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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Quatrilho

Brad Miller tem fobia de garrafão


O último dia em que as trocas são permitidas na NBA é sempre, no sentido Alexandre Frota da expressão, o maior troca-troca. Todos os times colocam em prática seu jeitinho brasileiro e deixam tudo para a última hora, às vezes até para o último segundo. Parece que todo mundo mantém aquela esperança de que vai arrumar uma barbada, tipo Kwame Brown por Pau Gasol, até o horário limite. Quando nada parecido surge vindo do nada, os dirigentes acabam topando as trocas mais realistas e cheias de jogadores mequetefes no horário limite, para não sair com as mãos abanando.

O Denis listou todas as trocas anunciadas ao fim do horário permitido, analisando cada uma. Restaram apenas as trocas de mais peso, envolvendo quatro times, uma mais ou menos influenciando na outra. Podemos comparar com um relacionamento complicado de dois casais em que rola umas puladinhas de cerca entre eles que acabam influenciando a relação de todos. Então vamos dar uma olhada nesse quatrilho com cara de bacanal analisando, com calma, um time de cada vez.


O Kings está de olho na crise mundial que tinha acabado de forçar o Hornets a tentar trocar o Tyson Chandler mas, como vimos no post anterior, o Thunder voltou atrás. Ou seja, a equipe de Sacramento está interessada em economizar umas verdinhas e, ao mesmo tempo, manter o núcleo jovem da equipe. O primeiro passo foi mandar uma escolha de 2º round do draft para o Celtics em troca de Sam Cassell e um monte de grana. Foi dinheiro suficiente para enfiar o salário do Cassell nas orelhas dele e mandá-lo de volta para o seu planeta, e ainda sobrou por volta de meio milhão de doletas. O Kings também ficou sabendo que o salário do terrorista aposentado Shareef Abdur-Rahim vai ser quase integralmente pago pelo seguro, já que ele pendurou as chuteiras na temporada passada. Para completar, o Kings mandou Brad Miller e John Salmons para o Bulls em troca de Drew Gooden e do Nocioni. Financeiramente, o contrato do Nocioni é mais longo do que os outros, mas ele é um daqueles casos estranhos em que o contrato vai ficando mais barato com o passar dos anos. O Gooden encerra o contrato na próxima temporada e pode topar renovar o contrato por menos grana, se não quiser vai pra rua e ninguém no Kings vai dar muita importância. Economizando uma grana louca, a equipe de Sacramento ainda aproveita para colocar a molecada pra jogar: o pivô Spencer Hawes era bom demais para ficar no banco mas seu estilo de jogo era parecido demais com o do Brad Miller para os dois ficarem ao mesmo tempo em quadra. É legal ter um pivô branco que joga na habilidade, não enterra e sabe arremessar de três pontos, mas se você já tem um, pra que vai querer outro? É figurinha repetida, precisa trocar com algum coleguinha no intervalo. Já o John Salmons nunca foi apreciado no Kings, ele tem bons números, segurou as pontas na equipe nessa temporada quando o Kevin Martin se contundiu, mas todo mundo que acompanha o time sabe que o Salmons monopoliza o jogo e não sabe jogar em equipe. Sua saída dá mais minutos para o Francisco Garcia, que vem jogando cada vez melhor depois de uma boa Liga de Verão. O Kings só precisava que alguém caísse no conto do vigário do Salmons, e esse time foi o...

Bulls, que pelo menos leva junto um pivô de verdade, experiente e eficaz. Mas é um pivô que gosta de jogar no perímetro! Qual é o problema do Bulls que eles são incapazes de arrumar alguém que saiba fazer pontos no garrafão? Primeiro trocam pelo Ben Wallace (que só pontua se for cesta contra), depois draftam o Joaquim Noah (que tem todo o poder ofensivo de sua versão cover, o Anderson Varejão), e agora trocam pelo Brad Miller, que odeia contato físico e prefere ficar nos arremessos a uma distância segura da cesta. Minha nossa, tem time que nunca aprende. Mas a troca foi excelente para a parte financeira: o contrato do Miller vira farofa justamente na temporada 2010, em que o Bulls estará em sérias condições de assinar um par de estrelas. E se o Ben Gordon, na temporada que vem, pedir outra vez um contrato zilionário, o Bulls pode simplesmente mandar ele passear e dar a vaga para o Salmons sem muito peso na consciência, economizando trilhões. Mas para garantir a saúde financeira, o Bulls ainda tinha em mente se livrar de dois armadores que não teriam minutos com a volta do Kirk Hinrich. Um deles, o Thabo Sefolosha, foi para o Thunder em troca de uma escolha de primeiro round no draft que vem. O outro, Larry Hughes, ganha 12 milhões nessa temporada e 13 milhões na próxima. Quem aceitaria esse contrato bizarro? É aí que entra o...

