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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Última chance?

Sem saber se o Nuggets continuará um bom time, 
Carmelo faz como no banheiro: senta e espera


Enquanto a maioria dos times gastou seu precioso tempo de offseason buscando novas contratações, o Nuggets se preocupou basicamente em segurar Carmelo Anthony. Ao contrário dos seus companheiros de Draft de 2003, Dwyane Wade, Chris Bosh e LeBron James, quando Carmelo fez seu último contrato, fez um maior que o dos amiguinhos. Dá pra entender, enquanto os outros três estavam em franquias que naquela época despertavam dúvidas, o Melo estava muito bem no Nuggets, que é no mínimo um bom time desde sua chegada.

Isso quer dizer que se todos viraram Free Agents agora, Melo será somente daqui a um ano e ver todos esses grandes jogadores mudando de time para ter a chance de ganhar um título deve ter dado um cagaço monstruoso no time de Denver. Já ofereceram mais de uma vez extensões de contrato de mais 3 anos e 65 milhões de dólares.

O jogador ainda não aceitou e acho que nem deve aceitar. Não sou ninguém pra falar pra alguém recusar tanto dinheiro, mas é que ele não estaria recusando, mas adiando. Se ele acertar essa extensão fica "preso" ao Nuggets por mais três anos, torcendo para que o time volte a evoluir depois da queda de qualidade que teve a partir do meio da temporada passada. Se não aceitar, ganha mais um ano para analisar a situação do Nuggets e dos outros times que possam vir a oferecer outros contratos milionários. A não ser que aconteça um desastre e o joelho do Carmelo esfarele como o do Shaun Livingston, é certeza que ele vai receber ofertas riquíssimas daqui a um ano, não tem porque aceitar agora apenas por medo. E ele nem tem um histórico de contusões para temer alguma coisa mais grave.

Entre os times que devem ir pra cima do Melo com tudo estão o New York Knicks e o New Jersey Nets. O Knicks não gastou tudo o que podia nesse verão americano e para a temporada que vem ainda tem, finalmente, o fim do contrato do Eddy Curry, que só não é maior do que a barriga do pivô. Já o Nets também não gastou tudo o que podia e acabou de trocar por Troy Murphy, cujo contrato também se encerra na próxima temporada. E não é só porque os dois podem pagar que eles são fortes concorrentes, tem também o apelo emocional. Carmelo Anthony nasceu em Nova York, gosta da cidade e até fez universidade em Syracuse, lá pertinho. Ir para qualquer um dos time seria voltar para casa. O Knicks é o time mais famoso, glamuroso e conhecido, e o Nets deve se mudar para o Brooklyn dentro de alguns anos, exata região onde nasceu Melo.

Deu pra entender porque o Nuggets está desesperado para conseguir essa extensão, né? Faz muito sentido ele sair após a próxima temporada. E ainda tem mais: o Nuggets é um time experiente, com jogadores que ou estão no auge ou já estão passando dele. Nenê ainda está em plena forma com 28, mas Kenyon Martin e Chauncey Billups, dois pilares da equipe, não são garantia de saúde e jogo em alto nível por muito mais tempo. Difícil concorrer por exemplo com o Nets de Derrick Favors e Brook Lopez ou o Knicks de Amar'e Stoudemire e Danilo Gallinari. Por fim, mais um ingrediente que deve ter mexido com a cabeça do jogador do Nuggets são os boatos dizendo que apesar da contratação de Raymond Felton, o Knicks planeja um novo armador para a próxima temporada. Chris Paul é o primeiro e principal alvo (já contamos como ele está doido para ganhar um título e mantém uma relação estremecida com o Hornets) e Tony Parker é o segundo, até a Eva Longoria, deliciosa mulher do francês, já está alimentando os rumores dizendo que adoraria o marido jogando em Nova York. Só espero que decidam logo pra eu saber se troco ou não o George Hill no meu time de fantasy!

Por essas tentações de novos ares é que eu acho que o Carmelo não deve e nem vai assinar essa extensão, criando no Nuggets uma sensação de urgência parecida com a que existiu no Cavs no ano passado. E também, como o time do LeBron no ano passado, existem chances reais de título, embora vá ser bem difícil.

Depois da dificuldade que deram para o Lakers na final do Oeste de 2009, o Nuggets entrou como um dos favoritos na temporada passada. Durante meio ano sustentou esse título por ficar em segundo no Oeste, ganhando de vários outros times grandes da liga, incluindo o próprio Lakers em Los Angeles. Mas no meio da temporada a maionese desandou. Primeiro foi a contusão do Kenyon Martin, o melhor jogador de defesa do time e grande reboteiro. Depois foi a volta do câncer do treinador George Karl, que teve que se ausentar durante muitas partidas, inclusive toda a série de playoffs contra o Jazz, quando tomaram uma surra de 4 a 1.

