segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Novos ares
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Preview 2010-11 / Minnesota Timberwolves
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Técnico: Kurt Rambis
Quando assumiu o Wolves, Rambis sabia que era um projeto a longo prazo. Passaria ao menos 4 anos à frente da equipe, cuidando do desenvolvimento dos pirralhos e colocando em prática o complexo sistema de triângulos tão famoso graças ao sucesso do Lakers de Phil Jackson. A ideia era não se importar com vitórias, focar apenas no amadurecimento de cada jogador em particular e fazê-los jogar como um time. Mas Kurt Rambis teve muitas dificuldades em colocar em prática os triângulos. Al Jefferson e Kevin Love não conseguiram executar as movimentações juntos, batiam cabeça, ocupavam os mesmos espaços, e Kurt Rambis foi obrigado a colocar Love no banco, limitando um pouco os seus minutos - justamente o contrário do que foi proposto quando contrataram o técnico, que era dar minutos à pirralhada. Após 60 jogos com o novo técnico, Kevin Love não teve medo de colocar a culpa do péssimo desempenho do Wolves nas costas do treinador, já que a temporada estava acabando e não tinha um único jogador sequer que tivesse conseguido compreender o tal do esquema dos triângulos. Uma coisa é conhecer a fundo a tática, como é o caso de Kurt Rambis, e outra completamente diferente é saber explicar isso de um modo compreensível. Phil Jackson tem anos e anos de experiência e mostrou-se um excelente professor, enquanto Rambis está lidando apenas agora com o fardo de um elenco inteiro de crianças cheirando a talco, com inteligências limitadas, tentando aprender um dos esquemas táticos que mais dependem do entendimento e da reação dos jogadores.
Ainda no final de sua temporada de estreia, o Wolves já abandonava lentamente os triângulos em nome de um jogo mais veloz de contra-ataques. Nas ligas de verão, em que o técnico se viu obrigado a lidar apenas com novatos ou jogadores muito novos, os triângulos foram para as cucuias e o foco foi na velocidade e no contra-ataque. Não faz sentido ignorar os triângulos por completo, já que são a especialidade do Rambis, mas ficou bem claro que não dá pra pegar um elenco de novatos e fazê-los compreender o estilo. A abordagem deve ser mais lenta e Rambis deve colocar a molecadinha para correr mais. Os triângulos exigem criatividade enquanto os novatos assustados precisam de jogadas mais fixas e pré-estabelecidas, então o meio-termo será um jogo corrido, que use a velocidade e o atleticismo do time, com alguns elementos dos triângulos no jogo de garrafão.
...
Quando Al Jefferson foi mandado para o Jazz, ficaram claras as intenções do Wolves e escrevi um post a respeito que valhe a pena citar aqui:
"Quando o Wolves resolveu finalmente trocar o Kevin Garnett, parabenizei a franquia. Não tem nada mais horrível para um time da NBA do que ser exageradamente mediano, ter um elenco grotesco, uma baita estrela que consegue segurar as pontas, brigar desesperado por uma classificação para os playoffs e perder sem chances na pós-temporada. O formato da NBA é brutal com os medianos, com os times que não estão brigando por título e nem são ruins o bastante para conseguir bons jogadores no draft. (...)
Se o David Stern tem razão e nenhuma equipe da NBA conseguiu ter lucro nos últimos tempos, não faz sentido manter uma equipe que não vencerá títulos, te dá prejuízo e não tem esperanças de melhora. A melhor saída é feder bastante para conseguir boas escolhas de draft, encerrar todos os contratos longos e imbecis que foram assinados, esperar a pirralhada amadurecer, e então assinar grandes estrelas para formar um elenco decente. (...)
Imaginei que o Wolves, ao trocar o Garnett, conseguiria um núcleo bastante jovem com uma futura estrela em Al Jefferson, e que a reconstrução duraria pouco tempo. Era só esperar a pirralhada pegar o jeito e depois conseguir um ou outro jogador para fechar algumas posições. Mas não funcionou.
Por um lado, promessas como Corey Brewer demoraram demais para se firmarem na NBA. Por outro, Al Jefferson tornou-se uma estrela rápido demais, num elenco incapaz de acompanhá-lo. Como todo time apostando em novatos, algumas escolhas não deram muito certo, alguns jogadores não souberam jogar juntos. Foi então que o engravatado David Kahn apareceu para pisar no freio e fazer todo mundo entender que reconstruções não podem ser feitas às pressas. Basta ver o Pistons: ao demolir acertadamente um time em declínio que não ganharia mais nada, assinou correndo dois jogadores disponíveis na hora para não ficar com um elenco furado e deu no que deu, o time fede, não tem flexibilidade para assinar outros jogadores porque torrou tudo em dois meia-bocas, e está fadado a ficar entre os medianos por muito, muito tempo. Falha épica, já diriam os gringos. É melhor assumir a bosta, no famoso "pisou na merda abre os dedos", e deixar o time fedendo com calma do que correr e assinar qualquer um."
O Wolves virou exemplo de que não dá pra ter pressa. Se o Al Jefferson ficou bom demais, rápido demais, tem que mandar embora mesmo, não adianta ter um jogador fodão em meio a um elenco que ainda precisa de tempo demais para ficar sólido. Se o esquema de triângulos não entra na cabeça dos jogadores, use menos, seja mais maleável, e vá ensinando aos poucos. Se os times da NBA só dão prejuízo e não há perspectiva de ser campeão, pague salários pequenos, para jogadores jovens, e espere bons novatos. A única merda é que o Wolves drafta mal, mas isso é outra história.
