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sábado, 1 de janeiro de 2011

Doce ilusão

Rir mesmo quando você é a piada


O Memphis Grizzlies é um dos meus times favoritos de assistir. Pelo jeito de jogar, pelas enterradas do Rudy Gay, pela evolução do Mike Conley, para chorar de emoção e orgulho com o renovado Zach Randolph e porque é bem comum eles estarem envolvidos em jogos emocionantes decididos no quarto período. E eles não tem padrão, podem chegar no último segundo perdendo por um ponto para o Heat (quando ganharam com uma cesta de último segundo do Gay) e depois perder na mesma situação contra o Kings, como foi nessa semana. Com poucos segundos no relógio o Grizz apostou em OJ Mayo para um arremesso lindo (se bem que ele andou, não?), mas simplesmente não foi o bastante. No segundo que restava Tyreke Evans conseguiu pegar a bola e acertar uma bola de antes do meio da quadra.



Foi épico! Não só pela dificuldade da cesta, mas porque foi em casa e a torcida foi ao delírio. A cereja do bolo foi o Donte Greene correndo e pulando quando a bola ainda estava no ar. O novo apelido dele? Biff Tannen. Que os que já assistiram "De volta para o futuro" saboreiem a genialidade da piada. Reparem também no repórter completamente idiota que chega a entrar em quadra quando o Kings está colocando a bola de volta em jogo para o Evans arremessar, deve ser uma espécie de Régis Rösing californiano narrando um game-winner no momento em que ele está acontecendo.

Provavelmente essa jogada já tem lugar cativo no Top 10 da temporada junto com a enterrada do Blake Griffin no Timofey Mozgov, os outros que briguem pelas outras oito posições. Mas ao contrário da promissora temporada do Clippers (sério!), que aos poucos está engrossando para cima de equipes mais fortes, o Kings parece cada vez pior. Essa vitória heróica sobre o Grizzlies pode ser um ponto positivo isolado no time que é, hoje, o pior da NBA.

O primeiro problema deles é em relação ao elenco. Levando em conta o time do ano passado eles apenas perderam os úteis Andres Nocioni e Spencer Hawes para o Sixers em troca do Samuel Dalembert, que não tem sido a âncora defensiva que se esperava dele. Outra mudança foi a adição do novato DeMarcus Cousins, que por enquanto não tem rendido nem metade do que se esperava dele, um privilégio que não é só dele na classe de novatos desse ano. E não é só que ele está jogando mal, muita gente tem questionado se ele tem cabeça para encarar a NBA. O pivô comete muitas faltas (é o segundo mais faltoso da NBA com 4 por jogo) e perde a cabeça com as marcações, sem contar quando resolve que vai ganhar o jogo no quarto período e comete um erro atrás do outro. Em um jogo contra o Bucks ele fez um monte de merda, foi pro banco, se recusou a cumprimentar o técnico e criou um clima péssimo no vestiário de um time que já está mal pelo excesso de derrotas.

Com essas questões já sendo discutidas não pegou bem o que ele fez com o Reggie Williams em um jogo contra o Warriors, quando usou as mãos para simular uma enforcamento no próprio pescoço depois que o ala adversário errou um lance livre decisivo. "Choke", que significa enforcar, estrangular ou asfixiar é a palavra usada pelos gringos para dizer quando alguém amarelou ou tremeu na hora de decidir.



Ou seja, além de nervosinho, do exagero nos erros, da óbvia falta de paciência e temperamento durante os jogos, ele ainda estava sendo absurdamente escroto. O próprio Sacramento Kings multou o jogador pela sua atitude. Pode-se questionar se era pra tudo isso, mas a soma de tudo faz o Kings não estar tão orgulhoso de seu draft como estava no ano passado.

E é nos jogadores do Draft do ano passado que achamos o segundo problema do Kings: Omri Casspi e principalmente Tyreke Evans não estão jogando no mesmo nível do ano passado. O problema do Casspi é o mesmo de outros jogadores da equipe como Beno Udrih, Jason Thompson e Donte Greene. Em um dia são gênios e no outro parece que não entraram em quadra, não é à toa que o técnico Paul Westphal muda tanto o quinteto titular, não dá pra saber em quem confiar, todos são bons e nenhum é confiável.