Os dois estão de volta para essa temporada, por isso não existe razão para não dizer que o time vai continuar sendo um dos melhores, mas a saída deles evidenciou algumas deficiências do time. Chauncey Billups já foi considerado o melhor armador da NBA na sua época de Pistons, mas claramente começa a viver a sua vagarosa decadência. Ele ainda é fora de série, mas no meio do caminho tem jogos discretíssimos, ele não consegue ganhar jogos quando dá na telha como fazia no Pistons, e na defesa, onde sempre foi ótimo, as pernas não acompanham mais. É só ver o baile que ele tomou do Deron Williams na última pós-temporada. Já que os dois são sempre comparados, foi o equivalente do Deron para o que o Chris Paul fez com o pobre vovô do Jason Kidd nos playoffs de 2008. Pois é, uma hora a juventude nos alcança e é hora de virar comentarista de TV, Chris Webber tá na NBA TV todo dia pra comprovar isso.

Em vários jogos em que o Billups não dava conta do recado, o Ty Lawson deu. Quando suas bolas não caíam, o JR Smith dava os arremessos mais imbecis da história do basquete (e eventualmente acertava) para dar a vitória ao Denver. Isso mostra que o time é bom, grande, mas que eventualmente depende de jogadores não muito confiáveis. É um time forte, mas como o Billups de hoje em dia, deixa sempre aquela dúvida no ar.

Outra questão que a contusão do K-Mart deixou clara foi a falta de profundidade do garrafão. Nenê, Chris Andersen e Kenyon Martin são o trio mais físico, tatuado e mal encarado da NBA na atualidade. Fazem uma rotação interessante e todos jogam nas duas posições do garrafão, mas e quando alguém se machuca? Dois são titulares e acabou. Sem banco para cobrir alguém cansado ou com problemas de falta. Isso machucou muito a equipe na temporada passada e para resolver o problema contrataram dois jogadores, o Shelden Williams e o Al Harrington.

Tem gente que até gosta do Shelden Williams, acho que o Danilo é um deles, mas eu acho um cara que não sabe fazer porcaria nenhuma numa quadra de basquete. A intenção de contratar um cara de garrafão foi boa, a escolha péssima. Sem querer pegar no pé do Shelden só porque o formato da sua cabeça me ofende, mas o DJ Mbenga seria mais útil. Já o Al Harrigton foi uma ótima adição. Ele arremessa de três e abre o jogo como o Linas Kleiza fez tão bem pelo Nuggets naquela campanha de 2009, sabe jogar de ala de força e quebra um galho nos rebotes. Não sei se gostaria de ver ele de titular em algum time, mas como reserva e em especial nesse time veloz que é o banco do Nuggets, ele é pefeito. Imagina eles correndo com Ty Lawson, JR Smith, Al Harrington e Chris Andersen ao mesmo tempo? Tem tudo para dar dor de cabeça para os bancos das outras equipes.

O Nuggets fez pouco para essa temporada, mas as peças estão lá para irem longe de novo. O armador experiente, o garrafão forte, um bom defensor de perímetro (o ótimo Arron Afflalo), o banco de reservas talentoso, um técnico experiente e que conhece o time e a estrela/cestinha, Carmelo Anthony. Fácil esquecer deles depois dos playoffs ridículos do ano passado, mas vamos dar mais uma chance. Embora seja, provavelmente, a última.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Preço de banana

Marcus Camby se contundiu assim que foi informado de que iria para o Clippers


"Que diabos?" Simplesmente não há reação mais adequada ou jeito melhor de começar um post do que esse, afinal o Denver Nuggets acabou de trocar seu melhor defensor, Marcus Camby, por uma escolha de draft de segunda rodada. (na verdade, nem isso, é apenas a possibilidade de trocar a escolha de segunda rodada do Nuggets com a que eles receberam, caso eles prefiram na hora). O felizardo é o sempre amaldiçoado Los Angeles Clippers, beneficiado por uma daquelas trocas que ninguém nesse universo é capaz de explicar. Após ler algumas opiniões, pensar muito a respeito e jogar búzios, a gente aqui no Bola Presa surgiu com algumas possíveis explicações para a troca:

1) O Nuggets queria liberar uma grana. O time já ultrapassa o teto salarial, sendo obrigado a pagar as multas decorrentes, e tantos gastos não estavam servindo pra nada porque o Nuggets não ganha droga de partida nenhuma. Então, já que é pra perder, que pelo menos não seja gastando dinheiro desnecessário dos bolsos do dono da franquia.

