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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Trocas fedidas

Adam Morrison ri de si mesmo: seria engraçado, se não fosse trágico


O Sérgio Mallandro era um renomado apresentador de programas infantis que fez história entre a criançada com a lendária "porta dos desesperados", em que um fedelho tinha que escolher entre três portas para ver se ganhava uma bicicleta, um videogame ou um gorila com uma torta - algo que me fascinava simplesmente por não fazer muito sentido. Sua fama lhe garantiu par romântico com a Xuxa (infelizmente para ele, foi depois dela abandonar sua carreira na indústria pornô) e ele até chegou a assumir o programa dela na Globo quando ela deixou de aparecer uns tempos, provavelmente porque estava com diarréia. Como é que esse Sérgio Mallandro se tornou um apresentador de programa de pegadinhas com gostosinhas rebolando no fundo (as "Mallandrinhas") eu nunca entendi. O que é preciso acontecer para um ser humano decair tanto, chegar no fundo do poço e, agora, estar desempregado e tentar se eleger deputado enquanto continua gritando "glu glu glu glu"?

O mesmo mistério se aplica ao Adam Morrison. Um jogador espetacular no basquete universitário, excelente arremessador, cheio de identidade com seu cabelinho característico e bigode ridículo, dotado de senso de humor e até exemplo de vida, vencendo a diabetes desde os 13 anos de idade e ainda assim conseguindo praticar um esporte em alto nível. Não tinha como não gostar do Adam Morrison, é como não gostar de koalas - são engraçadinhos, inofensivos, esquisitos, quem seria capaz de lhes fazer algum mal? Desde o começo sempre tive um "Complexo de Drew Barrymore" com o Adam Morrison (gostar de alguém e não fazer a menor idéia do motivo, para vocês que não estão por dentro do jargão bolapresístico). Quando foi draftado pelo Bobcats, por quem tenho aquele apreço que a gente tem por um irmãozinho mais novo, fiquei feliz e certo de que ele se daria bem por lá. Vi um jogo, dois jogos, três jogos. Mesmo quando o Adam Morrison jogava bem e acertava seus arremessos, para a minha surpresa, ainda assim ele fedia. Tentei disfarçar, tentando me convencer de que ele pegaria o jeito com o tempo, mas algo ali estava muito errado. Não é que ele não corresse no contra-ataque ou não fosse capaz na defesa, como o Carmelo Anthony. Ele simplesmente comprometia em todos os aspectos do jogo! Nunca ia para o ataque mas também não voltava para a defesa, era como se ele sumisse num vórtex temporal, como se ele ficasse preso num triângulo das bermudas presente no meio da quadra. De tão lento que era em quadra, cheguei a achar que a minha conexão ruim da internet estivesse fazendo com que o jogo passasse em câmera lenta. Seus momentos de titular foram poucos, porque além de estragar qualquer pretensão de se jogar de maneira física, veloz ou defensiva, rapidamente o Morrison parou de acertar seus arremessos. Como eu sou um homem livre, parei de assistir a porcaria do Bobcats e me limitei a desejar o melhor para o Morrison, que ele aprendesse a jogar aquele troço chamado basquete. Mas no fundo, mesmo que eu não admitisse nas conversas por aí, eu sabia que ele não tinha nenhuma chance.

Sua carreira foi daí pra baixo. Os minutos foram diminuindo até que ele contundiu o joelho na pré-temporada e não jogou durante sua segunda temporada inteira. Voltou apenas agora, com o cabelinho cortado, quase irreconhecível, sentado lá no fundo do banco, e tiveram que passar um paninho nele para tirar a poeira e as teias de aranha quando o Gerald Wallace sofreu a tentativa de assassinato. Nem preciso dizer que o Adam Morrison não conseguiu fazer nada com essa oportunidade, suas deficiências são muito maiores do que qualquer qualidade que ele venha a ter. Agora, Morrison acabou de ser trocado para o Lakers, junto com Shannon Brown, pelo Radmanovic. Aí está, a decadência de um homem, uma jornada do céu para o inferno, da "porta dos desesperados" para a TV Gazeta, de ser uma estrela universitária para, por fim, ser trocado por um zé-ninguém como o Radmanovic. Façamos um minuto de silêncio em sua homenagem, em respeito a um homem que, além do bigodinho, ficou famoso por chorar quando foi eliminado na NCAA e por ser garoto propaganda da porcaria do NBA Live.



