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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sabadão com o Gugu

Faz carinha de quem tá gostando


(História bizarra do dia: Não sabíamos que nome dar ao post. Danilo pensou em "Sabadão Sertanejo" e eu disse "Ou Sabadão com o Gugu, que era o nome do programa depois que não era mais só sertanejo. Mas se for assim temos que colocar frases do Chico Xavier nos intervalos". Eis que então damos uma Googlada e descobrimos que demos esse mesmo nome no All-Star Saturday Night de 2008! Como bem disse o Danilo pra fechar, somos uma sátira mal feita de nós mesmos)

Esse fuso horário ainda me mata! Ontem fui dormir à uma da manhã no horário cipriota para depois acordar às 3 para assistir ao famoso sábado do All-Star Weekend. Quase não sobrevivi na primeira meia hora de papinho besta da transmissão gringa até que começasse tudo de verdade. Mas quer saber, quando acabou tudo às 6 da manhã eu estava tão excitado com o que tinha acabado de assistir que aí não conseguia nem pensar em ir para a cama. Melhor campeonato de enterradas de todos os tempos? Nos perguntaram isso já, acho que não, mas nem tudo precisa ser o melhor da história para ser do caralho.

O primeiro evento da noite foi o torturante Shooting Stars, que já teve algumas edições divertidas mas que em geral é um porre. Tão chato que eu juro que não está no nosso bolão porque eu esqueci completamente da sua existência, a gente tenta apagar da cabeça as coisas ruins, saca? Dependendo dos ex-jogadores que eles escolhem para participar é até divertido ver o cara lá em ação, brincar de nostalgia e de explicar para os leigos que assistem do seu lado quem é quem. Mas nesse ano escolheram a porcaria do Rick Fox e o resto são todos comentaristas da TV americana, uma panelinha tola e desnecessária. Seria fazer um All-Star do futebol brasileiro e na hora de chamar ex-jogadores só teria Casagrande e Caio Ribeiro.

Sem contar que, como disse o Danilo no Twitter ontem, o Shooting Stars é um jogo no estilo Passa-ou-Repassa. Não importa o que acontece durante todo o programa, vence o todo quem vence a última prova que vale 1 milhão de pontos. Nesse caso vence quem acerta mais rápido a bola do meio da quadra, um arremesso que ninguém treina, que não é divertido de assistir e que na verdade só me lembra pessoas que não jogam ou gostam de basquete. Quem joga de verdade nunca fica chutando do meio da quadra, é coisa do seu amigo que só joga futebol e aparece uma vez na vida na quadra tentando fazer algo impossível. É tão coisa de escola que até chamam meninas para participar, pra ver se impressionam alguma jogando basquete (sério, não funciona!). O time vencedor tinha a musa Coco Miller, o comentarista da NBA e ex-jogador mais ou menos Steve Smith e o Al Horford.

Depois dessa palhaçada veio o Skill Challenge, a disputa do sábado que mais atrai jogadores de nome além do jogo de domingo. Se nas bolas de três vemos uns role players aleatórios e no de enterradas já tivemos até o Gerald Green ganhando, no de habilidades é só estrela de verdade. Não sei porque isso acontece, mas até o amarelão do LeBron, que nunca teve as bolas de ir para o de enterradas, já participou da brincadeira. Nesse ano estavam lá Chris Paul, Russell Westbrook, Stephen Curry, John Wall e Derrick Rose.

Acabou sendo meio que uma decepção porque muitos erraram vários passes e arremessos, então mesmo sendo alguns dos armadores mais rápidos da NBA, tudo ficou meio empacado. O ápice da noite foi quando o CP3 errou a bandeja inicial do circuito, algo absolutamente inédito (e patético) na competição. O nível foi tão baixo na primeira rodada que o Steph Curry foi para a final contra o Westbrook mesmo depois de errar bastante. E aí na decisão finalmente algo digno de um cara rápido e com arremesso preciso como ele, passou por todos os obstáculos voando, acertou o tãaao temido arremesso de meia distância, o passe longo e fechou o circuito em 28.2 segundos, o melhor tempo do torneio desde que Deron Williams fez o recorde de 25.5 em 2008.

Parecia que o sábado não era mesmo o dia de grandes atuações quando começou o torneio de três pontos. Na primeira rodada o Daniel Gibson, que era a minha aposta para o Cavs finalmente ganhar algum troféu antes do LeBron James, passou vergonha e fez apenas 7 pontos, chegando a errar 10 bolas em sequência. A piada dele errar 26 em sequência ficou coçando na garganta durante todo o evento. Pelo menos para ele não se sentir sozinho o Kevin Durant, que nem deveria estar lá por não ser um especialista em três pontos, também fez papelão e mostrou que, repito, nem deveria estar lá por não ser especialista em três pontos, diacho. Até quem parecia em uma noite boa, como o Dorrell Wright, esfriou mais que aquela sua ex-namorada frígida depois dos primeiros arremessos. O nível baixíssimo deixou Paul Pierce, mesmo indo mal, ir para a final contra James Jones e Ray Allen.

E aí, pela primeira vez na temporada, deu Heat. Pierce foi mais ou menos, James Jones fez sólidos e bons 20 pontos e o Ray Ray mostrou que só é bom em quantidade de bolas de três pontos (opa, polêmica!). Brincadeira, ele só mostrou que não venceu uma brincadeira. O dia que essas brincadeiras de All-Star provarem alguma coisa a ciência se mata com um tiro na cabeça. O título de James Jones premia o jogador com a estatística mais bisonha da NBA: Ele tem 357 pontos na temporada e NENHUM foi feito dentro do garrafão. Isso tem que ser um recorde!

Ai chegou o campeonato de enterradas. A parte mais esperada da noite que é a mais legal de assistir e a mais chata de ler no dia seguinte, mas vamos nos esforçar para não sermos chatos como a maioria. Porque eu morro um pouco por dentro a cada campeonato mais ou menos em que alguém diz "Não é a mesma coisa como antigamente que tinha Michael Jordan e Dominique Wilkins" e tenho vontade de arrancar meus olhos fora quando depois de um campeonato bom dizem "O torneio de enterradas está de volta!!!". É como o rock ser salvo a cada nova boa banda que aparece. Não há nada para ser salvo e, surpresa, em alguns anos vai ser legal e em outros não. Não é biologia molecular, é fácil de entender.

Agora é hora de comentar cada enterrada, mas não vou fazer isso sozinho, o Danilo vai me ajudar. Uma por uma, jogador por jogador.

Serge Ibaka: O melhor último colocado da história! Até no antológico campeonato de enterradas do ano 2000 a gente teve gente ridícula como o Larry Hughes, mas nesse ano foi só alto nível.



Denis: Foi do lance livre MESMO, antes da linha pra dizer a verdade, não pisando em cima como o Jordan ou o Julius Erving! O problema foi que a enterrada não saiu muito forte, então o final foi um pouco decepcionante para um salto tão fantástico. Não foi inovadora, mas fez melhor do que quem havia tentado antes, merecia mais que os 45 pontos que recebeu.

Danilo: Achei uma das enterradas mais mal-amadas da noite, merecia nota máxima. Acertou de primeira, não precisou ir até Joanópolis pra pegar distância, não colocou fita-crepe no chão pra marcar a passada, e o mais importante: não pulou nem muito antes da linha (porque aí erraria) e nem muito depois como todo mundo faz porque acertar os passos é o diabo. Fez direitinho uma enterrada difícil pra burro, e daí que já tinham feito antes? Se valer só enterrada nova, vamos ter que voltar ao pessoal enterrando com roupa de sex-shop.



Denis: A segunda enterrada dele foi criativa e acabou por decidir o campeonato de enterradas. JaValle McGee disse que chegou ao fim do torneio sem idéias porque a sua para fechar a noite era fazer exatamente isso. Funhé. Ela foi bem impressionante também, a coordenação para tudo isso e a altura do salto são coisas de outro planeta. Mas mais legal foi ver que o pirralho de corte de cabelo patético não saiu do seu papel nem por uma fração de segundo!  Aproveita e já continua em Los Angeles, pivete!

Danilo: Foi bem executada, pena que não foi de primeira. Foi a primeira enterrada com teatrinho, personagens e falas no campeonato. Como eu comentei no Twitter, agora só falta ter anões e mulheres de biquini. Fora essa bobagem, também merecia mais carinho.


DeMar DeRozan: Se teve algum injustiçado na noite de ontem foi o DeRozan, embora eu ache que essa é uma palavra muito forte para uma brincadeira de enterradas.




Denis: Enterrada por baixo da perna vindo da lateral da quadra, não dá pra pedir muito mais do que isso. Se não é para nota máxima é para chegar perto.

Danilo: O legal é que saiu plasticamente bonita a enterrada, movimentação bacana no ar.



Denis: Essa foi simplesmente a melhor da noite! Não tem o que dizer. Foi de primeira, foi sem frescura, sem parafernalha, sem historinha, só jogou a bola pra cima, deu um salto lindo, fez uma pegada difícil e enterrou com força. Impecável.

Danilo: Saiu tudo perfeito, absolutamente tudo, é a enterrada que todo mundo deveria dar de exemplo para o campeonato desse ano.


JaValle McGee: A grande surpresa da noite. Ele dá enterradas legais durante o jogo, mas é sempre em ponte aérea, muitas delas bem desengonçadas. Não esperava absolutamente nada do gigante que quase se tornou o mais alto vencedor da história do torneio de enterradas.



Denis: É impressionante, é difícil de fazer até se você tiver duas cesta de só 2 metros de altura pra treinar no quintal de casa e jogar uma das bolas na tabela foi o charme estético que faltava. Perfeita. (Dwight Howard que parece não ter gostado muito...)

Danilo: Só dá pra fazer se você for o Dhalsim. Ou seja, genial.



Denis: Levar a mãe lá pra dar beijinho nos juízes foi apelação! Imagina o dia que o Kris Humphries levar a Kim Kardashian para pedir votos, ele vai ser um All-Star no ano que vem. Mas a enterrada foi boa! Três de uma vez eu juro que achava impossível! Apenas acho que é mais difícil do que bonito.

Danilo: O McGee é a versão cult desse campeonato de enterradas. O que ele faz é difícil, inviável, vai contra as leis do espaço-tempo. Depois que ele enterra você senta no chão e se questiona sobre a viabilidade da Física moderna. Vale nota máxima só porque é impossível. Mas a enterrada não é bonita, não é espetacular, não é nada além de prazer intelectual.



Denis: Todo ano tem uma enterrada como essa, que você olha e diz "legal, daria um 9" e quando você vê no replay diz "Puta que pariu dá um 11 e mais um carro pra ele".

Danilo: É bem isso, incrível como a enterrada do McGee é feita para ver no replay em câmera lenta, com a cabeça desviando da porrada na tabela. De novo, uma enterrada para apreciar intelectualmente depois, na hora pareceu normal.



Denis: Essa é pra usar em palestra empresarial dizendo: Sempre tenha um plano B.

Danilo: Funhé.