2) A intenção é conseguir dinheiro para assinar um Free Agent. Os nomes mais importantes disponíveis no momento são Josh Smith, Emeka Okafor e Andre Iguodala, e o Nuggets pode ter mandado o contrato de 8 milhões do Camby embora para fazer uma oferta bacanuda para um deles. O único problema dessa história é que o Okafor não é tão diferente do Camby assim e Iguodala e Josh Smith estão sendo cotados agressivamente por outros times (Clippers, Hawks, Sixers) que podem pagar mais do que o Denver. Mandar o Camby embora pela possibilidade remota de conseguir um desses Free Agents é coisa de videogame. Ou de Isiah Thomas.

3) O Denver Nuggets acha que defesa é coisa de menininha. Afinal de contas, como o Camby se atreve a dar tocos num elenco que sequer levanta os braços para fingir que está defendendo? A idéia, portanto, deve ser desencanar de vez da defesa, chegar aos playoffs e então perder para o Spurs. Parece um bom plano.

4) Parar de tentar vencer agora e reconstruir o time, pensando no futuro. Com Carmelo Anthony, o Nuggets pode feder um punhado de temporadas, draftar um monte de gente boa e depois voltar pra ativa. Ficar sempre no grupo intermediário, ali na oitava ou nona vaga na Conferência Oeste, é mortal para as franquias. Você não é nem bom o bastante para se dar bem nos playoffs, nem ruim o bastante para se dar bem no draft. O Wolves cansou disso e resolveu feder uns tempos, o Sixers também. Talvez seja a idéia do Nuggets mas, se for, é a maior mancada do mundo com o Iverson. O coitado só se fode, vai parar em time que decide recomeçar do zero e ele já tem uns 40 anos e sem muito tempo pra ficar esperando.


Pelo lado do Clippers, é claro que sempre é bom conseguir a preço de banana um jogador All-Star, líder em tocos na NBA por 3 temporadas seguidas. Peraí, eu disse "preço de banana"? Coisa nenhuma, tente comprar banana no supermercado e diga que pagará com "uma escolha de segunda rodada de draft"! Vão mandar você te catar! O Camby foi mais barato do que banana, foi mais barato do que uma bala de menta, e como dizem, "cavalo dado não se olha os dentes". Mas apesar de ser de graça, a adição de Camby não deixa de ser um tanto esquisita para o Clippers. Vamos então pedir ajuda para os nossos búzios novamente e ver o que o Clippers pode fazer com o Camby.

1) Utilizar o Camby como ala, ao lado de Chris Kaman como pivô. O resultado é imediatamente um dos melhores garrafões defensivos da NBA, para dar medo em qualquer infeliz que pensar em bater para a cesta. Tocos e rebotes não serão um problema, claro. Mas na parte ofensiva, a dupla é um bocado estranha. Camby não é exatamente um ala e, apesar de ser capaz de correr pra burro, o time parece alto demais para jogar na velocidade constante que um elenco com Baron Davis, Eric Gordon e Al Thornton sugeririam. Camby não vai repor o ataque de Elton Brand, o que deixará muito da pressão ofensiva nas mãos de dois fedelhos, Gordon e Thornton, algo que nunca é boa idéia. Ainda assim, será muito interessante ver como será o esquema tático adotado e como essas peças (que parecem um pouco disconjuntadas a princípio) se encaixam ao longo da temporada.

2) Trocar o Camby imediatamente. A idéia seria pegar um bom jogador praticamente de graça e trocá-lo por uma estrela que pareça se encaixar melhor em Los Angeles, como Josh Smith, por exemplo. Para o Hawks, isso até faria sentido, já que eles definitivamente poderiam usar um pivô e deixar Al Horford jogar em sua posição original, como ala. Mas se o Atlanta topasse algo assim, por que diabos o Nuggets não teria trocado diretamente pelo Josh Smith? Não faz sentido.

3) Colecionar o maior número possível de jogadores com histórico de contusões. Nesse caso, depois de conseguir Baron Davis e Marcus Camby, o Clippers faria uma troca para conseguir o Grant Hill, do Suns, e contrataria o armador Jamaal Tinsley, que em breve ficará sem emprego. No amaldiçoado Clippers, nenhum deles seria capaz de terminar uma temporada vivo.


