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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Summer Leagues - Os veteranos


Holiday jogou sem Christmas dessa vez


No último post sobre as ligas de verão tratamos dos novatos de 2010. Para saber um pouco mais da história e para que servem esses pequenos torneios realizados no verão americano é só ver a introdução do mesmo post.

Nesse eu vou falar de outros tipos de jogador que atuaram em Orlando em Las Vegas, os veteranos. São os jogadores com experiência de NBA, a maioria novatos do ano passado, que estão lá para ganhar experiência ou apenas para colocar o que estão fazendo em treinos na prática. Como essa lista ficou também muito grande, a outra categoria, a criativa "outros", com os não-draftados e jogadores vindos da gringolândia, fica para o próximo post.

Veteranos
DeMar DeRozan e Sonny Weems (SG e SF - Toronto Raptors) - As vitórias nas Summer Leagues não querem dizer nada, mas as do Raptors animaram uma meia dúzia de torcedores do que estavam chorando a saída de Chris Bosh. Isso porque foram comandadas por dois dos mais jovens jogadores do elenco canadense, DeMar DeRozan e Sonny Weems, que tem tudo para ser a dupla titular em Toronto na próxima temporada. DeRozan briga por vaga com Leandrinho e Weems com Kleiza, mas os dois americanos tem a vantagem do bom entrosamento. Durante os jogos da liga de verão um sempre procurou o outro nos contra-ataques e nas pontes aéreas, formando a dupla mais mortal de Las Vegas.

Em entrevista o DeRozan foi bem humilde e admitiu que não estava totalmente pronto para a NBA no ano passado, mas que desde o fim da temporada passada está treinando sua defesa, suas bolas de três (tentou apenas 18 bolas de 3 em toda temporada apesar de ser um segundo armador) e seu arremesso após o drible, para poder criar mais arremessos para si mesmo.

Curioso que na temporada passada, sabendo dessas falhas em seu jogo, DeRozan era bem passivo durante os jogos, arriscava pouco, o que gerou algumas críticas. Mas foi essa consciência dos seus limites que fizeram com que acabasse a temporada 2009-10 com aproveitamento de 48% dos arremessos e menos de 1 turnover por jogo. Nas ligas de verão conseguiu colocar seus novos talentos em quadra e os números continuaram bons: 21 pontos por jogo, 58% de aproveitamento dos arremessos (espetacular!), 40% de acerto nas bolas de três e só 1 turnover por partida. Esperem grandes coisas dessa dupla para a próxima temporada, especialmente de DeMar DeRozan, que finalmente vai fazer jus à sua força nominal.

Marreese Speights (PF - Philadelphia 76ers) - Está sendo citado aqui porque foi muito bem na Summer League de Orlando, mas não fez nada de novo. Usou sua velocidade pouco comum para um jogador da posição 4 para fazer pontos na transição e foi agressivo nos rebotes, liderando a liga de Orlando com 9.2 rebotes por partida. Mas apesar do bom basquete apresentado não acho que seja um risco para a titularidade de Elton Brand. Se não roubou a sua vaga nem no esquema feito de contra-ataques que o Sixers tinha até o ano passado, não vai ser agora.

Jrue Holiday (PG - Philadelphia 76ers) - Apesar do Sr.Feriado não estar no mesmo time do Dionte Christmas nesse ano (Sr. Natal jogou a Summer League pelo Kings), rendeu bastante. Aliás, mais do que o esperado. Holiday, ao lado de Jonny Flynn, foram duas exceções em uma classe de draft cheia de armadores talentosos. Enquanto a maioria (Evans, Jennings, Curry, Lawson) arrebentava com tudo e todos, os dois pareciam irregulares e despreparados para o basquete profissional. Holiday, porém, animou um pouco a torcida do Sixers ao melhorar nos últimos 2 meses de temporada, e confirmou a evolução nas ligas de verão.

Liderou a Summer League de Orlando com 19.3 pontos e 6 assistências por partida. Mesclou bem momentos de atacar a cesta e distribuir o jogo e foi bem agressivo nos roubos de bola, especialmente cortando linhas de passe. Talvez alguns defeitos em seu jogo apareçam quando enfrentar jogadores de alto nível, afinal ele tem apenas 20 anos, mas é o armador do futuro para o 76ers.

Terrence Williams (PG/SG - New Jersey Nets) - Eu estou pouco me ferrando para o que o T-Will faça em quadra, desde que esteja no próximo campeonato de enterradas. Mas como está longe, podemos falar um pouco de basquete. Ele foi bem, teve boas médias de 18 pontos, 3 rebotes e 5 assistências, mas deixou bem claro pra todo mundo que apesar de ter tamanho de armador, não é um. Forçou muito o jogo individual e foi um dos motivos para que Derrick Favors arremessasse tão pouco nos primeiros jogos. Em compensação soube criar boas jogadas atacando a cesta. Jogando na posição dois, sem a obrigação de criar para os outros, e pegando os minutos que eram de Chris-Douglas Roberts, deve se destacar na próxima temporada.

James Harden (SG - Oklahoma City Thunder) - A barba mais legal da NBA sofre por ter sido escolhido antes do Tyreke Evans no draft. Não é porque um melhor veio depois que ele é ruim, pessoal. Muita gente esperava mais dele, mas o cara faz o que pedem: aparece do banco no Thunder defendendo bem, tem bom aproveitamento nos arremessos e faz um pouco de tudo. Jogou a Summer League de Orlando como um ótimo veterano e só não tem números mais expressivos na NBA porque joga na sombra de Kevin Durant.

BJ Mullens (C - Oklahoma City Thunder) - O Thunder tinha um dos melhores elencos dessa Summer League. Além de Harden tinha Eric Maynor, Kyle Weaver, Serge Ibaka, DJ White e BJ Mullens. Não à toa só perdeu um jogo e este por um ponto de diferença! Embora todos tenham jogado bem, meu destaque vai para o Mullens, que foi o que surpreendeu. O resto fez, com os números um pouco mais expressivos, pela qualidade dos adversários, o que já fazia na NBA no ano passado. Menos Mullens, que mal jogou na temporada passada e finalmente apareceu em Las Vegas, com 16 pontos e 6.3 rebotes por partida. Foi interessante ver ele atacar a cesta e conseguir ir para a linha do lance livre nos dias em que seus arremessos não estavam caindo. Pode ser uma ameaça à titularidade do novato Cole Aldrich que parecia tão certa no dia do draft.

Kosta Koufos (C - Minnesota Timberwolves) - O pivô que foi envolvido na troca de Al Jefferson para o Jazz foi parar no Wolves e terá concorrência de Darko Milicic, queridinho do GM David Kahn, e do recém-chegado Nikola Pekovic. Não será fácil ganhar uns minutos, mas ele começou bem com sólidas atuações nas ligas de verão. Depois de estrear mal com apenas 4 pontos, embalou três jogos com 13, 19 e 14 pontos. Destaque para o jogo contra o Magic em que teve, além dos 13 pontos, 11 rebotes e 4 tocos. Ainda é pouco, mas começa a lembrar um pouco o pivô que brilhou em Ohio State e foi MVP do campeonato europeu sub-18 de 2008 (quando jogou pela Grécia, apesar de ter nascido em território americano).

Gerald Henderson e Derrick Brown (SG - Charlotte Bobcats) - Com a perda de Raymond Felton para o New York Knicks, o Bobcats precisava mesmo é de um armador novo, já que o Larry Brown nunca confiou muito no DJ Augustin (lembram do "Ele não está jogando porque não defende e não arma jogadas, só isso"?), mas se esse problema ainda não foi resolvido, pelo menos Henderson e Brown podem suprir outra necessidade do Bobcats, o banco de reservas.

Nenhum vai chegar perto de ameaçar a vaga de titular do Stephen Jackson, mas será um bom desafogo ter caras que sabem marcar pontos no banco. Ambos até atuaram bem juntos em alguns jogos e a dupla deve também substituir Gerald Wallace durante os jogos. Brown terminou seus 5 jogos com média de 15 pontos e 7 rebotes, Henderson passou dos 20 pontos nas duas primeiras partidas e a partir daí atuou menos minutos, acabando com média de 14 pontos por jogo.

Reggie Williams (SG/SF - Golden State Warriors) - Em um post recente eu comentei que volta e meia o Don Nelson, técnico do Warriors, acha uns jogadores que ninguém nunca ouviu falar por aí e eles começam a jogar bem. Reggie Williams é um exemplo. Apareceu do nada na temporada passada para cobrir o lugar de algum contundido, jogou 24 partidas e saiu com média de 15 pontos por jogo, excelente para um novato. Foi para as ligas de verão e só não fez mais pontos que John Wall, com 22.6 por partida. Apesar de dividir espaço com outros achados de Don Nelson, além de Monta Ellis e Steph Curry, deve continuar fazendo seus pontos na orgia ofensiva do Warriors.

Omri Casspi (SF - Sacramento Kings) - Não sei porque ele estava lá. Provou mais de uma vez na temporada passada que já é um jogador formado e tem espaço garantido na NBA. Vai ver que jogar ligas de verão no basquete profissional americano é mais uma tradição milenar judaica que a gente nunca vai entender, nunca se sabe. Garantiu seus 14 pontos de média em apenas 24 minutos por partida.

JJ Hickson (PF - Cleveland Cavaliers) - A hora é de urgência em Cleveland, qualquer ser humano capaz de fazer pontos, pegar rebotes, dar assistências e/ou dar enterradas lindas o bastante para vender ingressos são bem vindos. Hickson teve bons momentos na temporada passada, mas eles eram sempre ao lado de LeBron, que cansava de dar assistências para o negão ir lá dar suas enterradas avassaladoras. Como seria sem 'Bron do lado?

Na Summer League de Las Vegas ele foi muito bem! Acabou com 19 pontos de média em 58% de aproveitamento e as duas médias foram prejudicadas por um jogo péssimo contra o Miami Heat (trauma da saída do LeBron, provavelmente). Até essa última partida ridícula, em que fez 4 pontos, estava com média de 24,3 pontos por jogo, o que bastaria para ele ser o cestinha do torneio. Ainda falta técnica, mas ele ataca a cesta como poucos, em um ritmo de ataque veloz ele pode se destacar.

Earl Clark (SF/PF - Phoenix Suns) - Earl Clark não se destacou tanto assim para merecer ser citado aqui, é verdade. Podem argumentar que o Jermaine Taylor do Rockets, por exemplo, jogou mais. Mas é que os 14 pontos e 5 rebotes do Clark são significativos pelo seu histórico.

O Clark foi a 14ª escolha do último draft e muitos apostavam que ele iria fazer chover no Suns. Afinal era um jogador alto, veloz e com visão de jogo que poderia ser um Boris Diaw melhorado. Alguns críticos gringos chegaram ao ponto de dizer que ele era completo o bastante para futuramente estar na briga de MVP da NBA! Exageros a parte, o mínimo que ele deveria ter conseguido era entrar na rotação do Phoenix Suns, mas o Jarron Collins entrava antes dele ver um minuto de jogo.