O comercial é bacanudo, o Adam Morrison diz que não se envergonha de chorar em rede nacional de televisão, que mais pessoas deveriam chorar e ter esse tipo de intensidade, e que quando ele entrasse na NBA mais gente iria chorar. Um pouco egocêntrico, mas bizarramente profético: o Michael Jordan está chorando por ter gastado uma terceira escolha nele, e o Larry Brown estava chorando porque ele não gosta de ninguém, principalmente alguém que não sabe nem fingir que está defendendo. O Larry Brown tentou trocar o Raymond Felton, se livrou do Jason Richardson, do Matt Carroll, proibiu o Sean May de jogar até que ele perca uns quilos e alcance o peso ideal, e agora mandou o Adam Morrison plantar batata. Com ele não tem conversa, quem não se encaixa no esquema arruma outro emprego, e já faz tempo que o Larry Brown quer um banco de reservas decente. Com Raja Bell e Boris Diaw, o armador DJ Augustin melhorou o banco, e o Diop veio do Mavs para ser alguém bípede capaz de jogar no garrafão, e ainda de brinde dá uns tocos. A chegada do Vladmir Radmanovic segue a mesma linha: é um jogador alto, capaz de pegar um par de rebotes, e pode jogar nas duas posições de ala que são a maior deficiência do Bobcats no momento, mesmo quando o Gerald Wallace voltar. Ou seja, eles mandam um jogador que fede e se mostrou incapaz de produzir qualquer coisa em quadra e em troca recebem um jogador que também fede mas pelo menos tem tamanho e é mais versátil, podendo jogar em mais de uma posição.

É ridículo, tanto para o Morrison quanto para o Radmanovic, ver por quem estão sendo trocados. Nada poderia ser maior atestado de que os dois fedem, pior só se fossem trocados pelo Kwame Brown. Mas sem dúvida o Radmanovic é o que se deu melhor nessa, porque vai ter mais minutos de quadra tapando buracos no Bobcats. Mesmo se ele não defender nem ponto de vista, vai entrar em quadra mesmo assim por ter dois braços e duas pernas. No Lakers, não tinha mais chances de entrar em quadra. Desde que o técnico Phil Jackson resolveu que o Lakers precisava rodar mais a bola, Radmanovic perdeu seu lugar no quinteto titular e o Luke Walton assumiu a posição. Sem a necessidade de seus arremessos de fora (que o Walton substitui razoavelmente bem, e com o Sasha "The Machine" Vujacic sendo o real especialista na função - pelo menos quando joga em casa, já diria o Denis), o Phil Jackson prefere usar o Josh Powell para jogar no garrafão ao invés do Radmanovic. O Powell se encaixa melhor na posição simplesmente porque ele é um cover do Ronny Turiaf, que foi embora do Lakers para sentar no banco do Warriors e ficar rico. Os dois são parecidos em tamanho, porte físico, e o Powell até faz questão de usar as mesmas trancinhas no cabelo e arremessar as bolas com a mesma mecânica de pulso! Nunca achei na minha vida que fosse ver um cosplayer de Turiaf (já me bastava a Mallu Magalhães ser cosplayer de folk.)

Assim que o Luke Walton virou titular, o Radmanovic ficou revoltado porque pelo jeito o Phil Jackson sequer falou com ele, não avisou nada, só tacou ele no limbo. O técnico zen nunca gostou muito do Radman mesmo, parecia louco para se livrar do rapaz. Agora conseguiu, mesmo que não vá também usar o Adam Morrison, que muito provavelmente não vai ter qualquer espaço na equipe. É até capaz dele se acertar no Lakers, não errar mais arremessos, se beneficiar com o triângulo ofensivo, mas eu teria que ser burro demais para acreditar nisso. Já faz tempo que eu tentei me enganar dizendo que uma hora ele ia dar certo, já ficou óbvio que o Adam Morrison não vai pegar o jeito nunca. Seus minutos serão os mesmos que eram do Radmanovic, ou seja, final de jogos muito ganhos (ou muito perdidos) e tapar buracos quando o Luke Walton e o Odom se contundirem. A troca não muda em nada a situação atual do Lakers, mas muda o futuro: é tudo questão de salário.

O Radmanovic e o Morrison ganham praticamente a mesma coisa, por volta dos 6 milhões, o que é grana demais para dois caras que fedem pra burro. O Lakers está arrumando a cagada o mais rápido possível, porque o contrato do Morrison só continua na temporada que vem se o time escolher, enquanto o do Radmanovic é escolha do próprio jogador. Assim, o Lakers garante que vai ter uma grana sobrando para a temporada que vem e não vai sentir falta nenhuma de dois arremessadores que não defendem e nem nunca deram certo, é tchau e muito obrigado. Mas a troca não termina aí, porque a graça toda está no brinde, tipo aqueles anéis ou relógios de plástico que vêm "de grátis" na paçoca: trata-se do Shannon Brown. No Cavs, teve alguns problemas de lesão, foi trocado para o Bulls, perdeu o emprego e foi parar no Bobcats. Sempre ignorado, sempre invisível, mas a verdade é que ele pode ser mais útil do que qualquer bigodinho por aí. Ele é capaz de bater para dentro e criar espaços, finaliza bem no garrafão e cava faltas com certa habilidade. É forte e explosivo, só fede um pouco nos arremessos e nos fundamentos, mas tem gente muito pior por aí enfiando dinheiro até nas orelhas para ser titular. É bem capaz de ganhar uns minutinhos no Lakers de vez em quando, principalmente se o Fisher morrer de repente (nunca se sabe).