Com nossos búzios preparados, vamos continuar de olho para descobrir como a troca do Marcus Camby se encaixa nos planos de ambos os times. E assim que alguém morrer no Clippers, a gente também avisa, pode deixar.

sábado, 31 de maio de 2008

Confronto merecido

Ganhar o Leste é fichinha pra quem jogava playoff no Oeste pela porcaria do Wolves


A gente merecia, né? Dois grandes jogos, um para fechar a Conferência Oeste e, ontem, um para fechar a Conferência Leste. Nada de lavada dessa vez, nada de jogo fácil ou de tanta emoção quanto o Duncan colecionando selos. A última partida entre Pistons e Celtics foi a partida que nos lembraremos dessa série para sempre, em que os dois times se legitimaram como verdadeiros merecedores de estar numa final. E o Boston, depois da vitória de ontem, vai enfrentar o Lakers como o real merecedor da honra.

Depois de falar tão mal do Celtics nesses playoffs, não vou fazer um soneto de amor para o time só porque eles ganharam o Leste, mas vou admitir que eles são realmente a equipe que nos dará a melhor final da NBA possível. O time vive de altos e baixos, mas os altos são realmente altos. Naqueles raros momentos em que o Celtics está passando a bola na medida certa - nem de menos, nem demais - e os arremessos estão caindo, em que o elenco mantém a agressividade nos dois lados da quadra, eles formam de verdade uma potência a ser batida, alguém que encarará de igual para igual o Los Angeles Lakers. Se tivermos sorte, esses momentos de pico no Celtics vão durar bastante para que tenhamos duelos épicos. Se tivermos azar, o Boston afundará novamente num ataque passivo, que vive de isolações, em que os arremessos de 3 pontos não caem, com uma defesa que não acerta uma rotação sequer e com reservas que ora entram e contribuem, ora vão na padaria comprar um cigarro pro técnico Doc Rivers. São essas duas faces do Celtics que me preocupam e que podem comprometer o espetáculo. Tudo que eu quero são confrontos disputados, de alto nível, que levem a um Jogo 7. É pedir demais, Papai Noel? Não custa te lembrar que você ainda está me devendo uma Alinne Moraes, que eu pedi ano passado e ainda não chegou.

Eu também queria um Jogo 7 entre Pistons e Celtics, confesso, mas fiquei feliz com o nível da partida de ontem e com a possibilidade de que aquele Boston seja a regra - e não a exceção - nas Finais. Mas proponho, já que não teremos NBA até quinta-feira que vem, que a Liga faça uma melhor de 5 jogos apenas entre Kevin Garnett e Rasheed Wallace. O confronto entre os dois ontem foi simplesmente insano e eu estava apenas esperando um deles puxar a faca. A marcação de um no outro foi muito, muito intensa, até o limite do que pode ser considerado falta. A brincadeira estava tão divertida que por vários minutos passei a ignorar o resto do jogo, me focando apenas nos dois batalhando por posição no garrafão. Por várias posses de bola consecutivas, tanto Garnett quanto Sheed não tocavam na bola durante o ataque, já que o outro não permitia - negando espaço no garrafão, tomando a frente, desviando os passes. Os times começaram a ignorar os dois lá, já que um anulava completamente o outro. É como dois Cavaleiros de Ouro que se enfrentam: seus poderes se anulam e a batalha durará 1001 dias, ou algo assim. Sempre achei o conceito legal mas nunca entendi porque as batalhas do desenho sempre duravam no máximo uns 2 episódios.

Com os times cuidando das suas vidas e deixando o pau comer solto entre KG e Sheed, a coisa estava satisfatória para ambas as partes. Até os juízes se meterem no meio. Marcaram uma falta do Rasheed Wallace que não fazia sentido, levando em conta tudo que estava acontecendo entre os dois o tempo todo, na quadra inteira. O Sheed foi à loucura, xingou pra burro, ainda que tomando uma falta técnica fosse ficar de fora de um possível Jogo 7. A narração gringa da ESPN criticou muito o Sheed por não calar a boca, mas não é difícil entender o lado dele, já que a marcação da falta foi aleatória, inconsistente e, pior: acabou com a brincadeira. Do outro lado da quadra, os juízes compensaram marcando uma falta em KG e com isso, em segudos, a disputa entre os dois não tinha mais credibilidade, não dava pra saber se eles podiam ou não continuar com o nível de intensidade, os dois começaram a perder minutos com o excesso de faltas e antes que pudessemos falar "paranguaricutirimirruaru" o Sheed perdeu completamente o controle. O jogo havia se tornado uma daquelas besteiras típicas da arbitragem se metendo demais, o Pistons precisava desesperadamente de uma vitória, Sheed sabia que a NBA (e o mundo) queriam ver o Celtics na Final e, pra piorar, nenhum de seus arremessos entrava. A partir daí Sheed se perdeu e quando voltou a ser eficaz de costas para a cesta, no final do jogo, já era tarde demais. Apesar de ter virado o jogo, o Pistons perdeu a liderança no único momento em que não havia mais tempo de correr atrás.

