris Paul e a defesa de Tyson Chandler, o Hornets não perdeu o controle do jogo nem por um segundo sequer. Foi apenas o grande nível do Spurs que os manteve vivos na partida, mas lá pro meio do terceiro quarto o time de San Antonio percebeu que se não fizesse alguma coisa a mais, não iria ganhar o jogo. O pessoal vai achar que é perseguição, que eu odeio só pelo prazer de odiar, mas quem assistiu o jogo vai poder me ajudar nessa: o Spurs resolveu simplesmente descer a mão. Pra começar, colocaram Bruce Bowen em cima do Chris Paul, o que resultou em um discreto empurrão num contra-ataque que nenhum juiz viu, e depois numa bola presa que acabou com um pé na cara. Dêem uma olhada no lance:



Trata-se de uma bola presa normal até quase o final do lance. Só quando você está pensando "bah, não foi nada, esse Danilo é um debilóide" é que o Bowen chuta a cabeça do CP3. Como se não bastasse, o armador sofreu faltas em sequência de Parker e Duncan, o Spurs fez trocentos flops, o jogo ficou subitamente físico e provocativo, e com a torcida de New Orleans fazendo muito barulho contra a sujeira e a arbitragem, era bem possível que o Hornets perdesse a cabeça. Os torcedores da equipe mais campeã da década que me desculpem, mas isso é uma tática constante. Que, dessa vez, não funcionou.

Chris Paul e seus amigos sobreviveram a tudo e ganharam com certa facilidade. Ganhar do Spurs em dia ruim, eu já vi. Mas desse jeito, nessas circunstâncias? Não vejo a hora de ver esse time nos playoffs.

Um caso parecido, mas inverso, foi o meu Houston Rockets. A vigésima vitória seguida veio contra o Hawks num dos jogos mais horripilantes que eu já assisti. E o conceito é o mesmo: o Houston ganhar jogando muito bem, eu já vi várias vezes. Mas o Houston ganhar jogando terrivelmente absurdamente assustadoramente mal? Essa é nova! O Rockets fez de tudo para perder e mesmo assim saiu vitorioso, o que prova uma calma, uma capacidade de vencer os jogos truncados, que vai ser essencial nos playoffs.

A próxima parada do Houston é contra o Bobcats e depois só no domingo, contra o Lakers. Será o primeiro colocado do Oeste enfrentando o segundo. Aliás, alguém percebeu que os times dos escritores deste blog estão encabeçando a Conferência Oeste mais difícil dos últimos tempos?

Pois é, bem que minha mãe dizia que começar esse blog ia ser útil para alguma coisa.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Entrevistas e mais entrevistas

Kidd está adorando ser perguntado mil vezes sobre sua troca para o Dallas


Sábado é o dia das entrevistas no All-Star Weekend, é o que eles chamam de Media Day. Cada jogador participante de algum evento do All-Star Weekend e mais os técnicos ficam em suas mesas e, em volta deles, milhares de jornalistas de todos os cantinhos do planeta Terra ficam enchendo com as mesmas perguntas vazias. Não são todos que conseguem uma pergunta, os que conseguem fazem uma ou no máximo duas e, em geral, todos falam sobre a mesma coisa.

Nós do Bola Presa, não sei porque, não estamos lá, então ficamos aqui com as entrevistas e causos contados pelos outros. Pelo o que eu li por aí os assuntos que estão bombando são três: a troca do Gasol, a troca do Shaq e a troca não trocada do Kidd. Muito criativo!

O jogador mais concorrido para entrevistas foi Kobe Bryant. Falaram que a mesa dele já estava lotada antes mesmo dele chegar lá. Seguido dele estavam lotadas as áreas de Allen Iverson, Yao Ming e Steve Nash. Depois, com um pouco menos, LeBron James e Dwyane Wade. O desconhecido entre as estrelas foi David West que, alguns maldosos falaram, tinham menos repórteres em volta que o técnico dele e do Oeste, Byron Scott.