Blake Griffin: Deixar o voto popular decidir já deixava bem claro quem levaria o prêmio para casa. Griffin não foi mal, muito longe disso, mas ao mesmo tempo acho que a maioria esperava um pouco mais.



Denis: Essa é no meu estilo, sem efeito técnico, só algo diferente e bem executado. Foi a minha favorita dele em toda noite! Mal eu sabia que no fim das contas ele é quem ia fazer mais teatro no fim das contas.

Danilo: Talvez a enterrada mais plástica da noite, a mais bonita de ver quando aconteceu. E com um discurso de que "não tinha frescura", completamente oldschool.



Denis: A cara dele após a enterrada diz tudo, não era o que ele queria. Mas quando esse é o seu plano B que você faz quando não tem mais tempo é porque você é um jogador até que razoável. A primeira que ele tentou e errou era para acabar o campeonato na hora, porém, seria linda.

Danilo: Quando ele tentou da primeira vez e errou, com um giro fantástico, a torcida foi ao delírio e ele não conseguiu conter o riso, a enterrada era foda. Mas a água bateu na bunda e ele foi para um plano B bem melhor do que o do McGee, né?



Denis: O "Vince Carter revisited" dito pelo narrador já diz tudo. Foi o que Carter havia feito já em 2000, mas agora em um passe vindo da tabela. Não foi a melhor da noite, mas assim como Ibaka no lance livre ele pegou algo que já haviam feito antes e fez melhor.

Danilo: Quem é que tinha tentado fazer igual num campeonato de enterradas uns anos atrás e enfiou só a mão pra dentro, foi ridículo, e ainda quase tomou um capote? O Griffin fez com explosão um troço difícil e bonito de ver.



Denis: Quando me perguntam porque eu gosto de jornalismo eu costumo dizer que é porque a vida real sempre dá um chute no meio da bunda da ficção. Podemos criar quantas histórias de mentirinha a gente quiser, com dragões, ETs ou qualquer merda, mas no fim sempre alguma coisa bem real vai aparecer na nossa frente e deixar a gente boquiaberto. Um carro? Um coral? O clima no ginásio, todos de pé, a gritaria e todos correndo dentro da quadra foi um show surreal. Prefiro as enterradas mais simples, mas tenho que admitir que isso foi bem divertido e um ótimo encerramento de festa.

Danilo: Tem uma coisa importante sobre o campeonato de enterradas: ele é ao vivo. Não dá pra tentar pra sempre até acertar e depois editar o vídeo, não pra cortar você se esborrachando no chão tentando pular uma cadeira. O que conta é o que você faz na hora, na pressão, sendo visto por gente do mundo todo, num ginásio lotado. E como você empolga ou não essas pessoas com os recursos que tiver na hora. Depois a gente para e pensa que o coral foi brega, que ele pulou a parte mais baixa do carro, mas na hora foi um espetáculo, foi tão exagerado que ficou épico. O Blake Griffin tinha que acertar de primeira, não dava pra errar e tentar de novo, e ele não podia se arriscar a pular de costas ou por cima da parte mais alta do carro e quebrar os dentes em rede mundial. Pra começar, ele joga no Clippers e já é azarado o bastante, e além disso ele volta pro trabalho na segunda-feira, não dá pra arriscar muito, seria burrice. O Griffin já foi burro o bastante colocando o Baron Davis dentro do carro para lhe passar a bola, porque o passe poderia vir na hora errada, na altura errada, e tudo estaria perdido. Dava pra ter sido melhor? Dava. Ao vivo, com uma tentativa só, no ginásio de pé e berrando? Provavelmente não dava. Foi o clima perfeito, foi o bastante, e deu muito certo.

sábado, 23 de outubro de 2010

Preview 2010-11 / Toronto Raptors

 Não resisti


Objetivo máximo: Fazer as pessoas lembrarem que ainda existe um time no Canadá
Não seria estranho: As pessoas se lembram, mas se referem a eles como "O ex-time do Chris Bosh"
Desastre: Pior time da NBA

Forças: Nenhuma pressão de torcida ou imprensa para desenvolver seus moleques
Fraquezas: Praticamente tudo. É um time ruim que perdeu seus dois melhores jogadores

Elenco:







.....
Técnico: Jay Triano

O coitado do técnico que vai ter que levar esse time do Raptors nas costas durante a temporada é o Jay Triano. Ele, como a maioria dos técnicos, já trabalhou um bom tempo como assistente. No mesmo Raptors ajudou a montar os times bem mais ou menos de Lenny Wilkens, Kevin O'Neill e Sam Mitchell. Quando esse último foi demitido, Triano ganhou sua chance de falhar. Até foi bem quando assumiu, no final da temporada 2008-09, vencendo 9 dos últimos 15 jogos na temporada, mas no ano passado aconteceu o que vocês viram, mesmo com Chris Bosh e Hedo Turkoglu no elenco ele não conseguiu um time capaz de pegar a oitava vaga do Bulls, um time que praticamente se desmontou e abandonou a temporada.

Mas Triano tem moral lá no Canadá, ele foi técnico da seleção nacional de 1998 até 2005 e no meio do caminho levou o Canadá às quartas-de-final das Olimpíadas de 2000, acabando em sétimo lugar, um feito para um país que tem tantas dificuldades em produzir jogadores bons (Dalembert nasceu no Haiti, Nash na África do Sul e Magloire não é bom, nem comecem). Além disso ele é o primeiro canadense a treinar uma equipe da NBA.



Apesar de ser herói nacional, não sei se durará muito no cargo. Ele fez muitas besteiras no ano passado, deixou o Turkoglu maluco de raiva ("Ball", lembram?) porque não montava um time que funcionava e agora, com menos opções, é difícil acreditar que irá tirar uma solução criativa do nada. Mas pelo menos ele é muito bom em "trick shots", quem sabe não chamam para participar da competição de HORSE no All-Star Weekend? Se ele não for demitido até lá...



.....
O Raptors tinha um elenco bom o bastante no ano passado para pelo menos ir para a primeira rodada dos playoffs. Afinal, tinham um dos melhores alas de força da NBA, Chris Bosh, um bom jogador de perímetro em Hedo Turkoglu e ótimos coadjuvantes como Andrea Bargnani, que fez a melhor temporada da sua carreira, e Jarrett Jack. Mas não passaram do nono lugar. O resultado foi Turko pedindo pra ser trocado e Bosh levando seus talentos para South Beach.

Só para não dizer que eles não melhoraram em nada, receberam em troca do Turkoglu o brazuca Leandrinho, que pelo o que estamos vendo na pré-temporada parece ter pegado de novo o ritmo de jogo e está jogando bem. O problema é que o Leandrinho é aquele tipo de jogador que faz um time bom parecer espetacular, mas nunca um time ruim ficar bom. Faz sentido pra vocês? A pontuação e velocidade que ele traz do banco é difícil de achar na NBA e pode ser aquele detalhe que falta para um time no meio da tabela avançar, mas ele não é completo o bastante para carregar nas costas um time com tantos defeitos.

A mesma coisa vale para o Linas Kleiza, que é um pontuador nato e arremessador de três. Foi um dos motivos que fez o Nuggets ir para a final do Oeste há duas temporadas, mas não carrega ninguém nas costas.

E poderia falar a mesma coisa de quem ficou por lá. Da garota Andrea que é uma versão desnatada do Dirk Nowitzki, dos armadores Jarrett Jack e Jose Calderon, do reboteiro Reggie Evans, etc. Só não digo do Amir Johnson, que recebeu uma extensão de contrato milionária nessa offseason, porque ele ainda não provou isso na sua carreira. Eterna promessa desde os tempos do Pistons, é mais um dos que ficam milionários só pelo que podem ser, nunca pelo que já jogaram. Donos de time dão 20 milhões para o Darko Milicic, 20 milhões para o Amir Johnson, 120 para o Joe Johnson e depois dizem que estão com problemas financeiros, alguém entende?

Alguns times na NBA já tiveram muito sucesso somente com jogadores medianos, mas são mais exceção do que regra. Dentre os sucessos dá pra lembrar do Grizzlies do Hubie Brown com o Gasol bem novinho e bem menos dominante, Bonzi Wells, Mike MillerJason Williams e do falecido Lorenzen Wright (que foi estranhamente assassinado em julho desse ano), e da exceção mais famosa, o Pistons de 2004, que começou como um time mediano, mas que viu seus jogadores melhorarem tanto quando jogavam juntos que um ano depois Billups, Hamilton, Ben e Rasheed Wallace eram All-Stars. Acontece, mas é complicado contar com isso.

A esperança do time em não ter alguma estrela está nas mãos de dois pirralhos, o novato Ed Davis e o segundo-anista DeMar DeRozan. O primeiro é um novato que jogou bem nas summer leagues, mas que está machucado, então vamos demorar mais um pouco para começar a ver até onde é capaz de ir.

O segundo tem força nominal para ser uma estrela, mas DJ Strawberry está aí para provar que às vezes isso não é o bastante. O técnico Jay Triano já disse que não ficou satisfeito com o DeRozan na temporada passada, que se contentava em dar umas enterradas em contra-ataques ou em infiltrar quando a chance era muito clara, incentivou o garoto a treinar bastante o seu arremesso e nessa temporada ele terá a liberdade de se arriscar mais, de tentar ser o macho alfa do ataque do Toronto. Nas ligas de verão deu bem certo e o DeRozan, junto com seu parceiro Sonny Weems, foram os destaques do Raptors. Mas na pré-temporada ele não empolgou. Jogou bem, garantiu seus 12 pontos em 25 minutos por jogo, mas não teve nenhuma atuação acima da média.

Vai até ser interessante acompanhar como (ou SE) o DeRozan cresce como jogador e como o Jay Triano vai juntar todos esses jogadores medianos, se num time bom ou num D-League All-Stars. Repito, vai ser interessante acompanhar, mas vai ser de longe. Só pelo YouTube, vendo as melhores enterradas do DeRozan. (detalhe: o passe do Turkoglu na jogada número 6 é uma das coisas mais lindas que eu já vi numa quadra de basquete)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Summer Leagues - Os veteranos


Holiday jogou sem Christmas dessa vez


No último post sobre as ligas de verão tratamos dos novatos de 2010. Para saber um pouco mais da história e para que servem esses pequenos torneios realizados no verão americano é só ver a introdução do mesmo post.

Nesse eu vou falar de outros tipos de jogador que atuaram em Orlando em Las Vegas, os veteranos. São os jogadores com experiência de NBA, a maioria novatos do ano passado, que estão lá para ganhar experiência ou apenas para colocar o que estão fazendo em treinos na prática. Como essa lista ficou também muito grande, a outra categoria, a criativa "outros", com os não-draftados e jogadores vindos da gringolândia, fica para o próximo post.

Veteranos
DeMar DeRozan e Sonny Weems (SG e SF - Toronto Raptors) - As vitórias nas Summer Leagues não querem dizer nada, mas as do Raptors animaram uma meia dúzia de torcedores do que estavam chorando a saída de Chris Bosh. Isso porque foram comandadas por dois dos mais jovens jogadores do elenco canadense, DeMar DeRozan e Sonny Weems, que tem tudo para ser a dupla titular em Toronto na próxima temporada. DeRozan briga por vaga com Leandrinho e Weems com Kleiza, mas os dois americanos tem a vantagem do bom entrosamento. Durante os jogos da liga de verão um sempre procurou o outro nos contra-ataques e nas pontes aéreas, formando a dupla mais mortal de Las Vegas.