Knicks, que aceitou o Larry Hughes e mandou em troca o gordo do Jerome James, o preguiçoso do Tim Thomas e o quebra-galho do Anthony Roberson. Achei engraçado porque o técnico Mike D'Antoni parecia gostar muito do Tim Thomas, afinal ele arremessava de três, corria bastante e nunca se esforçou pra defender, aliás ele nunca se esforçou muito em coisa nenhuma porque jogar basquete dá o maior trabalho, sabe como é. O Jerome James não joga desde os seus tempos de Sonics, e provavelmente só conseguirá chegar em Chicago carregado por um caminhão dos bombeiros, e se abrirem um buraco na parede para ele entrar no ginásio. Financeiramente a troca é idêntica para os dois lados, tanto em salários quanto em duração, então na prática é apenas uma preferência por posições: o Knicks precisava de um armador que jogasse na posição 2 e soubesse infiltrar, o Bulls precisava de alguém para tomar os minutos do Nocioni como reserva do Luol Deng. Pensando apenas em 2010 e na chance de conseguir LeBron James, o Knicks só pode fazer trocas que não comprometam em nada a folha salarial, então preferiram trocar peças parecidas apenas para dar uns ajustes no elenco. Outra troca nesse mesmo estilo foi mandar o Malik Rose, que sequer joga, em troca do Chris Wilcox, do...

Time-outrora-conhecido-como-Sonics. Como a troca do Chandler pelo Wilcox não deu certo, acho que receber o ala de volta ia ser muito constrangedor. A última coisa que um time tão jovem e com tanto potencial precisa é de um veterano reclamando porque quase foi trocado, fazendo cara de bunda no vestiário e jogando sem vontade. Ele é físico, corre bastante e vai se dar bem no Knicks até seu contrato acabar, é bem melhor do que o mané do Malik Rose que vem em seu lugar. O contrato dos dois termina na próxima temporada e, embora o Rose tenha até certo talento em seu meio metro de altura, acho que será apenas um "empréstimo" até o fim da temporada regular. Na pior das hipoteses ele pode ficar contando histórias de seus tempos de Spurs e ensinar para a pirralhada como é a sensação de, como é o nome daquele troço esquisito mesmo, ah sim, "vencer". O Thunder, que tem cinco escolhas de primeira rodada no draft dos próximos dois anos, se deu ao luxo de abrir mão de uma delas pelo Thabo Sefolosha, que aí sim deve ficar com o time por mais do que uma temporada. O suíço defende e infiltra bem, é excelente em rebotes para sua posição, e se saiu bem em um punhado de chances no Bulls. Lá, não teve espaço no meio da coleção de armadores, mas no Thunder pode se sair bem como reserva, é jovem, cheio de potencial, e uma boa escolha para um time cheirando a talco.


São quatros times, um trocou com um que trocou com o outro que trocou com o primeiro, mas resumindo, todos estão querendo garantir a saúde de suas finanças num momento de crise econômica, ter espaço na folha salarial para 2010 e pensar no futuro. Nenhum time ficou drasticamente melhor ou arrumou suas falhas: o Bulls não fará pontos no garrafão, o Kings não terá ninguém físico, o Knicks não terá um defensor e o Thunder não terá uma forma de escapar de sua maldição que o faz perder todos os jogos no último segundo (recentemente, foi mais uma derrota para o Nuggets, com outra bola decisiva do Carmelo). Mas todas essas trocas apontaram uma nova tendência de economia e planejamento para o futuro. Talvez, em breve, possamos ver alguns resultados, mas por enquanto foi tudo meio morno. Mais importante do que essas trocas foram as não-trocas: Amar'e continua no Suns, Vince Carter continua no Nets e T-Mac continua no Houston. Achei bom para os três times, e acho que eles terão sucesso imediato. Mas disso a gente fala em breve.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Banco de talentos

O banco do Pistons é uma prisão



Há alguns posts atrás, o Charles comentou sobre o Jarvis Hayes, que em seus 15, 16 minutos por jogo sempre marca muitos pontos e se destaca no Pistons. Logo depois, o Sbub comentou sobre o Mohammed, recém trocado pelo Pistons para o Bobcats, que virou uma máquina de rebotes em Charlotte. E associando as duas coisas resolvi falar sobre o banco de reservas do Detroit Pistons, o maior desperdiçador de talentos de toda NBA.

Talvez usar o termos "desperdiçar" possa parecer forte demais, vamos apenas dizer que eles são tão bons que não se dão ao trabalho de usar o banco. A base titular com Billups, Hamilton e cia. é tão bem entrosada e funciona tão bem que eles jogam muitos e muitos minutos sem dar muita chance aos reservas. E a estratégia (em grego 'strateegia', em latim 'strategi'...) tem dado muito certo. O Detroit é um time vencedor, chegou em duas finais da NBA, seu estilo de jogo não cansa em excesso os jogadores (por isso o Suns PRECISA de um banco de reservas melhor) e com isso os jogadores não ficam com a língua no chão depois de jogar muito. Mas acontece também deles muitas vezes não precisarem jogar muito já que o Pistons é o segundo, apenas atrás do Celtics, na margem de pontos em relação aos adversários, ou seja, é muito garbage time pra gente ver Amir Johnson e Arron Afflalo enfrentando os reservas dos outros times.

Mas pera aí! Então os reservas têm pouco ou muito tempo? Eles têm um bom tempo. Mas nunca quando a coisa interessa! O ponto é esse, quando o jogo é importante, quando o jogo tá pau a pau, os reservas nem encostam na bola. Entram um por vez pra dar descanso rápido a um dos titulares e já era. Jogar mesmo, pegar ritmo, só quando o jogo tá decidido.

Com essa forma de pensar, o time tem ido longe na NBA, não se pode criticar, mas ao mesmo tempo eles assistiram incríveis talentos sair do time em busca de mais espaço, e viram muitos jogadores desconhecidos por lá virarem grandes jogadores. Vamos conhecer alguns:


Mike James: Alguém lembra dele no Pistons? Eu demorei muito pra lembrar. Ele jogou metade da temporada 2003-04 por lá e teve média de apenas 19 minutos por jogo. Não sou grande fã do Mike James, ele mesmo já disse ser obcecado por suas estatísticas e parece se importar mais com elas do que com o time, mas o cara tem talento e o Pistons poderia tê-lo usado melhor para descansar o Billups.

Nazr Mohammed: Esse foi bem recente. Chegou como o substituto de Ben Wallace e meia temporada depois estava atochado no banco de reservas brincando de Darko. Entrava só para mostrar pro outro time que o jogo tava ganho. Foi trocado há algumas semanas para Charlotte Bobcats e em pouco mais de 24 minutos de jogo já está com média de quase 9 rebotes por jogo e fez vários double-doubles. Ele não é um all-star mas já mostrou no Atlanta e até no Knicks que tem talento, acho que ele tem o perfil do Pistons e poderia ter médias incríveis de rebotes por lá se dada a chance, mas não deram, colocaram o Webber no lugar dele e ele afundou.

Carlos Arroyo: Se o Mike James não teve muita chance de ser reserva do Billups por meia temporada, o Arroyo não teve por duas. Acho que o Billups tem no seu contrato algo que diz que só o Lindsay Hunter pode entrar no lugar dele e mais ninguém. O Arroyo, o mesmo que destruiu os americanos nas Olimpíadas de 2004 e que é titular merecido do Orlando agora, teve uma incrível média de 12 minutos por jogo na sua última temporada em Detroit.

Darko Milicic: Se Mohammed era usado para mostrar para os adversários que o jogo estava ganho, Darko era usado para mostrar que o jogo havia sido ganho, tinha sido uma lavada, tinha sido bem fácil e eles estavam rindo da sua cara. Nas finais de 2004 eu me revoltava, já que sou torcedor do Lakers, quando o Darko entrava. Aquilo era humilhação demais! Mas o fato é que muitas vezes o Darko tinha um bom garbage time, dava seus tocos, pegava uns rebotes, acertava umas cestas e... ué, é isso o que ele ainda faz hoje, não é? Ele nunca vai justificar ser uma segunda escolha, mas é bom jogador e quando tem seus minutos no Grizz (e quando tinha em Orlando) sempre se mostrou útil, com boa média de tocos e rebotes. No Pistons acho que nunca jogou um jogo com diferença menor de 10 pontos entre os dois times em disputa.

Carlos Delfino:
Eu não gostava muito do Delfino. Quando ele chegou na NBA eu vi gente dizendo que ele ia ser melhor que o Ginobili e isso me faz lembrar de quando o Arinélson era o próximo grande jogador do Santos. O Delfino nunca chegou perto das expectativas mas ao mesmo tempo você via que ele era mal aproveitado no Pistons, o coitado entrava, dava dois arremessos e saia, parecia que ele tinha pressa em jogar porque sabia que ia sair logo e isso atrapalhava muito. Nesse ano, no Raptors, ele é outro cara. Muito mais calmo e se sentindo parte do time ele até jogou vários minutos como armador principal do time quando o Calderon senta e o TJ Ford vê o jogo do hospital. E ele arma bem, até! Com vários jogos muito bons já na temporada, ele é peça importante no Raptors e você fica imaginando como ele seria útil dando um tempo de descanso para Hamilton e Prince.

Mehmet Okur: Provavelmente o melhor jogador a não jogar pelo Pistons. Ele estava lá, ficava no banco e volta e meia tinha um jogo em que ele acabava sendo mais bem utilizado. Lembro de um jogo em que ele simplesmente matou o Lakers só porque o Shaq se recusava a sair do garrafão para marcar as bolas de 3 pontos dele. Mesmo assim, o máximo de média que teve foi de 22 minutos por jogo, e muito por causa dos 33 jogos em que foi titular ainda na era pré-Sheed. Depois que o Sheed chegou, ele afundou no banco e de lá foi para o Utah, onde, de repente, estava com médias de quase 20 pontos por jogo.


Com o Jarvis Hayes, que nosso amigo Charles citou, a situação é igual mas é diferente. É igual porque ele é um cara de talento e que tem poucas oportunidades, mas é diferente porque ele que era free agent e topou ir para lá mesmo sabendo desse histórico todo do banco do Pistons. Não quero chamar o Hayes de burro com isso também, ele não estava numa situação fácil, nos seus anos de Wizards, além de provar que tinha certo talento para marcar pontos, mostrou mais ainda que tinha talento para se machucar, e fez uma fama de ser de vidro. Muitos times não ofereceram coisas boas pra ele e quando o Pistons apareceu com uma proposta ele abraçou, mas não dúvido que no fim do contrato ele busque uma vaga em um time em que seja mais participativo. Outro que tem talento, embora seja meio Mike James no fato de só querer fazer pontos e nada mais, é o Flip Murray. Esse tá encostadão no Pistons e dizem que uma troca deve acontecer em breve para tirá-lo de Detroit.

Agora é a hora que o espertalhão aparece e diz: "Ei, Denis, seu torcedor do Lakers cabeçudo! E o Maxiell? Ele é reserva e joga, seu bundão!". Pois é, o Maxiell é um caso que deu certo, assim como o McDyess. Ano passado o McDyess era reserva do Webber e mesmo assim jogava sempre no quarto período só porque o Webber é mais amarelão que o Stojakovic e o Dirk juntos. Com isso ele tinha minutos, e minutos importantes. Nesse ano o McDyess é titular, tem seu tempo em quadra, mas em vários dias o Maxiell entra, entra bem e fica no jogo. Não vou dizer que ele é a exceção que confirma a regra porque isso é brega. Mas é verdade, ele é a exceção que confirma a regra, pronto, falei!


Notas:

- A relação entre os titulares e os reservas do Pistons, apesar da briga por minutos, é boa, como vemos na bela canção interpretada pelo titular Sheed e os reservas Jason Maxiell, Amir Johson e Will Blalock. Ouça e veja AQUI.

- A prorrogação do jogo de ontem do Suns foi feia. De um lado, o Suns parecia bem perdido sem o Nash doente, o Leandrinho provou mais uma vez que ao mesmo tempo em que faz pontos com a mesma facilidade com que corre quando fez 16 pontos só no terceiro quarto, também tem muita dificuldade em ser o armador principal, com alguns turnovers feios. Mas pior que ele de armador foi o Tinsley, que durante a prorrogação não passou a bola uma vez sequer. E não é jeito de falar! Ele partiu pra cima e arremessou todas as bolas, podem até conferir o play-by-play se vocês quiserem. A única cesta que não foi dele na prorrogação foi um rebote ofensivo que o Mike Dunleavy Jr. pegou. Rebote de um chute do Tinsley, claro. Vitória merecida do Suns.

- Ontem o Lakers detruiu o Hornets e Kobe depois do jogo disse que o papel dele no time não é mais o de fazer 35 pontos por jogo, é apenas de estar lá para quando o time estiver em dificuldade e precisar de um empurrão. Quem diria que um dia ele falaria isso? E pior que não é da boca pra fora, vendo o jogo é o que acontece mesmo!

- Lembra do post com a foto da mina firmeza do Garnett? Que tal a mina do Okur? Eu pegava fáaaacil.

- Bem no dia em que o Danilo falou que o Yao Ming deixou de ser "soft" para enterrar na cabeça das pessoas, o china fez isso aqui com o Malik Rose. Uau!