Como é até normal ter um pivete que só pega no tranco depois do segundo ano, fiquei atento ao Clark em Las Vegas e deu para ver uma evolução. Ainda está longe de brilhar, mas já chamou mais o jogo e pareceu mais à vontade em quadra. Sempre tenho dó desses caras que sofrem com as expectativas e espero que com mais tempo de quadra ele comece a se soltar. Quem já viu ele jogar bem torce por isso também.

OJ Mayo (SG (ou PG) Memphis Grizzlies) - Se o Casspi jogar já não fazia sentido, o que dizer de OJ Mayo? Mas calma, a explicação é boa. Um dos planos para a próxima temporada é usar Mayo como armador principal. Ele pegaria alguns dos minutos do pouco confiável Mike Conley na armação e abriria espaço para o recém-contratado Tony Allen e o novato Xavier Henry jogarem na posição 2. Ele estava em Las Vegas apenas para brincar de cosplay de Jason Kidd.

Só jogou duas partidas e deu três assistências em cada uma, não foi lá grande coisa, mas serviu pelo menos para tirar a poeira. Nas palavras do próprio OJ, "Hoje devo ser horrível nessa posição porque não jogo com a bola na mão o tempo todo há 3 anos, mas com treino e repetição eu posso ser bom". Vamos descobrir só na temporada regular, mas não colocaria meu dinheiro nessa aposta.

JR Smith (SG - Denver Nuggets) - E o JR Smith, o que estava fazendo lá? Quer virar armador? Tradição judaica? Não, "Estou aqui por amor ao basquete. Melhor vir aqui do que jogar em uma quadra qualquer". Boa, campeão.

...
Veteranos que não jogaram na Summer League
Joe Alexander (Chicago Bulls) - Sabia que todo novato tem um contrato garantido de apenas dois anos? A partir do terceiro é uma opção do time de manter o pivete ou não. Pouca gente sabe disso porque 99% dos novatos tem a opção do seu terceiro ano aprovada assim que possível. Apenas 7 (sete!) jogadores na história da NBA não tiveram essa opção aceita, são eles: Patrick O'Bryant, Yaroslav Korolev, Julius Hodge, o campeão Shannon Brown, JR Giddens, Morris Almond (que estava em Las Vegas) e, finalmente, Joe Alexander.

Ele começou a jogar basquete tarde, só no fim da adolescência e passou boa parte do seu colegial jogando basquete na China onde se mudou com o pai, que foi transferido para a filial chinesa da Nestlé. Voltou para os EUA para jogar basquete na universidade de West Virginia, onde ficou três anos. Apesar de parecer sem muitos fundamentos, era espetacular fisicamente (apesar de ser branco!) e baseado basicamente nisso, acabou virando a 8ª escolha do Draft de 2008 pelo Bucks, em que nunca fez absolutamente nada. No ano passado foi para o Bulls na troca do John Salmons e lá não fez nada também.

Estava inscrito na Summer League pelo Bulls mas não entrou em um jogo sequer, não achei uma notícia explicando a situação. Nada disso é sequer um pouco relevante para o blog, mas que carreira, hein?

Jonny Flynn (Minnesota Timberwolves) - Stephen Curry, Tyreke Evans e Brandon Jennings não jogaram as ligas de verão porque não precisam mais convencer ninguém, Flynn não jogou por uma contusão no quadril. De todos os armadores escolhidos no Top 10 do ano passado foi o que menos convenceu. Ainda acho o rapaz muito bom, a sensação de decepção vai mais do sucesso dos companheiros de draft do que pelas atuações dele em quadra. Ser irregular durante o ano de novato é comum, as exceções são os outros.

DeJuan Blair (San Antonio Spurs) - Geralmente um jogador toma como um elogio quando o seu time pede para ele não jogar uma Summer League. Ainda mais quando você foi um novato na temporada passsada. O gostinho é ainda mais especial quando se foi uma escolha de 2ª rodada como foi com Blair. Mas mesmo com o Spurs implorando para ele descansar e evitar o risco de uma contusão, ele insistiu e disse que queria jogar de qualquer jeito. Até foi inscrito, mas de última hora aceitou o pedido do time e não entrou em quadra. Greg Popovich agradece a vontade de jogar, mas fica mais feliz com a obediência.

...
Eu sei que tinha prometido os "outros" para esse post também, mas ficou grande demais, fica para o próximo. Nele irei falar de alguns jogadores que faltaram, inclusive o tão comentado e badalado Jeremy Lin, estrelinha da Summer League de Las Vegas que está bem próximo de acertar um contrato com o Golden State Warriors. Até lá!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Deu tudo errado

Jonny Flynn é a cara da breguice


Todo mundo fala do Clippers como time amaldiçoado e todos tem inúmeras razões para isso. Também dizem que agora o time B de Los Angeles passou parte de sua maldição para o Blazers, que sofre com uma contusão atrás da outra. Primeiro foi Oden, depois Pryzbilla, depois Outlaw, Webster, Rudy Fernandez, Brandon Roy e a última foi que o Pryzbilla precisa operar o joelho de novo porque se machucou ao tomar um tombo no chuveiro! Um tombo no chuveiro, não tem como fazer piada com isso porque o fato já é mais engraçado e patético que qualquer coisa que eu possa falar, a realidade sempre supera o humorista. Vale pelo menos lembrar um velho post com as contusões mais bizarras da NBA.

Ninguém na liga chega perto de Clippers e Blazers na hora do azar, isso é claro, mas se hoje existe um time que luta pelo terceiro lugar é o Timberwolves. Eles também entram no clube dos times que tem talento, que parecem fazer a coisa certa, mas que depois, por qualquer razão, essas decisões parecem as mais erradas possíveis.

Vamos resgatar o Wolves ao fim da temporada passada. Mais uma temporada ridícula, mas que serviu para consolidar Al Jefferson como um dos melhores pivôs da NBA (ano passado houve quem defendesse que o pivô só não foi para o All-Star Game pelas poucas vitórias do Wolves, mais ou menos o que houve com Brook Lopez nesse ano). Depois de vir como uma mera aposta na troca de Kevin Garnett, um cara que ninguém sabia se conseguiria render como pivô ou só como ala de força, Jefferson provou não só que era bom mas que conseguia ser bom toda noite. O time fedia e perdia, mas sempre com uma boa atuação do pivô. No caminho ele até desenvolveu um dos melhores "fakes" de um pivô na NBA. O fake não é aquele perfil ridículo que você tem no Orkut, é quando o jogador finge que vai arremessar mas não arremessa, um bom exemplo está nesse vídeo, onde ele engana o Yao Ming umas três vezes.

Sem contar que o cara tem um grande coração, vocês já viram quando ele beijou o Tim Thomas na boca depois que o Thomas, seu adversário, acertou uma bola de 3? Al Jefferson, o último romântico.



Além da ascenção e consolidação de Jefferson, a temporada passada serviu para todo mundo perceber que Kevin Love seria um dos poucos americanos brancos a vingar na liga. No começo pareceu uma decisão estranha ter trocado OJ Mayo por ele no dia do draft, mas alguns meses depois e Kevin Love já estava sendo a máquina de rebotes que é até hoje. Ao lado de outro branquelo, o David Lee, é um dos jogadores que você já conta com um double-double antes do cara pisar na quadra.

Essa temporada era para simbolizar uma nova franquia. Eles tinha uma dupla de garrafão bem sólida com Jefferson e Love para construir um time em volta, tinham escolhas boas de draft e ainda trocaram de General Manager, mandando embora Kevin McHale e contratando David Kahn, e um novo técnico, Kurt Rambis. Jogadores bons, jovens, garrafão forte e novo técnico era tudo para apostar no Wolves para ser o que Thunder e Grizzlies estão sendo.

Eu não conhecia o Kahn, mas gostei dele por ele ser o manager mais aberto que já apareceu na NBA. Lembro que não economizou entrevistas quando chegou, no dia do draft, e ainda mandou uma carta aos fãs do time (aquela meia dúzia de viúvas do Garnett) explicando todas as suas ações. E, para nossa surpresa, elas até que faziam sentido.

Uma dessas decisões era a contratação do Kurt Rambis, o cara mais brega da história da NBA. Ele tinha sido assistente técnico do Phil Jackson por anos e era muito cotado para ser o herdeiro do Zen Master no Lakers quando ele se aposentasse, mas preferiu assumir o risco de pegar um time que estava começando do zero. A escolha de Rambis, pelo o que Kahn disse (alguém consegue ler esse nome sem lembrar do Gengis Khan ou do Shao Khan?), foi porque se interessava em implantar o sistema de triângulos que o Rambis ajudava a aplicar no Lakers. Porém, ao mesmo tempo, o novo Manager disse que no dia do draft escolheu dois armadores, Jonny Flynn e Ricky Rubio, porque queria copiar a combinação de Isiah Thomas e Joe Dumars que o Pistons do fim dos anos 80 usava.

Essa indecisão entre estilos de jogo parecia o primeiro sinal de que a temporada do Wolves poderia não dar certo, mas acabou não dando em nada porque outra coisa deu errado. Não dá pra usar os dois armadores juntos se eles nem estão no mesmo país. Ter a sorte de conseguir draftar o jogador mais esperado dos últimos anos veio seguida do azar de o pirralho espanhol decidir passar mais tempo na Espanha. O experimento Flynn-Rubio ficou adiado por pelo menos um ano, talvez dois e talvez para nunca, já que dizem que é possível que o Wolves troque os direitos do Rubio antes que ele vá para os EUA.

Kahn, Love, Jefferson, Rambis e Flynn. Tudo parecia lindo e promissor até começar a cheirar mal. Vamos por partes:

Al Jefferson: Mesmo talentoso e romântico, ele fedeu nessa temporada. Começou muito devagar e por um tempo achamos que era porque ele não fez pré-temporada, afinal estava voltando de contusão e parecia ainda fora de forma. Mas o tempo foi passando, passando e agora, a um mês do fim da temporada, ele só jogou no mesmo nível da temporada passada um punhado de vezes, uma decepção. Só não vai ganhar o prêmio Monstars de jogador que mais involuiu na temporada porque o outro Jefferson, o Richard, conseguiu ser pior. Se ano passado ele era talvez o melhor pivô do Oeste, nessa temporada ficou atrás de, no mínimo, Nenê, Kaman e Bynum.

David Kahn: Errou ao chegar no dia do draft antes de ter escolhido um técnico, depois falhou (tá bom que não foi só culpa dele, mas falhou) ao não conseguir trazer Rubio para a NBA. Depois ainda deu o azar de a sua outra escolha, Jonny Flynn, não estar nem perto de ser o melhor armador do draft. Muitos acreditavam nisso na época da escolha e até por isso não dá pra jogar toda a culpa no Kahn, mas é no mínimo um baita azar que, alguns meses depois, Flynn seja cotado para ter um futuro menos promissor que Steph Curry, Brandon Jennings, Ty Lawson e Darren Collison, todos outros armadores principais escolhidos depois de Flynn. Lawson chegou até a ser escolhido pelo Wolves e trocado por uma escolha futura.