Em entrevista o DeRozan foi bem humilde e admitiu que não estava totalmente pronto para a NBA no ano passado, mas que desde o fim da temporada passada está treinando sua defesa, suas bolas de três (tentou apenas 18 bolas de 3 em toda temporada apesar de ser um segundo armador) e seu arremesso após o drible, para poder criar mais arremessos para si mesmo.

Curioso que na temporada passada, sabendo dessas falhas em seu jogo, DeRozan era bem passivo durante os jogos, arriscava pouco, o que gerou algumas críticas. Mas foi essa consciência dos seus limites que fizeram com que acabasse a temporada 2009-10 com aproveitamento de 48% dos arremessos e menos de 1 turnover por jogo. Nas ligas de verão conseguiu colocar seus novos talentos em quadra e os números continuaram bons: 21 pontos por jogo, 58% de aproveitamento dos arremessos (espetacular!), 40% de acerto nas bolas de três e só 1 turnover por partida. Esperem grandes coisas dessa dupla para a próxima temporada, especialmente de DeMar DeRozan, que finalmente vai fazer jus à sua força nominal.

Marreese Speights (PF - Philadelphia 76ers) - Está sendo citado aqui porque foi muito bem na Summer League de Orlando, mas não fez nada de novo. Usou sua velocidade pouco comum para um jogador da posição 4 para fazer pontos na transição e foi agressivo nos rebotes, liderando a liga de Orlando com 9.2 rebotes por partida. Mas apesar do bom basquete apresentado não acho que seja um risco para a titularidade de Elton Brand. Se não roubou a sua vaga nem no esquema feito de contra-ataques que o Sixers tinha até o ano passado, não vai ser agora.

Jrue Holiday (PG - Philadelphia 76ers) - Apesar do Sr.Feriado não estar no mesmo time do Dionte Christmas nesse ano (Sr. Natal jogou a Summer League pelo Kings), rendeu bastante. Aliás, mais do que o esperado. Holiday, ao lado de Jonny Flynn, foram duas exceções em uma classe de draft cheia de armadores talentosos. Enquanto a maioria (Evans, Jennings, Curry, Lawson) arrebentava com tudo e todos, os dois pareciam irregulares e despreparados para o basquete profissional. Holiday, porém, animou um pouco a torcida do Sixers ao melhorar nos últimos 2 meses de temporada, e confirmou a evolução nas ligas de verão.

Liderou a Summer League de Orlando com 19.3 pontos e 6 assistências por partida. Mesclou bem momentos de atacar a cesta e distribuir o jogo e foi bem agressivo nos roubos de bola, especialmente cortando linhas de passe. Talvez alguns defeitos em seu jogo apareçam quando enfrentar jogadores de alto nível, afinal ele tem apenas 20 anos, mas é o armador do futuro para o 76ers.

Terrence Williams (PG/SG - New Jersey Nets) - Eu estou pouco me ferrando para o que o T-Will faça em quadra, desde que esteja no próximo campeonato de enterradas. Mas como está longe, podemos falar um pouco de basquete. Ele foi bem, teve boas médias de 18 pontos, 3 rebotes e 5 assistências, mas deixou bem claro pra todo mundo que apesar de ter tamanho de armador, não é um. Forçou muito o jogo individual e foi um dos motivos para que Derrick Favors arremessasse tão pouco nos primeiros jogos. Em compensação soube criar boas jogadas atacando a cesta. Jogando na posição dois, sem a obrigação de criar para os outros, e pegando os minutos que eram de Chris-Douglas Roberts, deve se destacar na próxima temporada.

James Harden (SG - Oklahoma City Thunder) - A barba mais legal da NBA sofre por ter sido escolhido antes do Tyreke Evans no draft. Não é porque um melhor veio depois que ele é ruim, pessoal. Muita gente esperava mais dele, mas o cara faz o que pedem: aparece do banco no Thunder defendendo bem, tem bom aproveitamento nos arremessos e faz um pouco de tudo. Jogou a Summer League de Orlando como um ótimo veterano e só não tem números mais expressivos na NBA porque joga na sombra de Kevin Durant.

BJ Mullens (C - Oklahoma City Thunder) - O Thunder tinha um dos melhores elencos dessa Summer League. Além de Harden tinha Eric Maynor, Kyle Weaver, Serge Ibaka, DJ White e BJ Mullens. Não à toa só perdeu um jogo e este por um ponto de diferença! Embora todos tenham jogado bem, meu destaque vai para o Mullens, que foi o que surpreendeu. O resto fez, com os números um pouco mais expressivos, pela qualidade dos adversários, o que já fazia na NBA no ano passado. Menos Mullens, que mal jogou na temporada passada e finalmente apareceu em Las Vegas, com 16 pontos e 6.3 rebotes por partida. Foi interessante ver ele atacar a cesta e conseguir ir para a linha do lance livre nos dias em que seus arremessos não estavam caindo. Pode ser uma ameaça à titularidade do novato Cole Aldrich que parecia tão certa no dia do draft.

Kosta Koufos (C - Minnesota Timberwolves) - O pivô que foi envolvido na troca de Al Jefferson para o Jazz foi parar no Wolves e terá concorrência de Darko Milicic, queridinho do GM David Kahn, e do recém-chegado Nikola Pekovic. Não será fácil ganhar uns minutos, mas ele começou bem com sólidas atuações nas ligas de verão. Depois de estrear mal com apenas 4 pontos, embalou três jogos com 13, 19 e 14 pontos. Destaque para o jogo contra o Magic em que teve, além dos 13 pontos, 11 rebotes e 4 tocos. Ainda é pouco, mas começa a lembrar um pouco o pivô que brilhou em Ohio State e foi MVP do campeonato europeu sub-18 de 2008 (quando jogou pela Grécia, apesar de ter nascido em território americano).

Gerald Henderson e Derrick Brown (SG - Charlotte Bobcats) - Com a perda de Raymond Felton para o New York Knicks, o Bobcats precisava mesmo é de um armador novo, já que o Larry Brown nunca confiou muito no DJ Augustin (lembram do "Ele não está jogando porque não defende e não arma jogadas, só isso"?), mas se esse problema ainda não foi resolvido, pelo menos Henderson e Brown podem suprir outra necessidade do Bobcats, o banco de reservas.

Nenhum vai chegar perto de ameaçar a vaga de titular do Stephen Jackson, mas será um bom desafogo ter caras que sabem marcar pontos no banco. Ambos até atuaram bem juntos em alguns jogos e a dupla deve também substituir Gerald Wallace durante os jogos. Brown terminou seus 5 jogos com média de 15 pontos e 7 rebotes, Henderson passou dos 20 pontos nas duas primeiras partidas e a partir daí atuou menos minutos, acabando com média de 14 pontos por jogo.

Reggie Williams (SG/SF - Golden State Warriors) - Em um post recente eu comentei que volta e meia o Don Nelson, técnico do Warriors, acha uns jogadores que ninguém nunca ouviu falar por aí e eles começam a jogar bem. Reggie Williams é um exemplo. Apareceu do nada na temporada passada para cobrir o lugar de algum contundido, jogou 24 partidas e saiu com média de 15 pontos por jogo, excelente para um novato. Foi para as ligas de verão e só não fez mais pontos que John Wall, com 22.6 por partida. Apesar de dividir espaço com outros achados de Don Nelson, além de Monta Ellis e Steph Curry, deve continuar fazendo seus pontos na orgia ofensiva do Warriors.

Omri Casspi (SF - Sacramento Kings) - Não sei porque ele estava lá. Provou mais de uma vez na temporada passada que já é um jogador formado e tem espaço garantido na NBA. Vai ver que jogar ligas de verão no basquete profissional americano é mais uma tradição milenar judaica que a gente nunca vai entender, nunca se sabe. Garantiu seus 14 pontos de média em apenas 24 minutos por partida.

JJ Hickson (PF - Cleveland Cavaliers) - A hora é de urgência em Cleveland, qualquer ser humano capaz de fazer pontos, pegar rebotes, dar assistências e/ou dar enterradas lindas o bastante para vender ingressos são bem vindos. Hickson teve bons momentos na temporada passada, mas eles eram sempre ao lado de LeBron, que cansava de dar assistências para o negão ir lá dar suas enterradas avassaladoras. Como seria sem 'Bron do lado?

Na Summer League de Las Vegas ele foi muito bem! Acabou com 19 pontos de média em 58% de aproveitamento e as duas médias foram prejudicadas por um jogo péssimo contra o Miami Heat (trauma da saída do LeBron, provavelmente). Até essa última partida ridícula, em que fez 4 pontos, estava com média de 24,3 pontos por jogo, o que bastaria para ele ser o cestinha do torneio. Ainda falta técnica, mas ele ataca a cesta como poucos, em um ritmo de ataque veloz ele pode se destacar.

Earl Clark (SF/PF - Phoenix Suns) - Earl Clark não se destacou tanto assim para merecer ser citado aqui, é verdade. Podem argumentar que o Jermaine Taylor do Rockets, por exemplo, jogou mais. Mas é que os 14 pontos e 5 rebotes do Clark são significativos pelo seu histórico.

O Clark foi a 14ª escolha do último draft e muitos apostavam que ele iria fazer chover no Suns. Afinal era um jogador alto, veloz e com visão de jogo que poderia ser um Boris Diaw melhorado. Alguns críticos gringos chegaram ao ponto de dizer que ele era completo o bastante para futuramente estar na briga de MVP da NBA! Exageros a parte, o mínimo que ele deveria ter conseguido era entrar na rotação do Phoenix Suns, mas o Jarron Collins entrava antes dele ver um minuto de jogo.

Como é até normal ter um pivete que só pega no tranco depois do segundo ano, fiquei atento ao Clark em Las Vegas e deu para ver uma evolução. Ainda está longe de brilhar, mas já chamou mais o jogo e pareceu mais à vontade em quadra. Sempre tenho dó desses caras que sofrem com as expectativas e espero que com mais tempo de quadra ele comece a se soltar. Quem já viu ele jogar bem torce por isso também.

OJ Mayo (SG (ou PG) Memphis Grizzlies) - Se o Casspi jogar já não fazia sentido, o que dizer de OJ Mayo? Mas calma, a explicação é boa. Um dos planos para a próxima temporada é usar Mayo como armador principal. Ele pegaria alguns dos minutos do pouco confiável Mike Conley na armação e abriria espaço para o recém-contratado Tony Allen e o novato Xavier Henry jogarem na posição 2. Ele estava em Las Vegas apenas para brincar de cosplay de Jason Kidd.

Só jogou duas partidas e deu três assistências em cada uma, não foi lá grande coisa, mas serviu pelo menos para tirar a poeira. Nas palavras do próprio OJ, "Hoje devo ser horrível nessa posição porque não jogo com a bola na mão o tempo todo há 3 anos, mas com treino e repetição eu posso ser bom". Vamos descobrir só na temporada regular, mas não colocaria meu dinheiro nessa aposta.