Esse clima de "não pode ter pressa" foi perfeito para o Darko Milicic, que finalmente recebeu atenção, carinho, esperança e até desistiu de voltar para a Europa. Será o parceiro de garrafão do Kevin Love, que finalmente pode ser titular, é muito mais indicado para o sistema de triângulos, está destruindo na pré-temporada e já mostrou que valeu a pena se livrar do Al Jefferson. Outro que jogou bem na pré-temporada foi o Michael Beasley, que sofreu muita pressão no Heat porque o time queria vencer nos playoffs sob comando de Dwyane Wade e o pobre pirralho não tinha estrutura nenhuma, metido na erva idiota lá e incapaz de manter a defesa que o técnico Erik Spoelstra exigia. Sem esse tipo de pressão, conseguiu estufar o peito, recuperar a confiança e ser o líder do Wolves mostrando como é um fominha safado que se pudesse nunca passaria a maldita da bola.
O legal da ida do Al Jefferson para o Jazz é que a bola pode passar mais tempo nas mãos do resto da pirralhada, que precisa de experiência para subir de nível e virar outro Pokémon, então jogadores como o Corey Brewer podem evoluir seu jogo ofensivo e tentar conseguir um arremesso consistente. Só esperemos que o Beasley não vire um buraco-negro no ataque e acabe com isso. Se o Wolves quer vencer, o Beasley precisa arremessar muito, mas como vimos o objetivo do time ainda não é a vitória, e sim a criação de um padrão, de identidade, e a evolução dos jogadores. Na ala temos Beasley, Webster, Corey Brewer, o novato Wesley Johnson e até o armador Wayne Ellington, o importante é que alguém daí adquira as qualidades para ser titular absoluto da equipe. Até lá, as vitórias e as derrotas não importam.
Enquanto isso, a armação continua sendo muito limitada e tem sonhos eróticos com o Ricky Rubio. Com o Jonny Flynn contundido e fora da rotação por uns tempos, os únicos armadores puros da equipe são o Luke Ridnour, que é basicamente uma criança de 12 anos com anemia, e o Sebastian Telfair, que é um anão que acha que está numa quadra de rua. Os dois são divertidíssimos de ver em quadra, mas não defendem nem ponto de vista e têm como forte a correria. Me diverti bastante com o Wolves na pré-temporada porque o Ridnour corre e sabe dar os passes certos nos contra-ataques, Beasley é um fominha talentoso, o elenco é cheio de gente explosiva que só sabe correr para frente como o Corey Brewer, e o Kevin Love é um dos melhores passadores da NBA - de qualquer posição, não só de pivô. Se eles não ficarem tentando levar os triângulos muito a sério, podem ao menos ser um time divertido, que vale acompanhar em noites sem sono no League Pass, enquanto todo mundo vai amadurecendo, esperando outros novatos, o Ricky Rubio e um padrão de jogo. Meu único medo é que o Kevin Love fique também bom demais rápido demais, o que abortaria de novo o projeto. O Wolves agora tem uma espécie de luta contra o tempo: conseguir um elenco sólido antes que o Love dê o fora dali ou encha o saco. Veremos quão longe o Wolves está disso com o amadurecimento dos novatos nessa temporada, porque o Love já larga na frente: tem tudo para já ser All-Star agora, imediatamente.
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Avaliação anual de pivetes
Exemplos: LeBron James, Kobe Bryant, Tim Duncan, Chris Paul.
2. Estrelas Light: Sem áçucar, a estrela de soja só é uma estrela dependendo do desempenho do time na temporada. O cara só é cotado para participar do All-Star Game se o time está bem. Geralmente esse atleta é mais discreto e não é unanimidade entre os fãs, apesar de serem excelentes.
Exemplos: Antawn Jamison, David West, Pau Gasol, Stephen Jackson.
3.Caolho em terra de cego: Caolho em terra de cego é rei, mas ainda é caolho e não pega mulher. Esse tipo de jogador é muito melhor que a maioria da NBA mas ainda não pode se achar tudo isso.
São os jogadores que obviamente tem muito talento mas que nunca vão ser cogitados para liderar um time a uma campanha vitoriosa como uma primeira opção, são aqueles caras que só funcionam sendo a terceira opção do time. Em geral são jogadores que sofrem um certo preconceito porque um dia acharam que eles seriam Estrelas Light, ou sofrem pressão porque são novos e acham que podem virar uma Mega Estrela.
Exemplos: Lamar Odom, Rajon Rondo, Josh Howard, Richard Jefferson, Jose Calderon.
4. Role Player Integral: Cheio de gordura mas sem ser o Zach Randolph são aqueles caras que têm um papel específico no time e que sempre fazem esse papel muito bem. Eles são os jogadores limitados mas que, o que sabem fazer, fazem com perfeição. Costumam ser o sexto-homem de um bom time.
Exemplos: Shane Battier, Eddie House, Travis Outlaw, James Posey, Roger Mason
5. Role Player Desnatado: Se não tiver integral vai desnatado mesmo. Têm a mesma função dos role players integrais mas são incompetentes demais para serem regulares e confiáveis. É o tipo de jogador que joga bem em casa e mal fora ou bem contra time ruim e mal contra time bom.(Edit: Hoje eu chamo esses jogadores simplesmente de Radmanovics.)
Exemplos: Sasha Vujacic, Jared Jeffries, DeSagana Diop, JJ Barea
6. Zé Alguém: São aqueles caras que você sabe que estão na NBA, que participam dos jogos, mas que em um jogo disputado e que vale alguma coisa nunca vão estar em quadra nos momentos finais a não ser que algo bizarro aconteça (muitas contusões, muitos jogadores eliminados por falta, chantagem atômica).