Jonnt Flynn: Como acabei de dizer, está longe de ser o melhor armador do draft, mas nem é pelo ranking entre os novatos que ele decepciona. Mesmo sem comparar com outros e só olhando a sua atuação no Wolves, parece que ele não se achou dentro da equipe. Às vezes segura demais a bola, às vezes quer ser herói no final dos jogos e por muitas vezes lembra o lado ruim do TJ Ford por ter uma velocidade absurda e não saber usar isso para mudar o jogo. Talvez acabe sendo melhor que outros armadores de sua classe, mas é hoje, ao lado de Jrue Holiday, o armador mais cru, despreparado para a NBA, do Draft 2009.

Kevin Love: Até o que está dando certo, dá errado. Love continua jogando bem, sendo um ótimo passador, reboteiro e tudo mais, mas não conseguiu se entrosar direito com Al Jefferson e acabou sendo opção do técnico para o banco de reservas. Com isso Love divide menos tempo com Jefferson e deixa o quinteto que vem do banco um pouco mais forte. Uma solução até inteligente, mas até onde vai o Wolves se Love e Jefferson não sabem jogar juntos? Em entrevista recente Love jogou boa parte da culpa no técnico Kurt Rambis.

Kurt Rambis: Sempre sobra para o técnico. Como havíamos previsto no começo da temporada, aplicar o sistema de triângulos em um time jovem como o Wolves seria um desafio. O Señor Amor jogou a culpa no técnico porque disse que hoje, depois de mais de 60 jogos na temporada, o time ainda não sabe direito o que fazer em quadra. Não sabe como se movimentar, quando vão receber a bola, nada, um bando de gente perdida como vestibulandos em dúvida entre Direito, Artes Plásticas e Engenharia Química.

O Sistema de Triângulos é um conjunto de movimentações básicas dos jogadores, e nessa movimentação costumam existir poucas jogadas desenhadas e fechadas, em geral é um ataque que funciona reagindo às ações da defesa. Então costuma funcionar com jogadores que sabem ler a defesa, que sabem explorar bons matchups, que tem paciência e que não se desesperam esperando o momento e o lugar certo para atacar. Ao contrário disso, o Wolves é um time apressado, que pensa pouco e que tem o terceiro maior ritmo de jogo da NBA, é muita correria para poder dar certo.

Como se não bastasse o ataque ser perdido, a defesa é um lixo. Em pontos sofridos a cada 100 posses de bola o time tem a 3ª pior defesa da NBA. Para se ter uma idéia de como o Rambis não sabe mais o que fazer com esse time, no último jogo contra o Nuggets ele mandou Kevin Love marcar o Carmelo Anthony! Love olhou assustado para o treinador e respondeu "Você tem certeza?". Carmelo Anthony acabou cestinha do jogo e o Nuggets venceu.

Se haviam expectativas altas para tanta gente e tudo deu errado, é ainda mais irônico que o lado positivo dessa temporada tenha sido um jogador por quem não se dava mais nada, Corey Brewer. O ala foi espetacular naquele time da Florida bi-campeão universitário e esperava-se muito dele na NBA. Acabou passando anos sendo um cara apenas mediano e nessa temporada explodiu. Enterrou na cabeça do Derek Fisher, teve muitos jogos acima dos 20 pontos e começou a mostrar um pouco do potencial defensivo que tinha na sua carreira universitária.

Outro destaque positivo dessa temporada, embora bem menor que Brewer, é Darko Milicic. O "Human Victory Cigar" foi contratado como uma aposta final de David Kahn, ele disse que sempre achou que Darko tinha algum talento e queria dar uma última chance para ele, que já disse que deve voltar para a Europa na próxima temporada. Em poucos jogos pelo Wolves o Darko já foi titular, defendeu bem, pegou vários rebotes e tem mostrado ser bem útil. Não sei se ele vai se sentir bem o bastante para querer ficar na NBA, mas não dá pra dizer que foi uma aposta ruim, até porque eles só perderam o Brian Cardinal pra isso. O grande problema do Darko foi mesmo aquele draft onde ele foi a segunda escolha. Se ele fosse o pivô regular que é e tivesse sido escolhido na posição 40 do draft ele seria considerado hoje um ótimo reserva com potencial para ser titular em alguns times. Melhor ser reserva bom do que ser uma piada ambulante, certeza disso.

Com essa temporada do Wolves no lixo fica a pergunta para a próxima temporada. Dará certo da próxima vez? Difícil prever, tudo depende do time entender melhor seu esquema tático, defender melhor e da vinda de Rubio para os EUA. Mas o futuro não é tão negro assim, na pior das hipóteses eles tem todos esses jovens bons jogadores para trocar e começar tudo de novo, dessa vez torcendo para que a medalha de bronze da maldição da NBA já tenha mudado de mãos.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Os meus reservas

- oi eu sou um allstar....rs

Na última quinta-feira à noite finalmente foram divulgados os reservas para o All-Star Game. E se ontem pitacamos (existe o verbo pitacar, do latim, pitacus?) sobre as escolhas para o jogo dos novatos, hoje é dia de comentar os escolhidos para o principal evento do fim de semana, o jogo das estrelas no domingo à noite.

Os escolhidos oficiais foram:
Leste: Derrick Rose (Bulls), Rajon Rondo (Celtics), Paul Pierce (Celtics), Joe Johnson (Hawks), Gerald Wallace (Bobcats), Chris Bosh (Raptors) e Al Horford (Hawks)

Oeste: Chris Paul (Hornets), Deron Williams (Jazz), Brandon Roy (Blazers), Kevin Durant (Thunder), Dirk Nowitzki (Mavericks), Zach Randolph (Grizzlies) e Pau Gasol (Lakers)

A coisa mais difícil na hora de escolher os reservas é que cada um usa um critério diferente. Tem gente que acha que não se deve escolher jogador de time que está perdendo, outros acham que deve-se votar em quem dá show, outros que deve-se levar em consideração também a história do jogador e não só essa primeira metade da temporada. Se com critérios iguais já teríamos horas e horas de discussões, imagina quando não se concorda nem no que levar em consideração antes dos votos!

Pra mim a coisa é bem simples. Os titulares premiam o gosto (duvidoso) dos torcedores. Cada um vota em quem dá na telha, com os seus critérios, e eles vão lá jogar. Até por isso o Iverson, mesmo não sendo nem o terceiro melhor jogador do seu time, deveria ir jogar sem pedir desculpa pra ninguém. O público quer ver ele jogar, gastou tempo da sua vida indo lá votar pra ele ir, então que ele jogue e pronto.

Já os reservas são votos dos técnicos e aqui me coloco no lugar deles pra escolher os meus. Meus critérios são os seguintes: sendo um evento que acontece uma vez por temporada, deve premiar os melhores da temporada, ignorando a história que cada um tem dentro da NBA. A vaga no jogo das estrelas é um prêmio individual que premia a atuação de um jogador, não do seu time, para isso já existe aquela coisa chamada "playoff", então não acho certo tirar caras como o Brook Lopez ou o Monta Ellis da discussão só porque seus times fedem bem fedido. Considero, porém, o resultado do time, o fato do cara jogar bonito e até a história do jogador critérios justos de desempate, quando você fica preso entre dois jogadores e uma vaga.

Sendo assim e lembrando que deve-se escolher dois armadores, dois alas, um pivô e dois jogadores de qualquer posição, esses são meus votos:

Leste
Armadores: Rajon Rondo e Joe Johnson
Deixa eu aproveitar esse espaço pra babar ovo no Rondo. Ele é o melhor armador do Leste, o cara que está carregando o Celtics nas costas até agora na temporada, tem meu voto para entrar no time de defesa da NBA, é o melhor armador em rebotes desde os tempos áureos do Jason Kidd e vai ser um dos grandes armadores da próxima década. Ele também é bonito, sarado e cheira melhor do que pizza.

Pelo Joe Johnson eu não estou tão apaixonado assim, mas discreto como sempre, tem sido um dos melhores jogadores do Leste. Ele sempre joga mal no All-Star Game mas a vaga é dele, nem precisa pensar duas vezes.

Alas: Gerald Wallace e Chris Bosh
O Gerald Wallace está jogando demais nessa temporada, não fosse aquele número 23 do Cavs que eu esqueci o nome ele poderia até ser titular. Com seu jeito insano de pular com tudo a 100 por hora para um toco quando o seu time já está vencendo por 20, ele é o cara ideal para jogar para o Larry Brown e, assim como o Rondo, tem o meu voto para a seleção de defesa da temporada. Também será legal vê-lo pelas suas enterradas e pelo fator histórico, ele é o único Bobcat remanescente da primeira temporada da equipe e ontem se tornou o primeiro All-Star da história da franquia.

O Chris Bosh deveria estar no time titular ao invés do Garnett, que perdeu grande parte da temporada machucado. Mas tudo bem, fica na reserva mesmo. Ele tem seus defeitos, não acho que ele nunca vai ser tão bom quanto o KG era em seus melhores dias, mas isso não faz dele um jogador ruim, longe disso. Com aquela velocidade toda ele é um dos alas de força mais difíceis de parar no 1-contra-1.

Pivô: David Lee
Aqui é um voto difícil. Brook Lopez e Andrew Bogut são pivôs muito bons e até mereciam votos, mas eu acho que os dois são ainda muito irregulares, o que me faz pensar duas vezes. E aí tem o David Lee, que tem na regularidade seu maior trunfo nos últimos 3 anos, além de sempre melhorar alguns aspectos do seu jogo. O Lee não é um pivô nato mas joga assim no Knicks e joga bem mesmo quando enfrenta caras muito mais fortes do que ele. Entre Lopez, Bogut e Lee, apenas uma certeza absoluta: não votaria no Al Horford.

Os outros 2: Josh Smith e Derrick Rose
O Josh Smith foi uma escolha fácil. Amadureceu seu jogo em relação às temporadas passadas e hoje consegue ser um bom defensor, atlético, mestre em tocos e sem estragar tudo forçando arremessos de longa distância no ataque. Assumiu seu papel na equipe e tem sido bastante regular, escolha fácil. Quero ver como o Al Horford vai ter coragem de olhar pra cara do J-Smoove depois dessa inversão de valores no Hawks, se o time tem dois all-stars eles são Joe Johnson e Josh Smith. Só.

Os técnicos escolheram o Paul Pierce, eu quase escolhi o Andre Iguodala mas acho que a melhor escolha é mesmo o Derrick Rose. Tanto ele quando Iggy já tiveram momentos bons e outros nem tanto na temporada mas o bom momento do Rose impressionou mais. Aos poucos ele tem achado a medida certa entre armar para os outros jogadores da equipe e saber quando ele mesmo deve chamar o jogo para marcar seus pontos.



Oeste
Armadores: Chris Paul e Deron Williams
Precisa realmente explicar a escolha do Chris Paul? Já não basta ele estar mantendo os números e a qualidade das duas últimas temporadas, quando ele foi candidato sério ao prêmio de MVP? Pra completar ele ainda finalmente conseguiu colocar o Hornets na zona de playoff mesmo com o resto do time sendo um lixo e a diretoria tentando trocar todo mundo por escolhas de draft de 2020 para economizar uns trocados. Votar no Chris Paul para o All-Star é tão óbvio quanto votar na Alinne Moraes para as 100+ da VIP.