JR Smith (SG - Denver Nuggets) - E o JR Smith, o que estava fazendo lá? Quer virar armador? Tradição judaica? Não, "Estou aqui por amor ao basquete. Melhor vir aqui do que jogar em uma quadra qualquer". Boa, campeão.

...
Veteranos que não jogaram na Summer League
Joe Alexander (Chicago Bulls) - Sabia que todo novato tem um contrato garantido de apenas dois anos? A partir do terceiro é uma opção do time de manter o pivete ou não. Pouca gente sabe disso porque 99% dos novatos tem a opção do seu terceiro ano aprovada assim que possível. Apenas 7 (sete!) jogadores na história da NBA não tiveram essa opção aceita, são eles: Patrick O'Bryant, Yaroslav Korolev, Julius Hodge, o campeão Shannon Brown, JR Giddens, Morris Almond (que estava em Las Vegas) e, finalmente, Joe Alexander.

Ele começou a jogar basquete tarde, só no fim da adolescência e passou boa parte do seu colegial jogando basquete na China onde se mudou com o pai, que foi transferido para a filial chinesa da Nestlé. Voltou para os EUA para jogar basquete na universidade de West Virginia, onde ficou três anos. Apesar de parecer sem muitos fundamentos, era espetacular fisicamente (apesar de ser branco!) e baseado basicamente nisso, acabou virando a 8ª escolha do Draft de 2008 pelo Bucks, em que nunca fez absolutamente nada. No ano passado foi para o Bulls na troca do John Salmons e lá não fez nada também.

Estava inscrito na Summer League pelo Bulls mas não entrou em um jogo sequer, não achei uma notícia explicando a situação. Nada disso é sequer um pouco relevante para o blog, mas que carreira, hein?

Jonny Flynn (Minnesota Timberwolves) - Stephen Curry, Tyreke Evans e Brandon Jennings não jogaram as ligas de verão porque não precisam mais convencer ninguém, Flynn não jogou por uma contusão no quadril. De todos os armadores escolhidos no Top 10 do ano passado foi o que menos convenceu. Ainda acho o rapaz muito bom, a sensação de decepção vai mais do sucesso dos companheiros de draft do que pelas atuações dele em quadra. Ser irregular durante o ano de novato é comum, as exceções são os outros.

DeJuan Blair (San Antonio Spurs) - Geralmente um jogador toma como um elogio quando o seu time pede para ele não jogar uma Summer League. Ainda mais quando você foi um novato na temporada passsada. O gostinho é ainda mais especial quando se foi uma escolha de 2ª rodada como foi com Blair. Mas mesmo com o Spurs implorando para ele descansar e evitar o risco de uma contusão, ele insistiu e disse que queria jogar de qualquer jeito. Até foi inscrito, mas de última hora aceitou o pedido do time e não entrou em quadra. Greg Popovich agradece a vontade de jogar, mas fica mais feliz com a obediência.

...
Eu sei que tinha prometido os "outros" para esse post também, mas ficou grande demais, fica para o próximo. Nele irei falar de alguns jogadores que faltaram, inclusive o tão comentado e badalado Jeremy Lin, estrelinha da Summer League de Las Vegas que está bem próximo de acertar um contrato com o Golden State Warriors. Até lá!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Montanha Russa (Canadense)

Vestido para dar o fora desse time bizarro, Bosh?


O Raptors é um dos times mais esquisitos da temporada. No ano passado eles foram uma espécie de Nets, tinham um elenco decente (ainda mais para o Leste) e federam bem fedido. Para essa temporada abriram a carteira e levaram o Hedo Turkoglu pra lá, era o parceiro de perímetro que o Chris Bosh precisava.

Começou a temporada e o Raptors não. As primeiras semanas do time canadense foram desastrosas! Pra começar temos o próprio Turkoglu, que teve alguns jogos em que mal arremessou a bola e não chegava nos 10 pontos, ficou durante muito tempo aquela dúvida entre se ele estava com dificuldade de se adaptar ao novo esquema tático ou se era mais um caso de Erick Dampiers e Bobby Simmons que desistem de jogar basquete depois de assinar um contrato grande e gordo.

Se fosse só isso tava bom, mas ele não era o único a começar mal. Ao contrário de aberrações como Brandon Jennings e Tyreke Evans, o novato do DeMar DeRozan demorou um bom tempo para começar a se acertar na liga. Ainda hoje ele tem dificuldades de se destacar, mas pelo menos ele participa mais das jogadas, acerta arremessos de meia distância, no começo ele só fazia pontos em enterradas de contra-ataque, nada mais.

Agora imagina o que era um trio com Hedo Turkoglu, DeMar DeRozan e Jose Calderon! O armador espanhol se destaca pelos passes, pelo controle de jogo, pelos poucos erros, nunca pelo número de pontos que marca. Se ele não faz ponto, o Turkoglu também não e nem o DeRozan, dá pra imaginar a carga que ficou nas costas do Chris Bosh e da garotinha Andrea B. O Bosh lidou bem com isso, claro, ele é monstruoso. Mas ficou na sua vidinha de Marbury, fazendo 25, 30 pontos e vendo seu time perder. A Andrea não dominou jogos como o Bosh, mas foi uma das poucas gratas surpresas do time no começo da temporada, melhorando nos rebotes e sendo uma ameaça constante nas bolas de 3.

Uma contusão do Jose Calderon forçou o técnico Jay Triano a trocar de armador, no lugar dele colocou o Jarret Jack. Foi quando o time começou a se acertar no ataque, o estilo mais agressivo e pontuador do Jack funcionou melhor para um time que precisava de pontos vindo de seus jogadores mais baixos e a equipe ameaçou uma reação. Só ameaçou, porque não dá pra fazer muita coisa tendo a pior defesa de toda a NBA. Sério, a menina desse vídeo faria cestas no Raptors de olhos vendados. Era impressionante como eles não tinham resistência nenhuma a infiltrações (nem Bosh e nem Bargnani são grandes bloqueadores) e qualquer armador mais rapidinho já costurava o time inteiro.

Mas defesa é algo que pode ser treinado. Mesmo sem grandes especialistas em defesa um time esforçado, dedicado e principalmente entrosado pode sair do status de medíocre para regular, e foi o que o Raptors fez para começar a crescer na temporada. Junto disso o Turkoglu começou a jogar bem melhor, foi quando ele deu a fatídica entrevista em que respondeu "Bola".

Para quem não lembra, vou colar aqui o escrevi no dia que postei da primeira vez esse episódio:

"-Depois de três meses de temporada o Turkoglu finalmente jogou uma partida boa. Tá bom que foi contra o Knicks e não contra o Cavs ou o Celtics, mas é um começo. Marcou 26 pontos, seu máximo na temporada, e foi entrevistado ao fim do jogo.

Repórter: Você ditou o ritmo do jogo desde o começo nessa noite, o que aconteceu de diferente?
Turkoglu: Bola."


Meus anos de estudo e de dedicação à interpretação de textos, aliados ao conhecimento do estilo de jogo do Turkoglu me fizeram interpretar essa aberração de entrevista da seguinte maneira: Ele quer a bola na sua mão, não quer ficar assistindo o Jack e o Calderon armarem enquanto ele fica quieto esperando um arremesso, ele precisa ter a bola com ele para criar seu próprio arremesso e armar jogadas para outros jogadores. Algo como ele fazia no Magic na temporada passada, em especial nos quartos períodos.

A gente nunca vai ter certeza disso porque ele só disse "bola", mas beleza, vamos com a minha interpretação porque ela até faz bastante sentido. Tanto que durante algum tempo o Raptors jogou assim, com mais atenção para o Turko e foi quando eles tiveram mais sucesso. Emendaram uma sequência de vitórias, ganharam do Lakers e de outros times grandes e alcançaram o quinto lugar do Leste. Durante algumas boas semanas eu tinha certeza que com esse elenco e com a melhora deles durante o ano era certeza que ficariam em quinto até o fim da temporada regular, podendo até engrossar contra o Hawks ou o Celtics na primeira rodada dos playoffs.

Então, do nada, a defesa entrou em colapso de novo. No começo de março eles tiveram uma sequência de 7 jogos em que perderam 6, veja o número de pontos sofridos nas derrotas: 114, 109, 113, 124, 109 e 115. A única e solitária vitória veio quando conseguiram tomar "apenas" 105 do Atlanta Hawks. O Raptors tem hoje, oficialmente e numericamente, a pior defesa da NBA mais uma vez. São 112 pontos sofridos a cada 100 posses de bola! Nets, Wizards, Warriors, Clippers, Wolves, todo mundo consegue ser melhor que o Raptors, é assustador!

O recorde do time por mês mostra como foi essa temporada montanha russa:

Novembro: (6 vitórias, 10 derrotas)
Dezembro: (9 vitórias, 6 derrotas)
Janeiro: (10 vitórias, 5 derrotas)
Fevereiro: (5 vitórias, 5 derrotas)
Março: (5 vitórias, 10 derrotas)

Como se não bastasse a queda do time desde novembro agora eles lidam com problemas disciplinares. O Turkoglu pediu para não jogar uma partida porque estava com dores fortes no estômago e foi poupado, o time perdeu e horas depois da partida ele estava numa balada de Toronto jogando seu xaveco ("Bola") para todas as canadenses firmeza de Toronto.

Os próprios torcedores do time dedaram o Turko para os dirigentes do Raptors, que puniram o jogador deixando-o no banco de reservas no jogo seguinte. Quando questionado sobre a situação o Turko foi bem humorado mas pareceu também de saco cheio:

"Tá tudo bem. Eu tenho lidado com isso o ano todo. Eles tem ficado em cima de mim sobre esse negócio de sair à noite desde que eu cheguei aqui. Mesmo se eu não estivesse doente eles falariam alguma coisa do mesmo jeito. Eu que não vou falar nada, temos 10 jogos até o fim da temporada e vou tentar terminar jogando bem".

Ele falou bem mais que "Bola" dessa vez, mas já que eu sou o intérprete oficial do Turkoglu no Brasil, vou dizer o que eu li disso tudo:

"Tá tudo bem, eu não me importo com o que esse bando de guarda florestal fala de mim. Eu saio quando eu quero e jogo quando eu quero, a temporada regular tá acabando e no fim das contas só vão lembrar do que eu fiz nos playoffs. Bola".

O problema no que esse Turkoglu estilizado que eu criei falou é que eles estão correndo sérios riscos de não irem para os playoffs. Depois de chegar ao quinto lugar e parecer um time bom, estão em oitavo e apenas uma vitória na frente do Chicago Bulls. Sim, o Bulls!!! O time do Derrick Rose trocou um monte de cara bom, perdeu jogadores machucados, chegou a perder 10 jogos seguidos e mesmo assim está na boca dos playoffs. Isso é o Leste, senhoras e senhores. No Oeste bastou uma sequência de 6 derrotas seguidas do Houston e do Grizzlies para que os dois dessem adeus a qualquer chance de classificação, são conferências muito desiguais.