Mais uma vez, muito do mérito do Celtics vai para os coadjuvantes. Quando o time passa bem a bola, ao invés de isolar Garnett e Pierce e rezar para que os arremessos contestados de Ray Allen caiam, sobra muito espaço para o resto do elenco contribuir. Na noite de ontem, a contribuição foi mais defensiva do que qualquer outra coisa. Perkins teve mais uma partida sólida na defesa do garrafão e James Posey não apenas converteu os arremessos na hora certa como também se saiu muito bem na marcação de Billups e garantiu um roubo de bola no minuto final que selou a partida. Ainda me lembro quando o Posey era o melhor jogador daquele "o pior Denver Nuggets de todos os tempos" (que tinha o Nenê novato como titular ao lado de Juwan Howard, o cestinha, e os finados Vincent Yarbrough e Rodney White na armação) em que ele era um grande talento no ataque, disputado por várias equipes da NBA. Nas mãos de Doc Rivers, virou esquentador de banco, assim como o Leon Powe que perde espaço na mesma proporção em que joga cada vez melhor. Mas são eles que, quando contribuem, mantém o Celtics sólido na defesa, consistente no ataque, e deixam as estrelas brilharem.

Rajon Rondo sempre salva um jogo ou outro e muito do sucesso do Celtics acaba nas mãos dele porque ele é sempre o jogador que é deixado livre durante as marcações duplas. Seu nível de agressividade e sua pontaria têm uma importância tão grande no jogo que é complicado pensar que ele acabou de sair das fraldas. Ainda assim, gostaria que ele fosse mais agressivo e fosse com mais frequência para cima da cesta. É muito comum um contra-ataque puxado pelo Rondo ser abortado porque ele não tem culhão de bater para dentro, apenas pára e coloca a bola nas mãos de outra pessoa. Eu sei, se ele fosse para a cesta e errasse, todo mundo cairia matando, eu até entendo. Por enquanto, ele continua comendo pelas beiradas, mas não há dúvidas de que ele será grande um dia. Armador principal, excelente reboteiro, bom nas assistências e com um arremesse bem mequetrefe - é tipo um Jason Kidd que caiu da escada.

Torço para ver Powe, Cassel, Rondo e Posey tendo grandes atuações contra o Lakers, tudo em nome de um grande espetáculo. Vamos esperar ver um time consistente que aprendeu com os erros do passado (por passado, entenda a semana passada) e que esteja disposto a lutar para valer contra Kobe e seus amigos ao invés de se contentar com o título do Leste. Se depender do Garnett, que sequer sorriu com a vitória de ontem, o troféu do Leste vai ser tacado na privada ou então enfiado na orelha de quem se der por satisfeito com ele. O anel de campeão da NBA é o que importa para o Garnett e o que aconteceu até agora foi só aquecimento. Eles terem jogado 7 partidas contra o Hawks foi só pra treinar uns arremessozinhos, sabe como é.

Do lado dos perdedores, torço para que exista muita calma. Sei que deve ser complicado para o Pistons chegar pela zilionésima vez na Final do Leste, perder e ter que começar tuuuudo de novo na temporada seguinte, com aquele ar de "mas que puta tédio, não podemos pular para os playoffs logo de uma vez?". Mas eu confio no Detroit para encarar o tédio e tentar de novo por mais uns 2 ou 3 anos, até que não seja mais tão fácil chegar lá no topo. Até lá, rezo para que o elenco seja mantido, que o Rasheed não seja crucificado por amar demais o jogo, e que talvez eles consigam um técnico que dê mais minutos para Rodney Stuckey, Jason Maxiell e Amir Johnson. Porque eu, pra variar, não consigo entender porque o Maxiell comanda num jogo, sequer entra no outro, o Stuckey passa de titular para garoto da água, e o Amir Johnson sequer entra em quadra enquanto o Ratliff "Mutombo cover" ganha minutos importantes. Doc Rivers, Flip Saunders, Rick Adelman, são todos técnicos famosos e eu sou só um blogueiro na terra do futebol e do samba, eles devem ter razão e eu sou muito burro. Muito. Burro.

Fique colado no Bola Presa nessa semana enquanto esquentamos os motores para a grande final entre Lakers e Celtics, incluindo o novo template para comemorar o confronto tão antecipado. Além disso, colocaremos nossas primeiras previsões para o próximo draft e nossa tradicional coluna de perguntas e respostas "Both Teams Played Hard". Não percam!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Em terra de cego

É como dizem: em terra de cego, quem tem um olho é caolho


O jogo de ontem entre Warriors e Nuggets era o decisivo para decidir que iria levar para casa a oitava e última vaga para os playoffs da Conferência Oeste. A partida, com cara de final, estava sendo aguardada com euforia, deixando todos nós com água na boca. As razões para isso são várias. Além de estarmos há muitos meses aguentando jogos que não valem nada, assistindo nossos times enfrentando Sonics e Heat, e termos pela primeira vez em séculos um gostinho de decisão, tem também o fato de que ontem se encontraram dois dos melhores ataques da NBA. E duas das piores defesas. Quem, em sã consciência, iria perder uma disputa dessas?