Se eles fossem assim e pelo menos o Tyreke segurasse a barra sendo a base do time, tudo bem, eles não seriam bons mas não seriam os piores, mas o Tyreke despencou de qualidade desde o ano passado. Seus números caíram em pontos (de 20 para 17), rebotes, assistências, aproveitamento de arremessos (de 45% para 38%) e é só assistir dez minutos dele jogando pra ver que não é o mesmo cara. Depois de um ano de novato atuando como um veterano ele pela primeira vez parece sem confiança no seu jogo.

No começo a preocupação maior era com a cabeça do jogador. Antes dele entrar na NBA existiam uns questionamentos sobre seu profissionalismo e sua vontade de jogar, mas depois do ano passado fora de série é claro que todo mundo esqueceu. Acontece que, felizmente, não parece ser isso mesmo. O que está parando Tyreke Evans é uma contusão no seu pé, fascite plantar, que pode ser tratada com ou seu intervenção cirúrgica. Ele decidiu não operar e jogar com dor, mas ela foi aumentando e o tratamento não estava respondendo. Foi então que, semana passada, ele confessou que já cogita largar essa temporada para se cuidar. Um número que mostra claramente as dificuldades físicas do Tyreke é o que mostra os arremessos tentados no aro, enterradas e bandejas. Eram 8.4 no ano passado e 5.4 nessa temporada, hoje ele vive longe da cesta.

Seria bom se fosse só isso, mas os problemas de Tyreke Evans e do Kings ainda são piores. Segundo Paul Westphal o seu jogador tem passado por uma fase de muitos problemas na vida pessoal, "Tem muita coisa acontecendo na vida dele, é uma época difícil". E o próprio jogador confirmou: "Está me afetando sim, tem muita coisa passando pela minha cabeça e eu ainda preciso achar um jeito de deixar isso de lado".  Ninguém diz exatamente o que é, e acho que nem interessa, mas está afetando o seu jogo. A soma do problema físico com os pessoais fez o Tyreke ser um dos vários jogadores do time a aparecer acima do peso para o começo dos treinamentos. Dizem que Tyreke estava 7kg mais gordo que na temporada anterior e o Donte Greene 12kg. E não de massa muscular, mas de Eddy Curry mesmo. Muito tempo de treinamento foi perdido tentando recondicionar estes e outros membros do time que chegaram fora de forma.

Já deu pra fazer a conta completa né? O elenco não é tudo isso, é irregular, piorou em relação ao ano passado, o novato que deveria impulsionar o time dá mais dor de cabeça que soluções e a estrela está com problemas físicos e particulares. Depois de saber tudo isso dá pra ficar surpreso se eles acabarem a temporada com o menor número de vitórias? A vitória contra o Grizzlies foi empolgante, foi um bom jogo do Tyreke Evans (que está melhorando pouco a pouco), mas é uma ilusão, eles não vão ser nada além disso nessa temporada e precisam pensar no futuro, mais coisas precisam mudar.

Chegaram a comentar que um dos donos do Kings disse que era a hora de recomeçar tudo do zero, cogitando demitir Westphal e Geoff Petrie, o General Manager, ao mesmo tempo. Mas foi logo desmentido e a afirmação real foi de que o time precisa mesmo ser remodelado, mas sem demissões. Eles estão usando seus jogadores talentosos e de lua para conseguir um bom armador para liberar o Tyreke Evans para a posição dois, foram atrás de Aaron Brooks e o negócio não rolou, dizem que Jonny Flynn é o próximo alvo.

Se nenhuma troca der certo fica para a temporada que vem, não sabemos como serão as novas regras salariais, mas de qualquer jeito o Kings, que já é o time que menos gasta com salários na NBA (menos da metade que o Lakers, por exemplo), vai contar com o fim do salário do Dalembert para ter espaço para atrair muita gente que esteja atrás de grana. É trabalhar para melhorar no resto de temporada para mostrar que um bom time pode nascer dessa confusão e assim chamar a atenção de alguns bons jogadores. Espero que dê certo, é triste ver um jovem time que era um dos mais empolgantes da temporada passada estar jogando tão mal.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Preview 2010-11 / Sacramento Kings

 Tyreke Evans é bom porque faz vudu

Objetivo máximo: Brigar até o fim por uma vaga de playoff
Não seria estranho: Melhorar em relação ao ano passado mas entrar de férias em abril
Desastre: Não apresentar melhoras em relação ao time do ano passado

Forças: Tyreke Evans, Tyreke Evans e o cara da foto do pôster do meu quarto, o Tyreke Evans
Fraquezas: Muitos dos bons jogadores do elenco ainda estão longe de serem tão espetaculares quanto Tyreke Evans

Elenco:








.....
Técnico: Paul Westphal

O Paul Westphal foi o um dos meus técnicos favoritos na temporada passada. De todos os times que ficaram longe dos playoffs, só dois tinham uma identidade clara, um jeito de jogar típico deles e que seus jogadores sabiam o que estavam fazendo. Era o Warriors porra-louca do Don Nelson (que o "saber o que fazer" era fazer o que bem entender) e o Kings do Westphal. Infelizmente saber o que está fazendo não quer dizer que o time vencia tudo, longe disso, mas foi normal. A base do time eram os novatos Evans e Omri Casspi e o elenco tinha falhas, como um garrafão fraco na defesa e um banco de reservas irregular. Sem contar as contusões, como a do importante Francisco Garcia.

O estilo do Kings imposto pelo Westphal lembra um pouco o do último grande time do Kings, o de Rick Adelman no começo dos anos 2000. Não é a mesma coisa, mas traz muitos dos conceitos daquele time, é uma equipe que consegue ter paciência no ataque ao mesmo tempo que joga em velocidade. Os 24 segundos de posse de bola deles parecem um filme iraniano de tão longos para a defesa, de tantos passes que trocam e movimentações que realizam. Infelizmente às vezes eles perdiam a paciência se a bola não caía e se perdiam na individualidade, acontece com qualquer criança.

Mas queria usar esse espaço dado para o Westphal para falar um pouco da história dele. O Westphal tem uma carreira de sucesso como jogador e técnico e participou de dois dos momentos mais marcantes da história dos playoffs da NBA.

Como jogador, nos anos 70, ele foi draftado pelo Boston Celtics e foi campeão lá em 1974. Mas depois foi trocado para o Phoenix Suns, onde foi um dos maiores cestinhas da NBA por uns anos e levou o time do Arizona para a final da liga para enfrentar o seu ex-time. Eis que o jogo 5 da final de 76 entre Celtics e Suns é considerado por muita gente como o melhor jogo da história da NBA e até tinha uma matéria sobre essa partida ontem mesmo na NBA.com, dizendo que não tem como outro jogo superar a emoção daquele embate.

A série estava empatada em 2 a 2 e o jogo 5 era em Boston. O Boston Garden estava lotado, o Celtics (com John Havlicek, Dave Cowens, Jo Jo White, Paul Silas e cia.) estava inspiradíssimo e a difereça chegou a estar em 20 no primeiro tempo. Mas aí o Suns de Westphal começou a reagir e empatou o jogo no final, levando a partida para a prorrogação. Lá as defesas começaram a pegar fogo, jogadores começaram a sair do jogo com seis faltas e o tempo extra acabou em 6 a 6. Segunda prorrogação.

Na segunda etapa o Celtics chegou a abrir diferença, mas o Suns encostou de novo e virou o jogo numa sequência épica de acontecimentos. Primeiro o Phoenix diminuiu a diferença do Celtics por um ponto com uma cesta de Dick Var Arsdale, na saída de bola Westphal rouba a laranja das mãos de Havlicek, manda para Curtis Perry que, a cinco segundos do fim, deixa o Suns na frente por um. Os verdes pedem tempo, Havlicek recebe a bola, faz a cesta da vitória e todo mundo invade a quadra. O que eles não tinham percebido é que ainda tinha um segundo de jogo no relógio. O Suns teria um fundo-bola e um segundo para fazer alguma coisa. E é aí que Westphal entra com uma jogada arriscadíssima que deu muito certo.

Sem ter mais tempos para pedir, Westphal pede um tempo ao árbitro, que acata o pedido com uma punição de falta técnica. O Celtics acerta o lance livre, aumenta a diferença para dois, mas deixa o adversário com o tempo para armar uma jogada e sair do meio da quadra (essa regra mudou no ano seguinte). Com um passe simples e um arremesso de arco altíssimo (à la Derek Fisher), Gar Heard empatou a partida. Terceira prorrogação.

No último período, times exaustos. O Celtics, liderado pelo seu banco de reservas, em especial Glenn McDonald, um jogador de pouquíssimos minutos por jogo que fez 6 pontos na terceira prorrogação, abriu seis pontos de diferença. Mas Westphal, com cestas dignas de Kobe e Wade (tem no vídeo, vejam) cortou a diferença para dois. Infelizmente não deu tempo para mais nada e o Celtics conseguiu segurar a vitória nos segundos finais. Na partida seguinte os verdes venceram o Suns e faturaram mais um título.

Um fato curioso dessa partida é que nela jogaram oito (OITO!) futuros técnicos da NBA: Pat Riley, Don Nelson, Dave Cowens, Paul Silas, Paul Westphal, Garfield Heard, Dick Van Arsdale e John Wetzel. 



Alguns bons anos depois, em 1993, Westphal estava ainda em Phoenix, mas como técnico. E liderou um time que estava em plena decadência no fim dos anos 80 a virar uma potência do Oeste, vencendo o título de conferência nesse ano e pegando o Chicago Bulls de Michael Jordan na final. E o que aconteceu no jogo 3? Mais uma prorrogação tripla! Michael Jordan começou o jogo pegando fogo, acabou com 44 pontos, mas esfriou a partir do quarto período e o Bulls deixou a vitória escapar, 129-121 para o Suns.  Não impediu que o Bulls vencesse o título do mesmo jeito depois de 6 jogos, mas pelo menos o Westphal teve o gostinho de vencer pelo menos uma prorrogação tripla em finais na sua vida.



....
Eu não acho que o Kings vai brigar por vaga nos playoffs. E acho isso só porque o Oeste tem muitos times fortes, não porque acho que o time não vai evoluir, muito pelo contrário. Vão crescer e eu vou estar lá com balde de pipoca na mão vendo todos os jogos!

No ano passado, a partir da segunda metade da temporada, todo mundo começou a cair de produção na equipe, em especial os dois novatos que carregavam o time nas costas no começo do ano, Tyreke Evans e Omri Casspi. O primeiro continuou jogando bem porque é fora de série, mas sem fazer a mesma diferença que fazia nos primeiros meses, e o israelense simplesmente desapareceu. Não é incomum isso acontecer, muitos novatos sofrem com isso porque é difícil se acostumar com um calendário de 82 jogos quando se está acostumado a jogar às vezes menos da metade disso no basquete universitário ou na gringolândia.

Como também é comum, os dois vão voltar bem maiores e mais fortes do que no ano passado e provavelmente vão dar conta do recado durante todo ano. Outra melhora do time deve ser no garrafão, onde eles sofriam por não ter um pontuador nato e por serem fracos nos rebotes e na defesa (foi mal, Spencer Hawes, no fundo você é um Mehmet Okur piorado). O Jason Thompson é bom, mas é uma espécie de LaMarcus Aldridge e vive dos arremessos de longe e acha que o garrafão é feito de lava. Já para esse ano eles vão ter por toda a temporada o Carl Landry e seu jogo na marra que eu nunca vou entender, o novato DeMarcus Cousins que é gigante e tem feito bons jogos na pré-temporada e Samuel Dalembert, o cara que vai reconstruir o seu país natal, o Haiti, antes de ser capaz de dar uma assistência ou de criar um arremesso, mas que faz o que é pago para fazer, pegar rebotes e dar tocos.

O garrafão com Jason Thompson, Dalembert, Landry, Cousins e um clone do Dalembert, o novato Hassam Whiteside, é bastante promissor e a briga vai ser boa pelas vagas de titular. Thompson e Dalembert começam a temporada nas duas vagas segundo Westphal, mas é só por serem veteranos, nada está garantido para a segunda semana de temporada. Mesma coisa na armação, Beno Udrih começa ao lado de Tyreke Evans, mas o treinador não descarta usar Evans de armador principal e usar Francisco Garcia ou Antoine Wright ao seu lado. Na posição de ala disputa 100% em aberto entre Casspi e Donte Greene.

Dou ênfase nessas disputas porque ao contrário do Wolves, o Kings não está muito interessado em dar minutos para todo mundo jogar e deixar os pirralhos crescerem para jogar bem daqui alguns anos. O Tyreke Evans já jogou em nível de All-Star no ano passado e é um cara que pode levar o time nas costas desde já, se tiver o elenco de apoio certo o Kings volta para os playoffs em pouco tempo. O que interessa para eles então é colocar todos esses bons jogadores para se matar, se superar, brigar no treino e provar que podem ser titulares em um time vencedor num futuro próximo. Se jogarem mal não vão receber mais chances para pegar o jeito, provavelmente vão ficar de lado. Vai ser um ano de muitos testes de fogo para essa pirralhada e vai ser divertido assistir quem é promovido a grande jogador.

O time já tem uma identidade, um "franchise player" e bons jogadores em todas as posições batalhando ferozmente por uma vaga no time. Acho que estamos presenciando um Oklahoma City Thunder parte 2 aqui e veremos esse time nos playoffs em breve. Até lá um susto ou outro em grandes times, só pra ninguém esquecer deles.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Summer Leagues - Os veteranos


Holiday jogou sem Christmas dessa vez


No último post sobre as ligas de verão tratamos dos novatos de 2010. Para saber um pouco mais da história e para que servem esses pequenos torneios realizados no verão americano é só ver a introdução do mesmo post.

Nesse eu vou falar de outros tipos de jogador que atuaram em Orlando em Las Vegas, os veteranos. São os jogadores com experiência de NBA, a maioria novatos do ano passado, que estão lá para ganhar experiência ou apenas para colocar o que estão fazendo em treinos na prática. Como essa lista ficou também muito grande, a outra categoria, a criativa "outros", com os não-draftados e jogadores vindos da gringolândia, fica para o próximo post.

Veteranos
DeMar DeRozan e Sonny Weems (SG e SF - Toronto Raptors) - As vitórias nas Summer Leagues não querem dizer nada, mas as do Raptors animaram uma meia dúzia de torcedores do que estavam chorando a saída de Chris Bosh. Isso porque foram comandadas por dois dos mais jovens jogadores do elenco canadense, DeMar DeRozan e Sonny Weems, que tem tudo para ser a dupla titular em Toronto na próxima temporada. DeRozan briga por vaga com Leandrinho e Weems com Kleiza, mas os dois americanos tem a vantagem do bom entrosamento. Durante os jogos da liga de verão um sempre procurou o outro nos contra-ataques e nas pontes aéreas, formando a dupla mais mortal de Las Vegas.

Em entrevista o DeRozan foi bem humilde e admitiu que não estava totalmente pronto para a NBA no ano passado, mas que desde o fim da temporada passada está treinando sua defesa, suas bolas de três (tentou apenas 18 bolas de 3 em toda temporada apesar de ser um segundo armador) e seu arremesso após o drible, para poder criar mais arremessos para si mesmo.

Curioso que na temporada passada, sabendo dessas falhas em seu jogo, DeRozan era bem passivo durante os jogos, arriscava pouco, o que gerou algumas críticas. Mas foi essa consciência dos seus limites que fizeram com que acabasse a temporada 2009-10 com aproveitamento de 48% dos arremessos e menos de 1 turnover por jogo. Nas ligas de verão conseguiu colocar seus novos talentos em quadra e os números continuaram bons: 21 pontos por jogo, 58% de aproveitamento dos arremessos (espetacular!), 40% de acerto nas bolas de três e só 1 turnover por partida. Esperem grandes coisas dessa dupla para a próxima temporada, especialmente de DeMar DeRozan, que finalmente vai fazer jus à sua força nominal.

Marreese Speights (PF - Philadelphia 76ers) - Está sendo citado aqui porque foi muito bem na Summer League de Orlando, mas não fez nada de novo. Usou sua velocidade pouco comum para um jogador da posição 4 para fazer pontos na transição e foi agressivo nos rebotes, liderando a liga de Orlando com 9.2 rebotes por partida. Mas apesar do bom basquete apresentado não acho que seja um risco para a titularidade de Elton Brand. Se não roubou a sua vaga nem no esquema feito de contra-ataques que o Sixers tinha até o ano passado, não vai ser agora.

Jrue Holiday (PG - Philadelphia 76ers) - Apesar do Sr.Feriado não estar no mesmo time do Dionte Christmas nesse ano (Sr. Natal jogou a Summer League pelo Kings), rendeu bastante. Aliás, mais do que o esperado. Holiday, ao lado de Jonny Flynn, foram duas exceções em uma classe de draft cheia de armadores talentosos. Enquanto a maioria (Evans, Jennings, Curry, Lawson) arrebentava com tudo e todos, os dois pareciam irregulares e despreparados para o basquete profissional. Holiday, porém, animou um pouco a torcida do Sixers ao melhorar nos últimos 2 meses de temporada, e confirmou a evolução nas ligas de verão.

Liderou a Summer League de Orlando com 19.3 pontos e 6 assistências por partida. Mesclou bem momentos de atacar a cesta e distribuir o jogo e foi bem agressivo nos roubos de bola, especialmente cortando linhas de passe. Talvez alguns defeitos em seu jogo apareçam quando enfrentar jogadores de alto nível, afinal ele tem apenas 20 anos, mas é o armador do futuro para o 76ers.

Terrence Williams (PG/SG - New Jersey Nets) - Eu estou pouco me ferrando para o que o T-Will faça em quadra, desde que esteja no próximo campeonato de enterradas. Mas como está longe, podemos falar um pouco de basquete. Ele foi bem, teve boas médias de 18 pontos, 3 rebotes e 5 assistências, mas deixou bem claro pra todo mundo que apesar de ter tamanho de armador, não é um. Forçou muito o jogo individual e foi um dos motivos para que Derrick Favors arremessasse tão pouco nos primeiros jogos. Em compensação soube criar boas jogadas atacando a cesta. Jogando na posição dois, sem a obrigação de criar para os outros, e pegando os minutos que eram de Chris-Douglas Roberts, deve se destacar na próxima temporada.

James Harden (SG - Oklahoma City Thunder) - A barba mais legal da NBA sofre por ter sido escolhido antes do Tyreke Evans no draft. Não é porque um melhor veio depois que ele é ruim, pessoal. Muita gente esperava mais dele, mas o cara faz o que pedem: aparece do banco no Thunder defendendo bem, tem bom aproveitamento nos arremessos e faz um pouco de tudo. Jogou a Summer League de Orlando como um ótimo veterano e só não tem números mais expressivos na NBA porque joga na sombra de Kevin Durant.

BJ Mullens (C - Oklahoma City Thunder) - O Thunder tinha um dos melhores elencos dessa Summer League. Além de Harden tinha Eric Maynor, Kyle Weaver, Serge Ibaka, DJ White e BJ Mullens. Não à toa só perdeu um jogo e este por um ponto de diferença! Embora todos tenham jogado bem, meu destaque vai para o Mullens, que foi o que surpreendeu. O resto fez, com os números um pouco mais expressivos, pela qualidade dos adversários, o que já fazia na NBA no ano passado. Menos Mullens, que mal jogou na temporada passada e finalmente apareceu em Las Vegas, com 16 pontos e 6.3 rebotes por partida. Foi interessante ver ele atacar a cesta e conseguir ir para a linha do lance livre nos dias em que seus arremessos não estavam caindo. Pode ser uma ameaça à titularidade do novato Cole Aldrich que parecia tão certa no dia do draft.

Kosta Koufos (C - Minnesota Timberwolves) - O pivô que foi envolvido na troca de Al Jefferson para o Jazz foi parar no Wolves e terá concorrência de Darko Milicic, queridinho do GM David Kahn, e do recém-chegado Nikola Pekovic. Não será fácil ganhar uns minutos, mas ele começou bem com sólidas atuações nas ligas de verão. Depois de estrear mal com apenas 4 pontos, embalou três jogos com 13, 19 e 14 pontos. Destaque para o jogo contra o Magic em que teve, além dos 13 pontos, 11 rebotes e 4 tocos. Ainda é pouco, mas começa a lembrar um pouco o pivô que brilhou em Ohio State e foi MVP do campeonato europeu sub-18 de 2008 (quando jogou pela Grécia, apesar de ter nascido em território americano).

Gerald Henderson e Derrick Brown (SG - Charlotte Bobcats) - Com a perda de Raymond Felton para o New York Knicks, o Bobcats precisava mesmo é de um armador novo, já que o Larry Brown nunca confiou muito no DJ Augustin (lembram do "Ele não está jogando porque não defende e não arma jogadas, só isso"?), mas se esse problema ainda não foi resolvido, pelo menos Henderson e Brown podem suprir outra necessidade do Bobcats, o banco de reservas.

Nenhum vai chegar perto de ameaçar a vaga de titular do Stephen Jackson, mas será um bom desafogo ter caras que sabem marcar pontos no banco. Ambos até atuaram bem juntos em alguns jogos e a dupla deve também substituir Gerald Wallace durante os jogos. Brown terminou seus 5 jogos com média de 15 pontos e 7 rebotes, Henderson passou dos 20 pontos nas duas primeiras partidas e a partir daí atuou menos minutos, acabando com média de 14 pontos por jogo.

Reggie Williams (SG/SF - Golden State Warriors) - Em um post recente eu comentei que volta e meia o Don Nelson, técnico do Warriors, acha uns jogadores que ninguém nunca ouviu falar por aí e eles começam a jogar bem. Reggie Williams é um exemplo. Apareceu do nada na temporada passada para cobrir o lugar de algum contundido, jogou 24 partidas e saiu com média de 15 pontos por jogo, excelente para um novato. Foi para as ligas de verão e só não fez mais pontos que John Wall, com 22.6 por partida. Apesar de dividir espaço com outros achados de Don Nelson, além de Monta Ellis e Steph Curry, deve continuar fazendo seus pontos na orgia ofensiva do Warriors.

Omri Casspi (SF - Sacramento Kings) - Não sei porque ele estava lá. Provou mais de uma vez na temporada passada que já é um jogador formado e tem espaço garantido na NBA. Vai ver que jogar ligas de verão no basquete profissional americano é mais uma tradição milenar judaica que a gente nunca vai entender, nunca se sabe. Garantiu seus 14 pontos de média em apenas 24 minutos por partida.

JJ Hickson (PF - Cleveland Cavaliers) - A hora é de urgência em Cleveland, qualquer ser humano capaz de fazer pontos, pegar rebotes, dar assistências e/ou dar enterradas lindas o bastante para vender ingressos são bem vindos. Hickson teve bons momentos na temporada passada, mas eles eram sempre ao lado de LeBron, que cansava de dar assistências para o negão ir lá dar suas enterradas avassaladoras. Como seria sem 'Bron do lado?

Na Summer League de Las Vegas ele foi muito bem! Acabou com 19 pontos de média em 58% de aproveitamento e as duas médias foram prejudicadas por um jogo péssimo contra o Miami Heat (trauma da saída do LeBron, provavelmente). Até essa última partida ridícula, em que fez 4 pontos, estava com média de 24,3 pontos por jogo, o que bastaria para ele ser o cestinha do torneio. Ainda falta técnica, mas ele ataca a cesta como poucos, em um ritmo de ataque veloz ele pode se destacar.

Earl Clark (SF/PF - Phoenix Suns) - Earl Clark não se destacou tanto assim para merecer ser citado aqui, é verdade. Podem argumentar que o Jermaine Taylor do Rockets, por exemplo, jogou mais. Mas é que os 14 pontos e 5 rebotes do Clark são significativos pelo seu histórico.

O Clark foi a 14ª escolha do último draft e muitos apostavam que ele iria fazer chover no Suns. Afinal era um jogador alto, veloz e com visão de jogo que poderia ser um Boris Diaw melhorado. Alguns críticos gringos chegaram ao ponto de dizer que ele era completo o bastante para futuramente estar na briga de MVP da NBA! Exageros a parte, o mínimo que ele deveria ter conseguido era entrar na rotação do Phoenix Suns, mas o Jarron Collins entrava antes dele ver um minuto de jogo.

Como é até normal ter um pivete que só pega no tranco depois do segundo ano, fiquei atento ao Clark em Las Vegas e deu para ver uma evolução. Ainda está longe de brilhar, mas já chamou mais o jogo e pareceu mais à vontade em quadra. Sempre tenho dó desses caras que sofrem com as expectativas e espero que com mais tempo de quadra ele comece a se soltar. Quem já viu ele jogar bem torce por isso também.

OJ Mayo (SG (ou PG) Memphis Grizzlies) - Se o Casspi jogar já não fazia sentido, o que dizer de OJ Mayo? Mas calma, a explicação é boa. Um dos planos para a próxima temporada é usar Mayo como armador principal. Ele pegaria alguns dos minutos do pouco confiável Mike Conley na armação e abriria espaço para o recém-contratado Tony Allen e o novato Xavier Henry jogarem na posição 2. Ele estava em Las Vegas apenas para brincar de cosplay de Jason Kidd.

Só jogou duas partidas e deu três assistências em cada uma, não foi lá grande coisa, mas serviu pelo menos para tirar a poeira. Nas palavras do próprio OJ, "Hoje devo ser horrível nessa posição porque não jogo com a bola na mão o tempo todo há 3 anos, mas com treino e repetição eu posso ser bom". Vamos descobrir só na temporada regular, mas não colocaria meu dinheiro nessa aposta.

JR Smith (SG - Denver Nuggets) - E o JR Smith, o que estava fazendo lá? Quer virar armador? Tradição judaica? Não, "Estou aqui por amor ao basquete. Melhor vir aqui do que jogar em uma quadra qualquer". Boa, campeão.

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Veteranos que não jogaram na Summer League
Joe Alexander (Chicago Bulls) - Sabia que todo novato tem um contrato garantido de apenas dois anos? A partir do terceiro é uma opção do time de manter o pivete ou não. Pouca gente sabe disso porque 99% dos novatos tem a opção do seu terceiro ano aprovada assim que possível. Apenas 7 (sete!) jogadores na história da NBA não tiveram essa opção aceita, são eles: Patrick O'Bryant, Yaroslav Korolev, Julius Hodge, o campeão Shannon Brown, JR Giddens, Morris Almond (que estava em Las Vegas) e, finalmente, Joe Alexander.

Ele começou a jogar basquete tarde, só no fim da adolescência e passou boa parte do seu colegial jogando basquete na China onde se mudou com o pai, que foi transferido para a filial chinesa da Nestlé. Voltou para os EUA para jogar basquete na universidade de West Virginia, onde ficou três anos. Apesar de parecer sem muitos fundamentos, era espetacular fisicamente (apesar de ser branco!) e baseado basicamente nisso, acabou virando a 8ª escolha do Draft de 2008 pelo Bucks, em que nunca fez absolutamente nada. No ano passado foi para o Bulls na troca do John Salmons e lá não fez nada também.

Estava inscrito na Summer League pelo Bulls mas não entrou em um jogo sequer, não achei uma notícia explicando a situação. Nada disso é sequer um pouco relevante para o blog, mas que carreira, hein?

Jonny Flynn (Minnesota Timberwolves) - Stephen Curry, Tyreke Evans e Brandon Jennings não jogaram as ligas de verão porque não precisam mais convencer ninguém, Flynn não jogou por uma contusão no quadril. De todos os armadores escolhidos no Top 10 do ano passado foi o que menos convenceu. Ainda acho o rapaz muito bom, a sensação de decepção vai mais do sucesso dos companheiros de draft do que pelas atuações dele em quadra. Ser irregular durante o ano de novato é comum, as exceções são os outros.

DeJuan Blair (San Antonio Spurs) - Geralmente um jogador toma como um elogio quando o seu time pede para ele não jogar uma Summer League. Ainda mais quando você foi um novato na temporada passsada. O gostinho é ainda mais especial quando se foi uma escolha de 2ª rodada como foi com Blair. Mas mesmo com o Spurs implorando para ele descansar e evitar o risco de uma contusão, ele insistiu e disse que queria jogar de qualquer jeito. Até foi inscrito, mas de última hora aceitou o pedido do time e não entrou em quadra. Greg Popovich agradece a vontade de jogar, mas fica mais feliz com a obediência.

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Eu sei que tinha prometido os "outros" para esse post também, mas ficou grande demais, fica para o próximo. Nele irei falar de alguns jogadores que faltaram, inclusive o tão comentado e badalado Jeremy Lin, estrelinha da Summer League de Las Vegas que está bem próximo de acertar um contrato com o Golden State Warriors. Até lá!