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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Melhor sem estrelas

Danny Granger sofre os males de ser tão próximo de Murphy (e sua lei)


Na noite de sábado, mais um time ruim teve que tentar superar a má fase sem sua principal estrela. Nós sabemos que com o Nets não deu muito certo, já que sem o Devin Harris o time fede ainda mais e acabou batendo o recorde de pior começo de temporada em todos os tempos, com 18 derrotas seguidas. Mas para o Kings, sem Kevin Martin, tudo anda dando bastante certo. É aquela famosa "Síndrome de Gilbert Arenas", em que para compensar a falta de seu melhor jogador o time marca mais, distribui mais a bola e acaba se saindo melhor do que se estivesse completo. O Houston Rockets, sem Yao Ming e sem Tracy McGrady, está se dando muito bem, obrigado. Dizem que o T-Mac está em plenas condições físicas de voltar às quadras mas o time está dando uma de garota difícil e deixando ele de escanteio, com medo de que sua volta estrague tudo.

Mas o Indiana Pacers existe por cupa do Danny Granger, não dá pra imaginar esse time sem ele. Na temporada passada ele flertou com o posto de cestinha da temporada por uns tempos, nessa temporada está entre os 10 primeiros em pontos - e é disparado o jogador que mais arremessa de três na NBA. Todo o ataque do Pacers passa por ele, mas ele sequer seria reconhecido na rua porque ninguém poderia se importar menos com o time de Indiana desde que o Reggie Miller virou o pior comentarista esportivo do planeta e o Jermaine O'Neal levou seu joelho paraguaio para outro lugar. Além de ter um nome capaz de gerar um belo trocadilho ("Granny Danger", algo como a "Vovó Perigo"), o jogo do rapaz é espetacular. Tem um alcance e uma facilidade de arremesso que lembra o Kobe, uma explosão física que lembra LeBron, e um cérebro que lembra o Zach Randolph, o que gera um monstro bizarro que faria sucesso em muitos zoológicos mas não ganharia muitos campeonatos de xadrez por aí.

O Danny Granger pontua até de olhos fechados, mas na maior parte do tempo ele é obrigado a isso porque não resta muita gente na equipe capaz de atacar a cesta. A maior prova disso é que Dahntay Jones, que fez carreira como jogador defensivo desde que entrou na NBA e nunca teve mais do que 7 pontos por jogo de média, está marcando 15 pontos por jogo nesse Pacers. No Nuggets, o Dahntay Jones era aquele caso típico de jogador titular que entra só para defender a estrela adversária e sai rapidinho para deixar alguém que sabe jogar basquete entrar em quadra. Se ele pontua tanto no Pacers é porque não tem muita gente melhor pra fazer o trabalho, o que é desesperador. O ponto positivo é que ele já é um dos favoritos para o prêmio de jogador que mais evoluiu na temporada, o que pelo menos vai colocar alguém desse time no mapa (o próximo plano era convencer alguém do elenco a posar pelado para calendários de borracharia).

Depois de uma sequência de 9 derrotas seguidas, com o Danny Granger enfrentando dores nos joelhos e no calcanhar que estão torrando seu saco desde a pré-temporada, finalmente o corpo dele resolveu adotar a tática Chris Paul de "esse time fede então vou ver o filme do Pelé" e rompeu um tendão. Serão meses fora, deixando o Pacers - que já é um time semi-nu e numa sequência terrível de derrotas - completamente pelado. Mas o exemplo do Kings parece ficar cada vez mais e mais comum: sem o Granger, o time colocou mais responsa nas costas de Mike Dunleavy, que acaba de voltar de uma contusão que o tirou de todo o começo de temporada, e também do novato Tyler Hansbrough, que teve excelente pré-temporada, e o negócio deu certo. Primeiro chutaram cachorro morto, dando uma surrinha no Nets, algo que eu e o Denis faríamos acompanhados de outros três macacos adestrados de circo. Mas depois venceram o Wizards numa partida importantíssima: ou essa partida afirma que o Pacers tem chances de jogar em alto nível sem o Granger e continuar se segurando pelas beiradas sonhando com uma oitava vaga no Leste, ou então ela afirma que o Wizards não tem qualquer chance de porcaria nenhuma, fede pra burro, e deveria desmontar e começar de novo.