Eu ainda aposto no Raptors para essa última vaga porque o Bulls está muito mal e porque o Raptors tem a vantagem no confronto direto e se classifica em caso de empate, mas se classificar será apenas algo simbólico, um jeito menos humilhante de acabar essa temporada. Na prática qualquer um dos times que passar para a pós-temporada tem tudo pra ser varrido sem dó nem piedade pelo Cavs. Um final melancólico para um ano cheio de expectativas altas e que, embora estejamos longe de qualquer definição, pode ser o último de Bosh por lá.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

As enterradas invisíveis

O ponto alto da noite foi a Alyssa Milano


Provavelmente fora a Alyssa Milano, o ponto alto dos eventos do All-Star no sábado foi Steve Nash. Depois de comparecer à abertura das Olimpíadas de Inverno, aquele troço estranho que acontece entre seres humanos cujos cérebros foram atrofiados pelo frio, apareceu todo bem humorado para a competição de habilidades. Pareceu realmente interessado em vencer (dando arrancadas e até suando duas gotas de suor quando ficava preocupado com o tempo a ser batido), aloprou a própria idade dizendo que ele está velho e merecia começar já em vantagem, flexionou os músculos quando foi apresentado e fingiu que o troféu pesava uma tonelada ao vencer a disputa. O Shaquille O'Neal e suas palhaçadas não devem voltar ao All-Star, o Dwight deu no saco se achando com aquele papo de "Super-homem", o Arenas teve suas piadas suspensas da NBA, então só sobrou o Nash como jogador capaz de nos fazer rir - e o melhor, ele é o único dessa lista que sabe tirar sarro de si mesmo. Além da fantástica campanha dele para ser selecionado para o All-Star ("vote em mim porque eu sou incrível") e dos vídeos que quase sempre contam com Leandrinho como estrela principal, o Nash não para de fazer propagandas hilariantes. A última é uma brincadeira com a campanha "o homem mais interessante do mundo", de uma marca de cervejas. Trata-se da campanha "o homem mais ridículo do mundo", e o Nash topa qualquer brincadeira:


Além do Nash se divertindo e tirando um sarro, teve o Paul Pierce (que não deveria estar no campeonato de três pontos porque tem gente que merecia mais) reclamando que as pessoas disseram que ele não deveria estar no campeonato de três pontos porque tem gente que merecia mais. Ou seja, foi tipo um dedo na minha cara. Mas ele ganhou a bagaça e aí deixou a modéstia comandar: "Eu acho que sou um dos melhores arremessadores da história da NBA." Como será que o ego de Pierce e Garnett conseguem entrar juntos num mesmo avião e não derrubá-lo com o seu peso? O Garnett costumava jogar no Wolves falando o tempo inteiro com ele mesmo, repetindo que ele era o melhor jogador do planeta. Mas frente aos problemas no vestiário do Celtics, o Pierce vencer o campeonato de três pontos com o Garnett vibrando na lateral da quadra foi um bom sinal de que eles ainda se empolgam e estão na mesma página. Por outro lado, o Garnett não estourou nenhuma veia da cabeça comemorando, então é bem claro que as coisas andam mais frias - tanto no All-Star quando no Boston Celtics.

O momento nostalgia da noite foi aquela competição "bleh" em que três jogadores (uma estrela da NBA, um aposentado, e um que mija sentado) se revezam em um circuito tentando acertar bolas de lugares definidos da quadra. A competição me lembra o velho programa "Passa ou Repassa", em que duas equipes se enfrentavam respondendo perguntas e não importava quem ia melhor, porque a prova final do programa valia 4 bilhões de pontos e sempre quem vencia essa prova ganhava a disputa. Nessa competição da NBA, não adianta fazer tudo rapidinho se demorar demais para acertar o arremesso do meio da quadra, que acaba sendo o que decide de fato. Mas o legal foi ver o Chris Webber participando, com seu arremesso "eu chuto a pessoa da minha frente quando saio do chão", e lembrar dos tempos em que ele gostava de basquete, lá no Kings (em seu tempo de Sixers ele provavelmente não via a hora de parar). Teve também o mais-velhinho Kenny Smith arremessando do meio da quadra só com a munheca, como se ele estivesse do lado da cesta. Pra alguns parece tão fácil...

Chegou então a hora do grande evento da noite, o campeonato de enterradas. Bem, não aconteceu nada. O Gerald Wallace já tinha passado vergonha participando do torneio uma vez, agora passou vergonha de novo com as enterradas mais comuns de todos os tempos. Shannon Brown mostrou que realmente consegue pular alto pra burro mas não sabe o que fazer lá em cima, acaba tirando um cochilo, lendo uma revisitinha da "Turma da Mônica", e aí cai no chão sem nada acontecer. O DeMar DeRozan não tinha arsenal suficiente para entreter ninguém e o Nate Robinson esgotou a cota de criatividade porque já vemos ele fazendo as mesmas coisas há 3 anos e ele erra quarenta vezes cada enterrada antes de conseguir executar quando já está cansado e com a língua pra fora. Ou seja, foi um campeonato tão esquecível, tão sem graça, tão invisível, que a NBA sumiu no YouTube até com as enterradas que prestaram!

A NBA tem uma relação problemática com o YouTube, primeiro proibindo qualquer vídeo sobre a liga no site, e agora permitindo apenas os vídeos "oficiais" na página da NBA no YouTube. Sem dúvida é coisa do Devid Stern, que é burro como uma porta. Tem coisa que promove mais a NBA do que vídeos das melhores jogadas, jogadores e partidas pra todo mundo ver e querer mais? Não é como se alguém fosse ver pelo YouTube e deixar de comprar o produto depois, como no caso de um CD, afinal o produto é a própria NBA e quanto mais assistimos, mais queremos camisetas, tênis, ingressos, e mais queremos assistir - de preferência ao vivo.

Como a quantidade de vídeos sobre NBA colocados no YouTube é grande demais, fica dificil existir um controle adequado e acaba tendo uma tonelada de vídeos pra assistir e colocar no blog todo dia. Mas como o concurso de enterradas é um evento "importante", todos os vídeos colocados no ar foram apagados. Talvez seja melhor assim, a NBA está tentando fazer com que todos nós esqueçamos do pior campeonato de enterradas de todos os tempos. Ou, pelo menos, do pior campeonato de enterradas que a gente já viu por aqui. No entanto, como pelo menos uma das enterradas foi bem legal, a segunda do DeMar DeRozan, o Bola Presa resolveu imortalizar o momento. Como não tem vídeo, resolvemos fazer um infográfico:

Campeonato de enterradas é como sexo: tem de todos os tipos e pra todos os gostos. Tem com fantasias como no ano passado, com agressividade, com leveza, tem vendado, tem com duas bolas, tem um pulando por cima do outro, tem com palhaçada, tem sério, tem plasticamente bonito, tem com dezenas de tentativas até dar certo. O que não pode é broxar, porque aí não tem sexo nenhum. O campeonato desse ano foi uma broxada monumental! Tem gente que criticou o campeonato do ano passado, que teve palhaçada e fantasia, mas é só porque não gostam desse estilo, tem gente que adora e é um modo válido. Só precisa ser alguma coisa, qualquer coisa!

A gente sabe que o LeBron disse que ia participar e depois deu pra trás, mas não precisa da boa vontade do LeBron pra essa merda funcionar. Como toda boa trepa, só precisa de gente com tesão, de gente que queira brincar. Gente disposta a fazer algo (forte, leve, engraçado, criativo, tanto faz), só não pode ser esse "nada" que foi esse ano. Acho que é a hora de mudar o formato, não deixar mais o público decidir o campeão, deixar todo mundo dar umas 4 enterradas sem existir primeiro e segundo round (pra não ter ninguém eliminado porque "guardou o melhor pro final", como parece ter sido o caso do Shannon Brown, que ia pular por cima do Mbenga), prêmio gordo para o vencedor, enterrada obrigatória com ajuda, enterrada obrigatória em cima de alguém, aí vamos tirando essas enterradas banais do caminho para que elas não sejam usadas como se fossem criativas. Poderiam ser umas 10 enterradas pra cada um, que mal faria aumentar as chances de alguma delas valer a pena? Alguém está com pressa, afinal? Fiquem livres para dar ideias, só precisamos palpitar para que no ano que vem o sexo funcione, não seja esse troço tão invisível e vergonhoso que a NBA até desapareceu com os vídeos. É claro que você pode ir na página oficial deles no YouTube pra ver, mas não se dê ao trabalho, não vale a pena. Tem as enterradas amadoras e da D-League no post abaixo, juro que compensa muito mais.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Enterradas para petiscar

Não se preocupe em decorar o nome de nenhum
dos dois nessa foto, eles só jogam na D-League


A sexta-feira do fim de semana das estrelas na NBA costuma ser meio morno, com o jogo das celebridades que ninguém conhece (nenhuma delas participou de Big Brother, não saiu pelada e nem faz novela, aí fica difícil) e o jogo dos novatos contra os segundo-anistas, que costuma ser divertido e tenta desesperadamente salvar a noite. Dessa vez a NBA resolveu rechear a noite com enterradas pra dar uma animada (o David Stern não sabe que para animar a torcida basta mulher e bebida), embora a maioria delas tenha acontecido ao mesmo tempo que o jogo dos novatos. Ou seja, o pessoal teve boas intenções, ideias interessantes, mas não sabem sequer fazer com que três simples eventos não aconteçam ao mesmo tempo. Com certeza deram a função de decidir os horários para o babaca que faz a tabela de jogos da temporada regular da NBA, já viram quantas vezes times enfrentam o mesmo adversário em dias seguidos, cada dia numa cidade? É como se os jogos de ida e volta da "Libertadores da América" fossem um dia depois do outro, não parece uma ideia excelente?

Enquanto o jogo dos novatos contra os segundo-anistas rolava solto, entrou no ar ao vivo pelo site da NBA o "Slam Dunk Showdown", que era o campeonato de enterradas dos amadores. Aliás, a transmissão foi um tanto "ao vivo" demais, com direito a gente arrumando a quadra, teste de microfones e muita enrolação. Quando finalmente o campeonato ia começar, o tal de Drake começou a cantar uma música insuportável e interminável. O chat da transmissão começou a ficar inundado com mensagens cogitando suicídio, gente questionando o que diabos o Drake fazia lá e muitos desistindo daquela palhaçada. Alguém me explica o porquê de todo mundo achar que basquete e música tem tudo a ver? Como o Denis respondeu tão bem lá no "Both Teams Played Hard" (que não pára de receber perguntas nem por um segundo, estamos correndo o máximo que dá!), basquete e hip-hop só têm em comum o fato de que são duas coisas que os negros fazem melhor do que os brancos. Não entendo o motivo de todo evento da NBA ser recheado de música chata, se eu quisesse música chata eu baixa ilegalmente, quer dizer, eu ia no show ou então comprava meu CD legalmente numa loja credenciada.