A troca, no fundo, é completamente esquecível - principalmente porque o melhor jogador da troca, o Radmanovic, vai para um time do qual ninguém se lembra mesmo. Exatamente por isso, me lembra de uma outra troca que aconteceu recentemente: o Magic mandou Keith Bogans para o Bucks em troca do Tyronn Lue.

A troca chega a ser engraçada porque os dois times estão tentando tapar buracos criados por contusões, então se a temporada tivesse metade do tamanho, os dois jogadores nunca teriam mudado de time. Por um lado é o Bucks tentando colocar alguém no lugar do Michael Redd, contundido pelo resto da temporada, mas como o Bogut arrebentou as costas (fratura por stress, temporada muito longa, alguém?) a campanha do Bucks foi pro saco e qualquer esforço é como contratar o Sérgio Mallandro para ocupar as vagas do Mussum e do Zacarias nos Trapalhões.

Por outro lado, é o Magic tentando dizer que ainda acredita, que ainda há chances de vencer nessa temporada, mesmo com a lesão do Jameer Nelson. O reserva Anthony Johnson se saiu bem como titular, foram 6 bolas de três pontos contra o Clippers, mas contra times que existem de verdade isso não vai acontecer de novo. Chamar o Tyronn Lue, o jogador que mais tem reserva tatuado na testa e que apesar disso mais jogou partidas como titular em sua carreira, significa que eles querem fortalecer a posição de modo a continuar a campanha rumo ao topo do Leste. Se eles achassem que não dá pra vencer mais sem o Jameer Nelson, não iriam arrumar um jogador que vai sumir no banco quando o Nelson voltar. Mas olha, os sete torcedores do Magic que me desculpem (o nosso leitor, o Fiel, me atualizou do número correto), sem Jameer Nelson não há chance de vencer o Leste, não há chance de chegar numa final do Leste, só há chance do Tyronn Lue ser titular outra vez porque não tem ninguém pra assumir a posição. Engraçado, uns caras bons nunca têm espaço pra jogar, mas o Lue só vai parar em times sem nenhum armador. Ele é sortudo, mas pelo menos não fede. O Morrison era o único da posição no Bobcats e mesmo assim mandaram embora. Deixo aqui, então, meu adeus para o Magic - e também para o Morrison, o jogador com o bigodinho mais bacanudo que a NBA já viu.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Cabeça de jogador

A arte de entender a cabeça de Tyronn Lue


Eu tive uma conversa quase filosófica com o Danilo algum tempo atrás. Filosófica mas sobre NBA, claro. Ficamos tentando entender como funciona a cabeça de um jogador da NBA, afinal a maioria deles encara o basquete e a liga de forma diferente da que nós, fãs. Para eles a NBA é o local de trabalho, os times são empresas e empresas que ficam em lugares dos EUA que eles gostam, não gostam ou onde têm alguma história. Além disso, eles vêem o lance do dinheiro e da fama de forma diferente da nossa. Imagino que a maioria dos nossos leitores não saiba como é não ter dinheiro e, de repente, se ver em posição de ganhar milhões e milhões de dólares por jogar 82 jogos de basquete assistidos em quase todos os países do planeta.

Acho que essa discussão é bastante válida nesses meses sem temporada porque é agora que os jogadores estão decidindo (ou estão decidindo por eles) onde e por quanto vão jogar.

Primeiro tem a parte da grana, que até já falamos aqui outras vezes na época da contratação do Baron Davis e do Elton Brand, mas é realmente uma questão importante para o jogador de basquete da NBA. Eles encaram o dinheiro que recebem não só como uma chance de viver bem para o resto da vida, mas como uma medida do valor deles como jogadores e de importância junto à franquia. Então não é importante receber apenas um bom dinheiro para o cara fazer até os netos viverem na boa, é importante receber de acordo com o que o cara representa para o time. Logo, o Chris Paul deve receber mais que o Tyson Chandler, que deve receber mais que o Morris Peterson. O Duncan recebe mais que o Tony Parker, que recebe mais que o Bruce Bowen e ainda pega a Eva Longoria.