Os dois times são até que bem organizados dentro de sua própria loucura, mas o Nuggets nunca mais foi o mesmo no critério organização desde que Steve Blake saiu. Já o Warriors é mais assumidamente biruta e o grau de organização em quadra depende muito da formação utilizada, o que aliás é sempre uma incógnita por causa da cabeça incompreensivelmente insana de Don Nelson. Com um mínimo de organização e muito de correria, o jogo tinha tudo para ser vistoso e bater novos recordes de pontuação na NBA.

Bastaram os primeiros minutos para ver que os dois times queriam levar seus estilos ao limite, correndo ainda mais do que estão acostumados. Era um duelo de quem iria ser mais rápido, sem noção e débil-mental. A julgar pela quantidade imensa de desperdícios de bola no início do jogo, os dois times esforçavam-se para ser caricaturas de si mesmos: versões exageradas de suas qualidades, de forma cômica, quase ridícula. Gargalhei meio envergonhado por eles quando alguns minutos se passaram sem que uma jogada sequer fizesse um puto de um sentido.

O Warriors, em especial, abraçou plenamente a idéia de levar seu estilo a um extremo risível, até as última consequências. O lema era "enterrada ou bola de 3 pontos", com mais bolas disparadas de trás da linha de 3 do que meu cérebro pouco matemático seria capaz de contar. Eu vibrei como nunca com esse Warriors nos playoffs da temporada passada, eles são um dos meus times favoritos, mas tem dia em que eles se enfiam num buraco próprio, numa "encenação de si mesmos" que beira o patético. Ainda que, por muito tempo, se mantivessem à frente do placar.

Foi o Nuggets que simplesmente resolveu acabar com a brincadeira. Sair um pouquinho do estilo, parar com o exagero, buscar uma identidade verdadeira, menos ridícula. Num jogo em que as duas defesas eram completamente cegas, o time de Denver resolveu abrir um olho. A defesa por zona do Nuggets instigou o Warriors a arremessar ainda mais de fora. Os passes da equipe de Golden State saiam ainda mais sem critério. E foi com esse tiquinho de defesa que o jogo se encerrou imediatamente, deixando a equipe de Golden State, com isso, praticamente fora dos playoffs.

O Baron Davis, um dos melhores armadores da NBA para mim, acabou a partida com um triple-double nas costas. Mas que no fundo foi a maior enganação. Na ânsia de imprimir seu ritmo, seu estilo, salvar o jogo debaixo dos gritos eufóricos da ultra-barulhenta torcida na Oakland Arena, acabou arremessando quinhentas bolas absurdas e desnecessárias. Do mesmo modo, Azubuike veio do banco e meteu uma bola de 3 crucial para manter vivas as chances do Warriors há poucos minutos do fim e depois tentou de novo, e de novo, apressando os arremessos, fazendo uma série de cagadas, parecendo ingênuo e tolo e desesperado. Azubuike, Baron Davis e o Warriors pareciam palhaços de circo. Em momento algum me pareceu que tivessem chances reais de levar a vitória para casa.

A demonstração defensiva do Nuggets foi interessante, não pela sua eficiência, mas porque demonstra certa maturidade do time. Significa que eles podem mudar um pouco o modo de jogar, lidar com circunstâncias diferentes. O cone-na-defesa Carmelo Anthony provou que sabe vir na cobertura e dar um toco memorável em Monta Ellis. Eles têm capacidade e inteligência para lidar com grandes times. Mas também têm limitações sérias. O que acabará se mostrando muito cruel nos playoffs que começarão em breve. A defesa de ontem, esperta e oportunista, não será o bastante contra Hornets e Spurs. Para mim, as horas do Nuggets estão contadas.

Por isso mesmo, é uma pena ver o Warriors de fora da disputa porque seu estilo poderia surpreender vários times nos playoffs. Mas o Warriors não se adequa, não é maleável. Vence alguns times específicos, perde para outros times específicos. Infelizmente, dessa vez não foi o suficiente.