Meus olhos se encheram de lágrimas quando o Drake parou de cantar, mas aí o LeBron entrou na quadra e começou a dublar a música enquanto o Drake voltava a cantar. Constantemente tenho uma sensação muito estranha com relação ao LeBron James, parece que ele é o Kobe querendo brincar de Shaq. O Kobe é divertido, é engraçado, mas não tem jeito, ele é um nerd de basquete, focado, competitivo, e não fica muito à vontade fazendo palhaçada na frente de todo mundo. Dizem que o LeBron é hilariante nos vestiários mas ele também é focado demais, sério demais quando existe para o resto do mundo e toda vez que ele tenta ser o Shaq e fazer essas palhaçadas em público fica um gosto amargo na boca, como se fosse fajuto, dá um pouco de vergonha alheia e a gente torce pra terminar logo.

Quando finalmente acabou e o LeBron sentou na mesa dos juízes para o campeonato de enterradas (o amarelão preferiu julgar do que manter sua palavra e participar), foi a vez do apresentador do espetáculo tentar me convencer a enfiar uns pregos na cara e pular pela janela. O sujeito é sem dúvida um dos caras mais chatos que eu já vi na vida, gritou o tempo todo, nunca parou de falar, desconcentrou todos os participantes, tirou a graça das enterradas com comentários idiotas, desanimou a torcida exigindo um monte de besteiras como braços para o alto, e só faltou simplesmente desligar a luz do ginásio e mandar todo mundo pra casa. Foi tão broxante a presença do sujeito que se eu ficar lembrando dele por muito tempo, minha vida sexual vai virar farofa. Alguns dos participantes ficaram constrangidos, pra não dizer "putos da vida", quando tentavam alguma enterrada mirabolante e o apresentador ficava lá gritando coisas como "aaaah, ele errou, mais ainda tem tempo, ainda tem tempo, vamos ver o que ele vai fazer, vamos ver, vamos, estou louco pra ver, o que será, o tempo está acabando, ele vai correr?".

É por isso que o Bola Presa faz um serviço de utilidade pública e coloca abaixo o resumo do campeonato amador - sem o áudio do animador! Basta assistir ao vídeo abaixo, ignorar todos os participantes, e ver o "Air up there" simplesmente dominar o mundo, cuspir na cara dos outros seres humanos e limpar a bunda com a gravidade:


É essencial avisar, no entanto, que o "Air up there" errou duas enterradas. Enquanto os outros competidores erraram trocentas vezes até acertar o que queriam, o "Air" acertou tudo de primeira - até tentar o seu famoso "720 graus". Quando errou, ao invés de tentar de novo e de novo e de novo até nossos cérebros derreterem pelas orelhas, ele trocou por outra enterrada. Depois, errou a sua anunciada enterrada em que passaria a bola duas vezes por debaixo das pernas. Quando errou, trocou essa enterrada pelo 360 graus que termina num reverse, uma das coisas mais surreais que eu já vi e que ganharia fácil a imensa maioria dos campeonatos de enterrada "de verdade" que já aconteceram nas últimas décadas.

Esse lance de trocar de enterrada após o primeiro erro vai diretamente contra a famosa "escola Nate Robinson de enterradas", que dita que o jogador deve tentar a mesma enterrada um ziribilhão de vezes até conseguir. No intervalo do jogo dos novatos contra os segundo-anistas, Eric Gordon (um arremessador de três pontos que não deveria estar ali e é um membro da escola Nate Robinson de enterradas) e o DeMar DeRozan se enfrentaram pela chance de ir para o campeonato de enterradas de gente grande, que acontece no sábado. O resultado foi bastante "bleh", mas as enterradas do Eric Gordon foram bem melhores do que as do DeRozan. Quem diria que o arremessador conseguiria cravar com tanta força, o único problema é que ele tentou bilhões de vezes para acertar cada uma, o povo é burro na hora de votar e aí o DeRozan vai para o campeonato enquanto o Eric Gordon volta pra casa. Se alguém quiser ver a disputa entre os dois na íntegra, tem esse link aqui, mas eu não recomendo porque a maior parte dele é o Eric Gordon errando enterrada. Recomendo o resumão abaixo, que só tem a parte bonita, os acertos, a parte nobre, e a gente não tem que chorar pensando em como a humanidade faz um monte de besteiras. Ponto alto dessa disputa: não tinha nenhum apresentador enchendo o saco.


Quando o jogo dos novatos voltou a passar, foi a hora de começar o campeonato de enterrada da D-League, a liga de desenvolvimento da NBA. É para lá que a NBA manda os jogadores que precisam de uma forcinha e ainda não estão maduros para jogar de verdade. Ou, se me permitirem falar a verdade, é para lá que a NBA manda os jogadores que foram draftados, não prestam, mas despedir o cara vai dar muito na telha que a escolha de draft foi uma merda e os fãs vão cair matando. Ou seja, tem um monte de gente lá que poderia ser boa mas não é, e um monte de gente que acabou sendo ignorado pela NBA, pelo draft ou até por universidades querendo conseguir uma chance. É uma liga forte, com bons jogadores, mas ninguém dá a mínima porque eles são "o resto". Nas enterradas, pelo menos, eles mostraram que são pra valer. Praticamente todas as enterradas foram melhores do que as dos amadores, pra mostrar que os profissionais estão mesmo em outro nível, mais o "Air up there" não conta, claro. A única enterrada da D-League que poderia rivalizar com o "Air" foi essa cravada alucinante do Dar Tucker em cima de um maluco de 2,11m de altura! Um absurdo, faz o Nate Robinson passar vergonha, o Carter ter boas lembranças, e o "Air up there" cheirar um confronto de verdade. Todas as enterradas do pessoal da D-League, incluindo a do Dar Tucker que foi surreal, dá pra assistir no vídeo abaixo:


Hoje, sábado, às 23h30 na ESPN, temos o campeonato de enterradas de verdade, além do campeonato de três pontos, desafio de habilidades e o desafio de quem-repete-o-meu-arremesso que eu convencionei traduzir como CAVALO (sei lá porque chamam de HORSE em inglês). Mas a noite de sexta teve sua dose de enterradas absurdas para dar um gostinho no meio da transmissão do jogo dos novatos. Teve também sua dose de apresentadores insuportáveis que me fizeram questionar meu gosto pela vida, mas disso a gente esquece rápido, as enterradas valeram. Só espero que, essa noite, as enterradas sejam ainda melhores.

Fique de olho nos eventos de hoje, apareça às 23h30 aqui no Bola Presa para acompanhar nossa cobertura em tempo real (e deixar perguntas e comentários), e descubra como você está se saindo na nossa promoção em parceria com a adidas. Depois dos eventos, durma direitinho e reserve seu domingo para assistir ao All-Star Game com a gente lá no O'Malley's! Não se esqueça!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A arte de feder

Devin Harris esconde o rosto pra não ser apedrejado nas ruas


Perder já é completamente normal para o New Jersey Nets: o elenco acorda, faz xixi, toma café, escova os dentes e aí perde. É como se fosse parte da rotina, não dá pra passar um dia sem um fracasso. Mas temos que dar crédito para o Nets, eles estão levando isso à perfeição, com toda a dedicação que apenas os gênios conseguem imprimir às coisas. Muitos times, como o Knicks e o Clippers, por exemplo, se contentam apenas em perder. Mas o Nets não, eles querem perder como nunca se perdeu antes, querem alcançar a essência da derrota, atingir a ideia platônica do fracasso. O mais incrível é que eles estão conseguindo.

Na noite de ontem, o Nets teve a chance de conseguir o recorde de pior começo de temporada da história da NBA, com 18 derrotas seguidas. O novo técnico, Kiki Vandeweghe (aposto que nem ele sabe escrever o próprio nome), ainda não assumiu o time e é claro que eles iriam perder para o Mavs. Mas o nível da derrota foi épico: apesar de ter jogado bem, com destaque para o Chris Douglas-Roberts que voltou de contusão, o Nets conseguiu dar de presente ao Mavs provavelmente o melhor segundo quarto da história do esporte. Nele, o Mavs errou apenas dois arremessos dos 19 que tentou, acertou todas as 4 bolas de três tentadas e todos os 10 lances livres cobrados. Foram 49 pontos apenas no segundo período, o que já é mais do que o Bobcats consegue fazer num jogo inteiro.

O engraçado desse aproveitamento surreal do Mavs é que dificilmente eles conseguiriam acertar tanto durante o treino ou o aquecimento, arremessando sozinhos. Talvez o Nets devesse ter tirado os jogadores da quadra porque aí, com a pressão de estarem sem marcação, talvez eles errassem um pouco mais do que com os defensores do Nets em jogo. Eu não acertaria tantos arremessos, bolas de três e lances livres sem errar nem em um milhão de anos, sozinho, numa quadra particular. O Nets conseguir permitir esse feito ao Mavs é um passo rumo à perfeição absoluta na arte de feder. Um dia, o mundo se lembrará desse time como os homens que alcançaram a perfeição e a iluminação budista através do fedor. Eles terão templos e seguidores, e o Clippers terá alguém em que se espelhar para tentar sair da mediocriedade e entrar para a história.

Mas não é apenas o Nets que escolheu esse caminho de fracassos. O Sixers, que receberá Iverson de volta na segunda-feira para enfrentar o Nuggets, está cada vez mais indo ladeira abaixo. Ontem contra o Thunder, o novato Jrue Holiday assumiu a armação em tempo integral, com pequenos momentos em que até o Willie Green (que é um arremessador puro) teve que ficar na função. Embora isso não seja um problema tão grande no esquema do técnico Eddie Jordan, acabou se mostrando um problema defensivo considerável quando vemos que o Westbrook bateu seu recorde de assistências num jogo, com 15. Nos moldes do Nets, o Sixers está permitindo atuações épicas dos seus adversários. Já são 8 derrotas seguidas, só perdem em fedor para as históricas 18 seguidas do time mestre-zen de New Jersey.

Com 5 derrotas seguidas e humildemente trilhando o mesmo caminho, temos também o Toronto Raptors. Eles formam o fundo da Conferência Leste junto com o Knicks, que fede mas disfarça, e com o Pistons, que a gente já sabia que ia ser uma droga mas tem uns malucos que achavam que ia dar certo. O Raptors, no entanto, não tinha nenhum motivo para estar adotando esse percurso de iluminação através do fedor. O elenco é bom, adicionaram o Turkoglu, mas as coisas vão de mal a pior. O Chris Bosh está tendo a melhor temporada de sua carreira, pontuando como um maluco inclusive da linha de três pontos, de onde seus arremessos estão bizarramente consistentes. Complementando seu jogo está o Bargnani, que é um dos jogadores que está chutando traseiros da linha de três pontos nessa temporada. Finalmente ele conseguiu criar confiança nos arremessos e está mostrando um arsenal ofensivo bastante surpreendente para alguém que supostamente só sabia arremessar, com muita técnica dentro do garrafão e uma boa velocidade nos giros e no jogo de costas para a cesta. O Calderon é um dos melhores armadores puros da NBA, sempre disposto a dar o passe certo e com um arremesso macio nos moldes do Steve Nash, mas nessa temporada ele não acertou a mão e nem seus lances livres, em que ele bateu recordes na temporada passada, estão caindo. Seu reserva agora é o Jarret Jack, que está jogando bem, sendo agressivo e pontuando um bocado, e o novato DeRozan está jogando bem embora se esperasse muito mais dele na noite do draft (a gente esperava pelo menos que ele passasse mais tempo em quadra, ao invés de ser titular e sumir depois do primeiro quarto, o que lhe coloca na ponta para o Prêmio Royal Ivey do ano). O Turkoglu ganhou suas verdinhas e agora está de boa, bem confortável em seu papel secundário na equipe, de carregador de piano. Tá bom que ele recebeu contrato de estrela para decidir jogos e carregar o time nas costas de vez em quando, mas ele está satisfeito em ser um jogador apenas para complementar a equipe e, nesse sentido, está se saindo bem. Azar de quem pagou o dinheiro, sorte do turco que faz aquilo que sabe e ganha o quádruplo pra isso.