Não é raro os contratos de dentro do time servirem como parâmetro para um novo contrato, para que o melhor ganhe mais e o pior menos. Quando isso não é respeitado até cria uma discussão na mídia e entre os fãs, afinal por que pagam tanto pelo Erick Dampier se o DeSagana Diop jogava mais tempo que ele? Ou por que oferecer mais dinheiro pelo Nenê do que pelo Marcus Camby se o Camby era mais importante que o Nenê no antigo garrafão do Denver? A disucssão veio à tona nas últimas semanas porque tem gente revoltada que o Antawn Jamison ganha mais grana que o Caron Butler, o mais mal pago do trio de Washington. Se bem que eu me sinto mal de chamar de "mal pago" alguém que ganha 8 milhões de dólares em um ano.

Também há a competição entre jogadores de times diferentes. Diz a lenda (isso nunca é confirmado da boca dos atletas) que o Zach Randolph tinha acertado um bom contrato com o Blazers e ia assiná-lo quando descobriu que o Pau Gasol tinha assinado um contrato ainda melhor com o Grizzlies. Então o Randolph se recusou a aceitar aquele contrato e disse que ele tinha que ganhar mais do que o Gasol por ser melhor do que ele. Pra mim é uma atitude ridícula, ele até pode se achar melhor que o Gasol, mas mudar o contrato por causa disso é idiota. Se todo mundo na NBA quisesse ganhar mais que o Brian Cardinal (em torno de 7 milhões por ano) os times iam à falência.

Também bastante discutido, principalmente entre os Free Agents irrestritos, que podem ir para qualquer time, é a cidade em que vão jogar. Assim que saíram as notícias de que o Baron Davis não iria continuar no Warriors, os times cogitados para ficar com o armador eram Kings, Clippers e até o Lakers, tudo porque o Baron Davis é do estado da Califórnia e já deixou bem claro que gosta de morar lá e porque também é envolvido na indústria de cinema, que é concentrada em Los Angeles. No fim das contas ele topou ir para o Clippers mesmo.

Outro caso famoso é o do Shaquille O'Neal, que disse que adora lugares quentes, de clima bom e que não tenha muito frio, neve pra ele nem pensar. Ele conseguiu isso. Jogou nos dois times da ensolarada Flórida (Miami e Orlando), no calor da Califórnia com o Lakers e agora está no deserto do Arizona com o Suns. Azar do Jazz e do Nuggets, em cidades frias pra burro, e do Portland e do Sonics, que ficam (ou ficavam) em cidades conhecidas pelas suas chuvas. Nunca tiveram a chance de ter o Shaq em seus times. O assunto da onde os jogadores moram veio à tona também na semana passada quando o Gilbert Arenas tirou sarro do seu companheiro de Universidade do Arizona, Richard Jefferson, porque ele estava indo para o Bucks. Aqui as palavras do Arenas:

"Richard Jefferson vai para Milwaukee... HAHAHA! Cara, isso é engraçado. Quando eu ouvi eu comecei a dar risada. Cara, como eu ri. E você sabe por que? Porque todo jogador odeia Milwaukee. Ninguém quer morar lá. Desculpe, Milwaukee, de pegar tão pesado com vocês, mas ninguém na NBA quer morar aí. Para ele sair de New Jersey, ou melhor de Nova York, porque ele morava lá, para ir para Milwaukee é como... bom, vamos dizer que não vai combinar com ele. Foi muito engraçado quando ouvi essa notícia, mas pelo menos o Yi Jianlian deve estar feliz. "

Vai ver que é por isso que o Bucks tem essa coisa de manter por lá os jogadores que dizem até publicamente que não querem jogar com eles. O Bucks deve ter noção de que se eles forem esperar alguém que realmente quer jogar com eles, o time não vai ter o elenco mínimo no dia que começar a temporada. E o Yi deve estar feliz mesmo, ele sempre disse que queria morar em uma cidade com alguma colônia chinesa e com o Nets ele estará ao lado de Nova York, que tem mais chinês do que táxi.

Mas um outro tema, o que eu acho mais interessante de todos, é saber qual é a ambição do jogador, saber o que ele quer de sua carreira.

Não é lei, mas o padrão mostra que primeiro o jogador quer entrar na NBA em algum time em que ele tenha tempo de quadra. O time pode ser bom, ruim ou médio, se ele tiver tempo pra mostrar que é bom, ótimo. Depois que ele provou o que é, a tendência é o jogador buscar o contrato mais lucrativo possível. Já li sobre jogadores que tem medo de se machucar ou de, de repente, perder espaço na NBA, então para eles o mais importante é conseguir o contrato mais longo e lucrativo possível. Por fim, quando o jogador vê que sua carreira está indo para o fim, ele tenta buscar o que não tem ainda. Então se ele não tem um título, vai para um time com chance de título. Se nunca jogou na cidade em que nasceu, tenta ir para lá, se quer ser técnico, vai para onde ele será aceito como auxiliar técnico, caso do Sam Cassell, que considera ir para o Denver para ser treinado pelo seu amigo George Karl. Não acho que o Denver seja um bom lugar para aprender algo sobre ser técnico de basquete, mas beleza, quem sou eu pra questionar o que o Cassell faz, não é?

