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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Trocando figurinhas

Darren Collison joga como o Chris Paul, se move como o Chris Paul, 
se veste como o Chris Paul, mas tem a cara do Rajon Rondo

Tudo começou com o Hornets tendo duas figurinhas repetidas. A gente bate nessa tecla faz um tempo por aqui, de que adianta ter seus dois melhores jogadores jogando na mesma posição sendo que eles não podem estar em quadra ao mesmo tempo? Isso é legal se o resto do time chuta traseiros, mas não, o Hornets tem um elenco muitíssimo limitado e não pode se dar ao luxo de ter um jogador tão bom no banco. Um dos dois precisava dar o fora, ser trocado por outros jogadores para serem titulares, e na minha cabeça sempre foi o Chris Paul por ser mais cobiçado e muito, muito mais caro. Quando ele começou a chorar as pitangas querendo ir para o Knicks, achei que era a hora finalmente do Hornets fazer a troca e comecei a pensar na terrível maldição que às vezes parece assolar as camisetas de NBA no Brasil, sempre que lançam uma camiseta aqui o cara é trocado (não faz muito tempo que fiquei babando numa camiseta do Chris Paul numa loja por aí). Mas parece que convenceram o Chris Paul a ficar, então o escolhido foi seu coleguinha pirralho de posição: Darren Collison.

Do Hornets a gente fala melhor amanhã, em outro post. O que importa é que o Collison vai para o Pacers, que fez até sacrifícios de carneiros para conseguir um armador qualquer. Quando escrevemos sobre cada um dos times que não foram para os playoffs, ainda na temporada passada, afirmei que o Pacers com um armador de verdade provavelmente estaria na elite do Leste. A equipe de Indiana é uma daquelas que caiu no famoso "conto do TJ Ford": você olha pra ele e vê um armador veloz, explosivo, com pulmão pra ir ali na Lua e voltar, mas quando coloca ele em quadra descobre que ele não passa a bola, enlouquece o resto da equipe, não toma uma única decisão correta e não tem qualquer coisa que lembre vagamente um arremesso. Muitos times se apaixonaram pelo TJ até descobrirem que ele te ganha um jogo e depois te perde dez, e nem adianta melhorar o elenco ao redor dele porque ninguém vai ver a cor da bola. Fora que ele se contunde o tempo inteiro porque não tem noção do que está fazendo, invade o garrafão como estiver, e o corpo dele não aguenta tanta porrada depois das lesões na coluna vertical que ele sofreu em quadra. A situação do TJ em Indiana ficou tão complicada que resolveram guardar ele no armário e não tirar mais. Não chegou ao absurdo que foi o Jamaal Tinsley, que um dia chegou pra trabalhar no Pacers e não tinha mais o nome dele em nenhum armário do vestiário, mas sempre deixaram claro que o TJ Ford não jogaria mais pela equipe. Acabaram voltando atrás, no desespero ele até entrou em quadra, mas o armador está oficialmente sendo oferecido em trocas desde que o homem inventou a roda. 

Se o TJ Ford fosse um pivô grandão, alguém teria aceitado a troca porque o talento dele é uma tentação mesmo, mas a fama de destruir equipes não pega nada bem justo numa geração que repentinamente ficou com fobia de sujeitos como Marbury e Allen Iverson. Uma década atrás o TJ Ford venderia milhões de camisetas e teria espaço em qualquer equipe da NBA, mas hoje em dia a mentalidade é outra e esses tipos são considerados cânceres a serem exterminados. Então, na falta de uma troca possível e depois de uma proposta pro Bobcats pelo DJ Augustin ter miado, o Pacers foi com tudo atrás do Darren Collison. Só tiveram que envolver outros dois times na parada e aí conseguiram, foi facinho.

O que o Pacers mandou foi o Troy Murphy, ala fodão que não muito tempo atrás teve seu talento roubado pelos Monstars, do "Space Jam". Ele tem um jogo muito refinado, arremessa de qualquer lugar da quadra - inclusive da linha de três pontos - com naturalidade, e é uma máquina de pegar rebotes. Tem dificuldades defensivas e não joga bem de costas para a cesta, mas seria útil em qualquer time. Quando chegou no Pacers, simplesmente desaprendeu a jogar basquete e sumiu da mídia, mas voltou aos poucos e ainda quebra um belo de um galho. O jogador de garrafão será mandado para o Nets, que precisava muito de um jogador da posição. No elenco atual do Nets, o novato Derrick Favors seria titular imediato ao lado de Brook Lopez. Por um lado é bem legal colocar um calouro direto no fogo e mandar um "se vira", dar moral, crédito, e deixar o cara feder bastante até pegar o jeito, como foi o que aconteceu com o Kevin Durant. Mas é que tem gente, como o Kwame Brown, que simplesmente desapareceria da NBA se fizessem algo desse tipo (tá explicado, o Kwame desapareceu mesmo). Não é todo mundo que tem cabeça pra aguentar a pressão de ser titular num time que só perde, como deve ser o Nets na temporada que vem, e ninguém quer queimar o jogador. O Troy Murphy garante que o Favors possa vir do banco ou então ser titular e jogar menos minutos, quando a coisa estiver mais pesada. Ao fim da temporada que vem o contrato do Troy Murphy vira farofa, o Favors já pode ser titular absoluto com uns pelinhos pubianos a mais no corpo, e o Nets ainda fica com espaço salarial para tentar - de novo - uma grande estrela para talvez salvar a franquia. Foi um plano seguro, de quem não tem pressa para ganhar mas que sabe exatamente o que está fazendo (ao contrário do Wolves, mas isso é outra história).

Já o Nets, pra participar dessa suruba, mandou o Courtney Lee para o Houston Rockets, que por sua vez mandou o Trevor Ariza para o Hornets. Como torcedor do Houston que assistiu a praticamente todas as partidas da equipe na temporada passada (e que bizarramente assistiu a uma caralhada de partidas do Nets pra entender o porquê deles federem tanto), posso dizer que estou muito feliz com a troca. Por mais fã que eu seja do Ariza, seu estilo de jogo era completamente descartável no Houston. Ele é um baita defensor, mas para estar em quadra exigia que o Shane Battier (um dos melhores, se não for o melhor, defensor da NBA) estivesse no banco. No setor ofensivo, lhe faltava domínio de bola para criar o próprio arremesso, coisa que o Kevin Martin passou a fazer, e seus arremessos de três são inconsistentes, ao contrário do novato Chase Budinger, que é um monstro no perímetro. As bolas de três são essenciais para o esquema tático do Houston e o Ariza sempre ficou desconfortável em quadra. Brilhava mesmo nos contra-ataques, e nisso deixará saudades, mas não muitas. O Courtney Lee também é espetacular nos contra-ataques, é um excelente defensor, e desde novato já se sentia mais à vontade para criar o próprio arremesso. Nos playoffs com o Magic, era normal ele ser o único jogador da equipe a ter coragem de arremessar nos primeiros minutos, e acabou recebendo o fardo de decidir um punhado de partidas (lembro dele errando um arremesso decisivo no final de uma partida das Finais contra o Lakers). É notório o quanto ele ficou puto de ser trocado para o Nets porque queria vencer, decidir jogos, estar nos playoffs, nunca aceitou estar na equipe de New Jersey e foi um dos que mais criticou o começo historicamente ruim de temporada do time, exigindo explicações do elenco e da comissão técnica. Ou seja, o Nets claramente se livrou dele porque ele é chato demais para ficar numa equipe que ainda pretende feder por mais uns anos. No Houston, vai criar o próprio arremesso, arremessar de três, jogar no contra-ataque e defender - e o melhor, nada disso é na mesma posição que o Shane Battier! Vai ser reserva do Kevin Martin e talvez até do Battier, em escalações mais baixas, e ainda terá minutos e oportunidade de ir para os playoffs. A troca é melhor do que parece para o Houston primeiro porque o Courtney Lee é melhor do que se imagina, é excelente ladrão de bolas e arremessador de três pontos, e segundo porque ele é mais barato do que o Ariza e o Houston já está acima do teto salarial. O Ariza não saiu caro, mas reassinar Luis Scola e Kyle Lowry era mais essencial e saiu uma pequena fortuna, foi preciso dar um jeito nas finanças.

O Ariza deve se sentir muito mais à vontade no Hornets com os contra-ataques puxados pelo Chris Paul e sendo o principal defensor da equipe. Não é nenhuma estrela para que o Chris Paul queira jogar em New Orleans até o fim da vida, mas é melhor do que o resto do elenco e o Hornets ainda conseguiu mandar para o Pacers, além do Darren Collison, o James Posey. O Posey fez fama no Celtics campeão uns anos atrás, porque ele é realmente um jogador sólido pra burro que ajuda qualquer equipe que queira ganhar um título - coisa que o Hornets não é nem nunca foi. Seu salário é grande demais para um simples carregador-de-pianos, mas será útil no Pacers se eles conseguirem ir para os playoffs. A equipe de Indiana sempre jogou numa correria excessiva (talvez fosse o simples fato de estar dentro do raio de 2 quilômetros da presença do TJ Ford) e não conseguia acionar as armas ofensivas que tem, nem o espetacular jogo de costas para cesta do Roy Hibbert. Eu sou todo apaixonadinho por essa nova safra de pivôs da NBA, porque além dos jogadores que estão mais na midia, como Dwight, Kaman, Bogut e Brook Lopez, ainda tem sujeitos como o Marc Gasol e o Roy Hibbert que podem ser os melhores da NBA na posição e a gente nem percebe direito. São todos muito técnicos, com pés rápidos e muita habilidade perto da cesta, e o Roy Hibbert (que já teve umas atuações monstruosas na temporada passada, tipo quando ele humilhou o Dwight Howard) é um dos melhores dessa safra. Com um armador de verdade, deve mostrar mais serviço e o Pacers passa a ser um time a ser levado a sério.