Dá pra acreditar que o Chris Paul vai para o seu terceiro All-Star e o Deron Williams ainda não tinha ido pra nenhum? Muito esquisito, mas erro corrigido. Deron foi o único ponto positivo do Jazz durante um grande período de tempo em que o Jazz era um time apático e lento, e agora que eles resolveram acordar e estão jogando o melhor basquete do Oeste ao lado do Nuggets ele continua sendo o melhor da equipe. Em uma entrevista divulgada hoje pela revista Dime, o novato Jonny Flynn elegeu o Deron Williams como o armador mais difícil de se marcar na NBA. "Ele é muito alto, é forte, dribla e sabe arremessar de longe". Bem-vindo à NBA, Jonny.

Alas: Kevin Durant e Dirk Nowitzki
Pra falar a verdade esses foram os meus votos no site para os titulares. Se meus votos tivessem feito a diferença eu estaria aqui votando em Duncan e Carmelo como reservas, então tá tudo certo.

O Durant tá jogando tão bem, mas tão bem, que ele foi a escolha de All-Star mais mal colocada na tabela que eu já vi nos últimos anos. Os técnicos levam bem a sério essa história de chamar caras de times vencedores e mesmo assim escolheram o Durant com o seu Oklahoma City Thunder em 11º no Oeste. Claro que deve ter ajudado o fato do Oeste ser tão difícil que o Thunder, apesar da colocação, está com 53% de aproveitamento, mas mesmo assim é uma baita conquista do KD. E bastante merecida. Ele tá jogando muito, fazendo muitos pontos e ainda é um pirralho, o puto nasceu em 88!

O Nowitzki é o Nowitzki. Sempre bom, sempre fazendo muitos pontos, sempre abusando de qualquer marcador, alto ou baixo, que tente marcá-lo, e sempre acertando aqueles arremessos impossíveis. Só precisa tomar cuidado para o arco do seu arremesso não bater no telão do estádio do Dallas Cowboys onde será feito o All-Star Game.

Pivô: Chris Kaman
A NBA sacaneou todos os pivôs do Oeste nessa temporada. Antes de começar a temporada todo mundo queria saber quem ia herdar a vaga deixada por Shaq e Yao, cogitou-se Al Jefferson, Chris Kaman e Andrew Bynum. Aí vão lá e colocam o ala Amar'e Stoudemire na lista de votos como pivô e ele ganha fácil. Aí na hora dos técnicos votarem eles liberam o Pau Gasol, que é ala de força no Lakers, para ser votado como pivô. Ganhou também.

Entre Gasol e Kaman eu acho o espanhol muito mais jogador, mas o fato é que nessa temporada ele não tem jogado nessa posição. O David Lee não é um pivô nato mas pelo menos joga por lá, o Gasol poderia jogar, mas não joga. Pela sacanagem e pelo talento incrível do Kaman, meu voto é nele.

Os outros 2: Zach Randolph e Tyreke Evans
Fiquei numa dúvida cruel entre Pau Gasol e Zach Randolph, é difícil apontar qualquer defeito na temporada dos dois, mas acho que o gordinho merece mais. Se na qualidade ficou difícil de escolher, tinha que apelar para outros motivos. O Gasol já jogou outros jogos das estrelas, já é campeão e vai disputar outro título nesse ano, é um cara consagrado. O Randolph conseguiu finalmente sair, com méritos, da sua fama de gordo preguiçoso, de talento desperdiçado, para ser o principal motivo do Grizzlies estar indo para os playoffs. Quem diria que o Grizzlies poderia estar na frente de Suns, Hornets, Rockets e Thunder?

Randolph é o líder da NBA em rebotes ofensivos e joga com uma vontade e determinação que eu nunca tinha visto antes nele. Outro dia o Grizzlies venceu um jogo apertado porque o Randolph defendeu bem, depois pegou um rebote ofensivo na raça e deu um passe picado lindo para o Rudy Gay. Defesa, vontade e toque de bola em menos de 2 minutos, esse é o novo Zach Randolph com seus Monstars Reverso. Merece muito uma vaga!

Por fim minha última escolha é o novato Tyreke Evans. Não seria nenhum crime ou injustiça tirar ele e no lugar colocar Brandon Roy, Monta Ellis ou Chauncey Billups, mas são poucas vagas pra muito jogador bom e de todos quem tem feito a melhor temporada é o novato. Quer dizer, será que ele é um novato mesmo? O cara sabe perfeitamente quando deve chamar o jogo pra ele, quando deve passar para os companheiros, ele é um líder dentro de quadra e todo mundo o respeita, ele sabe infiltrar, arremessar de meia distância e de longe, nunca se afoba, joga bem na posição 1 com o Kevin Martin do lado (esse tem jogado mal!) ou na posição 2 com o Beno Udrih armando. Acerta arremessos em momentos decisivos dos jogos e o Paul Westphal, técnico do Kings, disse que acha seu pupilo desde já um dos melhores marcadores de perímetro da NBA.

Como é possível um moleque fazer tudo isso nos seus primeiros meses de NBA? Deve ser gato! Tem alguma maracutaia que a gente ainda não percebeu! Ele é o time sub-20 com 30 anos de Gana.

Um exemplo claro de novato é o Jonny Flynn. Talentoso pra caramba mas tem dias que faz 20 e outros que faz 5 pontos. Parece às vezes muito confiante e depois bastante inseguro. Confessou na entrevista que eu citei antes para a Dime que ficou meio nervoso quando viu pela primeira vez seu ídolo Allen Iverson e contou em outra ocasião que quando enfrentava o Lakers tentou dar um passe picado e o Artest roubou a bola só esticando a mão. Flynn saiu rindo da jogada e disse depois para seus companheiros que nunca na vida dele imaginou que alguém seria capaz de alcançar aquela bola, muito menos de agarrar ela e sair com a redonda dominada. Esse é o tipo de aprendizado básico de um novato que o Tyreke Evans parece ter pulado como se fosse aquela baba de primeira fase do Super Mario do SNES.

Esses foram os meus votos, se o Danilo tiver um tempo aparece por aqui colocando as escolhas dele. Pitaquem (o verbo tem que existir!) na caixa de comentários!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Foi namorar, perdeu o lugar

Ricky Rubio dá em si mesmo um belo de um abraço por trás


Todo mundo sabe dos apuros pelos quais passa um homem apaixonado por uma garota que não lhe dá bola. Por parte do rapaz, há sempre muito esforço, cuidado e uma certa dose de humilhação. O poder está todo nas mãos da garota, que pode fazer o que quiser com a decisão que lhe cabe. Por fim, o homem apaixonado consegue o que queria ou então toma uma porta na cara e segue a vida, como se nada tivesse acontecido.

Não tem como não nos identificarmos com os derrotados que não conseguem as menininhas e que tomam portadas no nariz (até porque eu ainda me lembro da vez em que você bateu a porta na minha cara, garota!), a gente dá aquele sorriso cheio de pena e perdoa todos os erros desses sujeitos, todas as humilhações e a perda de tempo de cada um dos que tentaram e falharam em suas consquistas amorosas.

Na lista de fracassados, podemos acrescentar agora um novo nome: David Kahn, engravatado responsável pelo Wolves. Após três viagens para a Espanha num período de dois meses tentando conquistar o coraçãozinho de Ricky Rubio, Kahn volta para casa como um dos nossos, um fracassado de coração partido e mãos abanando. Essas ninfetas são sempre as mais difíceis mesmo, deveriam ter avisado o pobre do Kahn, que foi pensando ser capaz de conquistar o ingênuo pirralho espanhol. Não deu certo.

Na época do draft, a multa da recisão de contrato do Rubio já era uma preocupação para todas as equipes. Saía por uma bagatela de 8 milhões de dólares, sendo que as equipes da NBA só podem entrar com 500 mil mangos para ajudar nesse valor. Basicamente, o que se pede é que Ricky Rubio tire 7 milhões e meio de dólares das próprias orelhas.

Foi por isso que David Kahn, todo galanteador, foi tentar provar para o menino que esse dinheiro surge fácil quando se está na NBA. O Rubio pensava em ser a primeira escolha do draft, o que aumentaria seu salário e lhe daria um marketing inacreditável. Draftado apenas na quinta escolha por um time horrível, desconhecido, enfiado em Minessota, sem visibilidade, com um salário menor, e pior de tudo, dividindo minutos com outro armador draftado logo depois dele, Jonny Flynn, ficou difícil para o Rubio acreditar que seria capaz de bancar a multa para interromper seu contrato.

Kahn é um homem apaixonado. Falou em carta aberta aos fãs, explicando que Rubio e Flynn jogariam juntos. Além disso, jurou de pé junto que o armador espanhol seria o titular absoluto da equipe desde o primeiro dia, o que é o equivalente a prometer para uma garota que ela será a titular do harém (irrecusável, vai!). Conseguiu negociar um abatimento na multa pela recisão do contrato, deixando em apenas 5 milhões. Garantiu um amistoso do Wolves contra a equipe que detém o contrato, o Joventut, com toda a renda adquirida indo para financiar a multa. Arrumou uma série de patrocinadores que bancariam o Rubio nos Estados Unidos, através de investimentos e empréstimos, permitindo ao jogador apenas um mínimo de gastos e deixando que ele mantivesse grande parte do seu salário bem gordinho de 15 milhões por 4 anos.

Cada um desses mimos, que foram como versões de Itu de bombons recheados, vieram com muito esforço e negociação. Foi um processo lento e gradual, e só em viagens para a Espanha o David Kahn poderia ter pagado umas trezentas multas contratuais. Quando o Ricky Rubio estava cercado de presentes, segurança e um amor incondicional, foi dormir e acordou no dia seguinte com certeza de que não iria pra NBA. Resolveu dar um pé na bunda do Kahn.

O Barcelona topou pagar a multa reduzida de 5 milhões pelo armador-ninfeta mais cobiçado do planeta, e o guri simplesmente resolveu ficar por lá quando tudo estava pronto para que ele fosse pra NBA. Alegou que sempre quis jogar na NBA, mas que essa mudança nesse momento complicaria demais a sua vida e blá, blá, blá. É a versão esportiva de "o problema não é você, sou eu, acabei de sair de um relacionamento e quero um tempo para mim".

O motivo pode até ter sido financeiro, já que no Barcelona o Ricky Rubio vai poder enfiar seus milhões de euros nas orelhas e comprar seu primeiro carro, casa, piscina e cartucho do Pokémon, enquanto no Wolves receberia um dinheiro mais modesto. No entanto, Rubio seria free agent em 2014, com apenas 23 anos, e estaria apto a assinar um contrato biliardário. Seu primeiro contrato na NBA sempre terá o mesmo valor mais-ou-menos, não importa quanto ele espere, e correr agora para o Wolves apenas encurta sua espera por se tornar realmente endinheirado.