Mas acontece que para alguns, a carreira não é tão comum assim e durante ela o jogador tem que fazer escolhas não tão óbvias. São reações que inicialmente causam espanto mas que pensando bem, dá pra entender.

O primeiro caso é o do Tyronn Lue. Ele acabou de assinar com o Milwaukee Bucks, sim, o time em que ninguém quer jogar. E não foi por desespero não, ele não corria o risco de ficar desempregado. O Suns o queria como reserva do Nash e até ouvi uns rumores de que o Miami, que precisa desesperadamente de um armador, além do Celtics e do Kings, queriam seus trabalhos, mas não, ele preferiu ir para o Bucks. Depois de tantos anos rodando pela NBA, principalmente em times ruins, era de se esperar que o Lue escolhesse ir para um time de mais prestígio para aparecer na TV, jogar os playoffs, ganhar jogos e até tentar ganhar um anel de campeão. Mas ao invés disso ele foi para um time que não está nem perto de um título e que já tem Mo Williams e o promissor Ramon Sessions em sua posição.

O motivo foi tempo. O Suns e todos os outros times usaram esse atrativo do título, dos playoffs para o Lue, mas ofereciam sempre o contrato mínimo por um ano. Apesar de não serem fontes oficiais, dizem que o Bucks ofereceu mais dinheiro e um contrato de 3 anos de duração. Depois de ser um andarilho em times ruins, o Lue decidiu se firmar financeiramente. Ainda em um time ruim, infelizmente.

Outro caso bem interessante é o do Jarvis Hayes. Ele foi draftado pelo Wizards e lá em Washington passou os primeiros anos de sua carreira, mostrou que era talentoso, que sabia marcar pontos mas também foi bastante irregular e se machucou bastante. Virou Free Agent, foi para o Pistons, foi muito bem na temporada vindo do banco e era peça importante como reserva de Hamilton e Prince. Mas então, de repente, já que era Free Agent de novo, assinou com o New Jersey Nets.

Até aí nada de mais, mas depois descobriram que ele tinha recebido propostas do San Antonio Spurs e do New Orleans Hornets. Ele poderia ser um reserva importante, que entraria em todo jogo em dois dos melhores times da liga, mas ao invés disso preferiu ir para o Nets, que está claramente em reformulação e pensando em ganhar de verdade somente em 2010, depois de tentar pegar o LeBron. E pior, financeiramente as propostas eram muito parecidas.

O motivo é bem claro, em New Jersey ele tem muitas chances de ser titular. Com Richard Jefferson foram da equipe, Trenton Hassell não sendo lá tudo isso e o Bostjan Nachbar sondado por times europeus e pelo Hawks, o Hayes praticamente não tem competição para ser peça importantíssima na equipe. Aqui está o que ele disse:

"No fim das contas a oportunidade de ir para um time e ter a chance de realmente jogar era algo que eu não podia deixar passar."

Achei muito legal a atitude dele. Ao invés de se contentar em ser um coadjuvante em times bons como Pistons, Hornets e Spurs, ele preferiu jogar basquete pra valer, por mais minutos possíveis, no fraco Nets.

Muito legal ver que mesmo que eles pareçam pessoas diferentes, que enxerguem as coisas de forma bem diferente, às vezes dá pra encontrar uns caras com quem a gente se identifica, que mesmo nesse mar de dinheiro, fama e busca pela glória, consagração e imortalidade na história da liga, alguns queiram somente ir lá e jogar o máximo de basquete possível.

E você, o que faria? Se recebesse propostas financeiramente iguais, iria para o time a um passo do título, onde provavelmente seria segunda ou terceira opção do banco, ou iria para um time fraco onde, pela primeira vez na carreira profissional, teria chance de ser titular?

Vídeo: Jerome James

Não tem nada a ver com o assunto mas assim que eu vi esse vídeo eu precisei colocar ele aqui. É um mix de jogadas do grande, gordo, grosso e patético pivô do New York Knicks, Jerome James. É a prova final de que até sua tia gorda que aperta suas bochechas no Natal pode parecer um bom jogador com a edição de vídeo certa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Preço de banana

Mike Bibby agradece por ter sido trocado por um pacote de Trakinas


Algumas trocas na NBA já são mais manjadas do que engravidar do Mick Jagger. O Bibby está para ser trocado do Kings desde que o ICQ ainda era moda. E foi bem no meio do fim de semana do All-Star que, na miúda, ele foi parar no Atlanta Hawks. Coisas de time que tem vergonha do que está fazendo e quer passar despercebido.

No meio da nossa cobertura do All-Star não havia tempo para criticar o Kings, mas em plena segunda-feira, com aquele mal-humor desgraçado de quem foi dormir tarde pra burro vendo o LeBron ser coroado MVP, me sinto no direito de soltar alguns impropérios. Ou seja, mas que troca de merda! Acho que eu não via uma troca tão estapafúrdia desde quando o Nets mandou Kerry Kittles para o Clippers em troca de dinheiro e nada mais. Pô, não tinha nenhum novato pé-de-chinelo que podia ser mandando em troca? Ser trocado por dinheiro é uma baita ofensa, é tipo ser chamado de pé de alface.

Não me importa se o Bibby está em decadência, fora de ritmo, acabando de voltar de contusão. Mike Bibby teve uma péssima temporada passada, desmotivado, sentindo que o time pelo qual tanto lutara havia sido completamente desmontado. Não me importa se ele tinha problemas de relacionamento com o Artest, se ia dar o fora dali quando o contrato acabasse. Só o que me importa é que Bibby é um baita de um armador e, se trocá-lo era tão essencial assim, o Kings deveria tirar algum proveito disso.

Para quem ainda não viu, a troca foi Mike Bibby para o Hawks e Shelden Williams, Lorenzen Wright, Anthony Johnson, Tyronn Lue e uma escolha de draft de segundo round para o Kings. Ou seja, um jogador jovem e grande que só sabe pegar rebotes em Shelden Williams, um contrato que vai expirar esse ano em Wright, e dois armadores com "reserva" escrito na testa em Johnson e Lue. O Kings, então, vai ter dois armadores reservas novos e vai dar o barco para o Beno Udrih comandar. Pelo jeito, eles devem ter gostado mesmo do esloveno esnobado pelo Spurs.

Fora isso, a equipe tem um reserva para o garrafão que não deve acrescentar muito e, principalmente, espaço pra burro no limite salarial. Pra mim, isso significa que eles devem querer manter o Ron Artest, que aliás já disse que agora pretende mesmo ficar em Sacramento. Parece que ele odiava mais o Bibby do que se imaginava.

Minha tristeza é que esse Kings não teve tempo para funcionar com todas as peças saudáveis. Quando um estava saudável, o outro estava morrendo de dengue. Quando um finalmente lembrou como é que se joga basquete, o outro foi trocado. Era muito difícil deixar o elenco junto, sem contusões, pelo menos mais esse fim de temporada? A pressa não permitiu. Mas agora me diz uma coisa: será que nenhum outro time ofereceu algo melhorzinho do que Shelden e Tyronn Lue? Nenhum time ofereceu sequer um Big Mac caprichado?

Para o Hawks, a troca parece um assalto a mão armada de tão sacana. O time cansou de ficar sofrendo com a pirralhada e, ao menor sinal de que eles finalmente poderiam ir para os playoffs, arranjou um armador experiente, pontuador e que sabe botar ordem na casa. Taí, o Hawks que já era uma surpresa passa a ser uma certeza para os playoffs no Leste. Não que isso signifique alguma coisa, claro. Hoje em dia, estar nos playoffs do Leste é mais fácil do que não estar. Para ficar de fora da disputa, só fazendo pior do que propaganda do Guaraná Dolly.

Enquanto isso, a troca do Kidd continua sendo mais confusa do que a última temporada do Lost. Parece que vai rolar mesmo, mas o Stackhouse (que na troca original iria para o Nets mas seria mandado embora para voltar ao Mavs após o prazo obrigatório de 30 dias) vai ficar no Mavs mesmo e em seu lugar vai o defensor-e-nada-mais Trenton Hassel. Como o Devean George vetou a troca, arranjaram outro mané em seu lugar. Trata-se de Keith Van Horn, aquele cara que tinha um topete engraçado, meias até os joelhos e era tão amarelão que fazia o Nowitzki parecer o Reggie Miller. Além disso, o cara é tão preguiçoso que abandonou a NBA faz um tempo enorme mas não se deu ao trabalho de assinar os papéis de aposentadoria. Levantar uma caneta é tã-a-ao desgastante...

Portanto, Van Horn ainda não está oficialmente aposentado e deve ser reassinado pelo Dallas só para que o valor dos contratos sejam equilibrados na hora da troca. O único problema é que a NBA não quer que esse bando de cara semi-morto fique sendo envolvido em trocas, então obriga que os jogadores envolvidos pelo menos compareçam aos times para os quais foram trocados, tipo o Aaron McKie que tem 420 anos, tem os pés fossilizados, mas teve que aparecer lá em Memphis na troca do Pau Gasol.

A dúvida agora é a seguinte: o sujeito que nem se deu ao trabalho de se aposentar vai conseguir levantar do sofá, vestir suas pantufas e comparecer a New Jersey? Acho que vai depender da graninha que rolar por fora. Se ele também não topar, a troca não rola.


Para o Nets, é bom que a troca aconteça mesmo. Faz muito tempo que todos nós samemos que o Nets atingiu um máximo e que dali não passa. Foram algumas finais da NBA mas ainda faltava algo para o anel chegar. Lapidaram aqui, rebocaram ali, mas o negócio é que o Nets sempre foi piorando aos poucos apesar de ser sempre bom. Esse time não ia ser campeão nunca e era óbvio que tava na hora de parar de ficar concertando, tem que tacar tudo fora e começar de novo. É melhor feder por uns tempos e ter chances de crescer do que ficar para sempre sendo meia-boca sem conseguir novatos decentes no draft, como aquele Wolves que tinha o Garnett.

Em breve o Carter não vai conseguir mais nem ir ao banheiro e o Nets será de Devin Harris e Richard Jefferson, com um banco razoável. Pelo menos muda um pouco os ares e o pessoal pára de bocejar em New Jersey. Lembrando sempre que pior do que o vizinho New York não tem como ficar.

Para o Mavs, eu sei que o preço pode ser um pouco alto mas eu nunca negaria o Kidd no meu time. Ele não sabe arremessar, não vai pontuar loucamente, mas não tem problema. Coloca ele em qualquer time e assista o experimento dar certo, não tem como ficar pior do que estava. Coloque ele numa jaula com gorilas e todos trabalharão em equipe e terão a mesma quantidade de bananas. Se o Dallas com ele vai ganhar um título, aí é outra história. Mas depois do fracasso em Golden State na temporada passada, tentar uma coisa nova não faz mal a ninguém.

E se nenhum desses motivos convencer os torcedores do Mavs, basta lembrar que agora está na moda no Oeste fazer trocas por jogadores all-star, deixando a conferência tão forte que o Leste inteiro deveria se mudar para a liga de basquete do Canadá. Pensando assim, levar o Kidd para casa pega bem. E deixa o All-Star Game da temporada que vem ainda mais disputado.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Mundo Bizarro

Joe Johnson, no cio, ataca o pobre do Yi Jianlian


No meu tempo, a gente brincava de pião na rua. Tinha inflação alta todo mês. Pornografia, só quando alguém surgia com uma revistinha. E o Hawks era uma merda de time. Ou seja, eu estou velho e não estou psicologicamente pronto para ver o Atlanta Hawks chegar aos playoffs. No meu mundo, isso vai causar uma fissão irrecuperável no continuum do espaço-tempo, seja lá o que isso queira dizer.

Desde que resolveram montar um time em volta do Joe Johnson, que era apenas mais um jogador naquele antigo ataque divertido do Suns, o Hawks virou motivo de piada. Um time tão jovem que cheira a Hipoglós, sem um armador principal, com o péssimo costume de escolher no draft todo ano gente da mesma posição (chegou ao absurdo deles poderem fazer dois times só de alas, se quisessem) e ninguém que lembre, nem de longe, um pivô. Até acho vários jogadores desse grupo talentosos, mas o elenco é sempre cheio de buracos. O Tyronn Lue, por exemplo, sempre disse que seu papel na NBA é ser um armador reserva, que ele não tem talento para ser titular. Apesar da sinceridade e humildade raras hoje em dia, no Hawks ele foi obrigado a ser titular por tanto tempo que deve até ter mudado de idéia. Uma coleção de alas e ninguém para armar o jogo, ninguém que chute de fora, ninguém que pegue rebotes? Talento, sim, mas dá pra fazer um time mais esburacado? Analisando friamente eu até pensei, na temporada passada, que o Hawks pudesse fazer um estraguinho. Mas o elenco era jovem demais, capenga demais, e aí desisti deles. Último lugar do Leste até que o mundo saia de órbita e o Bulls se tranforme em saco de pancada. Na minha ingenuidade, achei que isso nunca iria acontecer.

Acontece que, de um dia para o outro, outro time aí resolveu mostrar que dá pra ganhar uns jogos desse esporte esquisito mesmo sem ter idade para beber depois das partidas: o Portland Trail Blazers.

Eu gosto de imaginar eles como sendo o New York Knicks do Mundo Bizarro. O Knicks aceita qualquer jogador famoso e talentoso, independente de salário ou de como se encaixará na equipe, e virou uma concentração de fominhas e jogadores acima do peso. Já o Blazers se livrou de jogadores de nome e peso (literalmente) porque não se encaixavam no conceito do time. Lá se foram Zach Randolph e Steve Francis para que outros times otários assinassem seus trazeiros gordos incapazes de passar a bola. Além disso, o Blazers é recheado de jogadores atléticos ao invés de obesos, e jogadores sólidos ainda que não absurdamente talentosos. Foram dois anos de trocas inteligentes e higienização do elenco e agora surgem os resultados de um time que virou repentinamente exemplo de boa adminstração.