É que por tantos anos ouvimos sem parar que o Wizards só fede porque o trio principal da equipe nunca está saudável, nunca jogam juntos, ou nunca rendem juntos. No sábado, os três jogaram demais: Jamison praticamente não errou arremessos, inclusive várias bolas de três, e acabou com 31 pontos; Caron Butler defendeu muito bem e terminou com 23 pontos; e o Gilbert Arenas finalmente fez algo digno de nota desde que fechou seu blog, acabando o jogo com um triple-double de 22 pontos, 10 rebotes e 11 assistências. E se não fosse o bastante, o Boykins ainda jogou demais, principalmente no quarto período, e terminou o jogo com 14 pontos. Continua impressionante como sempre ver esse anão infiltrando no garrafão e jogando até de costas para cesta, empurrando seus marcadores para dentro e enfiando um par de arremessos giratórios em suas fuças. Só que mesmo com todas essas atuações de gala, o Wizards conseguiu perder uma partida ganha, graças ao Arenas errando seus dois lances livres com 6 segundos para o fim do jogo com seu time vencendo por 1 ponto, e depois com o Haywood cometendo uma falta no Dunleavy com 0.1 faltando no cronômetro. Ao contrário do Arenas, Dunleavy converteu os dois e aí está o Pacers sem Granger numa sequência de duas vitórias.

Que desculpas o Wizards pode dar agora? Talvez a pressão atmosférica, o alinhamento de Júpiter com Saturno, ou então a cotação do dólar. Jamison já disse que botar a culpa no esquema tático é besteira, que eles entenderam perfeitamente o sistema desde a pré-temporada e que o técnico Flip Saunders está fazendo um excelente trabalho. O técnico é bastante defensivo e o Wizards inteiro provou que sabe defender (ao menos quando está sem o Arenas) em várias ocasiões, então não tinha como ser falta de defesa. O que acontece com essa equipe é inexplicável, se não bastasse eles serem amaldiçoados com a cota de trocentas contusões anuais, ainda perdem jogos fáceis mesmo quando todo mundo faz sua parte.

Aliás, o Arenas precisa começar a reconsiderar sua fama de ser matador nos segundos finais dos jogos - ao menos na linha de lances livres. Todo mundo lembra que o Wizards perdeu aquela série de playoff para o Cavs quando o LeBron passou pelo Arenas, na linha de lance livre, e disse que se o Arenas errasse o jogo estaria perdido porque o LeBron acertaria uma cesta final. Dito e feito, o Arenas fedeu e o LeBron ganhou o jogo numa cesta alucinante. Agora, outro jogo vai pro ralo em situação semelhante, e isso porque o Arenas acerta 80% dos lances livres em sua carreira. Nervos de aço uma ova, ninguém nesse Wizards amaldiçoado tem cabeça para segurar a crise.

Enquanto isso, o Pacers ganhou algum ânimo passando justamente o Wizards na tabela. Estão encostadinhos na oitava vaga, e pegam o Magic na segunda-feira. Como acompanhar o Kings empolgado valeu tanto a pena, e como o meu Rockets sem estrelas é - juro - o time mais divertido de se ver jogar na temporada, prometo dar uma espiada no Pacers. O Mike Dunleavy, eterno "o próximo Larry Bird", finalmente mostrou que sabia jogar basquete na temporada passada, só não durou muito tempo saudável. Se ele está de volta agora, e vindo de sua melhor partida no ano, merece atenção. Já o Wizards perdeu as 4 últimas partidas e já está começando a passar vergonha - a sorte deles é que ainda existe o Sixers na Conferência Leste. Se não bastasse a equipe da Philadelphia estar com a pior sequência de derrotas atual, com 12, ainda estão passando uns vexames ridículos. O Iverson fez sua "via sacra" da vergonha, passando por todos os times que o acolheram em sequência (Nuggets e Pistons) e perdendo feio nas duas vezes. Aliás, perder feio é pouco, o que o Rodney Stuckey fez com ele foi pior do que isso:



Esse é um belo sinal de que o tempo passa, o tempo voa, e a Poupança Bamerindos vai à falência. O que o Iverson fez ao Jordan agora é feito com ele. E o que o Arenas tanto se orgulhou de fazer, ganhando jogos no finalzinho, agora é o que ele toma na cabeça. O Wizards não tem muitas chances apesar do elenco incrível, mas todas as noites eles podem colocar a cabeça no travesseiro e agradecer: "pelo menos não somos o Sixers. Pelo menos não somos o Sixers."

Se as coisas continuarem tão feias, talvez seja a hora de tentar uma tática ousada que parece estar dando certo por aí: ficar sem a estrela. Talvez se o Arenas se machucar de novo, ou se o Iguodala tirar umas férias, dê um pouco certo. Veremos, de perto, até quando o truque funciona pro Pacers.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Contratando quem sobrar

"Hmm, sabe pular e levantar o braço. Contratado!"


Estou indignado. Toda a honra da NBA está maculada. Minha fé na humanidade está perdida. Tudo porque o Memphis Grizzlies mentiu bem na nossa cara.

Pouquíssimos times sobraram com espaço na folha salarial suficiente para fazer propostas para Andre Iguodala e Josh Smith, o que indicava que os dois jogadores acabariam ficando mesmo com suas equipes de antes. O Grizzlies, com várias verdinhas sobrando, simplesmente anunciou que não iria contratar mais ninguém. Foi um relato que me encheu de alegria porque pela primeira vez uma equipe não usou seu dinheiro como se fosse videogame: "ah, sobraram ainda $20, então compra umas cinco adagas." Parece que todo mundo na NBA tem horror a ficar com trocado no bolso e gasta todo o possível. Eu entendo que é meio complicado você ter um time que fede pra burro e dizer para seus fãs: "bem, nosso time é uma droga, tínhamos dinheiro para contratar reforços, mas preferimos não fazê-lo." Mas alguém precisa ter culhão para isso. Não é porque você tem grana e o Ricky Davis está disponível que você obrigatoriamente tem que contratá-lo. Depois o jeito é ficar desesperado choramingando e esperando contratos acabarem para poder assinar alguém que preste. Oras, se o Grizzlies achou que não havia ninguém disponível que pudesse se tornar uma peça fundamental na equipe, então é melhor guardar o dinheiro mesmo do que se arrepender do contrato depois. Guarda a grana, pensa melhor, e na temporada seguinte veja o que dá para fazer. Não é como se o time de Memphis fosse ganhar qualquer coisa na próxima temporada com os reforços disponíveis no mercado atualmente.

Mas eles não resistiram. Ignoraram o que haviam afirmado, quebraram sua promessa, cuspiram na cara dos fãs crédulos. Resolveram oferecer um contrato de 5 anos e 58 milhões de doletas para Josh Smith.

Agora, já que Smith é um Free Agent restrito, o Atlanta Hawks tem 7 dias para decidir se cobre ou não a oferta. O que é uma decisão deveras complicada, veja bem. O novo manda-chuva do Hawks, que eu não sei o nome mas que não vou procurar no Google porque o time Atlanta mal existe de verdade, resolveu renovar o contrato do técnico Mike Woodson. Diz a lenda que o titio Mike é odiado pelos jogadores e Josh Smith já deixou claro que se ele for o técnico, então o Josh não brinca. Como toda criança que é dona da bola, prometeu fazer bico, bater o pé e, finalmente, ir embora pra casa. Ainda assim, o Hawks ofereceu um contrato de 45 milhões para o ala. Primeiro porque o Josh Smith é bom, segundo porque ele enterra o tempo todo e torna o time vendável, terceiro porque todo time tem um fetichezinho por jogadores que se fazem de difícil. É o clássico "diz que não me quer que aí eu gamo mesmo", o que aliás parece verso de música de funk.

Josh Smith não aceitou os 45 milhões e agora tem um contrato consideravelmente mais gordo na mesa vindo de Memphis. Se o Hawks igualar, estará pagando mais do que queria por um jogador que estará assumidamente insatisfeito com o técnico. Se o Hawks deixar o Josh Smith ir embora, vai ser atacado pelos fãs e se arrepender profundamente se um dia ele se tornar mesmo a estrela que alguns acreditam que ele esteja prestes a se tornar. Ou seja, é a boa e velha vida na NBA: não há como acertar, todo dirigente está sempre fazendo merda.

Para o Grizzlies, apesar da mentira que me machucou porque sou um homem direito e que preza pelos bons costumes, só cutucando o nariz quando não estou em público, não deixa de ser um bom negócio. Se o Hawks cobrir a oferta, então essa novela mexicana digna da Talia com o Josh Smith termina logo de uma vez, o Josh ganha a grana que queria, vai pro time seguir a vida, e fica devendo uma para o empresário do garoto. Caso o Hawks não cubra a oferta, o Grizzlies ganha mais um jogador sensacional cheirando a talco e vestindo Pampers para compor o futuro elenco mais jovem e perdedor de toda a NBA. Ou seja, eles se tornam os sucessores espirituais do próprio Hawks de uns tempos atrás, antes de arrumarem o vovô Mike Bibby para introduzir o bingo e as boinas em Atlanta.

Mesmo assim, continuo achando que o melhor que o Grizzlies podia fazer era guardar a grana e pronto. Juntar um bando de jogadores aleatórios nunca dá certo, a não ser que você esteja montando um zoológico. Esse Grizzlies é novo demais e a maior parte dos jogadores nunca jogou junto. O armador deve ser Mike Conley, que ainda não teve reais oportunidades na NBA, ao lado do novato OJ Mayo, que acabou de chegar. O ala é Rudy Gay, a estrela do time mas que ainda não teve chances de mostrar que é capaz de levar um elenco nas costas. No garrafão, temos o fracasso-moderado Darko Milicic e a estrela européia Marc Gasol, que nunca colocou os pés numa quadra da NBA. A maioria dos jogadores nunca se viu e só devem saber os nomes uns dos outros lendo na camiseta. Será que faz sentido, portanto, gastar 58 milhões num jogador quando não se sabe qual é a identidade do time, quais suas deficiências, de que tipo de reforço ele precisa exatamente?

Contratar o primeiro desempregado que passar na frente é coisa do Clippers, e o Memphis Grizzlies não deveria seguir o exemplo se eles querem ser minimamente vencedores. O time fedido de Los Angeles continua seu estranho experimento social, juntando na mesma equipe as mais distintas personalidades, um bando de gente que não tem nada a ver um com o outro, um Big Brother Brasil em que - espero - ninguém vai posar pelado depois. Se não bastasse unir Baron Davis, Ricky Davis, Marcus Camby e Chris Kaman no mesmo barco, o Clippers acaba de assinar o armador Jason Williams. Eu já fui fã do moço nos seus tempos de Kings, mas ele é bastante descontrolado no ataque, arremessa sem muito peso na consciência e não consegue passar 15 minutos sem sofrer alguma contusão. De algum modo bizarro, isso faz dele uma escolha perfeita para compor o Los Angeles Clippers. A princípio, parecia que eles estavam contratando jogadores aleatoriamente, apenas gastando todo o dinheiro em quem estivesse disponível. Agora, já é possível notar o padrão: são jogadores que se machucam o tempo todo, vindos de times perdedores e incapazes de jogar coletivamente. Bem, cada um tem o fetiche que merece.

A preferência do Clippers ficou ainda mais óbvia quando eles ofereceram um contrato de um ano para o armador Shaun Livingston, cujo joelho havia arrebentado como fio de fone de ouvido paraguaio (crianças, nunca confiem na marca "Sonyc" ou nas pilhas "Durabell"). A lógica é simples: ele nunca ganhou nenhum jogo e tem saúde frágil? Então contrato nele! Mais bizarro que isso só o próprio Livingston que, depois de passar mais de uma temporada parado e com vários especialistas dizendo que ele nunca mais jogará basquete no mesmo nível de antes, acha que merece um contrato mais longo e portanto recusou a oferta do Clippers. Pensando bem, talvez ele esteja apenas fugindo do circo que está se formando em Los Angeles. Eu fugiria.

Até porque, num mundo em que todos os times parecem gastar até o último centavo em seja lá quem for o imbecil que estiver disponível, não há muitas dúvidas de que Shaun Livingston arrumará um contrato novo em algum lugar. Afinal de contas, se tudo mais falhar, sempre há a Europa para te arrumar um emprego. Não é o anãozinho Boykins que agora enche as orelhas com dinheiro europeu?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Armadores à solta

O Arroyo é o que não está pintado de azul


A cada dia que passa você está mais perto de sua morte e alguns Free Agents mais perto de um novo time. Ontem foi a vez do Ricky Davis e do Kwame Brown arranjarem novas casas, mas ainda tem muita gente desempregada por aí, esperando algum time (dos EUA ou da Europa) abrir a carteira para dar uma graninha pra eles jogarem. Ainda tem gente muito boa, gente mais ou menos, gente ruim e jogador de todas as posições. Vamos dar uma olhada no resto, no aterro sanitário da NBA.

Que tal ser muito criativo e começar com a posição 1? Ou posição de armador, point guard, armador principal, sei lá como vocês querem chamar. O importante é que opções não faltam nessa posição. Falta qualidade até, mas não falta opção.

De todos os ainda disponíveis acho que o melhor de todos é o Jannero Pargo. Na temporada passada ele foi espetacular no Hornets e nos playoffs quase liderou o time a uma virada sobre o Spurs no jogo 7, só não virou porque deus não permitiu que o Jannero Pargo entrasse para a história do basquete, aí já era pedir demais. Pargo é um cara que vem do banco pra dar seu drible seco e matador e meter umas bolas importantes, qualquer time na NBA precisa de um cara assim na reserva e ele deve achar emprego em breve. Eu gostaria de ver ele de volta no Hornets, o Chris Paul merece algum descanso e o Pargo já provou que lá ele se dá muito bem.

No segundo escalão dos armadores ainda livres para negociar estão os que já jogaram muito bem um dia mas que hoje não são tão bons assim, são os caras candidatos a ganhar um contrato de um ano em algum time qualquer. São eles Jason Williams, Sam Cassell, Damon Stoudamire e Carlos Arroyo. Todos eles já mostraram em algum momento da carreira que são bons, uma pena que nesse tal momento não só a Dercy como até o Ayrton Senna eram vivos. Todos ainda tem alguma bala na agulha, mas não para serem titulares. Vejo o Celtics ficando com o Cassell ou assinando algum deles, já vi boatos dizendo que eles querem o Jason William. Além deles, o Suns pode ir atrás, pela milésima vez, de um reserva para o Nash e o Spurs precisa de um reserva para o Tony Parker, já que o próprio Damon Stoudamire não deu certo e o Jacque Vaughn não fez mais do que entrar em quadra pra bater no Shaq. Ainda tem o Orlando, que é um time forte, candidato a titulo do Leste e o cara que for jogar lá pode ter certeza de que vai entrar muito em quadra, já que o Jameer Nelson está longe de ser um titular confiável.

A verdade é que embora os caras ainda tenham algum talento de sobra, eles tem a tendência de só irem atrás de times com chance de ir longe nos playoffs. Os jogadores estão com uma mania de achar que só porque estão velhos eles tem o direito de ficar escolhendo muito onde jogam, quando na verdade seria muito mais legal se eles tentassem dar uma reviravolta na carreira ajudando um time mais fraco a melhorar seu nível. Garanto que o Jason Williams, se saudável, teria um impacto bem maior no Knicks do que Mardy Collins e o Chris Duhon, por exemplo.

Depois do melhor de todos os disponíveis e dos veteranos-desesperados-atrás-de-um-time-que-lute-por-títulos, tem aqueles que também são bonzinhos mas que não podem se dar ao luxo de escolher time, esses vão onde oferecerem verdinhas. São eles Shaun Livingston, Dan Dickau e Earl Boykins. O Dickau e o Boykins já tiveram bons momentos na carreira mas a verdade é que só vão arranjar emprego se alguns dias antes de começar a temporada algum time ainda não tiver achado um reserva, mais provável é que os dois acabem na Europa. Dizem que um tem uma proposta na Rússia e outro na Espanha. Já o Shaun Livingston é um caso à parte, já que todo mundo sabe que ele é bom mas todo mundo viu que o joelho dele descolou da perna.
Se eu fosse manager de algum time eu chamava o garoto e falava "Te dou um contrato de um ano, se você provar que sua perna não é feita de Lego, fazemos um contrato decente depois", aí é só deixar o rapaz mostrar o que sabe.

Um caso que eu não tenho idéia de como vai acabar é o do Lindsey Hunter. O cara tem nome de mulher, tudo bem, mas ele foi importante no título do Pistons em 2004 e apesar da queda de produção ainda pode ajudar muito time, como ajudou o próprio Pistons no ano passado. Será que ele volta para o Pistons mesmo com a ascenção do Rodney Stuckey? Será que algum outro time apostaria nele? Se eu fosse o Spurs eu iria atrás do rapaz, e se eu fosse o rapaz eu ia pro Spurs e ia pedir que parassem de me chamar de "rapaz", que é ridículo.

Ainda tem o caso mais legal, que é o que todo mundo gosta, os caras ruins. Não dá pra deixar de mencionar que o Smush Parker é Free Agent e ainda não assinou com ninguém. Será que alguém tem coragem de levar o Smush? E se levar, leva por quanto? E leva pra ser reserva ou só pra compor elenco?
No começo eu gostava muito do Smush Parker, quando você não espera nada dele, o cara até surpreende, o problema é quando ele vira o titular de um time nos playoffs e nos playoffs os defeitos de todo jogador ficam expostos, não tem jeito. Acho que algum time como o Indiana Pacers, que precisa de armadores reservas, pode acabar apostando no Smush, mas a verdade é que a imagem dele está bem manchada depois do fracasso no Lakers e do fiasco da sua passagem no Miami. O mais provável é que qualquer time prefira apostar em um jovem armador que está disputando Summer League ao invés de apostar no Smush Parker. De agora em diante, ele vive apenas nos nossos corações e memórias. Se aposente em paz, não sentiremos saudade.

Você deve estar pensando "Ei, seu mané, você esqueceu do Delonte West!". Não, não esqueci. Mas deixei ele por último porque ele é um dilema. Todo mundo viu ele jogar mil vezes e ninguém sabe a posição do cara. Quando ele estava no Sonics, o técnico PJ Carlesimo chegou a dizer "Ele não é armador principal, não é segundo armador e nem é um armador-combo, ele é simplesmente um armador, vamos chamá-lo assim.". Aí no Cleveland ele jogou como armador principal, mas armador principal no Cavs é o cara que carrega a bola até o meio da quadra, toca pro LeBron e espera para arremessar na linha de 3, que é o que um segundo armador faz. Em resumo, eu não sabia se colocava o Delonte West aqui ou se colocava no próximo texto, quando falaremos dos jogadores da posição 2 que ainda estão sobrando. Por via das dúvidas eu coloco o West aqui mesmo e deixo o Juan Dixon e o Louis Williams, outros que sofrem de problema parecido, no texto de amanhã.

Depois de deixar claro qual é o problema do Delonte West, deixo claro também que o cara é talentoso. É um marcador decente, tem um bom arremesso e, para algumas culturas ocidentais, conseguir jogar em duas posições diferentes é um elogio. Acho que o próprio Cavs deveria ficar com ele, já que ele foi o melhor jogador que o Cavs conseguiu em trocas, melhor que o Wally Szczczzzzerbiak e o Ben Wallace. Mas acho que o Jason Williams e o Carlos Arroyo não caiam mal no Cleveland também, se isso acontecer o Delonte não precisa ficar desempregado. O Nuggets precisa de armadores, o Miami não se incomodaria em ter um armador que não seja um novato ou o Chris Quinn e o Los Angeles Clippers, o time do momento nessa offseason, tem no banco de reservas o Jason Hart, que tem "inexistente" escrito na testa. O West vira reserva do Baron Davis numa boa por lá.

Como deu pra ver, tem muito mais armador em busca de emprego do que vagas na NBA, não é à toa que tem gente vazando pra Europa. Mas é azar também dessa posição de armador principal, que está meio inflada na NBA, apareceu muita gente boa nos últimos anos e não tem espaço pra todo mundo. Veremos a situação das outras posições em breve.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

"Both Teams Played Hard"

Famosa placa pedindo silêncio nos hospitais de Detroit


Voltamos com nossa coluna "Both Teams Played Hard", o lugar em que o respondão do Rasheed Wallace que existe em nós sai uma vez por semana para responder suas perguntas e quebrar cadeiras em alguns bares. Depois de uma semana fraca, tivemos uma enxurrada de perguntas dessa vez, em especial do Renzo que estava meio entediado no ano novo. Escrevam para ele, acho que ele deve estar precisando de alguns amigos.

Nessa semana, um par de questões sobre o Chicago Bulls, trocas inventadas e o Nuggets que não engrena. Em caso de perguntas, comentários, tédio ou vontade de depositar dinheiro na nossa conta bancária, a caixa de comentários está aí. As respostas, como sempre, saem na semana seguinte (muito embora a gente tenha alguns problemas com pontualidade, mas nada muito sério, vai).


César:
o sheed ja jogou cua numero 30 nu pistons?

Danilo:
Não, não, eu é que gastei 20 horas da minha vida fazendo uma montagem no Photoshop sem nenhum motivo aparente. Sou um baita de um desocupado.









...

RV:
mas sera q muggsy bogues tinha esses mesmos problemas q o boykins???

Danilo:
Diz a lenda que o Bogues comprometia menos na defesa e que ele era muito melhor em roubos de bola, no mínimo. Por isso, talvez, ele nunca enfrentou os mesmos problemas do Boykins: foi draftado normalmente no primeiro round assim que saiu da faculdade, foi objeto de desejo do Hornets e fez uma carreira lá sem maiores dificuldades. Infelizmente não sei quanto ele ganhava por ano mas arrisco dizer, já que passou o máximo de tempo possível na mesma equipe, que ele não deve ter recusado contratos para se manter lá. O Boykins recusou o Bucks e agora a NBA recusa ele. Rá!

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Felipe Danemberg:
Gostaria que vcs falassem do Jim Boylan QUe assumiu o bulls agora e já ganho os 2 jogos que disputou

Denis:

Olha, eu ainda não vi nenhum jogo completo do Bulls desde que eles mudaram de técnico. Vi um pela metade e tenho acompanhado o que dizem dele. Mas o que parece é que tirando o fato do Ben Gordon vir do banco, não mudou muita coisa em relação ao esquema de jogo do Skyles não. O que mudou são os minutos que os jogadores recebem (o Duhon, o Noah e o Joe Smith tem mais chances, Tyrus Thomas, Luol Deng, menos) e a atitude dos jogadores. Dizem que o clima nos vestiários é mais agradável agora porque o Skiles era muito durão, exigente, e os jogadores, dizem que principalmente o Ben Wallace, não gostavam dele.

...

Renan:
Também tenho uma dúvida sobre o Bulls. Ben Wallace não rende mais, gordon erra mais do que acerta, não há um bom pontuador no garrafão e em vez de trazer nomes como o Larry Brown pra equipe Paxson resolve efetivar a cria de Skiles. Além de contratar um novo GM, quais seriam as melhores trocas que o Bulls poderia fazer?

Denis:
Como disse na resposta anterior, todas essas coisas do Bulls estão mudando com o novo técnico, o Ben Wallace está voltando a dar seus tocos e rebotes e o Ben Gordon está simplesmente pegando fogo. Acho que pegar uma cria do Skyles foi um jeito de manter o esquema tático que estava dando certo no ano passado mas ao mesmo tempo tirar a figura tirana do Skyles que incomodava os jogadores.

Sobre as trocas, a melhor coisa que eu ouvi sobre o Bulls é que eles poderiam pegar o T-Mac. Dizem que ele está insatisfeito em Houston e que poderia ir pro Bulls. A troca seria Hinrich e Nocioni por T-Mac. Para o Bulls seria ótimo já que o T-Mac poderia liderar o time e ser o cara que tem a bola nas mãos nos momentos decisivos, além disso o Duhon tem jogado bem e poderia ser um substituto para o Hinrich. Para o Rockets seria bom ter um armador muito mais inteligente e eficiente que o Alston e ao mesmo tempo mais uma opção ofensiva e de bolas de 3 com o Nocioni. Mas se eu fosse o Houston, tentava T-Mac por Hinrich e Gordon.

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caioJF:
Quero lhe perguntar sobre o nuggets:O time no papel é muito bom, o treinador é experiente, mas não tem jeito:parece que nao engrena; não decola.Você consegue entender o que acontece com o Denver?

Denis:

Na minha humilde opinião o time tem 3 problemas, dois deles bastante relacionados: o primeiro é que falta um armador, Iverson não é armador principal e o Anthony Carter, apesar de ser melhor do que eu esperava, ainda é fraco. Ano passado, na era Steve Blake, deu pra ver como o time melhora com um armador inteligente na quadra. O segundo defeito é que eles escolhem muito mal os arremessos, e isso está ligado a não terem um bom armador. Eles querem correr como o Suns mas não entendem que não é só correr, o Suns corre mas não arremessa bolas idiotas o tempo todo, o Nuggets muitas vezes força uns arremessos que parece que é só pra decidir tudo rápido, não tem muito controle. E o último defeito é que eles não jogam nada na defesa, o Camby fica lá dando tocos o dia todo e o resto do time fica assistindo. Na semana passada, porém, o George Karl estava todo orgulhoso que o time jogou com o Spurs no ritmo deles, com defesa, e eles venceram a partida. Eles não precisam ser o Spurs, mas apertar um pouco mais na hora de defender pra não tomar a quantidade de bandejas fáceis que eles tomam não seria nada mal.

...

Philipe:
queria q vcs comentassem qual seria a melhor troca q o Nets poderia fazer por Jason Kidd para poder mehorar o time, ja q ele quer ser trocado???

Danilo:
A melhor troca que o Nets poderia fazer para melhorar o time seria Kidd por Pierce, Ray Allen e Kevin Garnett. Ah, você queria dizer a melhor troca possível? Então nenhuma, troca alguma vai ser melhor para o Nets do que deixar o Kidd por lá, te garanto.

...

Renzo:
1. Ainda é cedo para prever que essa temporada tem tudo para ser a melhor desde o fim da dinastia dos Bulls? 2. Dentre os times embalados no momento, dois ganham destaque por serem jovens e promissores: Portland e Atlanta. No entender do blog, quais seriam as grandes virtudes dessas duas equipes para chegar aos playoffs e, quem sabe, aprontar alguma surpresa? 3. Existem rumores no sentido de que na próxima temporada o técnico dos Bulls será Sassá Mutema, "O Salvador da Pátria". Procede? 4. Alguém sabe o que o pessoal do Knicks pediu para Papai Noel? Isso vale um post, com especial menção à cartinha escrita ao bom velhinho pelo Zach Randolph... 5. Kevin Martin está desde o início da temporada entre os cestinhas da NBA. Algo a declarar?

Danilo:
1 a 3) Ainda é cedo.
4) "Querido Papai Noel, veja minhas médias de pontos e rebotes, fui um bom menino. Me dê muita comida, açúcar e por favor me tire do Knicks. Abraços do seu amigo gordinho, Zach Randolph."
5) Sim. Ele faz muitos pontos.

Denis:
5) Mesmo com aquele arremesso esquisito.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

"Both teams played hard"

Rasheed e sua melhor cara de "não fui eu, já estava assim quando eu cheguei"


Mais uma semana, mais uma coluna "Both teams played hard", em que respondemos as perguntas dos leitores que se atrevem a nos mandar as questões que perturbam suas noites de sono. Nessa semana, um diálogo particular com nosso leitor RV, o único desocupado o bastante para perguntar alguma coisa.

Em caso de dúvidas, comentários ou pedidos de receitas culinárias, a caixa de comentários desse post está aberta. As respostas, como sempre, saem na semana seguinte.

RV:
Kra...alguem ai poderia mi dizer por ond anda Earl Boykins???
Ond ele ta jogando???oq aconteceu???
Ele foi sequestrado???Abduzido???
Alguma coisa acontenceu com ele!!!Alguem poderia mi decifrar o paradeiro d um dos meus jogadores preferidos???

Danilo:
O caso do Boykins é complicado e vale a pena, para compreender o ocorrido, dar uma olhada na carreira dele. Com apenas 1,65 m de altura, Boykins chegou a ter média de quase 26 pontos por jogo no basquete universitário e foi o segundo cestinha do país naquele ano. Impressionante, não? Entrou para o draft com a certeza de que seria draftado no 1o round, mas acontece que não foi draftado em round nenhum. Desde então, sua carreira tem sido uma batalha constante para provar que um anão merece um lugar na NBA. Já passou por trocentos times e trocentos contratos que duram apenas 10 dias, só conseguiu certo respeito no Golden State Warriors e então, enfim, arrumou um contrato de verdade no Nuggets, lugar em que finalmente se firmou como um grande jogador e um dos melhores reservas da Liga. Em Denver, chegou a ter médias de 15 pontos e 4 assistências por jogo vindo do banco, e mantém até hoje o recorde de maior número de pontos marcados numa prorrogação, com 15. No entanto, quando o Iverson chegou, Boykins foi trocado para o Bucks, que precisava desesperadamente de alguém para fazer pontos já que o Michael Redd estava machucado.

Depois de tantos anos de luta, sofrimento e humilhação, finalmente um time apostava no talento ofensivo do Boykins. Parecia o final feliz para uma linda história, mas no mundo do basquete sempre tem algum ego pra estragar tudo. Com o fim de seu contrato, o Bucks fez o possível para assinar o Boykins novamente, mas o nanico disse que queria "testar o mercado". Achou que finalmente teria valor na NBA e que poderia escolher o time que quisesse com o salário que bem entendesse. Incrível como ele esqueceu rápido seus tempos de sequer ser draftado, não? O resultado: nenhum time se interessou num jogador de 1,65 m que não pode defender nada maior que um rato grande ou um cachorro pequeno e agora o senhor Earl "Vou testar o mercado" Boykins está desempregado. Olha, eu adoro seu jogo, acho ele lendário, sensacional, mas me permitam um comentário, por favor: tá desempregado? Bem feito!


RV:
Gostaria q vcs falassem um poco do grant hill, o kra ja foi dado como morto mais d mil vezes e agora volta do cemiterio com media d 16 pts, 4 ass e 3 rebs.Num é pra qualquer um nao.

Denis:
O Grant Hill tem sido uma bela surpresa. Eu não esperava grande coisa dele por alguns motivos: primeiro que ele nunca consegue ficar saudável e quanto mais tempo ele fica, mais parece que está se aproximando o fatídico dia em que ele se machucará de novo. Segundo que ele não parecia ser capaz de aguentar o ritmo porra louca do Suns. E por último que o último veterano a ir pro Suns foi o Jalen Rose, que na rotação dos playoffs estava atrás até do Pat Burke (vide jogo 5 contra o Spurs com Amaré e Diaw suspensos).

Mas a verdade é que ele não parece se sentir cansado, não teve nenhuma contusão, acompanha o ritmo do time numa boa e tem sido peça importantíssima para a equipe. Quando o Suns corre ele corre junto e até bolas de 3, que nunca foram sua grande arma, têm caído algumas vezes. Mas a grande contribuição dele, na minha opinião, tem sido quando o Suns é obrigado a diminuir um pouco o ritmo e jogar no ataque de meia-quadra. Grant Hill tem paciência, criatividade, talento e um bom arremesso de meia distância que é ideal para essas situações, e isso ficou bem claro na partida contra o Spurs em que o Suns venceu com grande atuação de Hill nos minutos finais.
Ainda acho que o Suns sente falta de um defensor no garrafão, mas uma coisa que faltava não falta mais: eles tem gente pra comandar um ataque de meia-quadra com o Grant Hill e, melhor ainda, esse cara não compromete a correria do time.

E não podemos esquecer que o Hill vem jogando tão bem que ele esqueceu que é um velho machucado e fez isso aqui!