Segundo o site da revista Dime, perguntaram para o LeBron James quem era melhor, ele ou o Kobe (pra vocês verem o nível das perguntas feitas!) e a resposta de LeBron foi curta, simples e, disseram, soou bem real: "Kobe, claro. Ninguém é melhor que o Kobe.".

E se só se falavam em trocas, como você acha que o Kidd se sentiu sendo que entre ele, Shaq, Gasol e Marion, só ele estava lá? Sua entrevista foi concorridíssima e sempre sobre o mesmo assunto. Ao InsideHoops, ele disse:

"Não tenho falado com ninguém. Passei a noite de ontem com a minha família e agora estou aproveitando as festividades do All-Star Weekend. É isso. Sou do Nets até que me digam o contrário."

"Não é a primeira vez que sou trocado, então nada aí realmente me incomoda. É só esperar pra descobrir se terá uma troca ou não. De qualquer forma, o basquete não muda, só talvez será em uma cidade diferente"

Pelo o jeito o Kidd está bem na defensiva, não quer falar nada de muito polêmico já que não há nada decidido. Não quer se queimar com nenhum dos lados. Já ouvi gente dizendo que é só questão de tempo até o Devean George aceitar, e já ouvi que a troca está praticamente morta. Eu, sinceramente, não sei em que lado acreditar.

Nas entrevistas com Kobe Bryant, além das trocas, seu dedinho machucado também foi assunto. Aqui estão algumas das coisas que ele disse:

"Meu dedo está machucado, estou tentando descansá-lo. Fazendo o possivel para ficar o mais saudável possível para a segunda metade da temporada. Não vou operar, o timing é péssimo para isso. Estou jogando com ele assim e já acostumei. Temos uma ótima equipe médica e estaremos cuidando disso."

"A conferência Oeste está muito competitiva. Nunca vi tão disputada como agora. Mas é bom, fica mais interessante e divertido para nós. Toda noite na conferência Oeste é uma batalha."

(perguntado se a troca de Shaq e a quase-troca de Kidd teriam a ver com a troca do Gasol)

"Talvez tenha um pouco. Mas o Dallas já era um time bom, já tinham vencido 67 jogos na temporada passada, o negócio é que um cara como Jason Kidd não dá pra deixar passar. E o Phoenix trouxe um dos melhores jogadores de todos os tempos, mas isso muda o jogo deles um pouco, terão que se adaptar. Mas o que a gente no Lakers pode fazer é nos concentrar no nosso jogo e em como nós jogamos"


Sobre se Kobe vai ou não jogar no domingo, a notícia é que ele está praticamente sendo obrigado a jogar. A regra da NBA diz que um jogador não pode jogar o último jogo de seu time antes do All-Star (Kobe jogou contra o Wolves, na quarta), jogar o primeiro jogo depois do All-Star (terça o Lakers pega o Hawks) e não jogar o All-Star alegando contusão. Isso resultaria numa suspensão para o jogador. Dirigentes do Lakers estão em negociação com a NBA mas é possível que Kobe acabe entrando no domingo e jogando poucos minutos apenas.

Ainda sobre as trocas, Carmelo Anthony disse a sua posição e a do Denver no Oeste:

"Eu estou só esperando meu telefone tocar pra gente ver o que vamos fazer. O Oeste está voltando a ser o que era. A corrida para os playoffs é difícil até pra gente, acho que estamos em nono agora, então estamos tentando pegar a oitava vaga agora, mas a disputa vai até o último dia, pode ter certeza."

"Talvez façamos alguma coisa antes do dia limite para trocas ou talvez não façamos nada. Se não fizermos, vamos com o que temos. Amo o nosso time do jeito que ele é agora, mas se conseguirmos alguém, é uma ajuda. Mas com o time que temos somos capazes de fazer muitas coisas."


Qualquer novidade, boa entrevista ou coisa do tipo, estaremos de volta. Continuem atentos ao Bola Presa! E aproveitem que estão no clima da NBA e leiam a minha coluna no BasketBrasil, nessa semana falei sobre os números em volta da troca de Shaq para o Suns.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Draftados em 2003 - parte 2

O Gaines veio do Magic em troca de um pacote de bolachas Água e Sal


Continuamos nossa viagem pelo draft de 2003. Na primeira parte, alguns dos melhores jogadores da NBA na atualidade (e o gordo já esquecido do Michael Sweetney) figuraram nas 10 primeiras escolhas. Agora, na continuação, vamos analisar mais alguns nomes e rir na cara de alguns erros grotescos que vão ficar para sempre na história dos drafts.


11 - Mickael Pietrus (Golden State Warriors)

Quando foi draftado, alguns o chamavam de "o Jordan francês". Bem, para a defesa deles, podemos dizer que o Pietrus é tão bom no basquete quanto o Jordan era no beiseball. Pietrus sempre foi atlético e, dizem, cravava em cima de todo mundo na França. Nos Estados Unidos deve ter comigo Big Macs demais e nunca foi exatamente especial no quesito enterradas, mas manteve em parte seu atleticismo e mostrou grande talento na defesa. Lembro que em seu segundo ano o Warriors fedia bastante, tomava sacoladas e ele foi publicamente dizer que seu time não se esforçava e que ele não queria jogar com perdedores, ressaltando que se aquilo se mantivesse, pediria para ser trocado. Troféu "Damon Jones" pra ele para o jogador mais insignificante da NBA que se acha em condições de pedir para trocar de time.

Desde então o Warriors mudou um bocado, foi para os playoffs sob comando do técnico Don Nelson e o Pietrus não é um jogador essencial mas tem seu espaço. Assim que o Don Nelson chegou, Pietrus era titular porque, segundo o Nelson, era o único na equipe capaz de praticar qualquer tipo de defesa. Com o tempo o Don Nelson foi ficando mais e mais gagá, deixando essas besteiras de defesa para lá, e o Pietrus agora vem do banco. É sólido, tem seus minutos, e o Warriors pode fazer estrago nos playoffs. Pra mim eles são o time mais divertido da NBA, são tão ofensivos que beira ao ridículo. São como um palhaço de circo: diversão descompromissada que ninguém leva a sério. A não ser o Dallas, claro.

12 - Nick Collison (Seattle Sonics)

O Knicks queria tamanho, confundiu com gordura, e draftou o Sweetney, que tem açúcar até no nome. Se tivesse draftado o Collison, as coisas teriam sido um bocado diferentes. O rapaz é grande, reboteiro e tem um jogo muito refinado no garrafão, cheio de ganchos, giros e essas coisas que os fracotes que não nasceram com o físico do Dwight Howard precisam saber fazer. No Sonics, sofreu bastante por ser continuamente improvisado como pivô, e ainda é obrigado a jogar nessa posição quase todo o tempo. Como o time é o mais novo da NBA e fede bastante, o Collison nunca vai ganhar muita atenção, mas bem que merecia.

13 - Marcus Banks (Memphis Grizzlies)

Eu até desconfio que ele seja bom, mas só desconfio. Foi trocado na noite do draft para o Celtics, onde nunca teve chances. Foi trocado de novo para o Wolves em que teve uma temporada regular mas de que eu sequer me lembro. E então assinou com o Suns, que não é lá muito fã de usar essa coisa esquisita conhecida entre os humanos normais como "banco de reservas". Vi o Banks em quadra pelo Suns só um punhado de vezes e lembro de algumas boas atuações. É mais armador principal do que o Leandrinho e poderia ter mais minutos em quadra, deixando nosso Barbosa se preocupar menos em armar e mais em arremessar quando o Nash resolve sentar. Mas agora até o Grant Hill joga de armador principal às vezes, o negócio da moda em Phoenix é não usar reservas mesmo. Ainda assim, o Banks sempre vai ter grandes chances de ganhar um anel de campeão. Mas sem jogar não tem muita graça.

14 - Luke Ridnour (Seattle Sonics)

Na época do draft, lembro de ter lido, com essas palavras, que "o Ridnour não conseguiria defender nem uma cadeira". Fazia sentido, afinal o Ridnour sempre pareceu frágil e delicado, alguém que deveria estar jogando xadrez ao invés de enfrentando gigantes suados. Mas no ataque ele faz sua parte com excelente visão de jogo, velocidade e inteligência elevadas. Para compensar sua defesa sofrível, o Sonics dividia os minutos da armação entre ele e Earl Watson, que é um defensor acima da média. Como a tentativa de fundir os dois jogadores em um único e monstruoso ser híbrido falhou, dividir os minutos foi a única opção. Mas Ridnour foi jogando cada vez menos, cada vez menos, se machucou algumas vezes e agora ninguém sequer se lembra dele em Seattle. Delonte West, vindo do Boston Celtics, é bilhões de vezes melhor que ele e acabou roubando os minutos na armação. Na época, draftar o Ridnour parecia uma boa. Agora, é nitidamente um desperdício. Mas tudo bem, foi uma escolha boa em 2003. Como veremos a seguir, poderia ter sido muito pior.

15 - Reece Gaines (Orlando Magic)

Que time não quer um armador sólido, com notável carreira universitária, que faz de tudo em quadra e pode jogar tanto como armador principal quanto de armador arremessador? Por isso, lá foi o Magic feliz da vida escolher o Reece Gaines. Ele não é excelente em nada mas sabe fazer de tudo, vai ser uma boa! Lembro que naquele ano o site NBA.com criou um jogo novo que consistia em escolher um novato por dia e ver quem adivinhava aquele que jogaria melhor. Na capa da página desse jogo estavam quatro fotos de novatos, de quem esperava-se bons números na temporada. O Reece Gaines estava nessas fotos e essa é a única memória que tenho dele.

Jogou um punhado de jogos, nunca conseguiu fazer coisa alguma, passou por 3 times em apenas 2 anos e foi parar na Itália sem que ninguém sequer soubesse quem ele é. Uma das piores escolhas de todos os drafts enquanto Josh Howard e Leandrinho ainda podiam ter sido escolhidos. Mas, por pior que o Gaines fosse, ele ainda assim não foi a pior escolha do draft daquele ano. Que tal tentar a próxima?

16 - Troy Bell (Boston Celtics)

Um dos melhores armadores do basquete universitário, o recordista de pontos da história do Boston College, líder vocal em quadra, destruidor nos minutos finais das partidas. Um baita de um jogador. Nunca ouviu falar? Ah, isso é porque ele só jogou 6 partidas na NBA. Se você achava que o Olowokandi era o maior desastre de draft que você conhecia, e se pensou segundos atrás que Reece Gaines poderia tomar esse posto, aqui está Troy Bell para mudar definitivamente seu conceito. A foto do Bell está do lado da palavra "fracasso" na Wikipedia. O que diabos aconteceu com ele? O que havia de tão errado em seu jogo que só permitiu que entrasse seis vezes em quadra e nunca mais conseguir emprego nenhum na NBA, fadado à Liga de Desenvolvimento e, agora, ao basquete italiano? Nunca iremos saber.

Para os torcedores do Boston, a única coisa boa sobre o Troy Bell é que ele foi trocado na mesma noite do draft. Ele e a outra escolha do Celtics, Dahntay Jones, foram trocados pelas duas escolhas do Grizzlies, Marcus Banks e Kendrick Perkins. Ou seja, uma troca completamente inútil mas que acabou rendendo o pivô titular do Celtics de hoje em dia. Melhor que o Troy Bell, pelo menos.

17 - Zarko Cabarkapa (Phoenix Suns)

Europeu, grande, branco, arremessa de fora e não sabe defender. Muitos times apostaram nesses desconhecidos vindos do Velho Mundo com esperanças de conseguir o novo Dirk Nowitzki. Pra mesma posição, o Suns poderia ter escolhido o David West, um ala de força com talento comprovado no basquete universitário. Preferiram o Zarko que virou o décimo homem vindo do banco do Suns e, depois, o décimo homem do banco do Warriors. Aliás, o Suns é perito em desperdiçar escolhas de draft. Imagina só se eles tivessem o David West hoje em dia para ajudar no garrafão vindo do banco.

18 - David West (New Orleans Hornets)

Conte para seus filhos que David West e Brian Cook eram os alas de força mais bem cotados do basquete universitário e eles irão gargalhar na sua cara: quem diabos achou que o Cook sabia jogar esse tal de basquetebol? Para a sorte do Hornets, draftaram o West e deixaram o Cook ser o fracasso de outro time. David West foi comendo pelas beiradas, aos pouquinhos, conquistando minutos vindo do banco, e agora é titular absoluto, chuta um monte de traseiros e na temporada passada cansou de ganhar jogos com arremessos de último segundo da cabeça do garrafão. O Hornets tem uma das melhores campanhas do Oeste e, se não tivessem o Morris Peterson, até seriam um time respeitável. David West é uma das peças centrais da equipe e um dia talvez até alguém perceba que ele existe. Ganhar um título costuma ajudar.

19 - Aleksandar Pavlovic (Utah Jazz)

O Jazz precisa de um arremessador de 3 pontos desde os tempos de Moisés e o Pavlovic parecia uma boa opção. O único problema é que ele fedia quando chegou na NBA, não acertava nem o dedo no nariz, e o Jerry Sloan afundou ele no banco. Nem ligaram quando o Pavlovic foi escolhido no draft de expansão pelo Bobcats, depois sendo trocado para o Cavs. Quando o Pavlovic começou a jogar bem em Cleveland, perguntaram para o Sloan o que ele achava de seu crescimento. A resposta foi: "O quê, o Pavlovic ficou mais alto?" Rá, o Sloan deve ser leitor do Bola Presa!

O Pavlovic não é completo, está aprendendo a bater para dentro aos poucos, mas pelo menos ele tem culhões. Na temporada passada, quando o LeBron estava no banco e ninguém tinha as bolas para dar um arremesso sequer, o Pavlovic chamava a responsabilidade e fazia um monte de merda, mas pelo menos fazia. Alguém lá no Cavs acredita nele, pagam uma boa grana, lhe dão a vaga de titular e esperam que ele se torne algo grande um dia. Enquanto isso, o Jazz ainda precisa de alguém que saiba arremessar de fora. Bem feito.

20 - Dahntay Jones (Boston Celtics)

Ele sabe defender. Ele sabe enterrar. Mais alguma coisa? Dizem que também sabe fazer baliza, mas é só. Ele tem aquilo que impressiona técnicos nos treinos: raça, defesa, obediência. Mas não tem aquilo que é essencial para entrar numa quadra de basquete: talento. Ainda assim, sempre haverá lugar para ele na NBA. O que não falta é um time precisando de um jogador defensor para compor o elenco e nunca entrar em quadra. Infelizmente para ele, o Celtics o dispensou rápido demais e ele perdeu a maior chance de ganhar um anel sem sequer jogar e esfregar na cara do Malone. Com o Kings, que o contratou recentemente, o anel não vai vir tão cedo.

...
Na futura terceira parte desse artigo, as últimas escolhas do primeiro round, incluindo Leandrinho Barbosa; as surpresas do segundo round; o "fenômeno" Lamp; e como seria essa lista se o draft pudesse ser refeito hoje em dia.