Exemplos: Hilton Armstrong, Ryan Hollins, Charlie Bell, Trenton Hassell
7. Pedaço de carne desforme e imprestável: É aquele tipo de jogador que entra ano, sai ano e por algum milagre divino o cara continua com contrato. Na prática é só um pedaço de carne desforme e imprestável que nunca entra em quadra, só esquenta banco, entrega gatorade, aplaude e depois da temporada arranja outro time pra fazer a mesma coisa. Eles estão na liga mas não jogam.
Exemplos: Sean Marks, Mark Madsen, Brian Cardinal, Lorenzen Wright
Só saberemos ao certo onde cada um dos novatos desse ano vai se encaixar daqui um tempo, mas eu como blogueiro isento da responsabilidade de falar coisa com coisa, posso dar meus palpites de como será o status dos jogadores draftados em 2008 daqui umas 5 temporadas baseado no que vi nessa de 2008-09.
1. Mega Estrelas: Derrick Rose e OJ Mayo
2. Estrelas Light: Brook Lopez, Michael Beasley, Russell Westbrook, DJ Augustin, Greg Oden
3. Caolhos em terra de cego: Kevin Love, Eric Gordon, Jason Thompson, Jerryd Bayless, Rudy Fernandez
4. Role Player integral: Danilo Gallinari, Courtney Lee, George Hill, Nicolas Batum, DeAndre Jordan, Mario Chalmers, Marc Gasol
5. Role Player desnatado: Brandon Rush, Mareese Speights, Roy Hibbert, JaValle McGee, Ryan Anderson, Darrell Arthur, Luc Mbah a Moute, Mike Taylor, Anthony Morrow
6. Zé Alguém: Joe Alexander, Robin Lopez, Anthony Randolph, Donte Greene, Chris Douglas-Roberts, Kyle Weaver
7. PCDI: Kosta Koufos, Goran Dragic
0. Estarão fora da NBA: Alex Ajinca, DJ White, JR Giddens
2. Estrelas Light: Stephen Curry
3. Caolhos em terra de cego: Ty Lawson, Jonny Flynn, Omri Casspi, James Harden
4. Role Player integral: Jordan Hill, DeMar DeRozan, Hasheem Thabeet, Terrence Williams, Chase Budinger, Jonas Jerebko, DeJuan Blair
5. Role Player desnatado: Earl Clark, Jrue Holiday, Tyler Hasnbrough, Rodrigue Beaubois, Wesley Matthews, Marcus Thornton, Darren Collison, Eric Maynor, Jeff Pendegraph
6. Zé Alguém: James Johnson, Jon Brockman
7. PCDI: Gerald Henderson, Austin Daye
0. Estarão fora da NBA: BJ Mullens
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Denis
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Nate Robinson voltou
É isso mesmo que você viu. Com meio segundo para o fim do primeiro período do jogo contra o Nets, o Nate Robinson pegou a bola, virou e acertou a própria cesta. Os três pontos não valeram porque o tempo já tinha estourado e o Nate sabia disso, mas a atitude e risco levaram o D'Antoni à loucura. E, convenhamos, o técnico tinha razão. Mais valia ele atirar a bola para a outra cesta e tentar uma cesta maluca a favor da sua equipe. Para um cara que já tinha fama de tomar má decisões em quadra, essa foi decisiva.
Coisas que eu perdi quando estava fora:
- Passei uns dias fora e perdi o terceiro arremesso de último segundo do Kobe na temporada!
Dois meses de temporada e o Kobe tem 3 arremessos de último segundo salvando o Lakers de derrotas para times bem mais fracos: Heat, Bucks e agora Kings. Além disso o Kobe, que tinha feito 40 pontos ou mais em apenas 4 jogos em toda temporada passada, já passou dessa marca 7 vezes nesse ano. Com o Gasol contundido, esperem mais game winners e jogos de 40 pontos para esse mês. Essa temporada fenomenal do Kobe é mais um sinal de que o Lakers tem problemas.
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domingo, 27 de setembro de 2009
Mundo real
Há um bom tempo atrás, postei aqui sobre a depressão do Delonte West e sua luta contra ela. Após explodir contra um juiz aleatório nos treinos de pré-temporada, o armador resolveu procurar ajuda para seu transtorno bipolar e, com remédios, terapia em grupo e individual, alegou voltar a ter prazer em jogar basquete. Transformar uma coisa que se ama em trabalho, em obrigação, é sempre um passo perigoso e Delonte West precisou de ajuda para voltar a render em quadra, deixando um pouco de lado as pressões de se jogar em um time que busca o anel de campeão todos os anos.
Infelizmente, no entanto, os problemas do West parecem um pouco mais complicados do que isso. Recentemente, ao dirigir uma motocicleta de três rodas (chamar de triciclo parece que ele tem 3 anos de idade), o armador do Cavs fechou um policial e foi parado. Assim que o policial se aproximou, West disse para o "seu guarda" que estava com uma arma na cintura, coisa pouca. Ao ser revistado, o cenário era outro: Delonte West tinha uma Beretta na cintura (coisa de quem mata zumbis em Racoon City), uma Ruger amarrada na perna (coisa de quem é xerife no Velho Oeste), e uma shotgun guardada numa daquelas malas para guitarra (coisa de gângster do século XXI), colocada em suas costas. Na Dime, um leitor que mora na mesma região de Maryland em que o Delonte foi preso disse, meio-que-brincando, que é assim que as pessoas se armam para ir na biblioteca, ou seja, a região lá é barra pesada.