Meu único medo, no entanto, é com a qualidade do Darren Collison. Quando ele virou modinha na temporada passada todo mundo cravou ele como um dos melhores armadores dessa geração, e ele realmente chuta uns traseiros, mas grande parte da responsabilidade por isso era o esquema tático do Hornets. Analisei um pouco isso ainda na temporada passada, quando o garoto começou a explodir. Não é que o esquema do Hornets tenha feito o Collison bom, mas é que o Collison é bom para o esquema do Hornets. Por ser excelente ladrão de bolas, ter muita calma na hora de armar, cuidar bem da bola, ser um dos armadores mais rápidos da NBA e arremessar todo torto, se encaixava bem no papel do Chris Paul, em que ele passava o tempo inteiro com a bola nas mãos e só puxava contra-ataques depois dos roubos de bola. Se no Pacers a bola passar tempo demais nas mãos de Danny Granger e o time só jogar no contra-ataque, veremos algumas fraquezas do Collison expostas (como seu arremesso simplesmente quebrado), e algumas de suas melhores qualidades (como acalmar o jogo e tomar as decisões mais simples na hora de passar a bola) serão ignoradas. Se o Pacers não mudar o modo de jogar e simplesmente colocar o Darren Collison no meio daquela bagunça, ele será apenas um jogador normal. O truque é lhe dar a bola e não exigir que ele seja acionado para arremessar, mas será que o Granny Danger topa a brincadeira?

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Chance perdida


Arremesso: Travis Outlaw está fazendo errado


Já até nos encheram o saco no formspring querendo saber quando vamos tirar aquele bando de "Calma ae" na coluna de links da nossa planilha de Free Agents. Calma, pessoal! Passamos um período com muitas mudanças, muitos contratos novos e tentamos dar atenção para o que era mais importante, como o trio de Miami, Carlos Boozer e Amar'e Stoudemire e para o que não poderia ficar para depois, como a análise das Summer Leagues. Agora, aos poucos, vamos falando de algumas contratações de menos nome ou menos impacto, mas que merecem ser comentadas.

Hoje falaremos de um time que começou o verão americano com grana sobrando o bastante para dar uma festa em um iate, mas que preferiu gastar para resolver umas dívidas e no máximo passar um fim de semana no Guarujá. Ou, em termos de basquete, começaram sonhando com LeBron James e se deram por satisfeitos depois com Travis Outlaw:  o New Jersey Nets.

O Nets começou a offseason deixando para trás vários resquícios da temporada mais fracassada da sua história: tem um novo dono, um bilionário russo de história estranha (Mikhail Prokhorov, sobre quem estou pesquisando para fazer um post da série "Dono da Bola"), não paga mais 8 milhões de dólares para o Bobby Simmons mostrar que não sabe jogar basquete, trocou de técnico, General Manager e não seria nenhuma surpresa se aparecessem com novos logos e uniformes só para esquecer do ano passado.

Quem acompanha o futebol inglês como eu já estava esperando que bilionário russo era sinônimo de gastos absurdos e contratações de jogadores de mais nome que talento, os homens do dinheiro da Premier League parecem gostar mais de manchetes anunciando contratações e euros do que de vitórias. Mas eis que o Nets então, ao perder LeBron James, fez algumas das contratações mais discretas e xoxas da liga, a primeira delas sendo Travis Outlaw.

O ala, que eu não vou chamar de fora-da-lei como ato em homenagem à ATO, Anti-Trocadilhos Organizados, chega para ser o que sempre quis ser na carreira: titular. Ele chegou na NBA no famoso draft de 2003 e direto do colegial. Tinha se destacado nos anos anteriores com boa técnica de arremesso, velocidade, boa altura e uma forma física alucinante. Relatos da época dizem que ele colocava moedas no topo da tabela! Com bom potencial, mas ainda meio cru, foi a 23ª escolha. O Blazers foi bem em não queimar o garoto nos seus primeiros anos e apenas trabalhava o rapaz em treinos. Seus minutos de jogo subiram de 2 minutos por partida no ano de novato para 13, depois 16, 22, 26, até chegar no auge, 27, na temporada retrasada.

No ano passado, porém, caiu de novo para 20 minutos e seu jogo, pela primeira vez, regrediu. No começo era legal ver que Outlaw, que além de uma aberração física, estava também refinando seu arremesso e se tornando um bom reboteiro. Durante sua melhor temporada ele até começou a ser chamado de "Sr. 4º período" em Portland, todas as bolas do time na reta final do jogo eram na mão dele. Em vários jogos ele arremessava mais que o Brandon Roy quando o time precisava de uma cesta urgente. Depois de se tornar um exímio arremessador ele mesmo disse que é apaixonado pelo seu arremesso e que é viciado em treiná-lo. O que parecia bom, no entanto, virou vício. Não demorou muito para o Travis Outlaw virar um buraco negro e arremessar toda bola que chegava nele, o que passava por ele não voltava, e também se tornou um jogador previsível, já que nunca infiltrava, enterrava ou procurava um companheiro livre, era só arremesso, arremesso e arremesso. Não à toa perdeu espaço para jogadores mais completos como Nicolas Batum e Rudy Fernandez.

A graça de acompanhar o Travis Outlaw no Nets vai ser ver como ele encara o seu papel e como o técnico Avery Johnson vai usá-lo. Eles estão contratando um jogador para ser uma das estrelas do time, alguém para confiar a bola com regularidade, ou é só mais um arremessador? Gostar ou não do Outlaw e da sua contratação depende exclusivamente do que você espera dele e de como se usa o seu talento.

No melhor dos cenários ele pode ser uma espécie de Luol Deng do Nets. Recebe pouco a bola, mas quando recebe tem a luz verde para arremessar. Deng, porém, tem aprendido a infiltrar, é ótimo em contra-ataque e um excelente reboteiro para sua posição. Também tem ao seu lado Derrick Rose, que sabe mais do que Devin Harris quando acionar seus companheiros. O pior dos cenários é o Travis Outlaw ser um novo Ricky Davis. Tem a luz verde para pontuar porque tem talento para isso mas sempre toma as decisões erradas: quer ser herói quando não deve, acha que é o melhor do time só porque é um pontuador, não ajuda em mais nada porque aceitou o rótulo de "scorer" e acha que pegar rebote, defender e essas frescura é função dos outros.

O salário médio de 7 milhões anuais pelos próximos 5 anos indica que eles estão esperando algo mais próximo da primeira opção, claro, mas achei uma contratação arriscada. Outlaw não deu indícios no passado recente de maturidade e de boas decisões em quadra, se nem com Roy e Andre Miller controlando o ritmo de jogo ele era obediente, imagina com o porra-louca do Devin Harris! A possibilidade do bom cenário existe, mas eu não me animaria demais com essa contratação se torcesse para o Nets. O Ronnie Brewer poderia exercer a mesma função e ser melhor em muito mais coisas e saiu bem mais barato para o Bulls. O Wesley Matthews, que precisou de só uma temporada para ser melhor do que o Outlaw em sete, saiu pelo mesmo preço do Jazz para o Blazers.

A segunda contratação foi de Johan Petro. Sim, Johan Petro. Na NBA você pode ser uma eterna promessa, não aprender a jogar mesmo depois de 6 anos entre os profissionais, não ter médias superiores a 6 pontos e 5 rebotes por jogo, nunca dar um pequeno indício de que pode melhorar o seu jogo, nunca ter tido uma partida boa sequer e mesmo assim ganhar um contrato de 10 milhões de dólares distribuídos em 3 temporadas. Tá bom que o Brook Lopez precisa de um descanso e eles não precisavam ir atrás de um gênio, mas precisava chutar o pau da barraca assim? Salários parecidos irão ganhar outros dois pivôs reservas e gringos, Nikola Pekovic no Wolves e Timofey Mozgov no Knicks. Os dois podem acabar sendo tão inúteis quanto Petro, mas pelo menos a gente ainda não sabe disso! Eles também tem uma história recente de algum sucesso para justificar a aposta, o Petro fez o que? Quando até a contratação só para fechar o elenco é ruim é que a coisa tá fedendo.

A terceira contratação até que não foi das piores, embora eu já tenha xingado muito esse ser humano nos últimos anos: Jordan Farmar. Com algumas diferenças de importância e de relevância no seu meio, o Farmar é o Robinho da NBA. Robinho surgiu bem em 2002, melhorou até 2004 e aí resolveu que queria ser o melhor do mundo. Não queria sair do Santos para qualquer time porque queria ir para um lugar onde pudesse ser o melhor do mundo. Foi para o Real Madrid porque queria ser o melhor do mundo. Saiu do Real Madrid porque na reserva não dava para ser o melhor do mundo. Foi para o Manchester City porque lá o projeto novo poderia alavancá-lo para ser o melhor do mundo. Voltou para o Santos porque virou reserva na Inglaterra e não poderia perder espaço na Copa do Mundo, afinal ser o melhor da Copa é o melhor atalho para ser o melhor do mundo. Robinho, em resumo, foi reserva em seus dois times na Europa, não é metade do que poderia ter sido, hoje é, forçando a barra a seu favor, o terceiro melhor jogador do Santos e mesmo assim ele insiste nesse papo imbecil de ser o melhor do mundo. A quantidade de vezes que eu escrevi "melhor do mundo" nesse parágrafo é o número de tapas na orelha que o Robinho precisava pra acordar pra vida.

Jordan Farmar fez uma excelente carreira universitária pela UCLA, começou bem na NBA em 2006, chegou a ser colocado lado a lado com Rajon Rondo como dois promissores jovens armadores no começo de 2007 e desde então insiste que quer ser titular na NBA. Ele ignora que o Phil Jackson preferiu usar o Smush Parker (e tinha jurado que nunca mais diria esse nome) ao Farmar no seu primeiro ano e que nunca pensou em tirar o Derek Fisher da posição nos anos seguinte. Também esquece que em 2007-08 já tinha virado o terceiro armador do time, perdendo a vaga de reserva para o Javaris Critentton (sim, o da confusão com o Arenas) e só foi salvo porque o Critentton foi para o Grizzlies na troca-doação do Pau Gasol. O Grizzlies nem pediu ele na troca! O Grizzlies! Sem contar os inúmeros jogos em que o Sasha Vujacic e o Shannon Brown usaram os minutos que seriam do Farmar só por defender ou arremessar melhor.