A única explicação que realmente faz sentido para o jovem Rubio ficar na Espanha é medo. Talvez ele ache que não está pronto para a NBA nesse momento, que não tem físico ou maturidade, e que sua imagem ficará arrasada se ele feder no Wolves. Provavelmente ele teme ter uma temporada mais-ou-menos num time que ninguém acompanha, não conseguir assinar um novo contrato bom o bastante e não cair nas graças da mídia. Tudo a maior burrice: o Wolves lhe garantiu a melhor escola que um jogador de basquete pode querer.

O time vai jogar um basquete de pura correria, o que mostraria os talentos do Rubio em seu explendor. Ele seria titular desde o começo, comandado por um técnico que tem ordem para deixar a pirralhada em quadra aprendendo, mesmo que isso custe a eles algumas derrotas a mais. O time tem pouca visibilidade e, portanto, Rubio teria que lidar com pouca pressão - seus acertos apareceriam no Top 10 da NBA.com, mas seus erros estariam meio camuflados. E tudo isso durante quatro anos, tempo o bastante para ele se tornar um jogador melhor e, aí sim, encontrar um time que lhe dê toda a visibilidade que ele quer (Knicks, alguém?).

Dá pra imaginar situação mais perfeita para um pirralho-sensação? Mas não, Rubio preferiu não mudar de ares, ficar num basquete mais fraco, não trabalhar seu físico, não ter minutos garantidos. Pior que isso: Rubio deixou Kahn de coração partido e o engravatado, com a elegância digna dos grandes fracassados, partiu para outra e ameaçou sua ex-paixão com o típico desdém dos rejeitados. Ou seja, Kahn avisou que Jonny Flynn será o titular absoluto e que, quando Rubio decidir ir para a NBA, Flynn já terá a vaga e estará muito adiantado em questão de aprendizado.

O armador espanhol ficará ao menos 2 anos no Barcelona, quando então a multa de recisão cai um pouco e fica mais pagável. Mas pode acabar ficando lá por 3 anos, se quiser, enquanto o Flynn vai certamente consagrar-se como um dos grandes armadores da NBA. Já chutou traseiros nas Ligas de Verão, de que o Rubio já não participou, e só tem a crescer no Wolves, que é a melhor escola de pirralhos atualmente da NBA: conjunto de incentivo, tempo de quadra, e pressão zero.

Mas Kahn não parou por aí em sua esnobada: no maior estilo "você não me quer, mas olha quem tá ligadão na minha!', o Wolves acabou de assinar Ramon Sessions com um contrato de 16 milhões por 4 anos. Sessions saiu de "quem diabos é esse maluco" para tornar-se um dos armadores com mais potencial na NBA, capaz de reger qualquer time, correr como um maluco, e colocar a bola nas mãos de quem precisa. Desde que ele não tenha que arremessar, tudo sempre ficará bem e é uma delícia ver o garoto jogar. Pois bem, depois de ser disputado por Knicks, Heat e outras equipes, tem tudo para ir diretamente para o Wolves. O Bucks ainda pode cobrir a proposta para ficar com o armador, mas levando em conta o fato de que eles draftaram Brandon Jennings (mais um armador-ninfeta-sensação) e já têm no elenco Luke Ridnour e o surpreendentemente bom Roko Ukic, não vejo muito motivo para que eles o façam.

Ramon Sessions tem tudo para brilhar em Minessota. Quando lhe deram minutos e a bola nas mãos no Bucks, fez jogadas incríveis e colecionou alguns recordes de assistências. Com tempo de quadra e carta branca, Sessions e Flynn formarão uma dupla que atormentará a NBA. Se Kahn mantiver seu critério, os dois devem inclusive jogar juntos em quadra, ao mesmo tempo, durante boa parte das partidas. Será maravilhoso de ver e um motivo para, desde já, arrumar um modo de acompanhar alguns jogos do Wolves (alguém aí vu o Wolves jogar desde os tempos do Kevin Garnett?).

Quando o Ricky Rubio chegar na NBA, em dois ou três anos, encontrará um time jovem com dois excelentes armadores, padrão de jogo, time entrosado, e um Kahn puto da vida e ressentido que simplesmente continuou a vida, ao invés de chorar pelos cantos. É isso aí, Kahn, mostra pra essas ninfetas metidas à besta do que você é capaz. Esse namorinho do Rubio com o Barcelona pode sair caro demais para sua carreira. Talvez sua grande chance tenha sido jogada fora e não haja mais espaço quando ele quiser entrar na brincadeira. Torço pelo garoto, de verdade, mas vejo suas chances de dar certo na NBA seriamente comprometidas. O Kahn fez o que deu, e com a consciência limpa pode um dia cantar o sucesso da Kelly Key, "isso é para você aprender a nunca mais me esnobar, baba baby, baby baba", ou algo assim. Filosofia pura, a Kelly Chave manja das coisas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Uma carta aos fãs (se é que eles existem)

Infelizmente o Kurt Rambis não será tão estiloso no banco do Wolves

Não é sempre que vemos isso, mas o novo General Manager do Timberwolves, David Kahn, fez uma carta aos torcedores da equipe em que explica como e porque escolheu Kurt Rambis como novo técnico da equipe.

O Kahn, apesar de algumas coisas já questionáveis que fez, do nome de vilão do Mortal Kombat e de goleiro alemão, está se saindo um dos managers mais comunicativos e interessantes dos últimos tempos. Ele não tem Twitter, não tem blog, mas sempre que questionam alguma atitude sua ele vai à imprensa dar a resposta. Logo no dia do draft explicou porque pegou tantos armadores, depois sempre foi atualizando a situação do Ricky Rubio e divulgou até as promessas de titularidade e minutos por jogo que tem feito para o espanhol.

Não sei exatamente se isso é bom ou ruim. Pra gente é bom, vendo as justificativas dos caras que tomam as decisões fica mais fácil dar uma opinião. Mas para ele não sei se essa super exposição é boa. Responder às críticas e questionamentos implicam em mais críticas e mais questionamentos que podem um dia transformar questões triviais em assuntos grandes. Para sorte dele, ele faz isso no Wolves e ninguém tá lá se importando muito com o que o Wolves faz ou deixa de fazer. Ter a mesma atitude no Knicks poderia ser mais problemático.

A primeira atitude questionável do David Kahn no comando do Wolves foi quando draftou Ricky Rubio e Jonny Flynn, ambos armadores, no draft. A sua justificativa era que ele achava que os dois, apesar de só jogarem na posição 1, poderiam jogar juntos, como jogavam Joe Dumars e Isiah Thomas no Pistons do começo dos anos 90.

Na teoria tá beleza, na prática não agradou muito o Ricky Rubio, que, receoso, talvez prefira passar mais tempo na Europa se enchendo de grana e sendo um jogador importante em seu time. Outra coisa é que na época o Wolves não tinha técnico e tinha dificuldade para achar um que agradasse, depois dessa escolha e das declarações do Kahn, a busca teria que ser por um técnico que também acreditasse que dois armadores jogando juntos pudesse dar certo. Pelo número de times que fazem isso regularmente na NBA, não seria tão fácil.

A busca durou meses e meses. Passou por inúmeros nomes até chegar em três finalistas: Mark Jackson, ex-armador do Pacers que atualmente é comentarista na TV, Elston Turner, ex-jogador dos anos 80 e assistente técnico do Houston Rockets, e por fim Kurt Rambis, ex-jogador do Lakers multi-campeão dos anos 80 ao lado de Magic, Kareen e cia. e que até a temporada passada trabalhava como assistente técnico do Phil Jackson no Lakers.

Até uma semana atrás o Mark Jackson parecia liderar a corrida. Eu não acreditava no Rambis porque, como o Danilo disse um tempo atrás, dizia-se que ele poderia herdar o cargo de técnico do Lakers na temporada que vem se o Phil Jackson se aposentasse, o que é bem provável.

Porém, o David Kahn conseguiu convencer o Rambis a abandonar a expectativa de treinar um time pronto pela chance de ser o responsável por erguer uma franquia quase que do zero. Nas palavras de Kahn em sua carta:

"Estou completamente confiante de que Kurt é o homem certo para ajudar a nos transformar em um time que possa brigar pelo título. Kurt foi treinado pelo Pat Riley e trabalhou com o Phil Jackson, os dois melhores técnicos da história da NBA. Ele está preparado para isso."

Depois disso o Kahn lista as três coisas que o candidato à vaga teria que preencher para ganhá-la. Curiosamente acho que essa era a única vaga no mundo que não pedia "pró-atividade", "saber trabalhar em grupo" e "Pacote Office".

Vamos analisar as três coisas que ele diz na carta:

1- Eu quero que nossa franquia se torne líder em desenvolvimento de jogadores, e o desenvolvimento do jogador começa com o técnico. É seu trabalho executar essa função.

Mesmo se o Rubio não vier agora, o time ainda se baseia em Al Jefferson, Kevin Love, Jonny Flynn e Corey Brewer. Ou seja, alguém que não se comprometesse a desenvolver jovens jogadores estaria entrando numa completa fria.

2- Nós seremos um time rápido, de velocidade. Sim, haverá momentos em que teremos que confiar no Al Jefferson e em um ataque de meia-quadra, mas nossa identidade será a de um time de velocidade e contra-ataque.

Como jogador, Kurt foi membro do Lakers dos tempos do "Showtime". Aquele time era veloz e mesmo assim sabia usar o jogo de meia-quadra quando necessário. Eles também jogavam uma defesa espetacular. Kurt está comprometido a colocar esse estilo de jogo.

Na teoria é perfeito. Usar como base um dos times de mais sucesso na história da NBA, um time que venceu 5 títulos nos anos 80 e que tinha defesa forte, velocidade e jogo de meia-quadra. Para a velocidade eles tem Flynn, Rubio e até o Kevin Love, que fez um tremendo sucesso no basquete universitário com seu "outlet pass", aquele passe que o cara dá quando pega o rebote e já liga direto o ataque lá na frente.

O jogo de meia quadra passa todo nas mãos do Al Jefferson, um dos melhores pivôs da NBA atualmente. Uns bons arremessadores do lado dele podem fazer um bom estrago também (de arremessador nato eles tem o Quentin Richardson, mas estão dizendo que o Q-Rich pode ser trocado de novo nessa semana, seria a quarta vez que ele seria trocado desde a temporada passada!).

Achei bem legal o time se basear no Lakers dos anos 80. É realmente admirável que um time coloque um padrão tão alto como parâmetro. Pode parecer e ser um objetivo bem irreal, mas melhor se espelhar em um time espetacular e não conseguir do que se contentar em ser um time mediano. Se não desanimar com as derrotas e com a distância astronômica que estão hoje de um título, vai ser um desenvolvimento legal de assistir.

3- Os minutos distribuídos entre nosso núcleo jovem nos próximos dois anos devem ser feitos pensando no futuro e não apenas no curto prazo. Isso quer dizer que o técnico deve colocar os jovens jogadores para jogar constantemente e deixá-los aprender com seus erros, mesmo que isso signifique sacrificar uma vitória ou duas no caminho.

Essa é a parte mais importante de toda a carta e deve ter sido a que recebeu mais ênfase nas entrevistas para a vaga. Quando um pivete faz muita bobagem em quadra é normal uma chiadeira da torcida, o desespero no técnico e a falta de confiança do jogador. Mas quando se tem um time jovem é importante deixar eles lá se virando na fria que criaram.