O elenco é jovem e sem estrelas, mas não há alguém sentado no banco de reservas que não possa contribuir de alguma forma. Jarret Jack tem um ano de experiência como titular na armação e agora faz muitos pontos vindo do banco. O genial Steve Blake foi mandado para o Nuggets mas se disse triste demais de deixar o Blazers e prometeu voltar, o que cumpriu logo ao término do seu contrato (um time bem administrado sempre atrai uns jogadores inteligentes). Travis Outlaw, antigamente apenas um cara que conseguia pegar uma moeda apoiada no alto da tabela (dizem as lendas!), agora é um dos jogadores mais importantes na rotação da equipe. James Jones era um baita chutador sólido no Suns, casa de todo chutador feliz. Channing Frye está dando sinais de voltar aos bons tempos depois que um ano na maldição do Knicks roubou seu talento (deve ser algo na comida de New York). A ida do Randolph, embora arriscada, abriu espaço para o LaMarcus Aldridge desabrochar (e espaço no ônibus também, que devia ser apertado com o Randolph dentro.) E sendo o mais próximo de uma estrela ali no Blazers depois de ganhar o prêmio de Novato do Ano (e por ter Rookie Of the Year no nome), o Brandon Roy virou o maestro da coisa toda.

Dá pra saber que a coisa tá boa quando você tem gente pra todas as posições e ainda pode se dar ao luxo de nem usar o Sergio Rodrigues que, na minha opinião de blogueiro metido, chuta uns traseiros. Fora que estão esperando Rudy Fernandez voltar da Europa e o Greg Oden voltar da mesa de cirurgia. Olha só, que time lindo, que gracinha, que fofura, vai ter um futuro brilhante, dá um abraço no papai! Vão perder um monte esse ano, ter uma boa escolha de draft e depois o céu é o limite!

O único problema é que eles resolveram ganhar agora. Espírito de equipe, técnico destruidor, defesa por zona, contribuição de todo mundo, Roy pra MVP, essas coisas aí. Mas o maior motivo pra eles estarem vencendo agora deve ser simplesmente eles não terem visto o Beasley jogar. Já o Wolves, por sua vez, levou o Antoine Walker para lá só para garantir as derrotas em série. Receita moleza: coloque o Antoine Walker por uns 10 minutinhos, acrescente água, e pronto! Derrota e boa posição no draft garantidas!

O Hawks também não deve estar assistindo o Beasley, ou então eles simplesmente cansaram de draftar tantos alas. Vai ver se inspiraram em ver o Blazers ganhando com seu time de maternal. Mas era desse conceito de idade que o Joe Johnson já reclamava desde o começo da temporada: "Agora somos todos experientes, não podemos mais usar a idade como desculpa. É hora de todo mundo jogar para vencer. Estou cansado de receber marcações duplas todos os jogos e não ver meus companheiros se aproveitarem disso. Precisamos jogar como adultos e principalmente aprender a fechar os jogos." Boa receita, Joe Johnson. Depois de jogar com o Nash, não é tão fácil jogar com esse bando de incompetente, né?

Saber fechar os jogos, justamente, parece a fórmula principal. O Blazers jogou pelo ralo a idéia de que a inexperiência perde as partidas no final (como o Sonics fez bilhões de vezes nessa temporada) e resolveu vencer todos os quartos períodos de suas partidas. O resultado? Treze vitórias seguidas, oitava posição no Oeste e um manual de como vencer o Jazz. Na derrota de ontem para o time de Utah, eles ainda assim fizeram tudo certo - exceto vencer o quarto período. Erraram lances livres, as bandejas giravam dentro do aro e saíam. Acontece. Só precisamos ver agora como a pirralhada reage ao fim da sequência de vitórias. Descobrir se eles estão querendo draftar o Beasley ou se vão desbancar o Nuggets na divisão (estão só meio jogo atrás) e garantir a 4a vaga. Dá pra imaginar o Blazers no 4o lugar do Oeste se aproveitando das regras estúpidas de colocação na NBA? Eu sei, o Hawks está no 4o lugar do Leste também, mas lá as coisas são mais simples. Fora Celtics, Pistons e Magic, basta você não ter op Marbury que já é meia vitória garantida. Ainda assim, palmas para a gurizada.

Tente explicar, para alguém que só começou a acompanhar a temporada agora, que Hawks e Blazers estão em quarto lugar de suas respectivas conferências, que o Chicago fede, que o Miami é o último colocado do Leste, que o Washington sem Arenas vai para os playoffs, e que o Isiah Thomas ainda não perdeu o emprego. Eu prefiro nem tentar.

Mas se ele começar a chorar ao saber que o Isiah não foi demitido, ou não acreditar na posição do Blazers, mostre para ele esse vídeo: a cravada da temporada até agora, Travis Outlaw na cabeça do coitado do Rodney Carney. Alguém ainda duvida que ele pegue uma moeda no alto da tabela?