Com tantos jogadores bons e tanta gente pontuando com bastante facilidade, é assustador que esse time esteja despencando na tabela. Pelo jeito, o plano de anos atrás de transformar o Raptors no Suns do Leste (ou seja, tática "corra pela sua vida", ataque forte, defesa mequetrefe, vencer os times mais-ou-menos e perder para o Spurs nos playoffs) deu mais ou menos certo. Como não tem Spurs no Leste, a ideia de imitar o Suns parecia uma boa, mas agora podemos apreciar um pouco mais o pessoal de Phoenix vendo como tantas cópias paraguaias acabaram virando farofa. O Knicks do técnico D'Antoni pontua como retardado mas não adianta nada, porque a defesa não existe e o ataque é completamente caótico e destrambelhado. O Raptors corre muito e tem um ataque inteligente e balanceado, mas tem uma defesa tão medonha que não dá pra ganhar nem dos times capengas do Leste. Aquele Suns não era um experimento bizarro de feira de ciências, uma ideia furada, um caso de time que não defende bulhufas e acaba fedendo: eles eram um caso único, um time especial capaz de fazer esse estilo dar ao menos moderadamente certo. Talvez a gente devesse repensar algumas ideias sobre defesa, acho que o Suns de hoje e o Suns de uns anos atrás, que tanto criticamos por não defender nem ponto de vista, na verdade quebram um belo de um galho defensivamente. Sabe o que é não defender? É esse Raptors tomando 146 pontos do Hawks ontem (achei que nunca fosse viver para ver um troço desses!), é o Knicks sem um único jogador que saiba o que significa a palavra "defesa". Esses times não tem chance de dar certo, não tem como ir pra frente. O Suns é um caso raro, único, que merece mais atenção. Talvez eles defendam, afinal de contas. Ou não estariam lá no topo do Oeste, atrás apenas do todo-poderoso Lakers. Alguém tem alguma outra hipótese?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Análise do Draft - Parte 2

Estamos de volta, pessoal. Pra quem perdeu a parte 1, é só clicar nesse link. Infelizmente nos comentários houve mais discussão sobre chamar o Michael Jackson de pedófilo do que sobre o draft, então está proibido falar de defunto nesses comentários, beleza?

Peço desculpas para quem se ofendeu com a piada, não quis acusar ninguém de nada. Não sei e nem quero saber se ele foi mesmo pedófilo ou se era só brother camarada dos pivetes. Aperto de mão virtual em quem ficou bravo e partimos pra próxima.
Então vamos falar de gente viva? Vamos lembrar dos selos de qualidade Bola Presa desse ano? Vamos parar de falar em forma de perguntas?

Nesse ano, como o dia do draft será sempre conhecido como "O dia em que o Michael Jackson morreu", os selos desse ano levam a marca do cantor-dançarino-performer-xxxxx mais querido do mundo. Vamos aos selos de avaliação desse ano:


Thriller: Sucesso absoluto, ótima escolha! O time com selo Thriller pode sair tranquilo e feliz do draft.




Black or White: O jogador draftado pode causar alguma dúvida por causa de sua posição, histórico ou situação do time, mas tem tudo pra dar certo.


Jackson 5: O jogador escolhido não deve passar de um role player, um jogador de equipe. Dependendo da posição onde foi escolhido isso pode ser bom ou ruim.


Moonwalk: Pareceu legal na hora mas olhando bem ele só está andando pra trás. Esse jogador não vai levar o time a lugar nenhum.


Plásticas no nariz branco: Ninguém vai reconhecer esse jogador daqui um tempo. Promessa falida, escolha horrível.



Da outra vez paramos na oitava escolha do Knicks, então continuamos com a nona escolha, o Raptors.


Toronto Raptors
DeMar DeRozan


O Toronto pegou uma das maiores potências nominais do draft. Como já disse o Sbub no nosso Mock Draft - Força Nominal, fica na cabeça o nome dele: DeMaaaaar DeRozaaaan! O nome dele é um imã de talento, impossível alguém com esse nome não ser alguém na vida.

Mas falando um pouquinho mais sério, o DeRozan chegar no draft desse ano na nona colocação é um pouco decepcionante para quem acompanhou sua carreira no colegial e imaginava que ele poderia ser pelo menos um Top 3. Mas sua carreira universitária de um ano mostrou que ele não estava tão pronto assim para ser uma estrela da NBA.

Ele tem um físico assustador, está evoluindo o seu jogo, mas o que vai definir se ele é o próximo Gerald Green, o próximo Rudy Gay ou o próximo Vince Carter é a sua vontade de evoluir, de treinar para superar seus defeitos, seu jogo ainda cru. E essa comparação com o Vince Carter é a que mais fazem desde os seus tempos de escola, não é uma ironia enorme ele cair no Toronto? O pessoal lá era apaixonado pelo Carter e hoje ele é o pior inimigo dos canadenses.

O Raptors fez certo, pegou um cara que não só é bom como também tem o potencial de ser bem melhor, e pra completar é justamente um cara da posição de que eles precisam: um que possa jogar nas posições 2 ou 3 e fazer o que ninguém faz naquele time, atacar a cesta. Não ganha selo Thriller porque ainda tenho um pouco de dúvida se ele vai dar tão certo na NBA.


Milwaukee Bucks
Brendon Jennings, PG
Jodie Meeks, SG

Acho que esse draft será recheado desse belo selo "Black or White". Muitos diziam que o draft desse ano não era grande coisa, mas o que eu acho é que na verdade é que ninguém tem idéia do que esperar dos novatos desse ano. Alguns dos principais nomes como Hasheem Thabeet, Ricky Rubio, Brandon Jennings, Jrue Holiday e DeMar DeRozan são enormes incógnitas. Os 5 podem ser All-Stars daqui alguns anos e os 5 podem ser reservas.

E acho difícil culpar um time que busca se erguer de apostar em uma dessas dúvidas, mas não dá pra afirmar também que foi um draft perfeito.
Se o Bucks não apostasse no Jennings, que pode ser espetacular, ia pegar quem? O Terrence Williams, um cara destinado a ser apenas um jogador mediano? O Bucks tem que sair do limbo de time médio que fica em oitavo, nono, e pra isso precisa arriscar, assim como tantos outros times. Por isso esse selo que significa "Só o tempo dirá se isso foi uma sacada de mestre ou uma sacada de merda".

Eu pessoalmente adoro o Brandon Jennings. Achei que ele teve três bolas no saco ao abdicar do ano na NCAA pra viver, jogar e ganhar bufunfa na Europa. Morar fora dos EUA deve ter sido uma experiência fora de série que ele não teria chance de viver antes da aposentadoria caso fizesse o caminho NCAA-NBA. E, mais do que isso, gosto dele porque ele parece realmente bom e porque chegou atrasado no próprio draft!

Pra quem não viu ao vivo, ele só foi lá apertar a mão do David Stern quando o comissioner apresentava a décima quarta escolha, o Jennings foi a décima! Isso porque ele estava em um hotel assistindo ao draft com a família, não quis ficar lá vendo ao vivo porque não tinha garantia de sair entre os 14 primeiros. Mas quando saiu resolveu que era hora de dar as caras. Um dos momentos mais legais da história do Draft da NBA.

Por ser agressivo e gostar de driblar, acho que o Jennings também pode ser um ótimo parceiro para o Michael Redd. Tudo o que o Redd precisa é de alguém pra confiar a bola na mão para que ele possa brincar de Ray Allen. Um armador que ataca a cesta também é sempre bom para criar situações de passe e rebote ofensivo para o pivô, então Andrew Bogut deve se dar bem nessa também.

Na segunda rodada o Bucks fez uma escolha segura e burocrática. Ao invés de pegar outra incógnita, pegou o arremessador Jodie Meeks, que parece ser um Kyle Korver da vida. Gosta de se movimentar, pegar corta luz e meter bola da linha dos 3. Nada mal para uma segunda rodada.

New Jersey Nets
Terrence Williams, SF


Um draft parecido com seu vizinho, o Knicks. Pensando em apenas ter um time bom para tentar o LeBron ou outro Free Agent caro em 2010, o Nets não arriscou e pegou um jogador que sabe que vai render. Provavelmente nunca vai ser All-Star ou ter média de 20 pontos por jogo, mas o moleque sabe jogar.

Terrence Williams fez os quatro anos de faculdade então todos os olheiros do Nets e de toda a NBA já enjoaram de ver ele jogar, sabem o que esperar do Williams: ele é um ala atlético, bom defensor e completo, contribuindo sempre em pontos, rebotes, assistências e em roubos de bola. Comparam ele no NBAdraft.net com o Corey Maggette, o que é longe até da descrição que eles mesmos colocam. Talvez fisicamente ele pareça o Maggette, por ser bem forte, mas em característica de jogo ele está mais para um Tayshaun Prince, outro bom defensor que contribui um pouco em todas as áreas do jogo.

Caso o LeBron não apareça por lá em 2010, o Nets pelo menos não fica com um rombo na posição 3, Williams deve dar conta do recado. Por enquanto a única posição carente mesmo no time é a de ala de força, onde já foi dito que o titular pra próxima temporada será o Yi Jianlian. Vai ser uma longa temporada pro Nets.

Charlotte Bobcats
Gerald Henderson, SG Derrick Brown, SF

O Bobcats estava numa situação complicada nesse draft. O time melhorou muito na temporada passada desde que chegaram Raja Bell e Boris Diaw, chegou bem perto de uma vaga nos playoffs mas no fim das contas ficou fora e com um dos piores ataques da NBA. Em número de pontos por jogo, aliás, era O pior.

Em parte essa deficiência ofensiva existe porque o Bobcats não tem jogo de garrafão. O Okafor faz pontos em infiltrações dos armadores e em rebotes ofensivos, só. O Boris Diaw joga bem, faz seus pontos, dá muitas assistências mas faz tudo isso longe da cesta. Por isso o ideal seria que o para o Bobcats seria draftar um ala de força ou pivô que pudesse fazer seus pontos no jogo de garrafão.

Aí eles vão e escolhem um outro armador. Eles já tem o Raja Bell e usam o Felton na posição 2 com o Augustin como armador principal. Pra que o Gerald Henderson? Mas antes de meter o pau, vamos dar uma olhada nos outros alas de força escolhidos em toda a primeira rodada: Tyler Hansbrough, Taj Gibson e DeMarre Carroll.