Acho que o Rambis não deve ter problema com isso porque o Phil Jackson, com quem trabalhava até outro dia, é um grande adepto da filosofia de deixar os jogadores se virarem. No Lakers ele não pede tempo depois de tomar enterrada ou bola de três e não substitui a cada burrada. Ele gosta de ver como cada jogador se vira em situações adversas. E isso será importante para a pivetada do Wolves.

O Kahn só foi simpático e mentiroso demais ao dizer que essa insistência em jogar sempre os garotos podem render "uma derrota ou duas". Na verdade vão resultar em umas 20 derrotas ou 30, mas tudo bem, ele não pode ser tão sincero assim em uma carta para a torcida.

Ano passado já dizia que, entre os piores, o Wolves era o de futuro mais promissor. Será mais ainda se o Ricky Rubio vier logo, mas de qualquer forma, com o espanhol ou não, ainda mantenho a minha opinião. Dos times fracos é o único que tem um pivô que domina jogos e um dos únicos com um plano de desenvolvimento organizado e com um técnico que, ao menos pelo que parece, não será mandado embora se vitórias não aparecerem logo de cara.

Vingança
Curiosamente o Kurt Rambis herdará a vaga de técnico deixada pelo Kevin McHale. Os dois eram rivais mortais nos anos 80 quando McHale jogava pelo Celtics e Rambis pelo Lakers. Você quer saber o quanto eles eram rivais? Dê uma olhada então na página Anti-McHale criada no site kurtrambis.com e no vídeo abaixo:

terça-feira, 21 de julho de 2009

Finalmente férias

Blake Griffin só joga de novo em outubro


Há algum tempo fizemos um Top 10 com os melhores jogadores da Liga de Verão de Orlando. Mesmo com só um punhado de times mequetrefes, até deu pra fazer uma lista legal, com bons jogadores. Mas agora a história é outra, tinha tanta gente jogando em Las Vegas que limitar a 10 jogadores seria colocar muito julgamento nosso em jogo e privar vocês de nossos essenciais e longos comentários sobre outros tantos jogadores interessantes.

Então vamos dividir os principais jogadores da Summer League em grupos de semelhantes. Assim todos podem saber do desempenho dos principais atletas que disputaram o torneio sem precisar ser idiota pra ficar vendo jogo de pivete em link ruim na internet (minha vida está indo pelo ralo):

Top de linha

Blake Griffin
Ele ganhou o troféu de melhor jogador do torneio e mereceu. Chegou lá, viu e venceu. 19 pontos e 10 rebotes de média, tudo distribuído em um arsenal de jogadas vasto e nenhuma expressão facial. Nos seus primeiros minutos como jogador da NBA ele acertou uma bandeja, um arremesso de meia distância e uma bola de 3. As cestas podem ser vistas no vídeo abaixo junto com algumas outras bem impressionantes.


Não sei se vocês pereceberam mas a cada cesta do Griffin o placar na tela contava pontos para o Lakers, não para o Clippers. Até no que não vale nada, o Clippers é um fracasso total. Se bem que nesse ano tudo pode e deve dar errado com o Clippers, mas provavelmente não terá nada a ver com o Griffin, o cara é bom demais. Ele deve jogar muito e o time deve continuar perdendo, uma pena.

Tyreke Evans
O garotão do Kings mostrou que pode jogar nas duas posições de armador. Teve médias de destaque em tudo: 19 pontos, 6 rebotes e 4 assistências. Os 4 turnovers por jogo foram números altos mas aceitáveis para um armador novo em um time sem entrosamento, ainda mais considerando a correria que todo jogo de Summer League é. Ele só não tem arremesso de 3, mas mesmo assim ninguém em Sacramento se arrepende de ter deixado o Rubio passar.

Jonny Flynn
Falando em Rubio, o seu principal adversário para ser armador titular no Wolves saiu na frente. Ele foi meio irregular mas acabou com médias de 15 pontos e 7,5 assistências por jogo, incluindo um jogo em que distribuiu 14. Além disso, a partir do segundo jogo conseguiu atacar bastante a cesta para cobrar lances livres. Arremesso não é o seu forte, mas quando ele consegue costurar a defesa, acha espaços para o passe.

E quando é ele que tem espaço, ele faz isso:


Brandon Jennings
Se alguém tinha alguma dúvida se o Jennings tinha aprendido alguma coisa na Europa, essa dúvida acabou nessa Summer League. Mesmo com companheiros de time de nível técnico bem mediano, ele não quis nunca resolver tudo sozinho e agiu em todos os momentos como o armador e líder do time. Ele acabou a liga com 8,2 assistências por jogo mas eram pra ser 9,5 se não fosse seu único jogo ruim, o primeiro da competição.

Jogando assim na temporada regular ele vai dar toneladas de assistências, esperem os números do Bogut e do Redd subindo muito. Todo mundo melhora ao lado de um grande armador e o Jennings definitivamente será um grande armador. E o com o cabelo mais feio da liga.


One hit wonders?

Anthony Randolph e Anthony Morrow
Os dois jogadores do Warriors deram um showzinho à parte em Las Vegas. O primeiro meteu 42 pontos em um jogo e o Morrow respondeu com 47 no outro. Jogadores espetaculares ou bons jogadores se aproveitando do nível da Summer League?

Para o Morrow eu diria que foi um bom arremessador em um bom dia contra uma defesa ruim. Ele não é um grande jogador mas quando não tem um grande defensor na sua frente e entra no modo Eddie House, fica difícil parar. Mas achar que esses 47 pontos mostram que ele é melhor que Griffin, Jennings ou outros que jogaram é valorizar demais os números.


Já o Anthony Randolph foi muito mais regular que o Morrow e finalmente deu pra ver porque o comparam com o Odom. Ele é bem versátil, rápido demais pra alguém da sua altura e não dá pra entender porque o Don Nelson não utiliza o cara no time. Ele é ideal pra correria deles! Alto, reboteiro, sabe bater bola, sabe arremessar e dá muitos tocos (média de 3 por jogo no torneio). É só colocar ele na posição 4, o Biendris de pivô, Curry, Ellis e Stephen Jackson pra fechar o time e teremos diversão e derrotas garantidas! E que mandem o Corey "Bad Porn" Maggette embora.


Boa, campeão!
Austin Daye
O grupo "boa, campeão!" é para aqueles que se saíram bem mas que não apareceram tanto devido ao destaque ainda maior de outros. Mas como o Bola Presa é coração de mãe, não esquece ninguém.

O Daye começou mal mas depois pegou as manha das bagaça e nos últimos jogos mostrou a que veio com boa precisão nos arremessos de longe e um bom número de rebotes. Pelo jeito ele é mesmo um mismatch ambulante à la Rashard Lewis que vai deixar muito marcador zonzo. Só precisa controlar as faltas, 4 por jogo, e os turnovers, 3,6, número alto demais pra alguém que nem deveria bater a bola no chão.

James Johnson
O nome mais sem graça da história da força nominal acertou só 37% dos seus arremessos, 15% das suas bolas de 3, e mesmo assim conseguiu 17 pontos e 7 rebotes por jogo. Tá ruim mas tá bom, champs. Dá pra ser banco do Luol Deng numa boa.

Jodie Meeks
O Meeks foi a quadragésima primeira escolha do Bucks no draft e quando poucos achavam que ele tinha lugar na NBA, conquistou sua vaga nessa Summer League. Foram 19 pontos por jogo, uma partida com 29 pra fechar o torneio e, embora não seja uma maravilha, se garantiu como um bom reserva para o Michael Redd.

Toney Douglas
A escolha comprada do Knicks rendeu o Toney Douglas, que chegou com fama de ser bom defensor. O que um defensor faz num time do D'Antoni? Também não sei. Mas parece que o garoto tem algum talento. Apesar dos 27% de aproveitamento nos arremessos, acabou com média superior a 8 assistências.


Maravilhas do fim da feira

DeJuan Blair
Todo mundo sabia que o Spurs tinha afanado um cara sensacional na sua escolha de segundo round e o moleque não decepcionou. 16 pontos por jogo e 8 rebotes, 3 deles ofensivos. Nada mal para um nanico.

Rodrigue Beaubois
Malditos americanos xenófobos já estão chamando o coidado de Roddy Beaubois, já basta o Didier Mbenga que virou DJ. O francesinho do Mavs se mostrou um bom armador e segundo alguns que viram muito mais jogos do que eu, era o jogador mais veloz do torneio. Chegou a fazer 34 pontos em um jogo mas foi bem irregular e sua média ficou nos bons 17.

Chase Budinger
Ele tem cara de ator coadjuvante de filme adolescente americano. Provavelmente você já viu ele jogando um nerd em uma lata de lixo na Sessão da Tarde. Mas isso é passado, agora o Chase Budinger é um atleta da NBA, um muito bom aliás.

Ele é um jogador de perímetro, que chuta de longa distância e que acabou os seus 5 jogos da Summer League com assustadores 68% de aproveitamento nos arremessos e 72% nas bolas de 3! Foi líder nas duas categorias. Sasha Vujacic que me perdoe, mas temos um novo "The Machine" na liga.

Uma pena que ele não terá a ajuda das marcações duplas no Yao para usar esse arremesso todo, mas mesmo assim existe uma vaga no elenco de qualquer equipe para um cara com esse nível de precisão.

Se eu tivesse esse tamanho eu tava na NBA

DeAndre Jordan
Fechando a dupla de garrafão do Clippers ao lado do Blake Griffin, tem o cara do sobrenome de ouro. Para ostentar um "Jordan" nas costas do uniforme precisa jogar muito e o DeAndre, embora seja uma Dilma Rouseff perto da Alinne Moraes que é o Jordan, está se esforçando para melhorar. E o jogo do pivô está mais bonito do que as plásticas da ministra.

O problema dele é que é inconstante. Varia jogos de 2 pontos e 5 faltas com outros de 20 pontos, 10 rebotes e 3 tocos. Se achar um meio termo mais regular vai ser ótimo para liberar o Clippers para trocar Camby ou Kaman. Já sua habilidade batendo a bola é típica de um pivô ruim, como dá pra ver nesse vídeo dele sendo desafiado pelo armador Mike Taylor.

JaValle McGee
O pivôzão do Wizards que faz saudações militares a cada grande jogada recebeu a missão de fazer o Blake Griffin se sentir na NBA. Foi ele o responsável pela primeira falta violenta sofrida pelo ala e pela primeira enterrada que ele tomou na cabeça. As duas jogadas podem ser vistas nesse vídeo:


Mas, mais do que uma nota de rodapé na carreira do Griffin, o McGee realmente jogou bem. Depois de uma estréia ruim ele fez jogos de 12, 19 e 31 pontos. Nesses três jogos também teve média superior a 5 tocos por jogo! Assustador!

Hasheem Thabeet
Lixo. Isso resume o torneio do Thabeet. L-I-X-O. E daqueles bem fedidos com resto de comida, papel higiênico e um furinho pra você sujar a mão enquanto leva o saquinho pra fora.
Suas médias: 8,2 pontos, 4,6 rebotes, 0,8 tocos e 5 faltas por jogo.