Antes de me retirar para pensar se o Warriors aguenta mais uma temporada nesse ritmo, com um técnico biruta e imprevisível que de uma hora para a outra decide não usar mais algum jogador fundamental (Matt Barnes) e que queimou trocentos novatos por matá-los de tédio no banco (Brandan Wright, Belinelli, Jasikevicius), eu queria pela milésima vez ressaltar como o Monta Ellis chuta uns traseiros. Se o Warriors, na noite de ontem, se manteve dignamente no jogo, foi só porque o garoto é um absurdo batendo para a cesta. Se um dia ele aprender a arremessar de três, seria All-Star. É, seria sim. Pode, pode anotar aí e me cobrar depois. Eu não ligo.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A final da pivetada

Derrick Rose sendo observado


Hoje, a partir das 22h horário de Brasília, com transmissão da ESPN (e do ChannelSurfing), tem a grande final da NCAA, a final do basquete universitário americano. O embate será entre as universidades de Kansas e de Memphis e motivos pra assistir não faltam: primeiro que, por causa do jogo, não haverá partidas da NBA hoje, depois que é segunda-feira, logo não tem futebol na TV também, e terceiro, último e mais importante, tem tudo pra ser um jogão.

Não importa se você é daqueles que acompanha de perto, só acompanha o March Madness ou vai acompanhar só hoje, jogo bom é jogo bom e talvez seja o empurrão que falta para você começar a assistir basquete universitário. Um bom ponto de partida para acompanhar os jogos de hoje são os jogadores que no ano que vem você deve ver na NBA, e no jogo de hoje tem vários. O primeiro e mais importante é o armador Derrick Rose, de Memphis. Ele é comparado com Wade por alguns, com Kidd por outros, mas vendo ele jogar eu só consigo associá-lo ao Brandon Roy, você pode ver hoje e falar aqui o que pensa depois, mas o mais importante é que independente da comparação o cara é muito bom. Alguns sites como o NBAdraft.net já até o colocam na frente de Micheal Beasley como possível primeira escolha no draft do ano que vem.

Memphis ainda tem o parceiro de Rose na armação, o ótimo Chris Douglas-Roberts, que apesar de ter um sobrenome feio que só é a junção de dois primeiros nomes, é um bom jogador. Ele era cotado por muitos para ser só uma escolha de segundo round tempos atrás, mas tem jogado tão bem (até melhor que Rose em alguns jogos) que agora já está bem cotado, provavelmente será um Top 20. Além dos armadores, o pivô Joey Dorsey também está na lista de possíveis draftados, o cara é bom, enorme de largo, mas com 2,06m pode ser baixo demais para a NBA.

Pelo lado de Kansas temos Brandon Rush, irmão do Kareen Rush do Pacers (que disse que irá viajar para San Antonio para ver o jogo mesmo que seja multado pelo Indiana por isso), como maior destaque individual, embora o time de Kansas esteja ficando mais conhecido por ter inúmeros jogadores de qualidade até no banco de reservas.
Como possíveis draftados de primeiro round ainda tem o armador Mario Chalmers e e o ala Darrell Arthur. Nenhum dos dois é considerado fora de série, que irá fazer muito estardalhaço na NBA, aliás nem Brandon Rush é visto dessa forma. Mas todos tem qualidade no time de Kansas e juntos eles podem acabar com Derrick Rose e cia.

No ano passado a história era um pouco, só um pouco, parecida. De um lado tinhamos dois caras muito bem vistos pelos olheiros da NBA, estrelas em potencial, em Greg Oden e Mike Conley Jr. em Ohio State, que iriam enfrentar os atuais campeões da Florida. O time da Florida não tinha ninguém para ser primeira ou segunda escolha de draft, mas era mais forte pelo conjunto e foi com conjunto que bateu o time de Oden. A diferença é que a Florida tinha mais jogadores reconhecidos individualmentes, caso de Al Horford, Joakim Noah e Corey Brewer. Nenhum dos três tinha a fama de Durant e Oden mas eram considerados melhores do que Brandon Rush e Darrell Arthur são hoje.

Nessa mesma final do ano passado, eram vistos dois fenômenos acontecendo. O primeiro é o dos jogadores que já queriam estar na NBA mas que não podiam. Era o caso de Greg Oden, que já poderia estar na liga se não fosse a regra criada por David Stern, que obriga o jogador a disputar um ano de basquete universitário depois de sair do colegial. O outro fenômeno era um mais raro, era o dos jogadores com chance de serem boas escolhas no draft escolherem passar mais um ano na faculdade, que foi o que todos os jogadores da Florida fizeram. A discussão sobre o que é melhor pra cada jogador é infinita e existem muitos Gerald Greens e LeBrons pra dar argumentos pra ambos os lados. Mas o fato é que essa regra pode mudar de novo.