Os dois últimos não tem talento pra ser uma 12ª escolha, o Hansbrough é bacana, é atlético, é agressivo, é doido, mas não ia ajudar em nada o ataque do Bobcats. Primeiro porque a especialidade dele não é ataque em 1-contra-1 de costas pra cesta, o que o Bobcats mais precisa, outra e mais importante é que ele rende muito mais em ataques velozes do que no famoso esquema meia-quadra-em-câmera-lenta que o Larry Brown usa em Charlotte.

Por isso, devido à falta de opções para as reais necessidades do time, não foi uma má escolha o Henderson. Com a idade batendo nas pernas do Raja Bell, não é nada mal pegar um cara que sabe defender (embora não seja o Bell), tem um bom arremesso de longa distância (embora não seja um especialista) e ainda é capaz de bater para dentro de vez em quando (isso ele sabe fazer mesmo).

Curioso foi o fato de que Henderson jogava em Duke. Rival mortal de North Carolina, faculdade da onde sairam o Larry Brown, técnico do time, Michael Jordan, o outro responsável pela escolha, além dos jogadores Raymond Felton e Sean May.

Indiana Pacers
Tyler Hansbrough, PF AJ Price, PG

O Tyler Hansbrough me lembra, não em jogo, mas por causa da carreira, o JJ Redick. Os dois fizeram um sucesso absurdo na NCAA, os dois venceram o Naismith Award, o mais importante prêmio individual universitário (Redick em 2006, Hansbrough em 2008) e mesmo assim chegaram no draft sem moral. Ambos tem um estilo de jogo que ninguém acredita que dará certo na NBA.

O Hasnbrough foi a 13ª, Redick tinha sido a 14ª, foram quase iguais nisso também. Mas como o Redick é um shooter e o Hansbrough um ala de força, as semelhanças param por aí. O Tyler Hansbrough, que tem o melhor apelido da NBA, Psycho T, é baixo demais para jogar de ala de força na NBA e por isso acham que ele nunca vai se acertar na liga.

Como o Carl Landry, Paul Millsap e Jason Maxiell estão aí pra provar, não é bem assim que funciona. O que o Psycho T precisa fazer é compensar a falta de altura com outras coisas, assim como os alas citados, mas isso não será problema: ele não tem o apelido de Psycho à toa, ele é doido mesmo. Ele tem uma energia acima da média, algo pra deixar o Chris Andersen impressionado. Então não tenho dúvidas de que ele conseguirá superar as dificuldades e ganhar seu espaço na NBA.

Claro que ele não vai ser um jogador fora de série como em North Carolina, mas pode ser o principal reserva do Pacers a partir da próxima temporada e será também um dos jogadores favoritos da torcida. E como já disse antes, quando falava do Bobcats, Hansbrough é feito para ataques velozes e é o que o Jim O'Brien faz no Pacers. Na correria a sua falta de altura para a posição será ainda mais irrelevante. Dois selos pra eles porque a escolha foi muito boa mas Hansbrough não vai deixar de ser um role player.

Na segunda rodada o Pacers escolheu o AJ Price. O pessoal do NBADraft.net é cruel e assim como comparou o DeRozan ao Carter, comparam o Price ao Jamaal Tinsley. É pegadinha pro torcedor do Pacers entrar em desespero, né? De qualquer forma, não é tão parecido assim, afinal o Price sabe arremessar, coisa que o Tinsley nunca se deu ao trabalho de aprender. Mas talvez a semelhança seja porque os dois são mais famosos pelas polêmicas, contusões e histórias fora da quadra do que pelo que fazem dentro dela.

Desconhecido do mês versão pocket: O Price perdeu parte da sua temporada de freshman em UConn por causa de uma hemorragia cerebral que quase o matou. Depois de recuperado foi suspenso do time por ter roubado laptops do campus. Depois de voltar bem para o time, sofreu uma grave contusão no joelho. Finalmente na sua temporada de senior ele jogou muito bem e foi o líder do time que tinha como destaque o Hasheem Thabeet.

Phoenix Suns
Earl Clark, SF/PF Taylor Griffin, PF

O Suns vai começar do zero. O Shaq já foi trocado, o Amar'e quase foi trocado pro Warriors (talvez ainda seja) e já dizem que o Nash é o próximo. Pra começar a reconstruir um time, no entanto, eles vão usar uma fórmula já testada por lá.

Dizem que Earl Clark é um jogador que pode jogar de ala de força mas que tem habilidade de armador, que é ótimo passador e tem uma tremenda visão de jogo. Pra quem não sacou, o Earl Clark é uma versão americana e mais forte do Boris Diaw.

Eu gostei do draft em princípio porque sempre gostei do Boris Diaw e acho que ele vai se dar muito bem no Suns caso eles continuem jogando na correria como ameaçaram no final da temporada passada. Jogadores com bom passe e visão de jogo são mais que essenciais pra quem quer jogar na velocidade sem cometer um turnover por posse de bola.

Mas se o Nash é o próximo a ser trocado, por que não pegar o Ty Lawson ou o Jrue Holiday? Mesmo se o Nash ficar, não seria bom pegar um armador em um raro draft lotado de armadores e deixá-los um ano aprendendo com o mestre?

O Clark não irá conseguir se destacar nesse ano se o time estiver em desmanche. Ele, assim como o Diaw, precisa de um time montado e com bons jogadores ao seu lado para que seu principal talento, envolver outros atletas, apareça. Uma boa escolha mas que não resolve em nada a situação do Suns.

Na segunda rodada o Suns escolheu o Taylor Griffin, irmão mais velho do Blake Griffin. O Griffin nem era cotado pra ser draftado mas deu sorte e acabou no Suns. De qualquer forma é capaz que o Suns perca a oportunidade de ter o jogador no elenco caso ele tope o convite do Harlem Globetrotters, que o escolheu na primeira posição de seu próprio draft. Por aqui dá pra saber porque ele foi escolhido.

Detroit Pistons
Austin Daye, SF
DaJuan Summers, SF
Jonas Jerebko, SF

A escolha de Austin Daye na 15ª posição foi uma das grandes surpresas da noite do draft. Era praticamente certo que o Pistons iria escolher o pivô BJ Mullens. Diversas fontes de sites gringos garantiam que o Joe Dumars tinha prometido para o pivô a vaga no Detroit. No fim das contas o pivozão acabou indo cair na escolha 24, um desastre financeiro pra ele.

No lugar dele o Pistons pegou o ala Austin Daye. Ele é bem alto (2,10m) para ser um ala da posição 3, o chamado SMALL Forward, mas é que seu estilo de jogo combina mais com essa posição. Ele tem um bom arremesso de longa distância e boa mobilidade. Em uma época em que o Rashard Lewis faz sucesso como ala de força, o Pistons pode ter draftado o Daye pensando em usá-lo da mesma forma.

Ele é alto o bastante para encarar alguns alas de força pela liga e até tem um jogo de costas para a cesta, embora seja um jogo de pivô falso, meio Rasheed Wallace, que consiste apenas em poucos ganchos e muitos arremessos sobre o marcador. Nada que vai fazer do Pistons um time vencedor, mas o garoto parece ser competente.

Com as outras duas escolhas de segundo round o Pistons pegou outros dois small forwards, DaJuan Summers e Jonas Jerebko. Os dois eram cotados para entrarem no final do primeiro round mas acabaram escapando. Dos dois, apostaria que Jerebko fica mais um tempo no estrangeiro e o Summers ganha espaço na rotação do Pistons como um bom reserva do Prince caso o Daye jogue mesmo de ala de força.

Chicago Bulls
James Johnson, SF
Taj Gibson, PF

Posso estar completamente errado, não tenho notícias para basear isso, mas acho que a escolha do James Johnson pelo Bulls foi uma forma de tentar ter alguém para substituir o Luol Deng. Conseguir trocar o Deng vai ser um desafio maior que trocar o Kwame Brown pelo Gasol, devido ao seu contrato milionário e a atuação abaixo do esperado na temporada passada. Mas pode acreditar que eles vão tentar um bocado.

E caso consigam essa façanha, vão conseguir fazer o que querem, que é manter o Ben Gordon, usar o John Salmons na posição 3 e aí usar o draftado James Johnson como seu imediato reserva. Mas mesmo que não aconteça tudo isso, o novo JJ foi uma boa escolha.

Primeiro porque será difícil manter o Ben Gordon, o que pode empurrar o John Salmons para a posição de segundo armador e o James Johnson volta a ser o reserva imediato, dessa vez do Luol Deng. O JJ é um ala alto mas que sabe driblar e tem um bom jogo de meia distância, mais ou menos como o próprio Deng, mas parece ser um pouco mais versátil, já que no basquete universitário atacava mais a cesta. Um Luol Deng barato era tudo o que o Bulls queria nesse draft, nada mal!

Já enjoamos de falar como falta gente que marque pontos na posição de ala de força ou pivô no Bulls. Isso melhorou no ano passado com a evolução do jogo do Noah, do Tyrus Thomas e a aquisição do Brad Miller, mas não custava nada ter mais uma opção para o banco e é isso que vai ser o Taj Gibson. Ele vai ser secundário no Bulls mas pode ser bem útil pra marcar uns pontinhos quando entrar.

Philadelphia 76ers
Jrue Holiday, PG


No dia do draft, o site RealGM colocava o Jrue Holiday como a quarta escolha do draft para o Sacramento Kings. No mesmo dia ele era listado como a escolha 19 para o Atlanta Hawks. E isso reflete o nível de certeza que se tem sobre como o nome mais esquisito do draft se sairá na NBA.

Na UCLA, onde jogou apenas um ano, se consagrou por ser um combo guard (aquele armador que joga nas posições 1 e 2) que infernizava a vida dos defensores com seus dribles e infiltrações. Mas apesar do bom desempenho, esperava-se bem mais depois de todo o nome que ele trazia de sua carreira colegial. Muitos dizem que porque ele jogava fora de posição em UCLA, mas é mais convincente a explicação de que ele tem um arremesso péssimo e os marcadores o desafiavam a arremessar ao invés de cair nos seus dribles.

Será que o Sixers precisa de mais um armador que não sabe arremessar de longe? Eles já não tem um time especialista nisso?

Com o risco de perder o Andre Miller, acho que o Sixers deveria ter escolhido o Ty Lawson, que é mais experiente, tem mais visão de jogo e tem velocidade o bastante pra manter o Sixers no seu jogo de contra-ataques. Seria uma escolha mais segura e com menos chances de dar errado.

Se o Andre Miller ficar no time o Holiday pode se destacar jogando na posição dois, aparecendo com qualidade nos contra-ataques, mas nessa situação o Holiday não deixará de ser apenas mais do mesmo, não traz nada do que o time precisa para evoluir.

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Foi bem divertida, embora ruim tecnicamente, a final da NBB ontem. Parabéns ao Flamengo e ao mais que odiado Marcelinho, o melhor jogador do campeonato. Para ler sobre a final você pode ir ao Rebote, BasketBrasil ou ao DraftBrasil.