O aprendiz de Greg Oden sofreu muito nos seus primeiros jogos por não conseguir se impôr na defesa como fazia no basquete universitário. Pelo jeito, o Marc Gasol vai ser mais do que necessário para o Grizzlies enquanto o rapaz aprende a jogar na NBA. Não dá pra dizer que ele será um fracasso depois de meia dúzia de jogos, mas parece que a transição, como é para tantos pivôs, será lenta.

DeAndre Jordan e JaValle McGee estão aí para mostrar como dá pra evoluir depois de um ano na NBA. Como será que julgaremos o Thabeet daqui um ano? Talvez só como um saco de lixo cheiroso com poucos cotonetes.


Gangorra

Ty Lawson
Dei uma puta moral para o Ty Lawson no dia do draft e ele respondeu com atuações bem ruins na Summer League. Pelo menos foi assim nos primeiros jogos, quando acertou 1 de 15 arremessos e cometeu 6 turnovers para 7 assistências.

Aí de repente ele tomou a água mágica do Michael Jordan e começou a jogar muito. Nos últimos três jogos foram médias de 23 pontos, 4 assistências e pouco mais de 1 turnover por jogo. Prefiro acreditar que é esse Lawson bom que irá jogar em Denver. Mas quando ele quer ser ruim, não tem pra ninguém.

Stephen Curry
O cara gosta de arremessar, é fominha e está no Warriors, era o cenário perfeito. Mas ainda não deu certo. Os 17 pontos por jogo vieram com um aproveitamento de 32% nos arremessos e em 16 tentativas de arremesso por jogo. 17 pontos em 16 arremessos não é lá uma grande média.

Exagerou nas faltas em alguns jogos e forçou muito o jogo. Mas como é novato querendo aparecer acima de tudo, a gente deixa passar. Não é como se inconsistência fosse algo novo no Warriors. O Don Nelson deve até ter tesão por isso.

Andray Blatche
A carreira inteira foi marcada por atuações fenomenais seguidas de jogos em que fica mais apagado que o Keirrison em jogo decisivo. Na Summer League foi bem, ficou em segundo nos rebotes. Mas a verdade é que tudo o que a gente viu lá já tinha visto antes, falta ele fazer todo dia. E não vamos descobrir isso em joguinho de liga de verão.

Antes tarde do que nunca

Nick Young
Quando o Arenas disse que o Nick Young lembrava o Kobe quando era mais novo, o Michael Jackson ainda era vivo, o Twitter não era modinha, as crianças ainda brincavam de peão na rua e o Arenas ainda tinha joelho. Passou tudo isso de tempo e ainda estamos esperando o garoto estourar nas quadras.

Nessa temporada ele está concorrendo com o próprio Arenas, Mike Miller e Randy Foye por minutos, mas começou bem a batalha ao marcar 23 pontos por jogo em Las Vegas. E isso com 50% de aproveitamento nos arremessos e 40% nas bolas de 3. Se ele quer espaço nesse time, tem que jogar muito.

O Young foi humilde e trabalhadô ao dizer que quer jogar mas não se importa tanto com o número de minutos. Acho que ele está certo, o time esté preocupado em vencer e ele tem que estar também. Se o time ganha, todos que estão lá se valorizam, ele só tem a ganhar. Mesmo que não seja traduzido em números, aposto que esse é o ano em que o Nick Young se torna um grande jogador na NBA.

Adam Morrison
O time do Lakers em Las Vegas era tão ruim, mas tão ruim, que o Adam Morrison não tinha outra opção que não fosse marcar 20 pontos por jogo. Então ele foi lá e marcou e não tirou o bigode.

Mas mais importante do que os números foi que o bigodinho mais sexy da NBA se disse confiante, feliz que está num time que deu a chance dele se recuperar fisicamente sem pressões e que vai jogar esse ano para ficar na NBA. Se mantiver os 42% da linha dos 3 como teve em Las Vegas, os minutos do Vujacic na rotação já são dele.

Joey Dorsey
Antes do jogo contra o Lakers, o vice-presidente de operações do Houston disse para o Dorsey que era bom que ele pegasse 20 rebotes naquele jogo. O ala de força de apenas 2,03m que estava jogando improvisado de pivô foi lá e pegou 20 rebotes.

Não vai ser a resposta para o Yao Ming mas com essa atuação monstruosa e a média de 14 rebotes por jogo, acho que o Dorsey tem lugar garantido no Rockets para a próxima temporada. O Dorsey, para quem não lembra, estava naquele time vice-campeão universitário de Memphis com o Derrick Rose e o Chris Douglas-Roberts.

Marcus Williams
A história do Marcus Williams é um bocado triste. Chegou ao draft de 2006 como um dos melhores armadores daquele ano. Foi caindo, caindo e acabou sendo escolhido só na escolha 22, bem a do Nets, onde estava fadado a ser banco do Kidd.

Quando o Kidd foi trocado ele virou banco do Devin Harris e, sem convencer, acabou sendo trocado para o Warriors, que tinha acabado de perder o Baron Davis. Lá foi simplesmente humilhado pelo Don Nelson, que disse que não dava para tê-lo como armador titular de jeito algum, preferindo novatos desconhecidos como DeMarcus Nelson a ele.

Williams foi dispensado e agora em busca de um time conseguiu vaga no elenco do Grizzlies da Summer League. Acabou com médias de 13 pontos e como líder em assistências, com 8,2. Será legal demais vê-lo de volta à liga para mais uma chance.

...

E assim acabou a festa. Chegou ao fim a Summer League de Las Vegas, a liga que reuniu o maior número de jogadores desconhecidos desde o saudoso campeonato goiano de bocha de 1997. Com o fim desse torneio, a NBA só acontece mesmo nos bastidores agora. Alguns jogadores ainda não tem time, outros ainda podem ser trocados, mas no fim das contas está tudo na mão dos cartolas, para os jogadores resta esperar a pré-temporada em outubro.

Para nós blogueiros e fãs do basquete, ainda podemos sofrer com a seleção na Copa América e ficar falando de bobagens aqui no Bola Presa. Estamos planejando para um futuro breve coisas bem bacanas como análise de filmes de basquete, games de basquete, apelidos, o amistoso cheio de estrelas que acontecerá no Rio e, acreditem, até a volta do Both Teams Played Hard. Aguardem! Promessa feita no Bola Presa é (praticamente) promessa cumprida!

sábado, 27 de junho de 2009

A Análise do Draft - Parte 1

Bem, pessoal, chegou a esperada hora de analisar time a time quem se deu bem, quem se deu mal e quem saiu igual da noite do draft. Vamos dividir em partes para ter a liberdade de analisar os 30 times sem nos preocupar em fazer um post maior que a Bíblia.


Os posts vão sair grandes, claro, a gente não consegue se controlar, mas será mais agradável ler aos pedaços. Sem mais enrolações, vamos apresentar o nosso sistema de avaliação dos times dessa temporada. No Draft 2007, analisamos usando boas e velhas notas em algarismos arábicos, ano passado fizemos os "selos de qualidade Bola Presa" usando mulheres como objetos-nota para avaliar os times.

Nesse ano, como o dia do draft será sempre conhecido como "O dia em que o Michael Jackson morreu", os selos desse ano levam a marca do cantor-dançarino-performer-pedófilo mais querido do mundo. Vamos aos selos de avaliação desse ano:


Thriller: Sucesso absoluto, ótima escolha! O time com selo Thriller pode sair tranquilo e feliz do draft.



Black or White: O jogador draftado pode causar alguma dúvida por causa de sua posição, histórico ou situação do time, mas tem tudo pra dar certo.


Jackson 5: O jogador escolhido não deve passar de um role player, um jogador de equipe. Dependendo da posição onde foi escolhido isso pode ser bom ou ruim.


Moonwalk: Pareceu legal na hora mas olhando bem ele só está andando pra trás. Esse jogador não vai levar o time a lugar nenhum.


Plásticas no nariz branco: Ninguém vai reconhecer esse jogador daqui um tempo. Promessa falida, escolha horrível.



Finalmente, a análise time por time.


Los Angeles Clippers
Blake Griffin, PF


O Clippers só tinha uma escolha e pegou o que todos acreditam ser o melhor jogador do draft, Blake Griffin. Fizeram o que tinha que ser feito, correram o menor risco possível. Claro que por ser o Clippers, tudo pode dar errado ainda. Na última vez que tiveram uma primeira escolha conseguiram o feito de pegar o Michael Olowokandi, então nem uma primeira escolha aclamada pela crítica é segura por lá.

O que eles precisam fazer agora é dar uma geral no time. Afinal, quem vai ser titular e quem vai ser reserva entre os alas e pivôs, já que eles tem Griffin, Randolph, Kaman e Camby? Com Shaq e Dwight no Leste deve ter um monte de time por lá que não recusaria o Camby ou o Kaman, talvez fosse uma boa hora de trocar um dos dois e começar a montar um banco de reserva.

O time com Baron Davis, Eric Gordon, Al Thornton, Blake Griffin e Marcus Camby é bacana, mas simplesmente não existem reservas nas posições 1, 2 e 3 e, como todo mundo sabe, haverá contusões nesse time.


Memphis Grizzlies
Hasheem Thabeet, C
DeMarre Carroll,
Sam Young,

A primeira escolha do Grizzlies, o Hasheem Thabeet, pivô de UConn vindo da Tanzânia, foi correta, acho que faria a mesma coisa no lugar deles, mas draftar pivôs gigantescos nas primeiras escolhas do draft é sempre arriscado. O Thabeet não é o primeiro negão gigante a ser comparado ao Mutombo e praticamente todos os que vieram antes não se saíram tão bem quanto o velho Dikembe.

O Thabeet dominou os garrafões da NCAA, média de 4 tocos por jogo, 2,22m de altura e ótimo posicionamento defensivo. Mas sabe quem fez a mesma coisa? Greg Oden. Quem garante que o Thabeet não será também uma máquina de fazer faltas e sem jogo ofensivo? Acho que o Thabeet pode acabar sendo daqui uns anos o novo Mutombo, o novo Dalembert ou o que vimos do Oden nesse seu primeiro ano de NBA. E dependendo desse desfecho poderemos julgar melhor essa escolha.

Mas o Grizzlies precisava correr esse risco. Com Conley, que terminou muito bem a temporada passada, OJ Mayo e Rudy Gay, eles tem um bom trio ofensivo e precisavam de uma força no garrafão, alguém comprometido na defesa. O Marc Gasol quebrou um galhão na temporada passada e pode ser titular em muitos times, mas nunca vai ser o jogador dominante na defesa que o Thabeet pode vir a ser. E quem sabe o Gasol não joga um pouco na posição 4 nessa temporada, a posição mais carente do time?

Já com a escolha 27 o Grizz escolheu o DeMarre Carroll, um ala que joga nas posições 3 e 4 e que parece que está destinado a ser reserva. Se render nos minutos que jogar já é lucro, mas acho que eles poderiam ter pego o Toney Douglas, que é um especialista em defesa de perímetro ou qualquer jogador da posição 4 disponível. Com sua última escolha, a 36, eles pegaram o Sam Young, um cara que pula muito, é bem atlético, diz que está melhorando o arremesso e parece mais velho que o Greg Olden.


Oklahoma City Thunder
James Harden, SG
BJ Mullens, C
Robert Vaden, SG

Alguns podem achar que o Thunder foi meio cagão ao pegar o James Harden na terceira posição. Afinal, eles poderiam ter pego o Rubio, usado o Russell Westbrook na posição 2 e ter um time ousado, muito veloz e ofensivo. Mas o Thunder melhorou a cada mês na temporada passada e não é a hora de mudar tudo.

James Harden é um jogador talentoso, que sabe atacar a cesta mesmo sem ser muito veloz e que chega na NBA já feito, sem aqueles rótulos de "precisa ficar mais forte", "precisa aprender a arremessar" ou "precisa aprender a jogar basquete". Assim ele chega pronto para ser titular, colocar o Kevin Durant na sua posição original de ala e garantir de vez que o Thunder jogará num small ball, com o Jeff Green como um ala de força sem tanta força. Escolha segura e que dará resultados!

Em uma das trocas mais tolas do draft, o Thunder conseguiu o pivô BJ Mullens. O Dallas pegou o Mullens na escolha 24 e mandou para o Thunder em troca do francês Beaubois que foi a escolha 25 do Thunder. Foi só uma artimanha do Mavs pra conseguir uma escolha de segunda rodada extra. Mas no resultado o Thunder pegou um jogador na posição mais carente do time, a de pivô, em que só tem o Nenad Krstic. O Mullen é o terceiro pivô em três anos a sair de Ohio State (Oden, Koufos) e possivelmente é o pior ou o menos preparado dos três para a NBA. Deve sair do banco, fazer suas cestas em pick and rolls ou rebotes ofensivos e voltar pro banco, mas pode dar resultado a longo prazo.

Na segunda rodada o Thunder pegou outro jogador que cobre uma falha do time, os arremessos dos 3 pontos. Robert Vaden seria trilhões de vezes mais legal se chamase Robert Vader, mas vale assim mesmo. Já fez 7 bolas de 3 em um tempo da NCAA e deve vir do banco para tentar ser um Eddie House da vida, mas não duvide se acabar virando um The Machine.


Sacramento Kings
Tyreke Evans, PG/SG
Omri Casspi, SF
Jon Brockman, PF

Pelo o que eu li por aí o Kings foi um dos times mais criticados do Draft. Meteram o pau neles por terem tido a chance de pegar o Rubio, o Flynn e o Stephen Curry e terem deixado passar pelo Tyreke Evans. Mas eu tô apostando que vai dar certo!

Minha maior dúvida era se o Evans poderia jogar como armador principal ao lado do Kevin Martin, já que pra mim ele era mais um jogador da posição 2, mas vários especialistas que assistiram ele de perto garantem que ele vai render e render muito bem como armador principal. Acreditando nisso aposto que foi a escolha correta, porque esse moleque parece bom demais.

Em treinos na última semana antes do draft o Evans foi o melhor jogador de todos os Top 10 e impressionou todo mundo que tinha uma escolha. E o Kings tem tradição em escolher jogadores baseados em seus treinos e não em seus nomes, foi assim que escolheram o Jason Thompson na 12º posição no ano passado e acertaram em cheio. Também gostei do Evans ser escolhido ao invés do Rubio porque o Kings precisa de jogadores que marcam pontos e o Evans é mais pontuador que o espanhol dos Jonas Brothers.

Com a sua escolha 23 o Kings pegou o que pode ser o primeiro israelense a jogar na NBA, Omri Casspi. Eu vi pouco dele, mas parece que ele é um mix de Rudy Fernandez e Turkoglu. O Rudy pelo jeito de jogar mesmo, o Turkoglu porque ele joga de ala mesmo com quase 2,08m de altura. A escolha não é ainda certeira porque esses gringos sempre correm o risco de demorar pra ir pra NBA, mas se for agora o Kings tem um bom jogador pra posição 3.

Por último uma escolha divertida. Jon Brockman tem nome de lenhador e é parceiro de faculdade do Spencer Hawes, que vai tirar sarro do seu novato e divertir o vestiário. Só isso.


Minnesota Timberwolves
Ricky Rubio, PG
Jonny Flynn, PG
Wayne Ellington, SG
Henk Norel, C

O Wolves foi o primeiro time a ter quatro escolhas de primeiro round no mesmo ano e não tiveram criatividade nenhuma na hora de escolher: três armadores nas suas três primeiras escolhas, em Rubio, Flynn e Lawson.

Todo mundo sabia que se o Ricky Rubio sobrasse lá eles não iam perdoar e fizeram muito bem em apostar nele, mas a escolha do Jonny Flynn depois causou uma baita confusão digna de filme da Sessão da Tarde. O Rubio falou logo depois do draft que não estava confortável com o fato do time ter draftado outro jogador da mesma posição logo depois e disse que por isso consideraria passar mais um ano na Espanha. Com isso começaram a chover propostas e rumores sobre o Rubio ir para o Knicks, Rockets, Suns e trocentos outros times. Para terminar, o Rubio não apareceu na coletiva de imprensa de apresentação dos jogadores.

Para baixar a poeira o novo General Manager do time, David "Gengis" Kahn, afirmou que entende a situação do Rubio mas que garante que ele será o armador titular da equipe a partir do momento que entrar lá. E, para não agradar só um irmãozinho, que o Flynn também pode ser titular. Será que cola e o Rubio aparece lá? Um mal entendido pode custar um ano sem o espanhol.

Apesar dos dois armadores serem nanicos à lá falecido Pitoco, o GM Kahn acredita em um esquema com dois armadores baixos como titulares e para isso citou formações famosas da idade da pedra como Isiah Thomas e Joe Dumars, Jerry West e Gail Goodrich e Danny Ainge e Dennis Johnson. Todos exemplos que o Rubio nem sabe que existem porque não era vivo quando a maioria deles jogava.

Eu gosto de times com dois armadores juntos. Gostava quando o Dallas usava Nash e Van Exel ou quando o Kings usava Bobby Jackson e Bibby. Até gosto hoje quando o Bobcats usa Felton e Augustin, mas isso são reservas atuando alguns minutos. Os dois como titulares implica em muitos minutos juntos e um dos dois marcando jogadores bem mais altos. Imaginam Rubio ou Flynn marcando o Kobe, o Ginobili ou até uns mais baixos como o Brandon Roy? Não tem como dar certo. Ou um vai dar o fora ou um vira um reserva insatisfeito.

Pra terminar, o time não tem técnico ainda! Seja lá quem eles vão contratar, vai ter que ser alguém que também acredita nessa teoria de que dois armadores baixos juntos podem dar certo. Mas o que salva o Wolves é que os dois são muito bons e que na pior das hipóteses eles podem conseguir uma boa troca. Foram escolhas boas pelo talento e péssimas pelas consequências que isso trouxe.

Ty Lawson, que pareceu uma piada na hora que foi draftado por ser mais um armador, acabou sendo trocado para o Denver Nuggets em troca da escolha do draft do Bobcats do ano que vem. Negócio bom para o Wolves, os melhores jogadores disponíveis nesse pedaço do draft eram armadores e ao invés de ter mais um, conseguiram uma posição parecida a essa (18º) no draft do ano que vem.

Com a escolha de Wayne Ellington, na segunda rodada, o Wolves tem finalmente um bom arremessador de 3 pontos, para o NBADraft.net é o melhor desse draft. Como não parece ter muito além disso, deve ter minutos limitados no time, mas é sempre bom ter um arremessador. Por fim, Henk Noel é um pivô holandês com cara de psicopata destinado a tomar enterradas na cabeça, se é que um dia vai jogar na NBA.


Golden State Warriors
Stephen Curry, PG


Eu adorei a escolha do Warriors. O Stephen Curry é um daqueles armadores que não são de organizar o time, é um armador finalizador, agressivo. Mesmo assim tem um bom arremesso e é um dos poucos, se não o único, armador desse Top 10 a ter um confiável arremesso de 3 pontos. Ou seja, ele tinha que sair pro Warriors ou para o Knicks para jogar na correria.

A torcida de Nova York só faltou chorar ao ver que ele chegou perto de NY e escapou pelos dedos, já a do Warriors deve estar dividida. Por um lado o Stephen Curry é ideal para deixar o Monta Ellis na posição onde ele joga melhor, na 2, e fazer uma das duplas de armação mais rápidas e difíceis de ser marcada na NBA. E ao contrário do Wolves, não importa quem eles vão ter que defender depois porque ninguém defende lá, simples assim.

Por outro lado, porém, o Don Nelson disse que o Curry é tão perfeito para o Warriors que eles não vão trocá-lo de jeito nenhum. "Ele pode desfazer as malas e até comprar uma casa", segundo o técnico pirado. Mas isso quer dizer que a troca que estava quase feita com o Suns pelo Amar'e Stoudemire está mais melada que Playboy. O Curry é bom e vai fazer pontos até explodir nesse Warriors, mas será que vale a perda da chance de ter o Amar'e? Talvez eles se arrependam disso um dia.


New York Knicks
Jordan Hill, PF
Toney Douglas, SG

Primeiro time a receber o selo Jackson 5. Isso porque os dois jogadores do Knicks, apesar de parecerem bons, não vão mudar a cara do time como, por exemplo, Stephen Curry iria. Curry entraria para ser o armador que conduziria o time, já Jordan Hill vai ser ou um pivô para deixar o David Lee de ala de força ou o cara que irá herdar a posição do Lee caso ele seja realmente trocado.

Comparam o Jordan Hill com o Chris Bosh, mas como o próprio Bosh disse, é só por causa do cabelo. Tirando isso eles não tem nada a ver. O Bosh tem muito mais recursos ofensivos e arremesso, o Hill vai se garantir na NBA por ser um bom reboteiro. Se é pra comparar com algum cabeludo, ele é o Joakim Noah menos desengonçado no ataque e menos drogado.

Se o Knicks quisesse ousar, poderiam ter ido de Jennings para ser o armador do time, mas se eles querem o LeBron no ano que vem talvez não seja a hora de arriscar, mas sim de pegar alguns jogadores mais sólidos para criar um ambiente melhor pro King Crab. Mais um ano de sofrimento para o Knicks com um time de medianos.

A escolha 29, que era do Lakers e o Knicks comprou por singelos 3 milhões de dólares, rendeu o armador Toney Douglas. Douglas parece ser um bom jogador, daqueles pra vir do banco dando um gás e marcando o melhor jogador adversário. Mais um bom role player para a coleção de ótimos role players que o Knicks tem.

...
Acabamos essa primeira parte antes que isso vire a Bíblia que eu prometi que isso não viraria. Encerro por hoje. Amanhã tem mais times, possivelmente mais 8 e depois os 14 que sobraram pra terminar. Os últimos 14 não vão render um post tão grande porque tem times como os finalistas Lakers e Magic, que somam uma única escolha de draft, a do genial Chinemelu Elonu na posição 59. Quem já leu tudo e quer ler mais pode conferir nosso glorioso Mock Draft da Força Nominal.