Robinho, se você é reserva no Manchester City, você nunca vai ser o melhor do mundo. Farmar, se você está disputando (e perdendo) vaga com Critentton, Vujacic e Shannon Brown, você nunca vai ser titular. Vou entrar na dança e estabelecer como objetivo do Bola Presa ter mais acessos que o UOL, quem será que consegue primeiro, nós, o Farmar ou o Robinho?

Depois de tanto falar que só ficaria no Lakers se virasse titular ou que iria mudar para um time onde começasse os jogos, Farmar não recebeu nenhum telefonema quando seu contrato acabou. Aí acho que alguém deu um toque de brother no rapaz, que aceitou o contrato de 12 milhões por 3 temporadas pelo Nets. Lá ele vai fazer o que é capaz de fazer, ser reserva. Ele tem velocidade, eventualmente tem grandes momentos e é um arremessador de três decente, obviamente tem espaço na NBA, mas precisou tomar um gelo para se tocar de que espaço é esse. Para o Nets foi importante ter um armador reserva que mantenha o ritmo rápido de jogo do Devin Harris, mas não vai ser algo que vai mudar os rumos da equipe.

A última contratação do Nets nessa offseason foi o glorioso Anthony Morrow, um dos melhores achados do Don Nelson nos últimos anos. O Morrow está, sem dúvida, na lista dos cinco melhores arremessadores de três da atualidade e não ficaria surpreso se algumas pessoas o considerassem O melhor, nem diria que essa pessoa deve ser a mãe dele. Seu aproveitamento é de 45,5% nas duas temporadas que jogou, o que é um absurdo para o número de bolas que ele arremessa.

Tudo o que um arremessador quer da vida é espaço. E para isso ele precisa que o seu marcador fique distraído ou ocupado com outra coisa, o que dá mais certo costuma ser um jogador de garrafão forte que chama a marcação dupla ou um driblador, que força a infiltração, passa pelo seu marcador e exige que outro largue a sua responsabilidade para tapar o buraco. Em seus bons dias esses dois tipos podem ser chamados de Brook Lopez e Devin Harris. Se os dois jogarem bem nessa temporada é possível que levem o Anthony Morrow nas costas, mas não será o contrário. É mais uma contratação para ajeitar o time, não para revolucioná-lo. Até porque a não ser que o Anthony Morrow mostre, de repente, que é um excelente marcador (quem conseguiria provar isso no Warriors?) e tem um jogo ofensivo além dos seus arremessos, ele deve ser reserva do ótimo Courtney Lee.

Com dinheiro de sobra para contratar uma grande estrela, o Nets chega perto do fim do período de contratações mantendo boa parte do time que foi o pior do ano passado e mais três reservas e um titular de passado recente duvidoso. E isso sem contar que eles mesmo admitiram que o Derrick Favors, terceira escolha do Draft 2010, ainda não está pronto para fazer muito estrago na NBA, é um projeto futuro. Será que em 2015 o Nets vira um grande time? Já tamo chegando, paiê? E agora?

Você sabe porque o Nets chama Nets? Apenas para rimar com os outros times da região, o New York Mets e o New York Jets. Merece o último lugar ou não merece?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A voz da experiência

Não pula mais, joga bingo e faz tricô, mas virou um cara feliz


Pra mim chega. Não consigo comer, não consigo dormir, não consigo ler tranquilo no banheiro, toda hora que eu venho pra esse maldito computador alguma troca nova aconteceu. Quantos posts sobre trocas eu consigo fazer num único dia? Daqui a pouco, as pessoas vão começar a perceber que eu não tenho uma vida.

Primeiro, vamos dar uma recapitulada para eu perceber o tamanho do absurdo e me sentir produtivo: teve o Richard Jefferson para o Spurs, Randy Foye para o Wizards, Jamal Crawford para o Hawks e Shaq para o Cavs. Quem chegar na segunda-feira querendo saber o que aconteceu ultimamente na NBA vai ter leitura para uma vida inteira (fora o draft!), mas espero que até lá a NBA ainda esteja dividida em Leste e Oeste e o planeta Terra continue redondo.

A nova troca que me obriga a vir ao blog mais uma vez (ai, que fome, que sede, que vontade de ir ao banheiro, será que é dia ou noite lá fora?) mandou Vince Carter e Ryan Anderson para o Magic, e Rafer Alston, Tonny Battie e Courtney Lee para o Nets.

Mais surpreendido do que com a troca, estou é surpreso de ver quanto tempo demoraram pra trocar o Carter. Quanto começaram a desmontar aquele Nets que um dia havia sido uma força no Leste mas jamais teria chances de ganhar um anel de campeão, já era óbvio que o Carter não teria uma estadia muito longa por lá. Primeiro o Richard Jefferson virou farofa, o que por si só já era intrigante, afinal ele era o mais jovem do trio que era a base da equipe. Depois, até mesmo o Jason Kidd foi trocado, o que colocou o Nets num óbvio projeto de reconstrução a longo prazo. Se o Carter havia boicotado o Raptors, como diz a lenda, porque não aguentava jogar num time que fedia, como é que ele se sentiria num time que não tinha mais quaisquer intenções de vencer alguma coisa pela próxima década? A resposta foi surpreendente: Carter aceitou a equipe, abraçou o papel de líder, foi a voz da experiência e tornou definitivamente o time melhor. Por isso, até fez sentido mantê-lo lá por tanto tempo, muito embora fosse óbvio que a qualquer minuto ele teria que sentar para dar espaço para algum pirralho meia-boca ganhar minutos de jogo.

Enfim aconteceu, e agora Vince Carter chega a Orlando com uma fama completamente transformada pela sua estadia em New Jersey. Se antes ele era individualista, segurava demais a bola e boicotava sua equipe quando as coisas não iam como ele queria, agora Carter conseguiu mostrar que pode ser mais do que um grande companheiro de equipe - pode ser uma voz forte, de comando e liderança, experiente e capaz de direcionar os novatos em quadra. Com isso em mente, a chegada de Carter ao Orlando não poderia ser mais acertada.

O Magic escalou o Leste com um basquete coletivo, sem estrelas, focado no jogo de perímetro. Nisso Vince Carter se encaixa bem, sendo um ótimo arremessador de três pontos, cada vez mais focado em passar a bola e não muito interessado em ficar penetrando no garrafão. Só que o Magic enfrenta problemas quando as bolas não caem e precisa jogar um basquete lento e cadenciado, com dificuldades de criar jogadas individuais e quase uma inexistência do pick-and-roll e de outras táticas que levem os jogadores a atacar o aro. Quando o Dwight Howard está tendo problemas no ataque ou se encontra com excesso de faltas, o Magic é um time extremamente fragilizado. Turkoglu é o único que chama a responsabilidade para si, especialmente no final dos jogos, e embora tenha tido muito sucesso na empreitada, definitivamente não é o cara que o torcedor gostaria de ver com a última bola de uma Final nas mãos. Nessas horas mais cruciais é que o time carece de individualidade, experiência, maturidade e criatividade.

Um Vince Carter em seu auge provavelmente destruiria esse Magic, centralizando o jogo e acabando com qualquer chance da bola rodar e encontrar os arremessadores livres na linha de três pontos. Mas esse Carter velho, cansado e líder em New Jersey é perfeito para o papel do cara que decide no final dos jogos, imprime maturidade ao time, dá tranquilidade à equipe quando a rotação ofensiva não está funcionando, e tudo isso sem comprometer o esquema tático. Acredito que esse seja o momento perfeito da carreira do Carter para ele assumir um papel secundário frente a um esquema em que prevalece um todo. Mas, quando precisar, Carter poderá tomar decisões, ser criativo e decidir partidas - quer o Turkoglu esteja lá, quer ele tenha sido assinado por outra equipe.

De brinde na paçoca, o Magic ainda ganha o Ryan Anderson, que foi draftado justamente como sendo um Rashard Lewis dos pobres. Para vir do banco e manter o esquema tático, ele é perfeito, por ser um ala alto que arremessa de três pontos. Melhor do que colocar Dwight Howard e Marcin Gortat juntos em quadra como o Magic foi obrigado a fazer várias vezes contra o Lakers na Final, já que os dois pivôs têm o mesmo papel e só congestionam um garrafão que precisa estar mais livre para que o jogo de perímetro funcione.

Abrir mão de Tonny Battie, que é velho e machucado, e de Rafer Alston, que nitidamente era só um quebra-galho enquanto o Jameer Nelson estava machucado, foi até bem barato. Só fiquei triste pelo Alston, mesmo odiando ele, porque o coitado nunca consegue pertencer mesmo. Já tinha escrito sobre como ele sempre tentou fazer seu papel direitinho mas ainda assim foi descartado em Houston, e agora a mesma coisa aconteceu em Orlando, apesar do bom trabalho que ele desempenhou levando esse Magic a uma Final de NBA. Ninguém vai sentir falta dele por lá, é verdade, em Houston ninguém nem reconheceria o sujeito na rua (talvez se fosse para dar umas porradas), mas isso não deixa de ser triste. Em New Jersey, o coitado vai ser reserva do Devin Harris e terá minutos bem limitados. É o fim de sua carreira como titular, que sinceramente durou mais do que devia. Façamos um minuto de silêncio.

O único jogador importante que o Magic tem que abrir mão é o Courtney Lee, que se mostrou um defensor espetacular e cada vez mais impressionante no ataque. Será um grande jogador, sem dúvidas, mas o time de Orlando precisava de experiência. Três jogos seguidos da Final entre Magic e Lakers abriram com o Lee dando os primeiros arremessos, era bem claro que ele era deixado livre por ser mais jovem, limitado e inexperiente. Ele tentou decidir dois jogos no minuto final, incluindo uma ponte-aérea no último segundo que, se tivesse entrado, poderia ter transformado completamente aquela série - mas não entrou. Confiar e depender tanto de um novato não faz sentido para um time que chegou a uma Final e já tem um elenco bem jovem. Vida longa ao Courtney Lee, mas o Magic precisa de outra coisa.