Estão dizendo que hoje mesmo deve ser anunciada uma nova regra feita por David Stern junto com a NCAA, que obrigaria os jogadores a passarem dois anos no basquete universitário antes de irem para a NBA. A medida, porém, ainda terá que ser aprovada pela associação dos jogadores.

Por um lado é legal ver os jogadores se desenvolvendo mais na NCAA. Não só os jogadores aprendem mais e chegam melhores, como também o campeonato universitário fica com muito mais qualidade, não só individualmente, pelos jogadores bons que estão lá, mas como times, já que estes jogadores terão mais tempo para jogarem juntos. E isso poderia salvar a carreira de muita gente, já que não falta na NBA jogador que tem talento mas que parece despreparado, que você vê o talento bruto mas que parece que nunca jogou um 5-contra-5 organizado na vida. Caso do JR Smith, Martell Webster, Gerald Green, Darius Miles. Mesmo alguns que até pegaram o jeito da coisa mesmo vindo direto do colegial poderiam ter sofrido menos na NBA se tivessem jogado no basquete universitário, caso do Kendrick Perkins e do Andrew Bynum.

Bynum, aliás, é o melhor exemplo que eu posso achar. Ele mostra que não é porque o cara veio direto do colegial e não chama Garnett, Kobe ou LeBron, que ele vai dar errado, ele mostra que o cara pode dar certo mas que vai sofrer um bocado pra isso. Ele demorou anos para conseguir chegar onde está hoje, anos no banco de reservas, será que não teria sido melhor pra ele, pro jogo dele, pra vida dele, ter ido para alguma universidade? Ele teria histórias de jogos emocionantes no torneio da NCAA, teria experiência de um ou dois anos jogando mais de 30 minutos por jogo, saberia lidar com a pressão de ser o destaque de seu time, ou seja, teria experiência como jogador e como pessoa. E o fato de serem dois anos ao invés de um só deixa toda a experiência mais séria, acho que cria um compromisso maior do jogador com o time e com sua evolução ao invés dessa simples temporada de férias que eles tem hoje em dia, o chamado "One and done".

O lado ruim é que isso faz a NBA perder uns bons jogadores por vários anos. Imagine se o LeBron demorasse mais dois anos pra depois ir pra NBA? Quantos jogos históricos e enterradas magníficas não teriam deixado de acontecer? Seria como se estivessem prejudicando essas estrelas que são capazes de fazer o salto direto para a NBA só porque uma meia dúzia de pivetes não é capaz e mesmo assim se arrisca só porque vão ganhar muito dinheiro, fama e mulheres.

Por exemplo, se Kevin Durant tivesse sido obrigado a passar mais um ano na universidade do Texas, nós não veríamos o que aconteceu ontem em Seattle.
Depois de tomar de 168 pontos do Denver na última vez que se encontraram, o Sonics decidiu que não ia deixar quieto e que ia ter revanche. O resultado foi uma vitória por 151 a 147 em duas prorrogações, o que mostra que pra marcar 150 pontos na defesa do Denver você nem precisa de um time bom, só precisa de um pouco de talento, só o básico, e alguma vontade a mais.

O jogo foi porra-louca no maior estilo do Denver e que o Seattle também adora, afinal marcar é coisa de boiola (boiolas que ganham títulos, mas ainda boiolas) e, entre um contra-ataque e outro, chegaram no final do tempo normal com o Sonics perdendo por 3. Kevin Durant resolveu a parada com um belíssimo arremesso sobre Carmelo Anthony. Na prorrogação a situação se repetiu e de novo Kevin Durant empatou o jogo, mas dessa vez com um arremesso bem mais de longe. Foram 37 pontos pro novato, pra compensar o jogo pífeo que ele teve outro dia contra o Houston e pra mostrar que eu estava certo ao colocá-lo como novato do ano. O outro novato do time, Jeff Green, também teve sua melhor partida na temporada, com 35 pontos.

Na segunda prorrogação o Luke Ridnour acertou um arremesso bizarro e impossível sobre o Marcus Camby e isso deve ter tirado o time de Denver do sério, porque as bolas pararam de cair e eles perderam o segundo jogo seguido e o segundo para um time que não tem mais chance de playoff. Era a chance que o Warriors estava esperando, só falta aproveitar, o que não sei se vai acontecer já que eles parecem estar em sua pior fase na temporada toda.

Está dado o recado então, hoje às 22h tem final da NCAA. E enquanto estiverem vendo o jogo, pensem: será que se Kevin Durant estivesse obrigado a ainda jogar o basquete universitário, a final teria a sua universidade do Texas? E que diferença essa nova regra pode trazer para a NBA? Será que diminuirão os números de decepções nos drafts?

Aqui tem o resumo do jogo do Denver e do Sonics com os dois arremessos de 3 do Kevin Durant: