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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Dois esquecidos

Fotos que fazem sentido não são mais tendência


Ontem eu estava muito interessado em assistir à partida entre o Philadelphia 76ers e o Memphis Grizzlies, para mim o grande jogo da noite. Tá bom que depois tive que me contentar em assistir ao excelente  Pacers x Heat na reprise, já sabendo do resultado e tudo o que aconteceu (tipo o D-Wade pegando fogo até começar a ser marcado pelo pirralho Paul George), mas não me arrependo tanto da minha decisão. Foi um belo jogo de duas das melhores equipes dos últimos meses na NBA. E, acredite, não é mais uma ironia nossa.

Se contarmos os jogos da NBA desde o Natal (25 de dezembro que eu me lembre) até hoje, o Grizzlies tem a terceira melhor campanha do Oeste, atrás apenas de Lakers e Spurs. E pense, já estamos no dia 16 de fevereiro, são quase dois meses, um terço da temporada, sendo um dos melhores times de uma conferência difícil e competitiva. Já o Sixers atravessa mais uma mudança de sistema tático, mas parece que está se achando. Também desde o Natal eles tem 15 vitórias e 11 derrotas, nada fora de série mas que se destaca na feia disputa pelas últimas colocações do Leste e que impressiona pela excelente defesa que o time adquiriu sob o comando de Doug Collins.

Começo pelo Sixers, um time bem estranho pelo número de jogadores que podem jogar em mais de uma posição e pela quantidade de mudanças táticas que tem feito ao longo da temporada. Depois de vê-los jogando algumas vezes nesse ano eu ainda não sei definir se o Louis Williams é um armador ou um segundo armador, ou se o Andre Iguodala é mesmo um point-forward ou se é exagero da imprensa americana. O Thaddeus Young é ala de força ou é só no papel? O Elton Brand joga de pivô mesmo sem ser pivô? Minha aposta é que o Sixers confunde os adversários por serem um time muito esquisito.

A formação inicial deles tem Jrue Holiday, Jodie Meeks, Andre Iguodala, Elton Brand e Spencer Hawes. No começo da temporada Jason Kapono, Andres Nocioni e Evan Turner estiveram na posição de Meeks, mas no fim das contas perceberam que era o calouro mais improvável que dava as bolas de três que o time precisava sem comprometer na defesa. As bolas de três eram essenciais para o time ter um jogo de meia uadra com mais opções, já que eles viviam de forçar turnovers e correr nos contra-ataques. Por um tempo a estratégia deu certo, mas não muito, o Iguodala era uma máquina de turnovers e o jogo se concentrava muito na mão dele. Decidiram então dar mais trabalho para o promissor novato Jrue Holiday e o time melhorou junto com a queda dos números do Iguodala, que passou a se focar mais na defesa e participar menos do ataque. Só era acionado mesmo nos contra-ataques, que apesar de não serem mais o foco ainda são ponto forte do time, terceiro da NBA na categoria. Foi nessa época que o Elton Brand, com alguns anos de atraso, começou a dar o resultado que o Sixers imaginava quando o tinha contratado: bons arremessos de meia distância, rebotes ofensivos e força embaixo da cesta. Na prática mesmo ele é o pivô do time enquanto o Spencer Hawes se movimenta mais em volta do garrafão mesmo sendo mais alto.

Mas de uns 10 jogos pra cá o time mudou de novo, com o Iguodala mais participativo e dando quase 8 assistências por jogo nesse período. Voltaram a dizer que ele é o tal point-forward, o ala que joga armando o time, o que resultou na queda dos números do Holiday. Mas eu não acho que é bem assim. Se eu fosse explicar rapidamente como joga o Sixers hoje, diria que eles jogam sem nenhum armador. Eles se baseiam em muita movimentação sem a bola e passes. É comum ver alguém segurando a bola na cabeça do garrafão e esperando alguém passar por alguns corta-luzes para receber a bola, quando ele recebe procura Elton Brand no garrafão ou espera alguém sair de outro corta para um passe. Não fosse os acessos de individualismo do Louis Williams quando vem do banco, eu diria que é o time que menos dribla na NBA.

Muitas vezes é o Andre Iguodala o cara que fica na cabeça do garrafão distribuindo os passes, o que resulta em muitas assistências (meu time de fantasy agradece), mas chamar isso de armar o jogo acho um pouco demais. Acho que é resquício da fama do técnico Doug Collins de usar alas para armar o jogo (fazia isso com Grant Hill no Pistons, por exemplo). Mas outras vezes é o Jrue Holiday, volta e meia até o Hawes recebe na cabeça do garrafão e por aí vai, é um jogo de passes em geral, sem alguém tomando conta do ataque. O curioso é que se você olhar os números individuais parece que tanto Holiday como Iguodala estão piores, mas os resultados do time estão cada vez melhores, é puro trabalho em equipe. O time que só fazia pontos na velocidade agora tem jogadas de meia quadra desenhadas, arremessadores de três (além de Meeks, até Holiday quando não está segurando a bola) e jogo dentro do garrafão com Brand novamente em boa fase.

Durante o jogo isso muda um pouco, principalmente com os reservas em quadra. Thaddeus Young e Louis Williams ainda jogam no esquema de velocidade e atacar a cesta a qualquer custo que reinava até o ano passado. É a síndrome de Jamal Crawford, tipo de coisa péssima para ser um plano de jogo mas que é perfeito para alguns minutos vindo do banco.

Mas o segredo do time mesmo tem sido a defesa. Nos últimos 15 jogos eles só deixaram o adversário chutar acima dos 50% de aproveitamento duas vezes e nos últimos 4 jogos seguraram os oponentes a 39% de aproveitamento, com o equivalente a 88 pontos a cada 100 posses de bola, número assustador que se fosse mantido por toda a temporada seria digno de melhor defesa da liga. Em números gerais eles tem a 9ª melhor defesa da NBA, mas considerando aí os dois primeiros meses que não foram grande coisa. Eles estão no Top 10 na maioria dos números defensivos, com destaque para o 6º lugar em bolas de três feitas pelo adversário por jogo. Sem contar a defesa individual, o trabalho de Iguodala sobre Manu Ginóbili foi essencial para a vitória sobre o Spurs, a mais importante do Sixers na temporada até agora. De repente o time parece ter futuro de novo e a ânsia de trocar Iggy ou Brand parece contida.

Porém, no jogo de ontem o Sixers foi vítima da sua própria armadilha. Sofreu 18 pontos de contra-ataques do Grizzlies, o 5º melhor time nessa categoria, duas posições atrás do Sixers, que só conseguiu emplacar 10. A principal razão foram os turnovers, a sufocante defesa de Memphis, que é a que mais força erros por jogo, manteve a sua média causando 16 desperdícios. A maioria veio no primeiro período, quando Mike Conley (mais de 2.7 roubos por jogo nos últimos 10 jogos) e Tony Allen (quase líder da história da NBA em porcentagem de roubos de bola) fizeram da vida do Sixers um inferno. A melhora de Conley e a chegada de Allen podem ser considerados os principais motivo da melhora defensiva da equipe que era só a 19ª melhor da NBA no ano passado e hoje é a 8ª em pontos cedidos a cada 100 posses de bola.

Ofensivamente o Grizzlies é quase o mesmo, os números são parecidos e o sistema também. Talvez agora o Mike Conley (cuja a milionária extensão parece bem menos burra do que todo mundo imaginava) seja mais participativo e o OJ Mayo tenha perdido muito espaço, mas a estrutura é a mesma. Eles basicamente vão empurrando a defesa adversária cada vez mais pra perto do garrafão, todos os passes são para chegar perto da cesta. Com isso Marc Gasol e Zach Randolph fazem uma sincronizada dança em que às vezes se posicionam bem embaixo da tabela para finalizar, outras na cabeça do garrafão para fazer jogo de dupla um com o outro ou simplesmente só abrem espaço para as infiltrações de outros jogadores. Se a infiltração dá errado lá estão os dois para pegar rebotes ofensivos, uma das principais armas do time, que não só rende novos arremessos como impede contra-ataques velozes. Nosso gordinho-mór Zach Randolph, aliás, é o segundo da NBA em rebotes de ataque com 4.7 por jogo (é muita coisa!), atrás por 0.1 de Kevin Love. 

Aliás, eu nunca vou enjoar de dizer como a ida para Memphis mudou a vida dele. É incrível como aquele jogador fominha e preguiçoso dos tempos de Portland e Nova York mudou. Ele luta pelos rebotes de ataque, dobra a marcação na defesa, rouba bolas e até (estou segurando a lágrima) passa a bola quando recebe marcação dupla! Nunca achei que ia viver para ver o dia em que Z-Bo lideraria um jogo (não só o seu time) em assistências como ontem, foram 7 e sem nenhum turnover. Você coloca ele do lado do Marc Gasol que é um grande passador e os dois fazem estragos na defesa adversária no maior estilo Gasol (o mais velho) e Bynum ou Odom no Lakers.

O grande desafio para o Grizzlies agora é manter o mesmo nível desses últimos dois meses. Eles acharam um padrão de jogo e uma rotação em que até em jogos sem Zach Randolph e sem Rudy Gay sobreviveram e venceram adversário difíceis. Como não acredito em maré de sorte tão demorada, apostaria que eles são pra valer. E a dificuldade do ano passado em segurar jogos quando estavam vencendo por muito acabou com a melhora de defesa.

Mas mesmo que o time continue vencendo, vá para os playoffs e faça bonito, não dá pra não pensar no futuro. Esse não é um time ainda completamente pronto e precisa melhorar. Como fazer no ano que vem quando Zach Randolph e Marc Gasol são Free Agents e os problemas financeiros da equipe podem impedir que se renove com os dois? E que pecado seria perder um deles e continuar pagando 5 milhões de dólares pelo OJ Mayo e mais 5 pelo Hasheem Thabeet? Nada contra os dois, o Mayo é um jogador que faz um pouco de tudo e teria espaço em muitos times da NBA, mas nesses 10 jogos em que estava suspenso não fez falta alguma ao time. Eles tem o regular Sam Young, o excelente defensor Tony Allen e ainda o novato Xavier Henry, que não faz feio sendo um segundo ou terceiro reserva. Ou seja, pra quê Mayo? Ele é o tipo de empregado que sai de férias e aí a empresa percebe que não precisa dele.

Já o Thabeet todo mundo sabe, o moleque foi para a NBA muito jovem, muito cru e nem é usado. O time já se dá bem sem ele e não vai fazer falta. Equipes que podem se interessar por esses dois não faltam, o Nets, vendo o fracasso de Travis Outlaw e finalmente percebendo (espero!) que Anthony Morrow não é bom o bastante para ser titular em um time de alto nível, adoraria o Mayo. Enquanto isso o Rockets está varrendo a NBA atrás de um novo pivô, talvez não fosse uma má idéia apostar no pirralho, botar ele pra treinar na offseason e ver no que dá. É melhor arriscar do que continuar com essa defesa horrível que tem hoje. E ainda tem outros times, é só vasculhar e trocar. Talvez trocar os dois por jogadores mais baratos ou contratos expirantes seja a única alternativa para o Grizzlies, que demorou tantos anos para voltar a ser um time relevante, não virar abóbora de novo no ano que vem.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Preview 2010-11 / Philadelphia 76ers

-Vêm nimim! 

Objetivo máximo: Ter alguma perspectiva de futuro
Não seria estranho: Continuar se condenando por gastar tanto dinheiro com o Elton Brand
Desastre: Evan Turner não dá em nada e o time despenca na tabela

Forças: Time muito forte nos contra-ataques e roubos de bola
Fraquezas: Todos os quesitos do basquete que não são roubos e pontos de contra-ataque

Elenco:








.....
Técnico: Doug Collins


De todas as mudanças de técnico dessa offseason essa foi a decisão que me deixou mais frustrado. Não porque eu não goste do Sixers ou do Doug Collins, mas é que ele era, de longe, o meu comentarista favorito na TV americana. O Jeff Van Gundy faz uns comentários hilários, é verdade, mas o Doug Collins entende muito de basquete e cada jogo comentado por ele era uma aula. Muitas coisas que eu comento aqui aprendi ouvindo ele nos últimos anos.

Mas acho que essas pessoas que sempre viveram nas quadras não conseguem passar muito tempo fora delas. Vocês lembram desse post onde, no finalzinho, eu conto a história da final olímpica de 1972 quando a URSS venceu os EUA num jogo muito polêmico? Quem acerta os últimos lances livres a favor dos EUA é o Doug Collins, que um ano depois foi a primeira escolha do Draft de 73 pelo mesmo Sixers que defende hoje.

Sua carreira como jogador sofreu muito com contusões e foi encerrada precocemente por elas, mas no meio do caminho ele foi um bom jogador, sempre beirando os 20 pontos por jogo e foi peça importante do Sixers campeão do Leste em 1979. Por ser novidade na época em que sua carreira já acabava, o armador Doug Collins só deu um arremesso de três em toda carreira. E errou.

Logo depois que se aposentou foi para a vida de técnico, começou em nível universitário e em 1986 se tornou técnico do Chicago Bulls. Lá treinava os pivetes Michael Jordan e Scottie Pippen. O resultado foi bom e o time foi longe, alcançando a final do Leste em 1989, mas a derrota na beira da Final deixou o manager do time achando que talvez fosse a hora de dar uma chance para o assistente técnico de Collins, o estreante Phil Jackson. Analisando mais de vinte anos depois dá pra dizer que foi uma boa decisão.

Ele montou um bom time no seu emprego seguinte, com o Pistons de 1995 a 1998, mas novamente não alcançou a final da NBA, embora o time tivesse até potencial pra isso. Passou três anos como comentarista até ser chamado por Michael Jordan, que o queria como técnico na sua volta ao basquete no Wizards. Lá ele passou bem longe dos playoffs e Collins ainda foi peça importante no desastre que foi o começo da carreira de Kwame Brown, como vocês devem lembrar.

Depois desse fracasso homérico ele ficou quase dez anos longe das quadras, só comentando jogos. O pior é que não é que ele queria assim, tentou vagas no Bucks duas vezes e no Bulls e nunca conseguiu o emprego. Quando você é dispensado duas vezes pelo time do veadinho é porque a coisa tá feia! Mas o Sixers estava desesperado por alguém que fizesse o Elton Brand jogar e o Collins tem uma história grande na franquia. Mas isso quer dizer que vai dar certo? Discutiremos na análise do time, logo depois de ver o Tyrus Thomas quase matar o Doug Collins no ano passado.



.....
O elenco do Sixers não é de todo mal. Tem jogadores bons em todas as posições e fez o que pôde na offseason para corrigir alguns problemas. O Elton Brand e até o meu querido Iguodala talvez recebam grana demais para não serem jogadores que carregam o time nas costas, e ter os dois tira a chance do Sixers contratar qualquer outro grande jogador num futuro próximo por causa do teto salarial. Era ainda pior com o salário monstro do Samuel Dalembert, mas o contrato do haitiano de repente ficou atrativo por estar no seu último ano e eles o mandaram para o Kings em troca de Andres Nocioni e Spencer Hawes.

Essa troca já foi a primeira visando uma necessidade do time, arremessos de três pontos. O mesmo motivo levou o Sixers a buscar o Jason Kapono, branquelo que não sabe o que é basquete mas é um dos melhores arremessadores de três da história da NBA. No ano passado o Sixers teve o nono pior aproveitamento de bolas de três da NBA, 34%. Eles chegam para complementar um time que só tinha jogadores com força física, velocidade e que marcam pontos na correria, atacando a cesta. Caras como Iguodala, Marreese Speights e Thaddeus Young.

Esses caras formaram um time limitado, mas bom, há dois anos, quando tinham a oitava melhor defesa da NBA, o que dava muitas chances de contra-ataque. No ano passado, quando tiveram a sexta pior defesa, as chances diminuíram e as deficiências no jogo de meia quadra ficaram ainda mais evidentes. Elas se resumiam a deixar o Iguodala bater a bola até ver no que ia dar ou em todo mundo ficar parado vendo o Elton Brand errar um arremesso forçado.

O desafio do Doug Collins é pegar esses bons jogadores que eu citei, juntar com o promissor armador Jrue Holiday, que além da força nominal jogou muito no fim da temporada passada e ainda mais nas Summer Leagues, e Evan Turner, segunda escolha no Draft, jogador que parece muito bom, mas que jogou bem mal na mesma liga de verão que seu companheiro de time se destacou. Como juntar tudo isso e criar uma identidade para o time? Que estratégia usar em um elenco escolhido no shuffle?

Se formos buscar na história de Doug Collins vamos encontrar três times bem parecidos. Tanto o Bulls dos anos 80, o Pistons dos 90 e o Wizards dos 2000 eram times lentos e que concentravam a bola na mão de um jogador central, que era o responsável por ou decidir a jogada ou dar a assistência no final. Era tudo na mão de um jovem Jordan, de Grant Hill ou do Jordan-velho. Deu certo com os dois primeiros e errado com o último, já que colocar um time nas mãos de um idoso nunca dá certo antes da categoria Masters.

Se ele tentar isso no Sixers vai ser um desastre. Andre Iguodala já fez isso nos últimos anos e para cada ponto e assistência que ele dá são 7 turnovers. Para um ala ele tem bom controle de bola e bom passe, é o meu LeBron James Jr na Liga de Fantasy, mas precisa errar muito mais para fazer bem menos que o King James. E fazer o coitado do pivete do Jrue Holiday ter essa responsabilidade é demais. Em um time em que sua maior estrela é um role player de luxo essa estratégia tem tudo pra dar muito errado, ainda mais se ele tentar dar um ritmo lento para esses jogadores que só sabem jogar de patins.

Por outro lado o mesmo Doug Collins recebeu no Bulls o apelido de "Play-a-Day Collins" porque ele aparecia todos os dias com novas idéias, táticas e jogadas novas para seus jogadores aprenderem. Ele é um nerd do basquete e estuda muito o jogo. Não quer dizer que seja um bom técnico por isso, mas manja do assunto. Se ele usar todo o seu conhecimento e criatividade para testar, testar e testar diferentes esquemas táticos e jogadas até encaixar nesse time, talvez dê certo. Não acho que vá dar playoffs logo de cara, mas o que eles mais querem hoje é perspectiva de futuro. Não querem continuar se achando um time encalhado em contratos gigantescos, condenados a serem ruins até o contrato do Elton Brand acabar e o Iggy fugir como Free Agent. 

Sucesso para eles seria ver o Elton Brand jogar metade do que jogava no Clippers, o Andre Iguodala atuando ainda em alto nível mas errando menos e a dupla Jrue Holiday e Evan Turner se mostrando capaz de formar uma dupla titular entrosada. Com todos funcionando junto dá pra pensar em alguma coisa para depois.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Summer Leagues - Os veteranos


Holiday jogou sem Christmas dessa vez


No último post sobre as ligas de verão tratamos dos novatos de 2010. Para saber um pouco mais da história e para que servem esses pequenos torneios realizados no verão americano é só ver a introdução do mesmo post.

Nesse eu vou falar de outros tipos de jogador que atuaram em Orlando em Las Vegas, os veteranos. São os jogadores com experiência de NBA, a maioria novatos do ano passado, que estão lá para ganhar experiência ou apenas para colocar o que estão fazendo em treinos na prática. Como essa lista ficou também muito grande, a outra categoria, a criativa "outros", com os não-draftados e jogadores vindos da gringolândia, fica para o próximo post.

Veteranos
DeMar DeRozan e Sonny Weems (SG e SF - Toronto Raptors) - As vitórias nas Summer Leagues não querem dizer nada, mas as do Raptors animaram uma meia dúzia de torcedores do que estavam chorando a saída de Chris Bosh. Isso porque foram comandadas por dois dos mais jovens jogadores do elenco canadense, DeMar DeRozan e Sonny Weems, que tem tudo para ser a dupla titular em Toronto na próxima temporada. DeRozan briga por vaga com Leandrinho e Weems com Kleiza, mas os dois americanos tem a vantagem do bom entrosamento. Durante os jogos da liga de verão um sempre procurou o outro nos contra-ataques e nas pontes aéreas, formando a dupla mais mortal de Las Vegas.

Em entrevista o DeRozan foi bem humilde e admitiu que não estava totalmente pronto para a NBA no ano passado, mas que desde o fim da temporada passada está treinando sua defesa, suas bolas de três (tentou apenas 18 bolas de 3 em toda temporada apesar de ser um segundo armador) e seu arremesso após o drible, para poder criar mais arremessos para si mesmo.

Curioso que na temporada passada, sabendo dessas falhas em seu jogo, DeRozan era bem passivo durante os jogos, arriscava pouco, o que gerou algumas críticas. Mas foi essa consciência dos seus limites que fizeram com que acabasse a temporada 2009-10 com aproveitamento de 48% dos arremessos e menos de 1 turnover por jogo. Nas ligas de verão conseguiu colocar seus novos talentos em quadra e os números continuaram bons: 21 pontos por jogo, 58% de aproveitamento dos arremessos (espetacular!), 40% de acerto nas bolas de três e só 1 turnover por partida. Esperem grandes coisas dessa dupla para a próxima temporada, especialmente de DeMar DeRozan, que finalmente vai fazer jus à sua força nominal.

Marreese Speights (PF - Philadelphia 76ers) - Está sendo citado aqui porque foi muito bem na Summer League de Orlando, mas não fez nada de novo. Usou sua velocidade pouco comum para um jogador da posição 4 para fazer pontos na transição e foi agressivo nos rebotes, liderando a liga de Orlando com 9.2 rebotes por partida. Mas apesar do bom basquete apresentado não acho que seja um risco para a titularidade de Elton Brand. Se não roubou a sua vaga nem no esquema feito de contra-ataques que o Sixers tinha até o ano passado, não vai ser agora.

Jrue Holiday (PG - Philadelphia 76ers) - Apesar do Sr.Feriado não estar no mesmo time do Dionte Christmas nesse ano (Sr. Natal jogou a Summer League pelo Kings), rendeu bastante. Aliás, mais do que o esperado. Holiday, ao lado de Jonny Flynn, foram duas exceções em uma classe de draft cheia de armadores talentosos. Enquanto a maioria (Evans, Jennings, Curry, Lawson) arrebentava com tudo e todos, os dois pareciam irregulares e despreparados para o basquete profissional. Holiday, porém, animou um pouco a torcida do Sixers ao melhorar nos últimos 2 meses de temporada, e confirmou a evolução nas ligas de verão.

Liderou a Summer League de Orlando com 19.3 pontos e 6 assistências por partida. Mesclou bem momentos de atacar a cesta e distribuir o jogo e foi bem agressivo nos roubos de bola, especialmente cortando linhas de passe. Talvez alguns defeitos em seu jogo apareçam quando enfrentar jogadores de alto nível, afinal ele tem apenas 20 anos, mas é o armador do futuro para o 76ers.

Terrence Williams (PG/SG - New Jersey Nets) - Eu estou pouco me ferrando para o que o T-Will faça em quadra, desde que esteja no próximo campeonato de enterradas. Mas como está longe, podemos falar um pouco de basquete. Ele foi bem, teve boas médias de 18 pontos, 3 rebotes e 5 assistências, mas deixou bem claro pra todo mundo que apesar de ter tamanho de armador, não é um. Forçou muito o jogo individual e foi um dos motivos para que Derrick Favors arremessasse tão pouco nos primeiros jogos. Em compensação soube criar boas jogadas atacando a cesta. Jogando na posição dois, sem a obrigação de criar para os outros, e pegando os minutos que eram de Chris-Douglas Roberts, deve se destacar na próxima temporada.

James Harden (SG - Oklahoma City Thunder) - A barba mais legal da NBA sofre por ter sido escolhido antes do Tyreke Evans no draft. Não é porque um melhor veio depois que ele é ruim, pessoal. Muita gente esperava mais dele, mas o cara faz o que pedem: aparece do banco no Thunder defendendo bem, tem bom aproveitamento nos arremessos e faz um pouco de tudo. Jogou a Summer League de Orlando como um ótimo veterano e só não tem números mais expressivos na NBA porque joga na sombra de Kevin Durant.

BJ Mullens (C - Oklahoma City Thunder) - O Thunder tinha um dos melhores elencos dessa Summer League. Além de Harden tinha Eric Maynor, Kyle Weaver, Serge Ibaka, DJ White e BJ Mullens. Não à toa só perdeu um jogo e este por um ponto de diferença! Embora todos tenham jogado bem, meu destaque vai para o Mullens, que foi o que surpreendeu. O resto fez, com os números um pouco mais expressivos, pela qualidade dos adversários, o que já fazia na NBA no ano passado. Menos Mullens, que mal jogou na temporada passada e finalmente apareceu em Las Vegas, com 16 pontos e 6.3 rebotes por partida. Foi interessante ver ele atacar a cesta e conseguir ir para a linha do lance livre nos dias em que seus arremessos não estavam caindo. Pode ser uma ameaça à titularidade do novato Cole Aldrich que parecia tão certa no dia do draft.

Kosta Koufos (C - Minnesota Timberwolves) - O pivô que foi envolvido na troca de Al Jefferson para o Jazz foi parar no Wolves e terá concorrência de Darko Milicic, queridinho do GM David Kahn, e do recém-chegado Nikola Pekovic. Não será fácil ganhar uns minutos, mas ele começou bem com sólidas atuações nas ligas de verão. Depois de estrear mal com apenas 4 pontos, embalou três jogos com 13, 19 e 14 pontos. Destaque para o jogo contra o Magic em que teve, além dos 13 pontos, 11 rebotes e 4 tocos. Ainda é pouco, mas começa a lembrar um pouco o pivô que brilhou em Ohio State e foi MVP do campeonato europeu sub-18 de 2008 (quando jogou pela Grécia, apesar de ter nascido em território americano).

Gerald Henderson e Derrick Brown (SG - Charlotte Bobcats) - Com a perda de Raymond Felton para o New York Knicks, o Bobcats precisava mesmo é de um armador novo, já que o Larry Brown nunca confiou muito no DJ Augustin (lembram do "Ele não está jogando porque não defende e não arma jogadas, só isso"?), mas se esse problema ainda não foi resolvido, pelo menos Henderson e Brown podem suprir outra necessidade do Bobcats, o banco de reservas.

Nenhum vai chegar perto de ameaçar a vaga de titular do Stephen Jackson, mas será um bom desafogo ter caras que sabem marcar pontos no banco. Ambos até atuaram bem juntos em alguns jogos e a dupla deve também substituir Gerald Wallace durante os jogos. Brown terminou seus 5 jogos com média de 15 pontos e 7 rebotes, Henderson passou dos 20 pontos nas duas primeiras partidas e a partir daí atuou menos minutos, acabando com média de 14 pontos por jogo.

Reggie Williams (SG/SF - Golden State Warriors) - Em um post recente eu comentei que volta e meia o Don Nelson, técnico do Warriors, acha uns jogadores que ninguém nunca ouviu falar por aí e eles começam a jogar bem. Reggie Williams é um exemplo. Apareceu do nada na temporada passada para cobrir o lugar de algum contundido, jogou 24 partidas e saiu com média de 15 pontos por jogo, excelente para um novato. Foi para as ligas de verão e só não fez mais pontos que John Wall, com 22.6 por partida. Apesar de dividir espaço com outros achados de Don Nelson, além de Monta Ellis e Steph Curry, deve continuar fazendo seus pontos na orgia ofensiva do Warriors.

Omri Casspi (SF - Sacramento Kings) - Não sei porque ele estava lá. Provou mais de uma vez na temporada passada que já é um jogador formado e tem espaço garantido na NBA. Vai ver que jogar ligas de verão no basquete profissional americano é mais uma tradição milenar judaica que a gente nunca vai entender, nunca se sabe. Garantiu seus 14 pontos de média em apenas 24 minutos por partida.

JJ Hickson (PF - Cleveland Cavaliers) - A hora é de urgência em Cleveland, qualquer ser humano capaz de fazer pontos, pegar rebotes, dar assistências e/ou dar enterradas lindas o bastante para vender ingressos são bem vindos. Hickson teve bons momentos na temporada passada, mas eles eram sempre ao lado de LeBron, que cansava de dar assistências para o negão ir lá dar suas enterradas avassaladoras. Como seria sem 'Bron do lado?

Na Summer League de Las Vegas ele foi muito bem! Acabou com 19 pontos de média em 58% de aproveitamento e as duas médias foram prejudicadas por um jogo péssimo contra o Miami Heat (trauma da saída do LeBron, provavelmente). Até essa última partida ridícula, em que fez 4 pontos, estava com média de 24,3 pontos por jogo, o que bastaria para ele ser o cestinha do torneio. Ainda falta técnica, mas ele ataca a cesta como poucos, em um ritmo de ataque veloz ele pode se destacar.

Earl Clark (SF/PF - Phoenix Suns) - Earl Clark não se destacou tanto assim para merecer ser citado aqui, é verdade. Podem argumentar que o Jermaine Taylor do Rockets, por exemplo, jogou mais. Mas é que os 14 pontos e 5 rebotes do Clark são significativos pelo seu histórico.

O Clark foi a 14ª escolha do último draft e muitos apostavam que ele iria fazer chover no Suns. Afinal era um jogador alto, veloz e com visão de jogo que poderia ser um Boris Diaw melhorado. Alguns críticos gringos chegaram ao ponto de dizer que ele era completo o bastante para futuramente estar na briga de MVP da NBA! Exageros a parte, o mínimo que ele deveria ter conseguido era entrar na rotação do Phoenix Suns, mas o Jarron Collins entrava antes dele ver um minuto de jogo.

Como é até normal ter um pivete que só pega no tranco depois do segundo ano, fiquei atento ao Clark em Las Vegas e deu para ver uma evolução. Ainda está longe de brilhar, mas já chamou mais o jogo e pareceu mais à vontade em quadra. Sempre tenho dó desses caras que sofrem com as expectativas e espero que com mais tempo de quadra ele comece a se soltar. Quem já viu ele jogar bem torce por isso também.

OJ Mayo (SG (ou PG) Memphis Grizzlies) - Se o Casspi jogar já não fazia sentido, o que dizer de OJ Mayo? Mas calma, a explicação é boa. Um dos planos para a próxima temporada é usar Mayo como armador principal. Ele pegaria alguns dos minutos do pouco confiável Mike Conley na armação e abriria espaço para o recém-contratado Tony Allen e o novato Xavier Henry jogarem na posição 2. Ele estava em Las Vegas apenas para brincar de cosplay de Jason Kidd.

Só jogou duas partidas e deu três assistências em cada uma, não foi lá grande coisa, mas serviu pelo menos para tirar a poeira. Nas palavras do próprio OJ, "Hoje devo ser horrível nessa posição porque não jogo com a bola na mão o tempo todo há 3 anos, mas com treino e repetição eu posso ser bom". Vamos descobrir só na temporada regular, mas não colocaria meu dinheiro nessa aposta.

JR Smith (SG - Denver Nuggets) - E o JR Smith, o que estava fazendo lá? Quer virar armador? Tradição judaica? Não, "Estou aqui por amor ao basquete. Melhor vir aqui do que jogar em uma quadra qualquer". Boa, campeão.

...
Veteranos que não jogaram na Summer League
Joe Alexander (Chicago Bulls) - Sabia que todo novato tem um contrato garantido de apenas dois anos? A partir do terceiro é uma opção do time de manter o pivete ou não. Pouca gente sabe disso porque 99% dos novatos tem a opção do seu terceiro ano aprovada assim que possível. Apenas 7 (sete!) jogadores na história da NBA não tiveram essa opção aceita, são eles: Patrick O'Bryant, Yaroslav Korolev, Julius Hodge, o campeão Shannon Brown, JR Giddens, Morris Almond (que estava em Las Vegas) e, finalmente, Joe Alexander.

Ele começou a jogar basquete tarde, só no fim da adolescência e passou boa parte do seu colegial jogando basquete na China onde se mudou com o pai, que foi transferido para a filial chinesa da Nestlé. Voltou para os EUA para jogar basquete na universidade de West Virginia, onde ficou três anos. Apesar de parecer sem muitos fundamentos, era espetacular fisicamente (apesar de ser branco!) e baseado basicamente nisso, acabou virando a 8ª escolha do Draft de 2008 pelo Bucks, em que nunca fez absolutamente nada. No ano passado foi para o Bulls na troca do John Salmons e lá não fez nada também.

Estava inscrito na Summer League pelo Bulls mas não entrou em um jogo sequer, não achei uma notícia explicando a situação. Nada disso é sequer um pouco relevante para o blog, mas que carreira, hein?

Jonny Flynn (Minnesota Timberwolves) - Stephen Curry, Tyreke Evans e Brandon Jennings não jogaram as ligas de verão porque não precisam mais convencer ninguém, Flynn não jogou por uma contusão no quadril. De todos os armadores escolhidos no Top 10 do ano passado foi o que menos convenceu. Ainda acho o rapaz muito bom, a sensação de decepção vai mais do sucesso dos companheiros de draft do que pelas atuações dele em quadra. Ser irregular durante o ano de novato é comum, as exceções são os outros.

DeJuan Blair (San Antonio Spurs) - Geralmente um jogador toma como um elogio quando o seu time pede para ele não jogar uma Summer League. Ainda mais quando você foi um novato na temporada passsada. O gostinho é ainda mais especial quando se foi uma escolha de 2ª rodada como foi com Blair. Mas mesmo com o Spurs implorando para ele descansar e evitar o risco de uma contusão, ele insistiu e disse que queria jogar de qualquer jeito. Até foi inscrito, mas de última hora aceitou o pedido do time e não entrou em quadra. Greg Popovich agradece a vontade de jogar, mas fica mais feliz com a obediência.

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Eu sei que tinha prometido os "outros" para esse post também, mas ficou grande demais, fica para o próximo. Nele irei falar de alguns jogadores que faltaram, inclusive o tão comentado e badalado Jeremy Lin, estrelinha da Summer League de Las Vegas que está bem próximo de acertar um contrato com o Golden State Warriors. Até lá!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A arte de feder

Devin Harris esconde o rosto pra não ser apedrejado nas ruas


Perder já é completamente normal para o New Jersey Nets: o elenco acorda, faz xixi, toma café, escova os dentes e aí perde. É como se fosse parte da rotina, não dá pra passar um dia sem um fracasso. Mas temos que dar crédito para o Nets, eles estão levando isso à perfeição, com toda a dedicação que apenas os gênios conseguem imprimir às coisas. Muitos times, como o Knicks e o Clippers, por exemplo, se contentam apenas em perder. Mas o Nets não, eles querem perder como nunca se perdeu antes, querem alcançar a essência da derrota, atingir a ideia platônica do fracasso. O mais incrível é que eles estão conseguindo.

Na noite de ontem, o Nets teve a chance de conseguir o recorde de pior começo de temporada da história da NBA, com 18 derrotas seguidas. O novo técnico, Kiki Vandeweghe (aposto que nem ele sabe escrever o próprio nome), ainda não assumiu o time e é claro que eles iriam perder para o Mavs. Mas o nível da derrota foi épico: apesar de ter jogado bem, com destaque para o Chris Douglas-Roberts que voltou de contusão, o Nets conseguiu dar de presente ao Mavs provavelmente o melhor segundo quarto da história do esporte. Nele, o Mavs errou apenas dois arremessos dos 19 que tentou, acertou todas as 4 bolas de três tentadas e todos os 10 lances livres cobrados. Foram 49 pontos apenas no segundo período, o que já é mais do que o Bobcats consegue fazer num jogo inteiro.

O engraçado desse aproveitamento surreal do Mavs é que dificilmente eles conseguiriam acertar tanto durante o treino ou o aquecimento, arremessando sozinhos. Talvez o Nets devesse ter tirado os jogadores da quadra porque aí, com a pressão de estarem sem marcação, talvez eles errassem um pouco mais do que com os defensores do Nets em jogo. Eu não acertaria tantos arremessos, bolas de três e lances livres sem errar nem em um milhão de anos, sozinho, numa quadra particular. O Nets conseguir permitir esse feito ao Mavs é um passo rumo à perfeição absoluta na arte de feder. Um dia, o mundo se lembrará desse time como os homens que alcançaram a perfeição e a iluminação budista através do fedor. Eles terão templos e seguidores, e o Clippers terá alguém em que se espelhar para tentar sair da mediocriedade e entrar para a história.

Mas não é apenas o Nets que escolheu esse caminho de fracassos. O Sixers, que receberá Iverson de volta na segunda-feira para enfrentar o Nuggets, está cada vez mais indo ladeira abaixo. Ontem contra o Thunder, o novato Jrue Holiday assumiu a armação em tempo integral, com pequenos momentos em que até o Willie Green (que é um arremessador puro) teve que ficar na função. Embora isso não seja um problema tão grande no esquema do técnico Eddie Jordan, acabou se mostrando um problema defensivo considerável quando vemos que o Westbrook bateu seu recorde de assistências num jogo, com 15. Nos moldes do Nets, o Sixers está permitindo atuações épicas dos seus adversários. Já são 8 derrotas seguidas, só perdem em fedor para as históricas 18 seguidas do time mestre-zen de New Jersey.

Com 5 derrotas seguidas e humildemente trilhando o mesmo caminho, temos também o Toronto Raptors. Eles formam o fundo da Conferência Leste junto com o Knicks, que fede mas disfarça, e com o Pistons, que a gente já sabia que ia ser uma droga mas tem uns malucos que achavam que ia dar certo. O Raptors, no entanto, não tinha nenhum motivo para estar adotando esse percurso de iluminação através do fedor. O elenco é bom, adicionaram o Turkoglu, mas as coisas vão de mal a pior. O Chris Bosh está tendo a melhor temporada de sua carreira, pontuando como um maluco inclusive da linha de três pontos, de onde seus arremessos estão bizarramente consistentes. Complementando seu jogo está o Bargnani, que é um dos jogadores que está chutando traseiros da linha de três pontos nessa temporada. Finalmente ele conseguiu criar confiança nos arremessos e está mostrando um arsenal ofensivo bastante surpreendente para alguém que supostamente só sabia arremessar, com muita técnica dentro do garrafão e uma boa velocidade nos giros e no jogo de costas para a cesta. O Calderon é um dos melhores armadores puros da NBA, sempre disposto a dar o passe certo e com um arremesso macio nos moldes do Steve Nash, mas nessa temporada ele não acertou a mão e nem seus lances livres, em que ele bateu recordes na temporada passada, estão caindo. Seu reserva agora é o Jarret Jack, que está jogando bem, sendo agressivo e pontuando um bocado, e o novato DeRozan está jogando bem embora se esperasse muito mais dele na noite do draft (a gente esperava pelo menos que ele passasse mais tempo em quadra, ao invés de ser titular e sumir depois do primeiro quarto, o que lhe coloca na ponta para o Prêmio Royal Ivey do ano). O Turkoglu ganhou suas verdinhas e agora está de boa, bem confortável em seu papel secundário na equipe, de carregador de piano. Tá bom que ele recebeu contrato de estrela para decidir jogos e carregar o time nas costas de vez em quando, mas ele está satisfeito em ser um jogador apenas para complementar a equipe e, nesse sentido, está se saindo bem. Azar de quem pagou o dinheiro, sorte do turco que faz aquilo que sabe e ganha o quádruplo pra isso.

Com tantos jogadores bons e tanta gente pontuando com bastante facilidade, é assustador que esse time esteja despencando na tabela. Pelo jeito, o plano de anos atrás de transformar o Raptors no Suns do Leste (ou seja, tática "corra pela sua vida", ataque forte, defesa mequetrefe, vencer os times mais-ou-menos e perder para o Spurs nos playoffs) deu mais ou menos certo. Como não tem Spurs no Leste, a ideia de imitar o Suns parecia uma boa, mas agora podemos apreciar um pouco mais o pessoal de Phoenix vendo como tantas cópias paraguaias acabaram virando farofa. O Knicks do técnico D'Antoni pontua como retardado mas não adianta nada, porque a defesa não existe e o ataque é completamente caótico e destrambelhado. O Raptors corre muito e tem um ataque inteligente e balanceado, mas tem uma defesa tão medonha que não dá pra ganhar nem dos times capengas do Leste. Aquele Suns não era um experimento bizarro de feira de ciências, uma ideia furada, um caso de time que não defende bulhufas e acaba fedendo: eles eram um caso único, um time especial capaz de fazer esse estilo dar ao menos moderadamente certo. Talvez a gente devesse repensar algumas ideias sobre defesa, acho que o Suns de hoje e o Suns de uns anos atrás, que tanto criticamos por não defender nem ponto de vista, na verdade quebram um belo de um galho defensivamente. Sabe o que é não defender? É esse Raptors tomando 146 pontos do Hawks ontem (achei que nunca fosse viver para ver um troço desses!), é o Knicks sem um único jogador que saiba o que significa a palavra "defesa". Esses times não tem chance de dar certo, não tem como ir pra frente. O Suns é um caso raro, único, que merece mais atenção. Talvez eles defendam, afinal de contas. Ou não estariam lá no topo do Oeste, atrás apenas do todo-poderoso Lakers. Alguém tem alguma outra hipótese?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Os destaques da liga dos fracassados

Ninguém sabe, mas esse é o Roy Hibbert


Enquanto a maioria dos jogadores está de férias, os ruins e a pivetada estão ralando a bunda nas Summer Leagues. Pra quem não acompanha de perto ou ainda é novato em NBA, a gente explica.

As Summer Leagues tem esse nome porque é verão lá no norte, e se caracterizam por juntar nos times jogadores iniciantes que precisam de mais experiência e jogadores que não tem time e buscam mostrar seu talento para arrancar alguma vaga em qualquer equipe da NBA.

Até um tempo atrás tinham várias dessas Ligas de Verão. Tinha a de Orlando, a de Las Vegas, a de Los Angeles, a de Denver, dentre outras. Mas, dizem que por influência do David Stern, começaram a juntar tudo em uma só e hoje só temos duas principais. A de Las Vegas, que tem a participação de 21 times da NBA e mais um selecionado só com jogadores da D-League (a liga de desenvolvimento da NBA), e a de Orlando, que contou com 7 times.

Essa de Las Vegas é a mais importante. Tem cobertura exaustiva da NBA.com e até transmissões online e ao vivo pelo site. Até o ano passado eram de graça, nesse ano custam 15 dólares, o que é esquisito. E além de estranho é engraçado, até um tempo atrás era difícil achar as estatísticas desses jogos e hoje dá pra ver ao vivo com narrador e comentarista.

Além da NBA ter encontrado um jeito a mais para ganhar dinheiro, continuar na mídia mesmo sem a temporada estar rolando e de valorizar seus atletas mais jovens, os futuros ídolos, não tem nenhuma nova razão pra isso. As Summer Leagues continuam com o mesmo intuito de sempre: preparar a garotada enquanto descobre-se quem presta e quem não presta.

Com o fim da Summer League de Orlando, esse post é para listar os 10 maiores destaques desse torneio. Lembrando sempre que devido a essas características especiais das ligas de verão, todos os resultados são questionáveis. Um cara jogar bem aqui não é garantia certeira de que dará certo na NBA, já que Jerryd Bayless, Donte Greene e o saudoso Lonny Baxter estão aí para comprovar.


Top 10 - Os destaques da Orlando Summer League

10- Kasib Powell (SG, Magic)
O ala de 2,01m jogou a temporada 2007-08 no Miami Heat, onde jogou 11 partidas naquele time recheado de jogadores desconhecidos como Blake Ahearn, Earl Barron e Alexander Johnson. No ano passado não conseguiu entrar em time nenhum mas talvez sobre alguma oportunidade depois dessa Summer League em que jogou pelo Magic.

Ele teve médias de 14,8 pontos, 5,8 rebotes e pareceu muito bom arremessador, acertando mais de 50% da linha dos três. Depois de perder o Courtney Lee e o Turkoglu e de receber em troca apenas o Vince Carter, sobra uma vaguinha no banco de reservas para o Powell, que se duvidar pode render mais que o Redick.


9- AJ Price (PG, Pacers)
De todos os dessa nossa lista ele é o que teve os piores números. Apenas 8,2 pontos e míseras 3,2 assistências, número fraco para um armador que jogou em média 30 minutos por jogo. Mas vendo os jogos do Pacers eu percebi que ele tem um bom potencial.

Sabe bater pra dentro, é rápido e organiza bem o time. Se duvidar é melhor até deixar ele mofando um ano na D-League antes de colocar o moleque pra jogar na NBA, mas o talento está lá escondido. Pode ser um investimento barato e que dará resultados no futuro.

Pra quem não sabe da história maluca do Price, que envolve contusões e roubos de laptops na faculdade, leia nossa análise do Pacers no Draft 2009.


8- Serge Ibaka (PF, Thunder)
O Serge Ibaka é um ala de 2,08m vindo do Congo que foi escolhido no draft do ano passado, mas que continuou jogando na Espanha ao invés de ir para a NBA. Agora, depois de uma promissora liga de verão, acho que vai entrar na NBA.

Seus números não são de cair o queixo, 12,3 pontos, 3,3 rebotes e 1,5 tocos, mas ele é tudo o que o Thunder precisa. Ele é agressivo e bom nos tocos, agressivo nos rebotes de ataque e se posiciona bem para finalizar embaixo da cesta. Ele não é bom o bastante para criar suas situações de cesta, mas com Westbrook, Durant e Harden atacando o aro, ele pode se aproveitar para receber bons passes e garantir seus pontos.

Também parece o tipo de jogador que rende mais em times velozes do que em times que preferem o ataque de meia-quadra, então o Thunder, se mantiver a filosofia do ano passado, é o lugar pra ele.


7- Mareese Speights (PF, Sixers)
Nenhuma surpresa aqui. O Speights já tinha ido bem na sua primeira temporada pelo Sixers, principalmente depois que ganhou mais tempo vindo do banco com a contusão do Elton Brand. Normal ele ter ido bem na liga de verão.

O que eu esperava na verdade eram atuações até melhores. Ele acabou com médias de 14,2 pontos, 6,6 rebotes e 2,2 tocos. Foi o líder do torneio na média de tocos mas depois de um primeiro jogo bem agressivo no ataque eu achei que ele ia dominar o resto do torneio, mas ficou bem mais tranquilo.

Uma coisa que talvez tenha atrapalhado é que nessa Summer League o Sixers se juntou com o Nets. Os dois formaram um time só, que os narradores chamavam de Netxers, e que não sei em que esquema jogava. Geralmente os times usam seus assistentes como técnicos e estes aplicam as jogadas que o time principal usa na temporada. O que eles usaram no Netxers? Sem idéia.


6- Chris Douglas-Roberts (SG, Netsxers)
Já falamos bastante do Douglas-Roberts aqui. Pra quem não lembra ele era o Bebeto quando o Derrick Rose era o Romário na Universidade de Memphis. Em alguns jogos ele até parecia melhor que o Rose, pra falar a verdade.

Depois de cair pra segunda rodada no draft do ano passado, ele foi parar no Nets, onde teve poucas chances na sua primeira temporada. Com média de 14 pontos por jogo nessa summer league, incluindo um jogo com 27 pontos, e sem o Vince Carter no Nets, acho que ele terá uma temporada com muitos minutos pra provar de uma vez por todas que tem espaço na NBA, nem que seja só para ser um pontuador vindo do banco.

Sim, o arremesso dele continua esquisito pra cacete.


5- James Harden (SG, Thunder)
Tudo o que prometem do James Harden é o que ele é mesmo. O cara joga em câmera lenta mas sabe exatamente o que está fazendo na quadra. Geralmente a Summer League é cheia de pivetes com físico impressionante tentando aparecer, o que resulta numa correria sem fim cheia de turnovers.

Com o James Harden o jogo fica mais lento e mais inteligente. Ele me lembra um pouco o Brandon Roy ao infiltrar, que também sabe controlar seu corpo e a velocidade para se aproveitar das situações. Ele acabou com média de 15 pontos e 1,8 roubo por jogo.


4- Tyler Hansbrough (PF, Pacers)
Na luta Psycho-T versus críticos, o doido saiu na frente. Mas foi a prova mais fácil.
Os críticos dizem que apesar da carreira espetacular em North Carolina ele não pode render na NBA, e em sua primeira experiência na NBA ele acabou com média de 18,2 pontos, 5,6 rebotes e o título simbólico da liga com 5 vitórias e nenhuma derrota.

Mas tudo ainda não vale muito porque o Hansbrough enfrentou nessa Summer League muitos adversários que não são tão bons técnica ou fisicamente. Muitos dos caras que ele enfrentou cara-a-cara eram de nível parecido com os que ele enfrentava quando pegava bons times da NCAA e contra esses caras sabemos como o Psycho-T é muito bom.

Problema mesmo ele terá contra os grandes nomes da NBA, contra eles é que a altura e a técnica um pouco limitada irão atrapalhar, mas pra falar a verdade quem é que não tem problemas ao enfrentar Amar'e, Duncan, KG e cia? Hansbrough não é All-Star mas tem um enorme futuro na NBA.


3- Roy Hibbert (C, Pacers)
Quem não gosta do Hansbrough também pode argumentar que ele deve o trabalho facilitado a jogar ao lado do Roy Hibbert, de longe o melhor pivô do torneio.

O Hibbert teve médias de 20,2 pontos, 9 rebotes e 1,8 toco por jogo, além das bandejas forçadas que não resultaram em toco mas causaram erro dos adversários. Ele simplesmente dominou os garrafões em Orlando com sua altura (2,18m!) e defesa. O quanto disso ele conseguirá transformar em domínio na NBA é difícil saber, mas que é um bom começo dominar a pivetada das Summers Leagues é inegável.

Vendo ele jogar acho que ele pode muito bem repetir os 9 rebotes e os quase 2 tocos de média na NBA. Precisa tomar cuidado com as faltas e com os turnovers, que o atrapalharam em alguns momentos, mas tem potencial para se destacar defensivamente. Os 20 pontos é que será mais difícil, mas pelo menos ele se mostrou decente para finalizar, inclusive nos lances livres, que acertou 75%. Esse jogo eu não estava vendo, mas as estatísticas mostram até que ele acertou uma bola de 3!

Também legal ver como ele se entrosou com o Hansbrough. Os dois tem características complementares que se encaixaram bem e podem significar um futuro bom para o garrafão do Pacers. Uns críticos os chamaram de Duncan e David Robinson da liga, o que era uma piada exagerada, claro, mas que mostra bem o nível do entrosamento.


2- Ryan Anderson (PF, Magic)
Ele saiu do Nets para o Magic apenas para complementar a troca do Vince Carter, mas depois dessa Summer League jogando em casa, ele tem espaço garantido para atuar em Orlando. Foram 21,4 pontos por jogo, a segunda melhor marca, e 9,4 rebotes, líder do torneio. Sem contar o recorde de pontos num jogo, 33, e o bom aproveitamento nas bolas de 3, 12 de 29 tentadas.

Com isso ele foi eleito em votação dos fãs o MVP do torneio e aqui no nosso ranking ficou em segundo lugar. Ele é basicamente perfeito para o Magic. Jogando na posição 4 ele é bom reboteiro e abre o jogo com excelente arremesso de longa distância. É exatamente o que o Magic procurava e ficou longe de achar quando trocou o Trevor Ariza pelo lixo do Brian Cook.

Com a recente notícia de que o Magic igualou a proposta pelo Gortat, o garrafão deles fica com Dwight, Bass, Anderson e Gortat. Muito bom e muito variado.


1- Russell Westbrook (PG, Thunder)
É tradição das Summer Leagues colocar os jogadores que acabaram de terminar o primeiro ano pra jogar. Geralmente isso é bem útil porque a maioria lutou para se adaptar, lutou para ganhar espaço e ainda precisa de muito treino.

Esse não foi o caso com o Russell Westbrook, que arregaçou desde o primeiro segundo que pisou numa quadra da NBA e nem precisava estar aí se misturando com esta gentalha. Mas seguindo a tradição ele se deu ao trabalho, foi lá, viu e venceu. 22,3 pontos de média (líder do torneio), 7,8 assistências (líder também) e só falhou na média de 5 turnovers, o que é aceitável já que a bola ficava na mão dele o tempo inteiro e ele foi bem agressivo.

Ryan Anderson chamou mais a atenção porque era inesperado vê-lo jogar tão bem, mas o melhor foi mesmo o Russell Westbrook.

...
Vale também destacar alguns nomes como o ala Terrence Williams do Nets, o Nick Fazekas do Celtics, o DJ White do Thunder e o Jrue Holiday do Sixers. Todos misturaram momentos ruins com outros momentos muito bons. Na média não valeu vaga no nosso Top 10, mas é pra ficar de olho.

E agora, a parte mais esperada (tambores)

Top 8 - Força Nominal da Summer League de Orlando

8- Richard Hendrix - Purple Haze, Baby! Segundo ano seguido com o Hendrix buscando uma vaga na NBA. Cleveland tem o museu do rock, vai pra lá, Hendrix!
7- Scott Vander Meer - Van der Meer é um nome holandês estiloso e de um físico ganhador do Nobel.
6- Kevin Kruger - Imagine ter um cara que faz pontos até nos sonhos dos adversários. Uma camiseta com "Kruger" escrito atrás venderia mais que qualquer outra.
5- Moses Ehambe - Não dá pra ouvir o nome "Moses" e não lembrar desse vídeo clássico. Assistam.
4- Gary Forbes - Forbes não precisa de agentes e empresários para negociar seus contratos.
3- Leo Lyons - Nas palavras do Sbub no nosso Mock Draft de Força Nominal, "iniciais dobradas, boa pronúncia, nome apelido, sobrenome de thundercat"
2- Jrue Holiday - Primeiro que Jrue não é um nome, é ruído. E Holiday é feriado e música da Madonna, genial!
1- Dionte Christmas - Melhor que ter o sobrenome de "feriado" é ter um feriado em especial. O cara chama Dionte Natal, o que deve render vários apelidos de Papai Noel na roda de amigos. A melhor parte foi que Holiday e Christmas jogaram juntos. Só faltou o John Thanksgiving.

Na foto acima quem aparece é o nosso querido Christimas. Feliz Natal a todos.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Análise do Draft - Parte 2

Estamos de volta, pessoal. Pra quem perdeu a parte 1, é só clicar nesse link. Infelizmente nos comentários houve mais discussão sobre chamar o Michael Jackson de pedófilo do que sobre o draft, então está proibido falar de defunto nesses comentários, beleza?

Peço desculpas para quem se ofendeu com a piada, não quis acusar ninguém de nada. Não sei e nem quero saber se ele foi mesmo pedófilo ou se era só brother camarada dos pivetes. Aperto de mão virtual em quem ficou bravo e partimos pra próxima.
Então vamos falar de gente viva? Vamos lembrar dos selos de qualidade Bola Presa desse ano? Vamos parar de falar em forma de perguntas?

Nesse ano, como o dia do draft será sempre conhecido como "O dia em que o Michael Jackson morreu", os selos desse ano levam a marca do cantor-dançarino-performer-xxxxx mais querido do mundo. Vamos aos selos de avaliação desse ano:


Thriller: Sucesso absoluto, ótima escolha! O time com selo Thriller pode sair tranquilo e feliz do draft.




Black or White: O jogador draftado pode causar alguma dúvida por causa de sua posição, histórico ou situação do time, mas tem tudo pra dar certo.


Jackson 5: O jogador escolhido não deve passar de um role player, um jogador de equipe. Dependendo da posição onde foi escolhido isso pode ser bom ou ruim.


Moonwalk: Pareceu legal na hora mas olhando bem ele só está andando pra trás. Esse jogador não vai levar o time a lugar nenhum.


Plásticas no nariz branco: Ninguém vai reconhecer esse jogador daqui um tempo. Promessa falida, escolha horrível.



Da outra vez paramos na oitava escolha do Knicks, então continuamos com a nona escolha, o Raptors.


Toronto Raptors
DeMar DeRozan


O Toronto pegou uma das maiores potências nominais do draft. Como já disse o Sbub no nosso Mock Draft - Força Nominal, fica na cabeça o nome dele: DeMaaaaar DeRozaaaan! O nome dele é um imã de talento, impossível alguém com esse nome não ser alguém na vida.

Mas falando um pouquinho mais sério, o DeRozan chegar no draft desse ano na nona colocação é um pouco decepcionante para quem acompanhou sua carreira no colegial e imaginava que ele poderia ser pelo menos um Top 3. Mas sua carreira universitária de um ano mostrou que ele não estava tão pronto assim para ser uma estrela da NBA.

Ele tem um físico assustador, está evoluindo o seu jogo, mas o que vai definir se ele é o próximo Gerald Green, o próximo Rudy Gay ou o próximo Vince Carter é a sua vontade de evoluir, de treinar para superar seus defeitos, seu jogo ainda cru. E essa comparação com o Vince Carter é a que mais fazem desde os seus tempos de escola, não é uma ironia enorme ele cair no Toronto? O pessoal lá era apaixonado pelo Carter e hoje ele é o pior inimigo dos canadenses.

O Raptors fez certo, pegou um cara que não só é bom como também tem o potencial de ser bem melhor, e pra completar é justamente um cara da posição de que eles precisam: um que possa jogar nas posições 2 ou 3 e fazer o que ninguém faz naquele time, atacar a cesta. Não ganha selo Thriller porque ainda tenho um pouco de dúvida se ele vai dar tão certo na NBA.


Milwaukee Bucks
Brendon Jennings, PG
Jodie Meeks, SG

Acho que esse draft será recheado desse belo selo "Black or White". Muitos diziam que o draft desse ano não era grande coisa, mas o que eu acho é que na verdade é que ninguém tem idéia do que esperar dos novatos desse ano. Alguns dos principais nomes como Hasheem Thabeet, Ricky Rubio, Brandon Jennings, Jrue Holiday e DeMar DeRozan são enormes incógnitas. Os 5 podem ser All-Stars daqui alguns anos e os 5 podem ser reservas.

E acho difícil culpar um time que busca se erguer de apostar em uma dessas dúvidas, mas não dá pra afirmar também que foi um draft perfeito.
Se o Bucks não apostasse no Jennings, que pode ser espetacular, ia pegar quem? O Terrence Williams, um cara destinado a ser apenas um jogador mediano? O Bucks tem que sair do limbo de time médio que fica em oitavo, nono, e pra isso precisa arriscar, assim como tantos outros times. Por isso esse selo que significa "Só o tempo dirá se isso foi uma sacada de mestre ou uma sacada de merda".

Eu pessoalmente adoro o Brandon Jennings. Achei que ele teve três bolas no saco ao abdicar do ano na NCAA pra viver, jogar e ganhar bufunfa na Europa. Morar fora dos EUA deve ter sido uma experiência fora de série que ele não teria chance de viver antes da aposentadoria caso fizesse o caminho NCAA-NBA. E, mais do que isso, gosto dele porque ele parece realmente bom e porque chegou atrasado no próprio draft!

Pra quem não viu ao vivo, ele só foi lá apertar a mão do David Stern quando o comissioner apresentava a décima quarta escolha, o Jennings foi a décima! Isso porque ele estava em um hotel assistindo ao draft com a família, não quis ficar lá vendo ao vivo porque não tinha garantia de sair entre os 14 primeiros. Mas quando saiu resolveu que era hora de dar as caras. Um dos momentos mais legais da história do Draft da NBA.

Por ser agressivo e gostar de driblar, acho que o Jennings também pode ser um ótimo parceiro para o Michael Redd. Tudo o que o Redd precisa é de alguém pra confiar a bola na mão para que ele possa brincar de Ray Allen. Um armador que ataca a cesta também é sempre bom para criar situações de passe e rebote ofensivo para o pivô, então Andrew Bogut deve se dar bem nessa também.

Na segunda rodada o Bucks fez uma escolha segura e burocrática. Ao invés de pegar outra incógnita, pegou o arremessador Jodie Meeks, que parece ser um Kyle Korver da vida. Gosta de se movimentar, pegar corta luz e meter bola da linha dos 3. Nada mal para uma segunda rodada.

New Jersey Nets
Terrence Williams, SF


Um draft parecido com seu vizinho, o Knicks. Pensando em apenas ter um time bom para tentar o LeBron ou outro Free Agent caro em 2010, o Nets não arriscou e pegou um jogador que sabe que vai render. Provavelmente nunca vai ser All-Star ou ter média de 20 pontos por jogo, mas o moleque sabe jogar.

Terrence Williams fez os quatro anos de faculdade então todos os olheiros do Nets e de toda a NBA já enjoaram de ver ele jogar, sabem o que esperar do Williams: ele é um ala atlético, bom defensor e completo, contribuindo sempre em pontos, rebotes, assistências e em roubos de bola. Comparam ele no NBAdraft.net com o Corey Maggette, o que é longe até da descrição que eles mesmos colocam. Talvez fisicamente ele pareça o Maggette, por ser bem forte, mas em característica de jogo ele está mais para um Tayshaun Prince, outro bom defensor que contribui um pouco em todas as áreas do jogo.

Caso o LeBron não apareça por lá em 2010, o Nets pelo menos não fica com um rombo na posição 3, Williams deve dar conta do recado. Por enquanto a única posição carente mesmo no time é a de ala de força, onde já foi dito que o titular pra próxima temporada será o Yi Jianlian. Vai ser uma longa temporada pro Nets.

Charlotte Bobcats
Gerald Henderson, SG Derrick Brown, SF

O Bobcats estava numa situação complicada nesse draft. O time melhorou muito na temporada passada desde que chegaram Raja Bell e Boris Diaw, chegou bem perto de uma vaga nos playoffs mas no fim das contas ficou fora e com um dos piores ataques da NBA. Em número de pontos por jogo, aliás, era O pior.

Em parte essa deficiência ofensiva existe porque o Bobcats não tem jogo de garrafão. O Okafor faz pontos em infiltrações dos armadores e em rebotes ofensivos, só. O Boris Diaw joga bem, faz seus pontos, dá muitas assistências mas faz tudo isso longe da cesta. Por isso o ideal seria que o para o Bobcats seria draftar um ala de força ou pivô que pudesse fazer seus pontos no jogo de garrafão.

Aí eles vão e escolhem um outro armador. Eles já tem o Raja Bell e usam o Felton na posição 2 com o Augustin como armador principal. Pra que o Gerald Henderson? Mas antes de meter o pau, vamos dar uma olhada nos outros alas de força escolhidos em toda a primeira rodada: Tyler Hansbrough, Taj Gibson e DeMarre Carroll.

Os dois últimos não tem talento pra ser uma 12ª escolha, o Hansbrough é bacana, é atlético, é agressivo, é doido, mas não ia ajudar em nada o ataque do Bobcats. Primeiro porque a especialidade dele não é ataque em 1-contra-1 de costas pra cesta, o que o Bobcats mais precisa, outra e mais importante é que ele rende muito mais em ataques velozes do que no famoso esquema meia-quadra-em-câmera-lenta que o Larry Brown usa em Charlotte.

Por isso, devido à falta de opções para as reais necessidades do time, não foi uma má escolha o Henderson. Com a idade batendo nas pernas do Raja Bell, não é nada mal pegar um cara que sabe defender (embora não seja o Bell), tem um bom arremesso de longa distância (embora não seja um especialista) e ainda é capaz de bater para dentro de vez em quando (isso ele sabe fazer mesmo).

Curioso foi o fato de que Henderson jogava em Duke. Rival mortal de North Carolina, faculdade da onde sairam o Larry Brown, técnico do time, Michael Jordan, o outro responsável pela escolha, além dos jogadores Raymond Felton e Sean May.

Indiana Pacers
Tyler Hansbrough, PF AJ Price, PG

O Tyler Hansbrough me lembra, não em jogo, mas por causa da carreira, o JJ Redick. Os dois fizeram um sucesso absurdo na NCAA, os dois venceram o Naismith Award, o mais importante prêmio individual universitário (Redick em 2006, Hansbrough em 2008) e mesmo assim chegaram no draft sem moral. Ambos tem um estilo de jogo que ninguém acredita que dará certo na NBA.

O Hasnbrough foi a 13ª, Redick tinha sido a 14ª, foram quase iguais nisso também. Mas como o Redick é um shooter e o Hansbrough um ala de força, as semelhanças param por aí. O Tyler Hansbrough, que tem o melhor apelido da NBA, Psycho T, é baixo demais para jogar de ala de força na NBA e por isso acham que ele nunca vai se acertar na liga.

Como o Carl Landry, Paul Millsap e Jason Maxiell estão aí pra provar, não é bem assim que funciona. O que o Psycho T precisa fazer é compensar a falta de altura com outras coisas, assim como os alas citados, mas isso não será problema: ele não tem o apelido de Psycho à toa, ele é doido mesmo. Ele tem uma energia acima da média, algo pra deixar o Chris Andersen impressionado. Então não tenho dúvidas de que ele conseguirá superar as dificuldades e ganhar seu espaço na NBA.

Claro que ele não vai ser um jogador fora de série como em North Carolina, mas pode ser o principal reserva do Pacers a partir da próxima temporada e será também um dos jogadores favoritos da torcida. E como já disse antes, quando falava do Bobcats, Hansbrough é feito para ataques velozes e é o que o Jim O'Brien faz no Pacers. Na correria a sua falta de altura para a posição será ainda mais irrelevante. Dois selos pra eles porque a escolha foi muito boa mas Hansbrough não vai deixar de ser um role player.

Na segunda rodada o Pacers escolheu o AJ Price. O pessoal do NBADraft.net é cruel e assim como comparou o DeRozan ao Carter, comparam o Price ao Jamaal Tinsley. É pegadinha pro torcedor do Pacers entrar em desespero, né? De qualquer forma, não é tão parecido assim, afinal o Price sabe arremessar, coisa que o Tinsley nunca se deu ao trabalho de aprender. Mas talvez a semelhança seja porque os dois são mais famosos pelas polêmicas, contusões e histórias fora da quadra do que pelo que fazem dentro dela.

Desconhecido do mês versão pocket: O Price perdeu parte da sua temporada de freshman em UConn por causa de uma hemorragia cerebral que quase o matou. Depois de recuperado foi suspenso do time por ter roubado laptops do campus. Depois de voltar bem para o time, sofreu uma grave contusão no joelho. Finalmente na sua temporada de senior ele jogou muito bem e foi o líder do time que tinha como destaque o Hasheem Thabeet.

Phoenix Suns
Earl Clark, SF/PF Taylor Griffin, PF

O Suns vai começar do zero. O Shaq já foi trocado, o Amar'e quase foi trocado pro Warriors (talvez ainda seja) e já dizem que o Nash é o próximo. Pra começar a reconstruir um time, no entanto, eles vão usar uma fórmula já testada por lá.

Dizem que Earl Clark é um jogador que pode jogar de ala de força mas que tem habilidade de armador, que é ótimo passador e tem uma tremenda visão de jogo. Pra quem não sacou, o Earl Clark é uma versão americana e mais forte do Boris Diaw.

Eu gostei do draft em princípio porque sempre gostei do Boris Diaw e acho que ele vai se dar muito bem no Suns caso eles continuem jogando na correria como ameaçaram no final da temporada passada. Jogadores com bom passe e visão de jogo são mais que essenciais pra quem quer jogar na velocidade sem cometer um turnover por posse de bola.

Mas se o Nash é o próximo a ser trocado, por que não pegar o Ty Lawson ou o Jrue Holiday? Mesmo se o Nash ficar, não seria bom pegar um armador em um raro draft lotado de armadores e deixá-los um ano aprendendo com o mestre?

O Clark não irá conseguir se destacar nesse ano se o time estiver em desmanche. Ele, assim como o Diaw, precisa de um time montado e com bons jogadores ao seu lado para que seu principal talento, envolver outros atletas, apareça. Uma boa escolha mas que não resolve em nada a situação do Suns.

Na segunda rodada o Suns escolheu o Taylor Griffin, irmão mais velho do Blake Griffin. O Griffin nem era cotado pra ser draftado mas deu sorte e acabou no Suns. De qualquer forma é capaz que o Suns perca a oportunidade de ter o jogador no elenco caso ele tope o convite do Harlem Globetrotters, que o escolheu na primeira posição de seu próprio draft. Por aqui dá pra saber porque ele foi escolhido.

Detroit Pistons
Austin Daye, SF
DaJuan Summers, SF
Jonas Jerebko, SF

A escolha de Austin Daye na 15ª posição foi uma das grandes surpresas da noite do draft. Era praticamente certo que o Pistons iria escolher o pivô BJ Mullens. Diversas fontes de sites gringos garantiam que o Joe Dumars tinha prometido para o pivô a vaga no Detroit. No fim das contas o pivozão acabou indo cair na escolha 24, um desastre financeiro pra ele.

No lugar dele o Pistons pegou o ala Austin Daye. Ele é bem alto (2,10m) para ser um ala da posição 3, o chamado SMALL Forward, mas é que seu estilo de jogo combina mais com essa posição. Ele tem um bom arremesso de longa distância e boa mobilidade. Em uma época em que o Rashard Lewis faz sucesso como ala de força, o Pistons pode ter draftado o Daye pensando em usá-lo da mesma forma.

Ele é alto o bastante para encarar alguns alas de força pela liga e até tem um jogo de costas para a cesta, embora seja um jogo de pivô falso, meio Rasheed Wallace, que consiste apenas em poucos ganchos e muitos arremessos sobre o marcador. Nada que vai fazer do Pistons um time vencedor, mas o garoto parece ser competente.

Com as outras duas escolhas de segundo round o Pistons pegou outros dois small forwards, DaJuan Summers e Jonas Jerebko. Os dois eram cotados para entrarem no final do primeiro round mas acabaram escapando. Dos dois, apostaria que Jerebko fica mais um tempo no estrangeiro e o Summers ganha espaço na rotação do Pistons como um bom reserva do Prince caso o Daye jogue mesmo de ala de força.

Chicago Bulls
James Johnson, SF
Taj Gibson, PF

Posso estar completamente errado, não tenho notícias para basear isso, mas acho que a escolha do James Johnson pelo Bulls foi uma forma de tentar ter alguém para substituir o Luol Deng. Conseguir trocar o Deng vai ser um desafio maior que trocar o Kwame Brown pelo Gasol, devido ao seu contrato milionário e a atuação abaixo do esperado na temporada passada. Mas pode acreditar que eles vão tentar um bocado.

E caso consigam essa façanha, vão conseguir fazer o que querem, que é manter o Ben Gordon, usar o John Salmons na posição 3 e aí usar o draftado James Johnson como seu imediato reserva. Mas mesmo que não aconteça tudo isso, o novo JJ foi uma boa escolha.

Primeiro porque será difícil manter o Ben Gordon, o que pode empurrar o John Salmons para a posição de segundo armador e o James Johnson volta a ser o reserva imediato, dessa vez do Luol Deng. O JJ é um ala alto mas que sabe driblar e tem um bom jogo de meia distância, mais ou menos como o próprio Deng, mas parece ser um pouco mais versátil, já que no basquete universitário atacava mais a cesta. Um Luol Deng barato era tudo o que o Bulls queria nesse draft, nada mal!

Já enjoamos de falar como falta gente que marque pontos na posição de ala de força ou pivô no Bulls. Isso melhorou no ano passado com a evolução do jogo do Noah, do Tyrus Thomas e a aquisição do Brad Miller, mas não custava nada ter mais uma opção para o banco e é isso que vai ser o Taj Gibson. Ele vai ser secundário no Bulls mas pode ser bem útil pra marcar uns pontinhos quando entrar.

Philadelphia 76ers
Jrue Holiday, PG


No dia do draft, o site RealGM colocava o Jrue Holiday como a quarta escolha do draft para o Sacramento Kings. No mesmo dia ele era listado como a escolha 19 para o Atlanta Hawks. E isso reflete o nível de certeza que se tem sobre como o nome mais esquisito do draft se sairá na NBA.

Na UCLA, onde jogou apenas um ano, se consagrou por ser um combo guard (aquele armador que joga nas posições 1 e 2) que infernizava a vida dos defensores com seus dribles e infiltrações. Mas apesar do bom desempenho, esperava-se bem mais depois de todo o nome que ele trazia de sua carreira colegial. Muitos dizem que porque ele jogava fora de posição em UCLA, mas é mais convincente a explicação de que ele tem um arremesso péssimo e os marcadores o desafiavam a arremessar ao invés de cair nos seus dribles.

Será que o Sixers precisa de mais um armador que não sabe arremessar de longe? Eles já não tem um time especialista nisso?

Com o risco de perder o Andre Miller, acho que o Sixers deveria ter escolhido o Ty Lawson, que é mais experiente, tem mais visão de jogo e tem velocidade o bastante pra manter o Sixers no seu jogo de contra-ataques. Seria uma escolha mais segura e com menos chances de dar errado.

Se o Andre Miller ficar no time o Holiday pode se destacar jogando na posição dois, aparecendo com qualidade nos contra-ataques, mas nessa situação o Holiday não deixará de ser apenas mais do mesmo, não traz nada do que o time precisa para evoluir.

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Foi bem divertida, embora ruim tecnicamente, a final da NBB ontem. Parabéns ao Flamengo e ao mais que odiado Marcelinho, o melhor jogador do campeonato. Para ler sobre a final você pode ir ao Rebote, BasketBrasil ou ao DraftBrasil.