No Nets, ele terá espaço para ser titular imediatamente e dominar a armação pela próxima década ao lado do Devin Harris. Desde que ele não se importe de estar num time que fede, tudo vai ficar bem. O Nets finalmente apertou o botão do apocalipse total e ninguém com idade suficiente para beber deve continuar no elenco, a reforma é generalizada. Ainda assim, parece que o elenco é mais forte e interessante do que a maioria das coisas que temos por aí, especialmente no Leste, e não acho que eles devam ficar muito tempo fora dos playoffs, especialmente se o Brook Lopez continuar sua evolução e se tornar um pokémon de verdade. Além disso, o Nets economiza uma graninha e começa a flertar com aquelas ideias malucas de contratar LeBrons e Kobes, coisa que nunca vai acontecer, mas eles estarão bem mesmo assim. Não bem como o Magic, claro, que agora tem que ser considerado uma força ainda maior do que já era. Bizarro, com as recentes trocas do Cavs, do Magic e a volta do Garnett no Celtics, não é que o Leste ficou verdadeiramente divertido?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Por pouco

Uh!

A história agora foi outra. Ao invés de parecer o Orlando que ameaçou perder para o Sixers, o Magic de ontem lembrou mais o Magic que eliminou o Cavs convincentemente. A diferença foi só que contra o Cavs o Orlando estava conseguindo vencer os jogos no final, agora não conseguiu.

A situação para o Magic agora é bem complicada. Além da derrotal moral de não ter conseguido vencer mesmo quando jogaram bem e com o Kobe em noite de atuação abaixo da média (dele), o time pela primeira vez nesses playoffs começa uma série perdendo de 2-0. Eles já saíram de um 3 a 2 contra o Boston, de um 2 a 1 contra o Sixers e tanto na série com Celtics quanto na com o Cavs estava sem mando de quadra, mas nas duas oportunidades tinha voltado pro Magic Kingdom com um empate em 1 a 1.

O jogo de ontem começou feio. Aquele 15 a 15 no primeiro quarto com 8 turnovers do Magic foi patético. O Lakers parecia que estava jogando câmbio, aquele vôlei for dummies que você pega a bola na mão e fica parado até jogar a bola pro outro lado. Nenhum dos times aproveitou o mau momento do outro time pra deslanchar e tomar conta do jogo.

No segundo quarto, com os reservas, os times se soltaram mais. O Farmar entrou bem nos seus primeiros minutos, o Odom estava inspirado e o Lakers abriu alguma vantagem, que logo virou farofa quando o Rashard Lewis incorporou o NBA Jam e seus arremessos começaram a sair pegando fogo. 18 pontos em um período (em um período de um jogo de final fora de casa) é para entrar para a história da NBA e ele é só o Rashard Lewis!

Sem querer tirar os méritos do Rashard em seu quarto histórico, o Lakers vacilou grandão. O ala do Magic estava com duas faltas desde a metade do primeiro quarto e nenhuma alma do Lakers foi capaz de cavar mais uma até a metade do terceiro período.

Bastava uma faltinha no segundo período pra ele ser obrigado a sair de quadra ou pelo menos jogar com muito cuidado. Sei que faltas não se arranjam facilmente mas ontem os juízes estavam marcando falta até quando os jogadores batiam nas mãos uns dos outros para comemorar cesta. Uma infiltração do Odom ou o Gasol mano a mano com o Lewis e uma faltinha providencial poderia ter ocorrido.

Quem tá sofrendo com essas faltas exageradas é o Andrew Bynum. Ele não sabe como marcar o Dwight Howard sem se jogar pra cima dele e acaba tendo os mesmos problemas que teve contra o Yao Ming nos primeiros jogos contra o Rockets. Os juízes estão exagerando nas faltas para os dois lados, parte da culpa é do excesso de zelo deles, mas é para saber lidar com situações desse tipo que os atletas tem algo chamado cérebro. Se marcam falta do jeito que você está marcando, se adapte.

O segundo tempo foi bem amarrado. O Stan Van Gundy disse no intervalo que queria o time correndo mais, saindo pro contra-ataque e o time obedeceu. Durante uma posse de bola. Logo depois do intervalo, o time marcou seus únicos dois pontos de contra-ataque na série. O Efeito Dory então bateu neles e voltaram a jogar só meia-quadra. O Lakers atrapalha a correria deles mas a média de 1 ponto de contra-ataque por jogo na série é patética.

A partir do terceiro quarto o Lakers se preocupou mais em não deixar o Rashard Lewis livre na hora de dobrar a marcação do Dwight Howard (o que aconteceu o tempo inteiro) e com isso ele teve mais participação em passes do que em finalizações, terminou com 7 assistências. Além disso, foi importante para que o Hedo Turkoglu fosse a estrela do terceiro período. Mas que não pareça que o Turkoglu ter jogado bem no terceiro período e o Rashard ter brilhado no segundo tenha feito o jogo algo de maravilhoso, foram atuações individuais impressionantes no meio de um jogo um bocado feio. Emocionante, mas feio.

No quarto período era a hora das estrelas do Lakers aparecerem um pouco. Enquanto o Kobe fazia um mix de belos pontos e alguns turnovers, quem brilhou mesmo foi o Lamar Odom. O Candyman do Lakers resolveu que não era mais amarelão desde o jogo 5 da série contra o Nuggets e está incorporando o herói desde então, jogou demais e foi o líder do Lakers no ataque e nos rebotes. Aliás, tem jogada mais legal do que quando o Odom marca um homem grande, faz ele errar, pega o rebote e sai para o contra-ataque como um armador? Quem vê só uma jogada dessa deve achar o Odom o melhor e mais completo jogador da história.

No fim do jogo, comigo já borrando as calças achando que o Lakers ia entregar o ouro, o Magic não conseguiu mais colocar a bola na mão dos seus jogadores mais importantes. Tirando um fade away do Turkoglu a quarenta segundos do fim, as jogadas mais importantes do time saíram da mão do JJ Redick e do Courtney Lee. O Lee estava na quadra porque o Pietrus saiu com 6 faltas e o Redick porque o Stan Van Gundy mistura momentos de genialidade com outros de completa estupidez.

O momento de genialidade ontem, porém, não deu em resultado. Depois de um toco limpo e espetacular do Turkoglu no Kobe, há 0,6 segundo do fim do jogo, o Van Gundy desenhou uma jogada linda onde parecia que o Lee ia fazer um corta para o Lewis chutar, mas foi o contrário, o Lewis fez o corta e o novato mascarado partiu em direção à cesta, sem marcação, para uma ponte aérea. Um pequeno erro de cálculo ou na hora do salto ou no lançamento do Hedo Turkoglu fez com que a ponte-aérea acabasse em uma bandeja um bocado sem ângulo. Sem o tempo de segurar a bola para arrumar, ele errou. Por muito pouco.



Como torcedor do Lakers, ao ver o jogo empatado no final do tempo normal eu lembrei do toco que o Dwight Howard deu no Gasol por dentro da cesta. Eu não gosto de reclamar de arbitragem aqui no blog e é idiota e exagerado achar que aquela jogada em si decidiu o jogo, mas a jogada mais infantil da história das finais merece um registro. (infelizmente esse vídeo não mostra o replay com close, onde dá pra ver a jogada mais claramente)



Prorrogação, amigos da Rede Globo. Haja coração! De madrugada, ajoelhado, vendo o jogo na casa da minha namorada, finalmente o time do Lakers me ouviu. "Essa prorrogação vocês tem que ganhar na defesa". E foi assim que ganharam mesmo. O Trevor Ariza grudou no Turkoglu e não deixou fazer nada, as bolas para o Dwight resultaram em turnover e o único arremesso do Rashard Lewis foi um de 3, forçado, marcado e no desespero (que não entrou por milagre, puto).

Destaque para o Derek Fisher que foi o Ariza do dia com um roubo crucial de bola em um passe do Redick para o Dwight Howard. Depois o Fish, que finalmente calibrou a mão para as finais, ainda cavou uma falta que colocou o Lakers em vantagem antes do time fechar o caixão do Magic com uma cesta-e-falta do Gasol e lances livres do frio Lamar Odom.

Mérito do Fisher nessa jogada e, claro, demérito do JJ Redick, que deu um passe idiota. Mas mais culpado que ele é o Stan Van Gundy, que fez aí seu momento de estupidez. Com o Ariza grudado no Turkoglu como uma namorada apaixonada, o Magic precisava de alguém para bater bola, para driblar, para armar uma jogada. No tempo normal a bola caiu na mão do Lee, que errou uma bandeja a 10 segundos do fim, e na prorrogação caiu nas mãos do Redick, que fez a cagada de errar o passe.

A ironia está no fato de que o time tem armador demais. Com o Nelson de volta, o Tyronn Lue nem está sendo relacionado para os jogos, deixando o Magic com 'apenas' 3 armadores puros no time: Alston, Nelson e Anthony Johnson. Custa colocar um deles no jogo quando o time precisa justamente de alguém pra armar o jogo? A cara de cu do Anthony Johnson vendo o jogo ontem, somada à atuação nula do Nelson, mostram como essa volta do capitão do time mais atrapalhou do que ajudou.

Mas que fique claro que mesmo com esses problemas e com alguns erros do seu técnico, o Orlando Magic esteve a alguns detalhes de distância de empatar a série. Se virar um 2 a 0 é difícil, pelo menos o time já sabe e viu que pode vencer o Lakers se jogar bem. Para o Lakers fica a tranquilidade de ter 3 jogos fora de casa para conseguir apenas uma vitória.

Pode ser precipitação minha, mas essa bandeja errada do Courtney Lee vai ser o novo fantasma de finais do Magic, subsitituindo os 4 lances livres errados do Nick Anderson no minuto final do jogo 1 das finais de 95 contra o Rockets.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mano a mano

Rir de tudo é desespero

Tem uma frase famosa nos EUA sobre playoffs que diz: It's all about matchups.

Sem querer traduzir ao pé da letra, a frase defende que uma série de playoff é decidida pelos matchups, ou seja, pelos duelos pessoais entre os dois times. É o que falamos várias vezes sobre a série Magic e Cavs. LeBron e as LeBronzetes tinham um time bom, mas era o time errado pra enfrentar o Magic. Será que o Lakers tem o time certo? É hora daquela análise jogador contra jogador que todo site de basquete faz mas nenhum com o charme e a graça do Bola Presa.

Derek Fisher x Rafer Alston

Acho que esse confronto depende muito do Alston que vamos encontrar em quadra. Vai ser a máquina de acertar arremessos do jogo 4 da série com o Cavs ou o lixo do jogo 5? E o Fisher que vai jogar é o que sabe arremessar ou o que é um pedaço de carne desforme e imprestável?

Inconsistências à parte, acho que esse confronto pode ser definido pelo estilo de jogo que cada um definir. O Fisher teve problemas pra marcar o Aaron Brooks na série contra o Rockets porque ele era muito rápido, mas faz um trabalho razoável contra armadores mais burocráticos. Se o Alston incorporar o Skip to my Lou e partir pra cima do Fisher, o Magic pode ter uma boa arma para abrir a defesa do Lakers para o Dwight e os arremessadores. Se ele for burocrático, não deve ser úil pra nada.

No banco fica a dúvida de se o Jameer Nelson vai jogar ou não. Os jogadores estão confiantes que ele vai pelo menos atuar por uns minutos. Será que ele volta bem ou é mais para dar uma de Willis Reed e dar um boost de confiança nos companheiros?

Se o Alston for agressivo e o Fisher não conseguir pará-lo, a resposta californiana deverá estar em Farmar ou Shannon Brown. O último fez um ótimo trabalho marcando o Billups e até sendo útil no ataque, talvez seja melhor opção do que Farmar por atacar mais a cesta.


Kobe Bryant x Courtney Lee/Mickael Pietrus

O Magic perde esse confronto, é óbvio, mas tudo o que eles querem é que os dois encarregados de marcar o Kobe consigam ser úteis nos dois lados da quadra. Courtney Lee, ótimo no ataque, deve conseguir não ser engolido vivo pelo Kobe. Pietrus, o "LeBron Stopper", tem que marcar bem e continuar acertando as bolas de 3 que tanto machucaram o Cavs nas finais do Leste.

Se o Magic conseguir essa união dos seus poderes, eles podem chamar o Capitão Planeta e deixar o machucado causado por enfrentar o Kobe como algo possível de lidar.

Uma curiosidade é que o Mickael Pietrus usa o tênis do Kobe, o Nike Zoom Kobe IV. Para essa série, porém, ele vai abandonar o tênis que estava dando sorte e usará algum outro, um do Jordan, segundo ele. Li por aí que isso aconteceu também na série do Denver, o JR Smith até aquecia usando o seus Kobes mas na hora do jogo mudava para um Hyperdunk.


Trevor Ariza x Hedo Turkoglu


O Lakers já avisou que não pretende dobrar a marcação no Dwight Howard. Isso significa que nem Turkoglu, nem Lewis, nem ninguém, terá arremessos sem marcação, eles terão que bater seus defensores. E somando isso ao fato de que o Turkoglu é o cara que mais fica com a bola na mão nos quartos períodos para o Magic, esse confronto é essencial.

Se Ariza conseguir forçar turnovers e erros de arremesso do Turkoglu, o Lakers está em ótima situação para fechar jogos disputados. Se o Turkoglu conseguir superá-lo, o Lakers deverá ser obrigado a tentar o Kobe em cima do Turko, o que definitivamente não está nos planos.

Também é essencial para o Lakers que o Ariza continue sendo um bom arremessador de 3 pontos como tem sido nos playoffs. Esse time do Lakers precisa desesperadamente de arremessadores e ainda mais quando Fisher e Vujacic estão numa zica como a do último mês.

Pau Gasol/Lamar Odom x Rashard Lewis

Acho o Odom o cara ideal para marcar o Rashard Lewis. E o Lewis o cara ideal para marcar o Odom. Os dois são jogadores altos demais para serem marcados por defensores de perímetro e ao mesmo tempo um matchup terrível contra jogadores altos. Rashard pelo arremesso e Odom pelo drible e velocidade. Será um duelo de mesmo nível, diferente e legal demais de assistir. Mas a dúvida é quanto tempo esse duelo irá durar.

Não será no começo do jogo, quando o Lakers começa com Gasol, que será o responsável por marcar o Lewis. O ala do Orlando deve tentar punir o espanhol tirando ele do garrafão e metendo arremessos de 3 na sua cara ou partindo para o drible, como fez com Ben Wallace e Varejão. Mas a diferença nessa série é que haverá um contra-ataque. Enquanto os dois do Cavs juntos valiam o mesmo que uma unha encravada no ataque, o Gasol tentará dominar no garrafão ofensivo, conseguindo ou cestas fáceis ou, a situação ideal, deixando o melhor arremessador adversário com problema de faltas.


Andrew Bynum/Pau Gasol x Dwight Howard

Provavelmente será o duelo que definirá a série. Phil Jackson, como dissemos, já afirmou com certeza absoluta que vai mandar marcar o Dwight no mano a mano. Segundo o Zen Master, não dá pra ficar dobrando porque todos os outros jogadores do Magic chutam de três, então não dá pra facilitar pra ninguém.

Mas pra essa tática funcionar é preciso ter alguém bom na defesa pra segurar o Dwight. Até agora o melhor marcador do Dwight que eu vi foi o Kendrick Perkins e o que ele fazia era segurar, com sua força, o Dwight bem longe da cesta e obrigá-lo a jogar apenas com ganchos forçados e quase nunca com enterradas. O Bynum tem o tamanho e a força pra isso, então é possível, mas é difícil prever, Dwight demonstrou um arsenal ofensivo que nunca tinha visto antes na série contra o Cavs.

Mas mesmo com o Bynum marcando bem ou sendo pisoteado pelo Dwight, volta e meia o confronto será entre o Superman e o Pau Gasol. O Phil Jackson não só deve utilizar bastante o confronto Odom-Lewis como em quartos períodos ele costuma deixar o Bynum no banco. Nesse confronto o Dwight leva muito mais vantagem física e para o Lakers o segredo deverá ser trabalhar forte em quem estiver com a bola para que o pivô não receba a bola muito perto da cesta. Para o Magic o segredo é rodar a bola com sua já característica paciência até que o Dwight esteja bem posicionado para quebrar um aro.

A resposta do Gasol pode ser tentar se posicionar à frente do Dwight em algumas ocasiões para usar seus braços de Tayshaun Prince e interceptar passes, além disso ele tem que estar com seu arremesso de meia distância calibrado pra forçar o Dwight a sair do garrafão.

Também seria bom para o Orlando conseguir uns problemas de falta no Lakers, nada mal para o Dwight de repente ser obrigado a enfrentar o DJ Mbenga. Seria o duelo menos equilibrado da história das finais.

Adam Morrison x JJ Redick

"Apenas uma vez em cada geração nós vemos uma situação onde dois extraordinários jogadores se distanciam do resto do basquete universitário e claramente se mostram como os melhores no esporte."

Foi com esse pequeno discurso que o troféu de melhor jogador do país no basquete universitário foi dado a seus dois vencedores. Empatados, em 2006, JJ Redick e Adam Morrison se consagravam como os melhores jogadores, os melhores arremessadores e os cestinhas da temporada 2006 da NCAA.

As duas estrelas maiores do campeonato fizeram história no basquete universitário americano e foram para brilhar na NBA. Adam Morrison na terceira escolha e JJ Redick na décima quarta. Três anos depois, em 2009, Morrison não tem mais o cabelo grande, o bigode é mais discreto e ele só é visto de terno no banco por não ser relacionado para ficar nos reservas do Lakers. JJ Redick até coloca o uniforme, mas jogou apenas um jogo (durante 10 minutos) na final da conferência.

Há três anos todos seriam capazes de prever mais um capítulo do épico duelo Redick-Morrison na NBA. Ninguém imaginaria apenas que a situação seria tão patética para os dois.

Em homenagem ao duelo mais insignificante dessas finais, dois vídeos:

No primeiro, Adam Morrison, jogando por Gonzaga, faz 40 pontos contra USF.



No segundo, JJ Redick marca 38 pontos e é a estrela de um jogo contra Wake Forest, equipe de um bom e ofuscado armador chamado Chris Paul.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O ruim e velho Cavs

Se você ligar agora vai levar não apenas um, mas dois tocos de Marcin Gortat.


Alguém aí lembra dos longínquos playoffs do ano passado? Lakers sem o Ariza pra roubar bolas decisivas, Bynum de muleta, Spurs ainda chegando longe, as crianças brincando de pipa na rua, de peão, não tinha violência, o Boston vencia seus jogos 7... tantas histórias pra contar. Se você lembra disso tudo, deve lembrar do Cavs do ano passado também.

Aquele Cavs era um time razoável. Bom na defesa, um inferno para o adversário por causa da quantidade de rebotes ofensivos, mas um time limitado no ataque: sem boa movimentação e sem jogadores de alto nível, eles se limitavam ao que o LeBron James poderia oferecer a cada noite.

Durante a temporada regular esse antigo time ficou distante. O Cavs contratou o Mo Williams, evoluiu seus pokémons de razoáveis para bons e de repente o time tinha um dos melhores ataques da NBA inteira. Não era raro o LeBron fazer uns 20, 25 pontos e o time vencer por 30 de vantagem.

Então, quando o time de 2008 parecia tão distante, ele reapareceu agora bem nas finais de conferência. Já se foram 3 jogos e o Cavs está numa situação difícil, perdendo por 2 a 1 e com mais dois jogos pra fazer fora de casa.

Em todos os jogos a gente só assistiu o LeBron dar show. E por "a gente" eu quero dizer eu, você, o Zé Boquinha, o Everaldo Marques, o Mo Williams, o Varejão, o Delonte West, o Ilgauskas. Todos tivemos em comum o fato de assistir o LeBron dar show, bater palmas e não fazer nada pra ajudar.

Ontem, por incrível que pareça, foi o melhor jogo do Mo Williams na série e mesmo assim ele fedeu um bocado (15 pontos em 16 arremessos, 5 turnovers). Errou arremessos decisivos, se escondeu quando deveria ajudar o LeBron e não compensou a falta de pontos sendo bom em alguma outra área do jogo. Ter o desaparecido Daniel Gibson (quem achá-lo ligue para a mãe dele que está preocupada) no lugar dele não faria tanta diferença, pra falar a verdade.

O Delonte West não está sendo genial e o Ilgauskas naquela insistência idiota de ficar arremessando de três pontos também não ajuda, claro, mas a responsabilidade deles é bem menor que a do Mo Williams, ele era o cara pra levar o Cavs para o nível de um time campeão. E pareceu ser esse cara durante toda a campanha da temporada regular, mas agora, quando interessa mais, ele não está correspondendo.

O LeBron se tiver a bola nas mãos vai fazer 40 pontos todo jogo, mas isso não quer dizer nada. O Kobe com média de mais de 35 pontos por jogo não levou o Lakers a lugar algum há poucos anos atrás. Por isso acho que a melhor estratégia na hora de marcar esses caras imarcáveis é deixar eles fazendo o que sabem e fechar o resto do time. Então, se não tem jeito do LeBron não fazer 40 pontos, que o resto do time, que não é tão espetacular, não consiga jogar.

Italic
A estratégia tem dado certo, créditos ao Super Mario-Pizzaiolo-Ratinho Stan Vun Gundy que fez exatamente isso. Vejam essas duas declarações do desesperado Mo Williams:

"Eles estão me marcando de perto, duro. Se eu faço um arremesso eu consigo ouvir o Stan na lateral gritando 'fiquem em cima deles, marquem mais de perto, mais de perto!'. Então eles estão se esforçando bastante para que eu não tenha bons arremessos"

"Às vezes eles fazem eu apressar meu arremesso. Eu sinto que preciso de uma grande cesta para tirar a pressão do LeBron mas eles me marcam muito forte."

Uma única estatística para provar como essa tática dá certo: ontem o Cleveland Rests (todos menos o LeBron) arremessou 50 bolas. Acertaram 18.

Agora fica o dilema Tostines: os coadjuvantes do LeBron estão se movimentando mal, vendo o LeBron jogar porque o Orlando está marcando eles bem, ou parece que o Orlando está marcando bem porque eles estão se movimentando mal?
Eu aposto que a defesa forte veio primeiro e executou a confiança dos outros jogadores, que agora se sentem mais à vontade confiando tudo nas mãos do LeBron. Tem horas que ser um time jovem não ajuda em nada.

Se não bastasse tudo isso, o Orlando já é naturalmente um pesadelo para o Cavs nos confrontos pessoais. O Rafer Alston está longe de ser um deus do basquete mas dá conta do Mo Williams, o Courntey Lee é um defensor muito bom que dá conta do Delonte West, Sasha Pavlovic ou qualquer um que inventem de jogar na posição 2. O Turkoglu não dá conta do LeBron mas tem a ajuda do espetacular Mickael Pietrus, que está se consagrando nessa série ao marcar tão bem o LeBron.

E pra fechar, o garrafão é um caso à parte. O Varejão não tem a menor idéia de como marcar o Rashard Lewis e o Ilgauskas e nem mais ninguém tem resposta para a velocidade e a agressividade do Dwight Howard, que sozinho pendurou todo o garrafão do Cavs ontem.

Aliás, esse jogo 3 foi o jogo da arbitragem, não sei porque mas resolveram apitar tudo! Colocaram o Orlando na linha de lances-livres 51 vezes. CINQUENTA E UM lances-livres, isso é insano, o jogo teria durado uma hora a menos se os juízes tivessem sido mais liberais. Já o LeBron, sozinho, arremessou 24 lances-livres. Ele apanhou um bocado, mas os juízes marcaram coisas absurdas como na decisiva jogada abaixo, um arremesso de 3 no minuto final, a sexta falta do Dwight Howard.


O Orlando, porém, se salvou mesmo depois dessa marcação e manteve a liderança no placar até o final. Engraçado dizer isso do Magic, mas eles estão ganhando essa série com a cabeça.

Sempre achei que o fator psicológico estaria a favor do Cavs, já que o LeBron é sempre super confiante e o resto da pivetada tá sempre empolgada, pulando e se achando o máximo. Enquanto o Orlando tem um técnico que o Shaq, que trabalhou com ele no Heat, chamou de "mestre do pânico". A frase do Shaq inteira, na verdade, foi:

"Eu sei que ele é um mestre do pânico e quando chegar a hora do seu time ir para a pós-temporada e precisar fazer algumas coisas ele vai desapontar seu time por causa do seu pânico."

O que está acontecendo na verdade é o oposto. Nas imagens que mostram do Vun Gundy no vestiário e nos pedidos de tempo ele está sempre pedindo calma para os jogadores dizendo que eles já passaram por situações difíceis nessa temporada e que sairam delas jogando com calma e sempre lembrando eles de não reclamar por causa de faltas porque sabem que os juízes vão marcar coisas a favor do LeBron e que vão ter que ganhar os jogos mesmo assim.

O Orlando está focado, é paciente e está na frente. O Cavs parece desesperado, tem muitos jogadores com atuações pífeas e está na incômoda posição de correr atrás. A coisa está muito, muito feia para o Cavs.

Lembram dessa enterrada do Courtney Lee no LeBron no jogo 1? Ontem o Crab James tomou outra. Como já diria o sábio Milton Leite: Que faaaaase...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O melhor nunca vence

Tem que ter coração, brother

Acho que a NBA está virando futebol. Pelo segundo dia seguido, ser o melhor time em quadra não quer dizer absolutamente nada. Não adiantou dominar o jogo por três períodos, o Cavs jogou como se estivesse liderando por uns 30 pontos de vantagem mas na verdade o Orlando sempre ficou perto. E acabou roubando a liderança no quarto período.

O primeiro tempo foi um massacre a favor do Cavs. Na defesa eles anularam o Magic, Turkoglu e Lewis não faziam cestas enquanto o Dwight Howard, único que realmente estava funcionando, acabou cometendo duas faltas de ataque. Pra completar, no ataque estava tudo dando certo. Tudo mesmo, desde os jumpers de meia distância do Joe Smith até arremessos do garrafão de defesa no estouro do cronômetro do Mo Williams. A cada bola dessas que entrava, a torcida ia ao delírio e o olhar dos jogadores do Magic indicava uma derrota humilhante.



Mas assim como no jogo 1 entre Lakers e Nuggets, o time que dominou o jogo nunca foi capaz de conseguir aquela arrancada final para abrir a diferença para perto da casa dos 20 pontos e matar o jogo.

Com a diferença ficando sempre na casa dos 10 pontos, o Magic acabou ficando mais confortável em quadra. Aos poucos Mickael Pietrus, Rafer Alston e Turkoglu foram acertando os seus arremessos e a diferença foi para o espaço. Quem também acertou uma bela cesta foi o Courtney Lee, que conseguiu uma enterrada insana sobre o LeBron. Só não sei como ele teve coragem de tentar a enterrada com o LeBron vindo como um demônio atrás dele, eu fingiria torcer o pé e não pularia.

Chegou então o quarto período e aqui o problema para o Cavs foi que o LeBron estava jogando bem demais.

Vou explicar: é que ele estava em seus dias de Video Game James, quando ao invés de parecer um ser humano ele parece ser um jogador do NBA Jam com a bolinha pegando fogo. Absolutamente tudo o que ele jogava para o alto dava certo. Enterradas, arremessos de perto, de longe, de mais longe, de direita, de esquerda. Sem contar os roubos de bola, as inúmeras assistências e até os dois tocos em tentativas de enterrada do Dwight Howard (ele não teve a mão decepada).

Com ele jogando tão bem, o time foi para o período decisivo com a tática Fresh Prince of Bel-Air. Ou seja, bola na mão do King James e o resto abre para arremessar caso o rei decida se livrar da bola. Isso já deu certo inúmeras vezes, mas o Cavs deixou de ser um time bom para ser o melhor da NBA porque nesse ano finalmente teve um ataque de verdade, com movimentação de bola, passando por Delonte West, Mo Will e pelos pivôs.

O LeBron não fez feio no quarto período, claro, ele teve uma das atuações mais impressionantes desses playoffs, mas já não era o mesmo do começo do jogo. O Mike Brown pediu um tempo faltando dois minutos para o fim do jogo só para descansar o LeBron, que estava visivelmente exausto.

O ataque estagnado do Cavs era tudo o que o Magic queria pra conseguir sair na velocidade e fazer suas bolas de 3 na transição. Como comentaram perfeitamente na transmissão gringa do jogo, o Magic não faz contra-ataques para acabar em bandejas, eles correm para a linha dos 3 e, em um time de arremessadores, em algum momento do jogo as bolas caem.

A discussão que surgiu depois do jogo era para saber o motivo que fez o Cavs não conseguir definir a partida. O excesso de tempo sem jogar entre a série passada e essa atrapalhou? A falta de desafio nas outras séries fez o Cavs ficar perdido no final? Ou o Cavs não é tudo isso e eles só pareciam bons porque pegaram moscas mortas até agora?

Tempo demais sem jogar poderia ser a desculpa se o Cavs tivesse começado o jogo mal, mas depois daquele primeiro tempo destruidor isso não é desculpa.

A falta de desafio nas outras séries até é um argumento válido, fazendo parecer que o time não estava tão preparado para momentos decisivos. Mas eles jogaram uma temporada de 82 jogos em que resolveram trocentos jogos no último minuto, essa desculpa não rola.

O Cavs é tudo isso sim. O time falhou ontem no segundo tempo ao atacar mal e dar a chance do Orlando voltar ao jogo, mas na hora de decidir a equipe foi bem. Delonte West, Mo Williams e LeBron James acertaram arremessos difíceis e importantíssimos, só perderam mesmo porque o Rashard Lewis fez, pelo menos durante alguns minutos, parecer que realmente vale os 18 milhões que pagam por ele.

Aliás, o arremesso da vitória do Rashard Lewis a 14 segundos do final foi o exemplo mais claro de como ter ele na posição 4 é um terror para a defesa adversária. O Varejão acabou ficando na sua marcação e não foi capaz de detê-lo no perímetro. Mas, se tivessem colocado alguém menor, o Rashard poderia ter batido pra dentro como já fez algumas vezes.

O Cavs é o melhor time da série e não é nada impossível para eles conseguirem ao menos uma vitória em Orlando. Mas acho que já está bem claro que ser o melhor time não quer dizer tanta coisa assim numa fase tão avançada dos playoffs. Agora mais do que ser melhor e jogar bem, tem que saber ganhar.

Aqui um resumo do jogo com o que de melhor aconteceu: enterradas do LeBron, tocos do LeBron em todo mundo, a bola de 3 do Mo Williams, os arremessos decisivos do Rashard Lewis, a bola presa a 1 segundo do fim do jogo e até o Dwight Howard enterrando tão forte que derrubou o relógio de 24 segundos.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Jogo 7

A NBA anunciou hoje que o Dwight Howard está suspenso para o jogo 6 contra o Sixers que acontecerá amanhã na Philadelphia. Ele será suspenso por uma tentativa de homícido contra o Samuel Dalembert. Na verdade foi uma tentativa de cotovelada, mas como é o Dwight Howard, se pega na cabeça é capaz de matar. Como diria minha vó, se pega no olho...


Pra deixar o Magic com menos chances ainda de vitória, o Courtney Lee, que saiu machucado do jogo 5, não vai se recuperar a tempo e ficará de fora do jogo. Detalhe que o Lee se machucou por causa do cotovelo do Dwight, que acertou seu rosto depois de um toco do pivô que estava em seu dia de Karl Malone.

Considerando ainda o Jameer Nelson como titular, o Magic jogará a partida que pode fazer eles passarem da primeira rodada dos playoffs pela primeira vez desde que foram para as finais do Leste em 96 (edit: esqueci do ano passado, mas faz tanto tempo...) sem três titulares e fora de casa. Sinto cheiro de jogo 7.

Há alguns anos a cotovelada do Dwight teria sido só mais um lance de jogo, mas de um tempo pra cá a NBA não deixa barato essas coisas. A diferença é que o normal teria sido a expulsão imediata do jogo e nenhuma punição depois, mas como os juizes deixaram quieto porque o Dwight não é o Artest, a punição veio depois.

Aqui tem o vídeo do lance entre Howard e Dalembert:


sábado, 17 de janeiro de 2009

Sucesso em Orlando

O Kobe não acredita no Magic e acha o Dwight
Howard só uma ilusão de óptica



Meio na
miúda, sem que ninguém percebesse, eis que o Magic venceu todas as partidas desta temporada contra duas potências do Oeste: o líder Lakers e o logo-atrás-do-líder Spurs. Como os times do Leste enfrentam apenas duas vezes os times do Oeste, o Magic sai invicto contra dois dos mais fortes candidatos ao título, e não estamos nem no meio da temporada ainda. Apesar do Denis ter escrito que é complicado acreditar no Magic e que ainda falta alguma coisa por lá, o que é mesmo verdade, talvez seja a hora de começar a dar uma acreditada, aos poucos, só pra ir aquecendo. Não que devamos mandar os anéis de campeão para o Magic pelo correio e irmos pra casa assistir Big Brother e esquecer do resto da temporada, mas é que se acreditarmos um pouquinho, um passo de cada vez, talvez não nos surpreendamos tanto se eles chegarem numa final do Leste.

Quando o Warriors venceu o Mavs naquela zebra nos playoffs retrasados, eles eram aloprados porque só existiam dois tipos de finalizações na equipe: enterradas e bolas de três pontos. Não havia qualquer sinal de jogo de média distância, nenhuma bandeja ou ganchos no garrafão. Eles apenas corriam como uns loucos e paravam no perímetro para arremessar de fora ou continuavam correndo mais um pouco até poder enterrar a bola. Aquela série contra o Mavs foi lendária justamente porque esse estilo de jogo deixava o pessoal de Dallas transtornado, eles não sabiam o que fazer, e o Baron Davis acertou bolas inacreditáveis lá do meio da rua. Tudo deu certo, eles eliminaram o então melhor time do Oeste, mas todo mundo - inclusive o próprio Warriors - sabia que aquele estilo não iria funcionar sempre, não dava resultado contra todos os times e que de modo algum seria capaz de lhes ganhar mais uma série de playoffs. Se por um lado o Warriors às vezes parecia matador, por outro era clara a fragilidade da equipe exatamente pela falta de opções. Dito e feito, eles foram eliminados em seguida e, sem Baron Davis, agora fedem pra burro.

Pra mim, o Magic é exatamente a mesma história, nos mesmos termos. Eles só enterram ou arremessam de trás da linha de três pontos. As enterradas são do Dwight Howard, os arremessos de fora são de todo o resto do elenco. Não dá pra confiar num estilo de jogo assim, com um cara lá no meio e todo o resto da molecada arremessando de longe, simplesmente porque uma hora as bolas precisam parar de cair, é questão de estatística (é como a morte de um time inteiro de baseball, eles viajam tanto de avião que uma hora uma equipe inteira vai ter que virar farofa). Mas às vezes funciona tão bem, mas tão bem, que não tem como reclamar.

Aconteceu algo parecido ontem na partida entre o Cavs e o Hornets, por exemplo. No segundo tempo de jogo, com Ilgauskas machucado e o Varejão com excesso de faltas, a equipe de Cleveland colocou quatro arremessadores no perímetro (Mo Williams, Daniel Gibson, Wally Szczerbiak e Sasha Pavlovic) e enfiou o LeBron no garrafão, pra jogar como o pivô da equipe. Pensando bem até faz sentido, já que ele é o único capaz de enterrar uma bola e tinha acabado de pegar 14 rebotes na derrota para o Bulls. A tentativa deu certo, as bolas caíram, e o LeBron pegou 14 rebotes outra vez, o que é um tanto débil mental. Jogar de pivô vai pro currículo dele, na listinha de "coisas para fazer antes de morrer para me igualar ao Magic Johnson" - só espero que "pegar AIDS" não esteja também nessa lista (Lembrem-se, crianças, usem sempre camisinha). Vale lembrar que a tática de deixar quatro arremessadores preparados com apenas uma presença no garrafão poderia ter funcionado ainda melhor para o Cavs se o Delonte West, que anda com a mira muito calibrada desde que saiu de um longo histórico de depressão, não tivesse se contundido tão feio na partida contra o Bulls. Além de abrir a cara, sangrar pra burro, tomar dois pontos e ficar parecendo o Rocky Balboa, ainda quebrou o pulso e vai ficar 6 semanas de fora. As imagens estão aí abaixo, mas antes tirem as crianças da sala:



O que aprendemos com esse vídeo? Que nunca deve-se tentar dar um toco no Derrick Rose. E também, indiretamente, que o Cavs fede quando enfrenta o Bulls. Mas, mesmo com um arremessador a menos, o Cavs humilhou o Hornets com os arremessos de fora. Só que o que faz a equipe de Cleveland ser levada a sério é a possibilidade de variar o estilo de jogo, de ler a defesa adversária e modificar, nem que seja minimamente, as rotinas ofensivas. Não que isso seja mérito tático do técnico Mike Brown, que não sabe nem cutucar o nariz sozinho, mas a simples presença de LeBron cria toda uma gama infinita de possibilidades. Ele pode jogar em qualquer posição, dentro e fora do garrafão, com ou sem a bola nas mãos. Basta lhe dar na telha e o jogo muda completamente seu andamento. Quando é que o Magic, no desespero, muda seu planejamento tático? Qual estrela da equipe de Orlando tem a iniciativa de mudar o jogo? Na verdade, o Dwight Howard ainda tem algumas limitações técnicas e frequentemente é apagado do final dos jogos graças a marcações mais ousadas (coisas como "taca até a mãe em cima dele") e falta de capacidade da equipe de se adequar à essa defesa (confesso, o Yao Ming e meu Houston também sofrem um bocado com esse problema). No Magic, em especial, se as bolas de fora não caem não há outro jogador que possa dominar o jogo por completo. Mas talvez isso esteja mudando, tudo culpa de Jameer Nelson.

Já faz um tempo que ele deveria ser um triple-double esperando para acontecer, depois que o Magic terminou muito bem a temporada 2005-06 com atuações incríveis do Nelson, fazendo de tudo em quadra. Desde então, quando ganhou o cargo de armador titular, vem fedendo bastante. A última temporada foi muito abaixo do esperado e volta e meia ele ia parar no banco de reservas, com o Carlos "eu só jogo bem na minha seleção" Arroyo assumindo o papel de titular. Mas nessa temporada o Jameer Nelson parece muito mais tranquilo e confiante em quadra. Além de acertar com enorme frequência suas bolas de três pontos, o que mantém o padrão da equipe e colabora para os recordes da equipe nesse quesito, também tem batido para dentro, criado espaços e mantido um jogo consistente nos arremessos curtos. Quanto mais confiante ele parece se sentir, mais criativo ele consegue ser e mais fora dos próprios padrões o Magic é capaz de jogar. O técnico Stan Van Gundy chama do banco quase todas as jogadas da equipe, mas agora seu armador está tomando cada vez mais decisões sozinho. Talvez essa seja a explicação para as variações ofensivas que vêm acontecendo aos pouquinhos e que foram tão essencias nas últimas vitórias. Resumindo, Jameer Nelson está jogando muito e o time depende muito mais de sua criatividade do que imaginava.

Sou capaz de enchergar uma melhora na parte ofensiva que acontece pouco a pouco e que talvez torne realmente o Magic uma incógnita para os adversários, ao invés de um episódio de novela no "Vale a pena ver de novo". Mas na parte defensiva, não há espaço para melhora: eles já chutam traseiros e sequer sei dizer de onde veio tanta melhora de uma temporada para a outra. É nesse quesito, em que o Magic se encontra entre os melhores da NBA (ao menos nas estatísticas), que se encontra a resposta para as vitórias em cima de Lakers e Spurs. O Jameer Nelson ainda não defende nada e tomou até cuecão do Tony Parker, mas o resto do time sufocou o Spurs e manteve o Duncan sob controle. Contra o Lakers, o Kobe teve que suar um bocado contra o novato Courtney Lee (embora tenha enfiado um arremesso de esquerda na cara dele, numa jogada que o YouTube ainda não viu) e o garrafão marcou muito bem. O Kobe só fez a festa quando passou a ser marcado por JJ Redick, que finalmente tem um papel no Magic e está acertando (e muito) seus arremessos mas que acha que "defesa" significa jogar um par de dados no War. Fora ele, de um modo geral, a defesa do Magic está surpreendente, embora a vitória tenha vindo mesmo num erro do Kobe (que fez um triple-double) seguido por uma bola de três matadora do Jameer Nelson. Pois é, tudo nas mãos do garoto.

Ainda acho difícil imaginar o Magic vencendo Cavs e Celtics numa série de sete jogos nos playoffs, acho difícil até imaginá-los vencendo uns times piores como o Pistons. E é por isso que qualquer esperança de se dar bem na pós-temporada está nas mãos de Nelson, da criatividade, da profundidade do elenco. Dá pra vencer o Lakers, dá pra vencer o Spurs, mas será que dá pra manter o mesmo nível, todas as bolas caindo, durante muito tempo em jogos decisivos? O Magic precisa ser capaz de encontrar rotas alternativas. Da minha parte, vou começando a acreditar: talvez seja mesmo possível. Talvez o Jameer Nelson seja tudo que esperavam, talvez o Rashard Lewis tenha sido uma contratação bem acertada embora tenha dólares enfiados até na orelha. Mas se der tudo errado, não vai ser nenhuma surpresa - ainda.


Contagem regressiva para
o Blazers se lascar

Não falta mais nenhum jogo! O Blazers está oficialmente lascado! Darius Miles entrou em quadra de novo pelo Grizzlies, dessa vez com 10 pontos, 7 rebotes, 1 roubo e 1 toco em 14 minutos de partida. É a segunda atuação do Miles desde que foi oficialmente contratado pelo time de Memphis e sua segunda boa partida, contribuindo no ataque com bom aproveitamento nos arremessos e marcando presença nos rebotes ofensivos. Se não fosse o lance abaixo, ele até conseguiria enganar a gente.

sábado, 12 de julho de 2008

Amores de verão

Marcin Gortat joga muito, mas nem sua mãe desconfiava


Enfim, chegamos ao fim da primeira Summer League, a de Orlando. Antes de passarmos para a próxima, a de Las Vegas, e dizer que a de Orlando é "muuuuito semana passada", vamos dar uma olhadinha nas últimas atuações relevantes e destacar, ao mesmo tempo, os melhores jogadores desse torneio fundo-de-quintal.

Infelizmente, nos últimos dias não pudemos mais conferir as atuações de Derrick Rose. A primeira escolha do draft estava assumidamente jogando com dores no joelho e depois de feder em duas partidas, resolveu se poupar um pouco. Se da contusão ou das críticas, isso não se sabe. Prefiro não opinar.

Já a escolha número dois, Michael Beasley, que teve um fantástico primeiro e um horrendo segundo jogo, encerrou sua participação com duas atuações imponentes. Foram 19 pontos e 5 rebotes (8 arremessos certos em 16 tentados) e, na partida final, 25 pontos e 8 rebotes (8 arremessos certos em 19 tentados). Ou seja, o calouro não teve vergonha nenhuma de arremessar, intenção alguma de passar a bola ou defender, e se jogar assim quando a coisa estiver valendo, vai ser realmente o irmão de um universo paralelo do Carmelo Anthony. Com exceção dos rebotes, porque Beasley mostrou um excelente posicionamento no garrafão e parece capaz de pegar trocentos rebotes ofensivos, coisa que o Carmelo deve achar q dá muito trabalho. Aliás, sei que tem muita gente preocupada com a questão da altura, mas uma dupla de alas composta por Beasley e Shawn Marion não terá muitos problemas. Além de que não é como se Marion nunca tivesse jogado num time baixo antes, convenhamos.

Outro destaque da última semana foi Jeff Green, que simplesmente não parou um segundo de cobrar lances livres. Bastava pegar um jogo pela metade, ver um cara na linha de lances livres e adivinhar: "Ah, deve ser o Jeff Green." Tiro e queda. Sua agressividade e experiência foram demais para a pirralhada, que só soube descer a lenha contra o ala. Mesmo quando estava fedendo em sua última partida, acertando apenas 3 de 10 arremessos, cobrou 16 malditos lances livres, acertando 13. Se você acha que assistir a um jogo do Spurs é lento, tente ver um jogo de Summer League do time outrora conhecido como Sonics e veja o cronômetro parar dez mil vezes toda vez que o Jeff Green tomar uma pancada. Um porra, claro, mas mérito dele. Pensei em me suicidar várias vezes, comecei a jogar campo minado no computador, bati vários recordes, e devo tudo a ele.

Entre os armadores, os melhores foram Mario Chalmers e Russel Westbrook, ambos muito agressivos e decididos em quadra. Westbrook mostrou melhor pontaria, enquanto o Superintendente Mario Chalmers mostrou-se melhor na defesa e batendo para dentro do garrafão. Outros armadores que merecem destaque são o Chris Douglas-Roberts, que todo mundo sabia que ia ser uma estrela mas mesmo assim ninguém draftava (vai entender!) e que deve ser titular no Nets, e o Courtney Lee, que vai brigar pela vaga com o novo contratado, Mickael Pietrus. Lee meteu 30 pontos (acertando 12 lances livres) para se despedir da Summer League em grande estilo.

Todos esses jogadores mostraram estar num outro nível, bem acima do resto dos competidores tentando uma boquinha num time da NBA. Mas acho que nenhum jogador, nem mesmo Michael Beasley, dominou tanto os jogos quanto o novato do New Jersey Nets, o pivô Brook Lopez. Ele foi pegando o jeito aos poucos, teve uma excelente segunda partida, mas dominou completamente nas duas últimas. Foram 23 pontos (9 arremessos feitos em 15 tentados) e 5 rebotes enfrentando Joaquim Noah, e o estrago poderia ter sido ainda maior se o Lopez não tivesse descansado tanto. Noah não teve nenhuma chance e o Bulls precisa entrar em pânico agora mesmo: seu futuro garrafão titular, composto por Tyrus Thomas e Joaquim Noah, foi dominado por Beasley e Lopez, dois novatos. É claro que a dupla do Bulls também é nova, mas justamente por isso é muita crueldade exigir que contribuam imediatamente contra a elite da NBA, principalmente na defesa. Brook Lopez, que não tem nada com isso, chutou traseiros e depois terminou sua participação no torneio com 25 pontos em 8 arremessos feitos em 13 tentados, além de 4 rebotes.

Pra mim, o Brook Lopez foi a estrela dessa budega. O número de rebotes foi baixo para um pivô, claro, mas leva tempo para se acostumar com o posicionamento e, além do mais, rebote em Summer League é uma coisa esquisita. Os arremessos costumam ser tão precipitados, de tão baixo nível, que em geral acabam resultando em falhas grotescas que geram rebotes muito longos ou curtos demais. Por isso, é mais comum ver rebotes caindo nas mãos de armadores ou virando rebotes ofensivos, algo que não favorece as estatísticas dos pivôs. É claro que o Lopez ainda é um pouco lentão e vai ganhar velocidade com alguns anos de treinamento de alto nível na NBA, mas para o Nets já está ótimo, muito melhor do que a encomenda. O Nets sequer sentia o cheiro de um pivô de verdade há meio século, então qualquer coisa que lembre um homem de garrafão já é lucro. Se o Kidd estivesse por lá, veríamos lágrimas escorrendo de seus olhos.

Com Mario Chalmers, Westbrook, Jeff Green, Beasley, Chris Douglas-Roberts, Courtney Lee e Brook Lopez, falamos de todo mundo que merecia atenção nos últimos dias. Exceto por uma pessoa, o ganhador do nosso Troféu Lonny Baxter da Summer League de Orlando.

Damos o Troféu Lonny Baxter para o melhor jogador quando não está valendo nada, aquele cara que chuta traseiros durante as Ligas de Verão ou pré-temporada e, durante a temporada regular, não faz muita coisa. Nas Summer Leagues do ano passado, vimos Louis Williams e Bostjan Nachbar serem cotados para o prêmio. Dessa vez, quem chamou a atenção foi Marcin Gortat. Além das partidas iniciais, que comentamos antes, Gortat encerrou sua participação em Orlando com dois jogos incríveis. No primeiro, foram 18 pontos (9 arremessos feitos em 13 tentados), 11 rebotes e 4 tocos. Surreal, não? No segundo, pra terminar, foram 16 pontos e 12 rebotes. O suficiente para deixar todo mundo impressionado e depois ele nunca mais colocar os pés numa quadra de basquete. Se bem que, como nosso leitor Fiel comentou num post anterior, Gortat tem mesmo tudo para ganhar minutos como reserva do Dwight Howard, aqueles dois ou três por partida quando o Super-Homem está com problemas de faltas. Seja como for, vai ser bem melhor do que depender de sujeitos como Adoynal Foyle ou Tonny Battie.
Com isso, meninos e meninas, encerramos nossa passagem por Orlando. Agora, vamos direto para Las Vegas dar uma olhada na Summer League rolando por lá, dessa vez envolvendo muito mais times (e muito mais novatos!). Em breve, aqui no Bola Presa, uma análise detalhada do que está rolando por lá e dos ganhadores de mais Troféus Lonny Baxter. Não dá pra perder!