Em todo caso, é bem claro que ninguém coloca uma shotgun nas costas se estiver indo comprar pão na esquina. Talvez o salário do Cavs seja uma droga e o West precise complementar a renda da família sendo um exército mercenário de um homem só durante meio-período. Talvez ele esteja vingando a morte da esposa, morta pelo Coringa. Ou então ele está metido em coisas pesadas: gangues, drogas, ameaças de morte ou invasões alienígenas. Seu pai contou que recentemente o West anda com muito medo, olhando por cima do ombro e preocupado com a própria segurança. Pra mim, um sujeito que fecha um policial e se explica com "olá, boa noite, eu tenho uma arma na cintura" ou não consegue mentir (no maior estilo "O Mentiroso", com o Jim Carrey) ou então acha mais seguro passar a noite na cadeia do que nas ruas. Pareceu a ação de um homem desesperado por segurança.
Antes de assinar com o Cavs, o Delonte West já tinha sido preso com maconha e prometido para a direção do time se afastar dessas coisas para poder fechar o contrato. Mas não é questão de falar com um cara, engravatado, e dizer que para ganhar milhões no novo emprego ele precisa ser um rapaz diferente. Por mais que a NBA procure esconder e disfarçar, seus jogadores são pessoas reais com problemas reais que nem sempre dá pra simplesmente deixar de lado. Na NBA rola até código de vestimenta, em que todo jogador que não entrará em quadra precisa estar de terno e parecendo um vendedor de seguros, tudo para que a gente esqueça que a maioria dos jogadores vem de regiões muito pobres dos Estados Unidos, da periferia, passaram dificuldades extremas e mantém em sua personalidade o lugar em que viveram. Uma coisa é ter que se preocupar em treinar basquete e tirar boas notas, outra completamente diferente é se preocupar em levar pipoco no caminho para casa e levar uma shotgun pra conseguir chegar na biblioteca. Quando escapam dessa realidade através do basquete, muitos jogadores não apenas fazem questão de não esquecer como também participam, ajudam, voltam. Ou simplesmente não deixam essa realidade de lado mesmo ganhando milhões e tendo vida boa. O Jamaal Tinsley foi baleado umas trocentas vezes, ele continua fazendo hoje em dia o que ele fazia quando era adolescente, alegando que tem dívidas com as pessoas de lá, que o ajudaram e o protegeram. O resultado é que ele não tem mais um emprego, time nenhum da NBA quer o sujeito no elenco (o fato dele nunca na vida ter pulado sequer uma gilete também não ajuda), mas não dá pra simplesmente exigir que um jogador deixe sua história de lado, sua vida, seus amigos, a realidade em que ele cresceu e que, muitas vezes, é a única que conhece. Não há contrato no mundo capaz disso, e muito menos um código de vestimenta, que não faz nada além de tentar enganar a torcida, fazendo o público acreditar que todos os jogadores são brancos, ricos e estudados, com infâncias felizes e novelinha "Carrossel", sonhando com a Maria Joaquina (que, aliás, ficou grandinha).
O Cavs disse que quer ajudar o Delonte West, e espero que não seja com multas, ameaças e punições, que não vão adiantar nada. Precisam é construir uma fortaleza para ele dormir seguro, contratar um exército de guarda-costas e dar para o West uma identidade falsa e um novo nome como parte do programa de proteção a testemunhas.
O Heat, por exemplo, se comprometeu a ajudar o Michael Beasley. Ainda novato, sem ter jogado uma partida sequer, ele foi pego fumando maconha durante o programa de treinamento para os recém-draftados, com dicas para gerenciar o dinheiro, se portar dentro e fora das quadras e - tã dã! - ficar longe das drogas. A multa na época foi de 50 mil verdinhas, e olha que o rapaz não tinha sequer recebido seu primeiro salário. A punição não adiantou de nada, Beasley continuou tendo problemas com drogas e com as pessoas envolvidas na brincadeira, até que a situação ficou um pouco impraticável. Michael Beasley se internou numa clínica de reabilitação com todo o apoio possível por parte do Miami Heat, que bancou as contas, arrumou os melhores médicos e ainda mandou uma equipe de treinadores para que ele pudesse continuar treinando basquete durante o processo, ainda que no máximo por 90 minutos diários.
Com essa história, aprendemos principalmente que não dá para misturar uma pessoa em reabilitação com o Twitter (ao saber que sua reabilitação duraria um mês a mais do que o planejado, Beasley soltou no Twitter mensagens de desespero um tanto suicídas), mas também aprendemos que existem modos mais eficazes de ajudar alguém do que tacando punição na cabeça. O Beasley se sentiu aceito e querido pelo Heat, depois de uma temporada em que enfrentou muitas críticas e teve seu papel relegado ao banco de reservas. Agora ele sente que faz parte de uma organização que o deseja, que acredita nele, que estará lá quando ele precisar. Sente que faz parte de algo maior e que, portanto, tem motivos para cuidar da própria saúde. Esperamos que o Delonte West receba também a atenção e o apoio necessários para sentir-se como parte de algo maior do que ele próprio, de modo que possa escapar dos buracos em que se enfiou. Nas entrevistas, ele é sempre muito divertido e engraçado, mas assim como o código de vestimenta trata-se apenas de um modo de disfarçar a origem, o que está por trás das coisas. O basquete que se lasque, o mais importante é o Delonte West conseguir dar um jeito na própria vida. Mas como vimos com Beasley e o Miami Heat, o basquete pode ajudar o West - assim como ajudou tantos outros garotos que, no esporte, encontraram apoio e refúgio. E, claro, alguns milhões de verdinhas.
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Danilo
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sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Ruim um pouco demais
O Quentin Richardson continua sua turnê pelos piores times da NBA. Desde o fim da temporada passada, já passou por Grizzlies, Clippers e Wolves. Mantendo a temática de seu passeio pelos Estados Unidos, imaginei que ele fosse acabar parando no Kings, mas na verdade ele acaba de ser mandado para o Heat. Não que a equipe de Miami seja tão horrível quanto as outras que Quentinho andou visitando, mas o Wolves tem potencial demais e, com uma carta aberta explicando que a pirralhada de lá vai ter minutos mesmo que isso signifique perder feio, uma troca era meio inevitável.
Nesse momento, ninguém em sã consciência quer o Quentin Richardson jogando em seu time. É verdade que ele é um bom arremessador de fora e um ótimo reboteiro para sua posição, mas sua mentalidade de "eu arremesso até minha mãe se eu puder" anda muito em baixa na NBA. Com um contrato exageradamente inflado (agradeça ao Nash por ter garantido o leitinho das crianças) e uma postura indesejada dentro das quadras, Quentinho só tem valor mesmo porque seu contrato termina ao fim da próxima temporada e gera espaço salarial para quem quiser arriscar aquisições como LeBron, Wade e Nowitzki, por exemplo.
É assim que o Quentin Richardson está mais rodado do que a Vivi Fernandes ou fita do "Lagoa Azul": vários times interessados em flexibilidade salarial em 2010 aceitam seu contrato gordo, mas trocam assim que surgir uma oportunidade melhor de economizar grana. O Wolves, por exemplo, trocou o Quentin Richardson pelo Mark Blount e, assim, conseguiu outro contrato que expira nessa temporada mas ainda economizou cerca de 2 milhões de verdinhas ainda nesse ano, porque o contrato do Blount é menor.
Isso significa que o Heat escolheu perder dinheiro para adquirir o Quentin Richardson! O espaço salarial de 2010 não foi comprometido, mas os bolsos dessa temporada acabam de ficar um pouco mais vazios para que o Heat tenha no elenco o cara que ninguém quer, aquele beijinho no meio dos brigadeiros gostosos em festa de criança (coco, como todos nós sabemos, não tem acento mas não engana: é escroto). Por que diabos o Heat se importou o bastante para fazer essa troca? A resposta acaba dedando a crise pela qual passa a equipe.
Pra começar, o elenco está tão fraco que o Quentin Richardson chega ao time com espaço garantido na rotação. O melhor arremessador daquelas bandas é o Daequan Cook, muito inconsistente e, convenhamos, longe de ser um arremessador legítimo. Diawara e Dorell Wright são bons defensores mas excessivamente limitados no ataque. Não há ninguém para substituir Shawn Marion e Jamario Moon, ninguém capaz de ser o ala titular. Se o Michael Beasley sair do garrafão e for jogar de ala pequeno, aí o Udonis Haslem é que não tem reservas. Ou seja, o elenco é um cobertor curto demais e ninguém, além do Wade, merecia ser titular. Num time sério (onde o Jamaal Magloire, clone ruim do Zach Randolph, não fosse considerado um jogador importante, por exemplo) a maioria dos membros do Heat esquentariam banco e teriam que lutar por minutos. No Heat, vão começar jogando, de modo que a chegada do Quentin Richardson traz profundidade ao time. Por "profundidade", entenda algo como a Mari Alexandre dizendo que leu "O Segredo": uma merda, mas a gente até comemora o fato dela não ser analfabeta.
Só que o buraco é mais embaixo, já diria o Mr. Magoo. Dwyane Wade não deu escândalo e nem tacou travesseiros como a gracinha do Kobe Bryant na época em que o Lakers só tinha ele, mas o Wade deixou bem claro que o elenco fede e que não há condições de que ele reassine com um time tão fraco. Pat Riley, doutorado na arte da discussão de Jardim de Infância e responsável pelas finanças, bate o pé e diz que não faz sentido gastar dinheiro agora com o time se o Wade não der certeza de que vai reassinar o seu contrato. No maior esquema do "dilema Tostines", os dois lados tem razão e portanto o time continuará parado nesse paradoxo, um estranho vórtex espaço-temporal que pode transformar o Heat no novo Cippers.
Em 2010 muitos jogadores geniais verão o fim de seus contratos e o mercado estará cheio de possibilidades para equipes que querem começar do zero. Se o Heat perder Wade, terá dinheiro para contratar jogadores de nível similar - caso, é claro, eles topem jogar em Miami. Com as estrelas contratadas, é possível comprometer-se com um plano de longo prazo e cercá-las com os jogadores mais apropriados, torrando uma grana louca neles. Agora, sem saber se Wade fica ou não fica, é complicado contratar ou trocar por jogadores porque o Pat Riley fica sem saber se está construindo um time ao redor do Wade ou do Carlos Boozer, por exemplo. Eu sei que o Clippers apenas soma jogadores aleatórios e coloca todo mundo pra rodar, mas no mundo real as contratações tentam ter um padrão e formar um todo coerente, de modo que o Wade precisa de uma decisão para que o Heat possa se preparar.
Mas o Wade seria débil mental de continuar num time tão porcaria se ele pode aceitar, na temporada que vem, propostas interessantes de times que estarão em condições muito superiores de brigar por um título. O que aconteceu é que o Heat se afundou demais na merda e perdeu aquele ponto de equilíbrio ideal: ser um time ruim, que precisa de alguns jogadores para crescer, mas que não é ruim demais a ponto de parecer um caso perdido. É isso que o Knicks quer tanto parecer ser, um time atraente, com potencial, mas que é claramente ruim porque precisa de uma grande estrela. Esse tipo de situação é tentadora para grandes jogadores que querem ressuscitar um franquia sem ficar em último lugar da NBA por uns anos. O Heat ficou em condições tão deploráveis que não dá pra levar muito a sério a ideia de que, com um par de jogadores novos, a franquia voltasse ao topo.
O Knicks caminha firme rumo a essa imagem de "eu fedo mas nem tanto, sou uma merda mas tenho esperança", meio que a garota feia dos filmes adolescentes com coque no cabelo, óculos enormes, e que a gente sabe que no final do filme vai soltar o cabelão, piscar os olhos com lentes de contato e maquiagem de primeira e ser uma delícia absurda. O Heat virou a garota obesa do fundo da sala, que pode até disfarçar o cecê passando vinagre mas não vai emagrecer o necessário nos próximos anos. Insistir na garota obesa seria um ato de fé e amor, mas acho que Wade não se encontra nessa situação. Desde o começo ele não gostou muito do draft do Beasley, alegando que a escolha deveria ter sido trocada por um jogador experiente (como o Kobe, tão puto da vida quando a franquia escolheu o Bynum), e não parece ter muitas expectativas de que essa dupla dê certo.
Sob esse aspecto, a contratação de Quentin Richardson é uma tentativa desesperada com toques de novela mexicana: mais do que melhorar um pouco o elenco mequetrefe, Quentinho é um dos melhores amigos do Wade e os dois treinam juntos ao fim de toda temporada da NBA. Foi uma tentativa de agradar o Dwyane Wade pelas beiradas, pegando no lado emocional. Pat Riley já tinha avisado que o Heat não iria contratar mais ninguém nessa temporada, que o time estava fechado, mas agora ele abriu uma exceção para trazer um amigo pessoal do Wade para jogar e, quem sabe, ser até titular. É muito golpe baixo, tipo dar flores e poeminha quando sua garota quer terminar com você. É feio, muito feio. Mas dá certo, crianças, então façam à vontade.
A vontade do Wade é de claramente dar o fora. Sua temporada passada foi surreal, depois dele dedicar toda suas férias em treinamentos insanos, específicos e exagerados que lhe permitiram ser o melhor jogador da seleção americana apesar de estar voltando de contusão (é como o treinamento que o Arenas tentou depois da primeira contusão, mas aí o joelho dele desmontou quenem Lego). Diz a lenda que o Wade está se dedicando num volume ainda maior de treinamentos, e se for verdade seus números de MVP vão estar ainda mais elevados. O problema é que ninguém falou das estatísticas débeis mentais do Wade na temporada passada, e nem levou a sério sua campanha para ser MVP, simplesmente porque seu time fede. É bem óbvio que o Wade não vai aturar isso mais uma vez: o Heat tem uma temporada, com o amiguinho Quentinho ajudando, para provar que pode ser ruim-mas-nem-tanto e colocar o Wade como concorrente real ao prêmio de MVP. Se não acontecer, o Heat provavelmente terá nova cara na temporada que vem - com uma nova estrela, se alguém aceitar jogar por lá. Talvez contratando mais amiguinhos dos jogadores famosos. Ou talvez as praias ajudem.
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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Exilado no Canadá
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009
O que fazer com Jermaine O'Neal?
Alguns times têm que decidir o que fazer com o Kwame Brown, outros o que fazer com o Eddy Curry. Portanto, decidir o que fazer com o Jermaine O'Neal é um luxo para poucos, mesmo que ele seja um problema em muitos aspectos e, às vezes, mais atrapalhe do que ajude.
Das 43 partidas do Raptors na temporada até agora, Jermaine jogou apenas 29, isso contando os jogos em que passou meia dúzia de minutos em quadra antes de sair mancando. É impossível contar com ele, montar um esquema consistente, depender de sua presença. Suas lesões têm destruído sua promissora carreira desde os tempos no Pacers, que eventualmente foi obrigado a decidir o que fazer com o rapaz. O pessoal de Indiana tinha em mãos um All-Star, um jogador técnico e dominante capaz de liderar um time para granfes feitos, mas como lidar com seu salário de mais de 20 milhões de dólares quando ele mal entrava em quadra? Sua ausência, aliada a terríveis decisões do pessoal engravatado, levaram o Pacers a feder - e muito. Jermaine pediu para ser mandado para um lugar onde pudesse ser aproveitado, onde pudesse fazer a diferença. Sua saúde dava sinais de melhoras no final da temporada e a produção em quadra parecia razão para esperança. Rapidamente, foi parar em Toronto numa troca que aparentava envolver duas estrelas potenciais em Jermaine e TJ Ford. Agora, olhando com mais calma, parece que as duas equipes simplesmente queriam se livrar o mais depressa possível da bomba que tinham em mãos, estrelas cujas contusões tornaram-nos um fardo grande demais para suas equipes.
É aquela velha história da galinha do vizinho ser sempre melhor do que a nossa, principalmente se a galinha do nosso vizinho é uma de raça, tipo a Mari Alexandre. O TJ Ford parece um excelente armador, jovem, veloz, reboteiro, joga demais, mas quem conhece de perto sabe todos os podres. O TJ é frágil, teve lesões graves na coluna, ameaçou se aposentar do esporte depois que médicos alertaram que ele quase ficara aleijado após uma queda feia. Além disso, é agressivo demais no ataque, o que compromete tanto sua condição física quanto a capacidade de controlar o ritmo da equipe, sabendo quando atacar a cesta e quando passar a bola. Os times de TJ Ford são muitas vezes obrigados a ficar parados, assistindo o nanico correr de um lado para o outro da quadra sozinho.
O Pacers queria se livrar do contrato exagerado do Jermaine O'Neal e de sua presença que não permitia que o time fosse bem - já que ele estava sempre machucado - nem que fosse absolutamente mal, porque acabava sempre dando uma força. Para se renovar e colocar o controle em novas mãos, mais jovens, é necessário ter a coragem de feder um pouco, por uns tempos, e às vezes se livrar dos jogadores que impedem esse processo natural e obrigatório. Dois times querendo se livrar de dois estorvos que pareciam ser bastante apetitosos aos olhos alheios: um casamento perfeito que só poderia ter como resultado final dois times insatisfeitos. Afinal, casamento em que as duas partes estão satisfeitas, só naqueles casamentos arranjados em que uma russa quer nacionalidade americana, e um americano rico quer comer uma russa. Fora isso, a gente sabe que vai dar merda.
O TJ Ford jogou 34 dos 41 jogos do Pacers até agora. Ou seja, sofreu novamente com contusões. O time está fedendo como nunca e está lá no fundo da tabela do Leste. E, pra ser bem sincero, às vezes parece que o Pacers joga até melhor sem ele, com a bola mais nas mãos do Danny Granger e mais oportunidades para Marquis Daniels (por quem tenho um estranho Complexo de Drew Barrymore desde os tempos dele no Mavs) e para Jarret Jack.
Com o Jermaine, a história é mais complicada. Quando está em quadra, não há dúvidas de que torne o Raptors um time melhor. O problema é que talvez ele não melhore o time o suficiente. A situação acaba lembrando mais ou menos a do próprio Pacers, quando decidiu trocar sua estrela para dar espaço para o "Granny Danger": o Raptors não fede nem cheira, não está dando certo, muito provavelmente ficará fora dos playoffs, mas não estará entre os piores times. Não há chances mínimas de título e nem planos de tacar tudo no lixo e começar de novo, o que acaba deixando o time inteiro no limbo, sem saber para onde correr. Jermaine não resolve todos os problemas do Raptors, mas resolve alguns. Ele tem seus dias de estrela, mas em geral está no banco vestindo um terninho - que aliás não combina em nada com sua eterna cara de bebê.
Creio que o Raptors não está em condições de aceitar soluções pela metade. A crença de que o time estava apenas a uma peça de alcançar grandes feitos no Leste ainda permanece, embora eu ache ela tão pertinente quanto achar que a Terra está flutuando em cima de uma tartaruiga espacial. Então, se o Jermaine não é a peça que faltava, existem duas opções: trocá-lo imediatamente pela peça que falta, pois a data limite para trocas termina em 19 de fevereiro, ou então mantê-lo e esperar seu contrato terminar para liberar espaço na folha salarial para a lendária temporada de 2010 (LeBron, Wade, Bosh, dizem que talvez até Jesus Cristo e Buda).
Como antigo fã de Jermaine O'Neal que se achou velho quando ele parecia não ser mais capaz de ficar em pé, confesso que fiquei surpreso com seu rendimento em Toronto. Sua defesa continua impecável, embora os arremessos não tenham conseguido voltar ao velho ritmo e seu corpo não aguente mais o jogo físico de trombada que ele, com muito custo, havia desenvolvido em Indiana. Agora, é um jogador que pode ao menos contribuir sempre que consegue levantar da cama, e acho que ainda há espaço para ele na NBA se a natureza deixar. Ainda assim, concordo que o melhor a fazer é deixar Jermaine ir embora, por troca ou fim de contrato. Não que outra peça venha suprir aquilo que ele não conseguiu, é apenas que o Raptors também tem um Danny Granger que precisa de espaço para se desenvolver. Trata-se de uma versão com nome de garota e hábitos alimentares de uma Tartaruga Ninja: Andrea Bargnani.
Quando o Jermaine está desmontado como se fosse feito de Lego, o Bargnani é titular e tem médias excelentes de 17 pontos, 6 rebotes, 1.3 tocos e acerta 45% dos seus arremessos de três pontos. Jogar com o Bosh permite a "tática Rashard Lewis" de obrigar o defensor adversário a sair do garrafão e acertar arremessos de fora se ele não o fizer. Quando Jermaine joga, Bargnani joga em outras funções, passa menos minutos em quadra, e com isso faz apenas 8 pontos, pega 3 rebotes e acerta somente 34% dos arremessos de fora. A diferença é grande demais e é hora do conterrâneo do Super Mario ganhar confiança. Pra mim, todo time que não parece ir a lugar nenhum deveria começar a pensar em suas futuras estrelas, e o Raptors deveria estar distribuindo minutos para o Bargnani, para o Ukic (o armador que volta e meia tanto me impressiona) e para qualquer urso ou guarda florestal que parecer promissor lá no Canadá. Até porque eu duvido muito que o Chris Bosh continue por lá quando seu contrato se encerrar.
Pelo que parece, o pivô perdeu a paciência com a equipe. Na última partida contra o Hawks, surtou por completo com os erros de seu coleguinha Jamario Moon (que merecia respeito ao menos pela sua força nominal). Com o Raptors na frente e 90 segundos para o final, Moon deixou Joe Johnson livre para uma bandeja em que sofreu falta, diminuindo a diferença para um ponto. Com 55 segundos para o final, caiu na "tática Billups" de "eu vou fingir que arremesso pra ver se você é imbecil e vai pular no meu cangote" usada pelo Mike Bibby e cometeu uma falta, que resultou em dois lances livres e o Hawks liderando por um ponto. Em seguida, com 36 segundos para o final, deu um arremesso idiota de três pontos precipitado e bem, bem errado, que terminou de vez com o jogo. O Bosh arrancou os cabelos e, assim que a partida terminou, criticou o Moon abertamente, tanto pelas falhas defensivas quanto pelo arremesso desnecessário. Acrescentou que a mentalidade do time está errada, que no final dos jogos eles fazem tudo equivocado, e que não dá pra vencer assim.
Desconfio que, com essa equipe, o Bosh não queira ficar em Toronto. Como o contrato do Jermaine acaba potencialmente junto com o do Bosh, talvez acabe sendo tarde demais para usar a grana para contratar alguém de peso e convencer o pivô com pescoço de dinossauro a ficar. A lógica, portanto, se os engravatados estiverem dispostos a manter sua maior estrela, seria trocar Jermaine imediatamente - por alguém que, preferencialmente, não comprometa os minutos do Bargnani.
Os Nelsons Rubens do mundo da NBA falam constantemente de uma troca de Jermaine por Shawn Marion. Esse é um dos meus boatos preferidos, só perdendo para aquele que diz que a Maísa é na verdade uma anã e tem mais de 40 anos. Para o Raptors, essa troca traria uma defesa mais do que necessária, uma ajuda nas bolas de três pontos, daria uma força nos rebotes e permitiria que o Bargnani fosse titular ao lado do Marion. Além disso, o Jamario Moon iria para o banco de reservas, lugar a que ele pertence, já que contribui e muito para uma equipe mas jogar os minutos decisivos já é demais. Para o Heat, a troca traria tamanho - simples assim. Assistir Houston e Miami foi hilário, porque o Yao Ming podia fazer o que quisesse, incluindo pegar rebotes ofensivos no meio de 4 defensores enquanto dançava a macarena, e acabou o jogo com 12 arremessos convertidos em 12 tentados. Com Jermaine O'Neal, o Heat não teria que usar como titular o pivô Joel "Quem diabos?" Anthony, e o novato Beasley receberia muito mais minutos - coisa que ele está precisando urgentemente para pegar o jeito da brincadeira.
Por que essa troca não seria feita? Bem, provavelmente porque o Heat não é otário de pegar um jogador que tenha que entrar em quadra de cadeira de rodas. Antes de mais nada, é preciso que o Jermaine prove que pode jogar, que está saudável, e isso é como pedir para que o Clippers não tenha ninguém contundido no elenco. No entanto, há sempre uma possibilidade. Como acho que a temporada do Raptors já era, a prioridade deve ser mostrar que o Jermaine ainda dá pro gasto e forçar uma troca. Se não for pelo Marion, será por qualquer outra coisa que convença o Bosh a ter um pouco de fé, nem que seja uma troca por uma cinta pra dar na bunda do Jamario Moon. Mas nesse mundo de casamentos que são perfeitos porque dão errado, fico torcendo para ver o Marion no Raptors. Seria uma combinação ideal, ainda que - pode apostar - o time de Toronto não vá chegar a lugar algum do mesmo jeito.
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Preview da temporada - Divisão Sudeste

Se você gosta de bolas de três e de enterradas, esse é o time certo para se assistir. No ano passado, o Orlando Magic foi o segundo time que mais arremessou bolas de 3 em toda a NBA, mais do que o Suns e atrás só do Warriors. Foram 25,3 bolas de 3 tentadas por jogo! Imagina se o Antoine Walker jogasse lá! Também é legal para ver enterradas porque o Dwight Howard foi o líder, disparado, em enterradas na temporada passada. Foram 267 enterradas, mais de 3 por jogo e 59 enterradas a mais do que o segundo colocado, Amaré Stoudemire. Assistir ao Magic é ver um jogo de NBA Live com pessoas de carne e osso.

O Miami vai acabar na frente do Wizards sim, e se der tudo certo é capaz até de ameaçar o Orlando no título do Sudeste. O motivo desse meu otimismo é o principal motivo para se ver o Miami Heat: Dwyane Wade.
O Heat tem um elenco estranho, são três jogadores fora de série (se o Beasley realmente der certo), o Haslem que é um ótimo jogador de apoio e o resto é de talento duvidável. Seja duvidável porque o cara tem cara de uma criança de 10 anos (Chris Quinn) ou porque tem o joelho tão forte quanto o de uma criança de 5 (Shaun Livingston).

Eu não acredito no Wizards nessa temporada, até pensei duas vezes em colocar eles na frente do Hawks! A que ponto chegamos! Mas vou confiar que quando o Arenas voltar, em dezembro ou janeiro, ele volte de uma vez por todas e o Wizards seja um time decente o bastante para ficar na frente do Atlanta.
Enquanto o Arenas não voltar você nem precisa justificar se não quer ver um jogo do Wizards, a gente entende e deixa quieto. Mas mesmo quando o Arenas voltar a coisa pode ser meio feia.

Te dou dois motivos para assistir ao Hawks: Josh Smith e Joe Johnson.
Ué, é o Hawks. Mas tudo bem, dou três motivos para você não ver jogos do Hawks então:

Pegue tudo o que eu disse acima do Josh Smith e troque o nome por "Gerald Wallace", é a mesma coisa mas com mais chances de contusão.
Além dele tem o Okafor, que nunca foi tão bom quanto deveria ser mas sempre toma uma enterrada bonita na cabeça. A versão 3.0 do Mbenga é legal de assistir pelo motivo errado, mas é legal.
Vai dar errado. Eu não estou torcendo para eles se ferrarem, mas essa experiência com o Larry Brown parece aqueles casamentos de artista que você já começa a contar os dias para o divórcio assim que vê os dois recém-casados na Caras. Outro dia ele já deu uma entrevista dizendo que os armadores DJ Augustin e Ray Felton estão se esforçando muito para respeitar o sistema ofensivo, mas que eles estão se esforçando tanto que não tá dando certo, eles têm que se soltar mais.
Defenestrado por
Denis
por volta das
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