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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Vídeo - Trilogia Steve Nash

O Nash chegou a fazer um trailer de filme com o Baron Davis. É um projeto que o Baron Davis estava envolvido em que as pessoas deveriam mandar trailers de filmes que não existem mas que seria legal se existissem. No deles, Baron e Nash são irmãos, andam de bicicleta e até dançam (o Nash é muito bom, diga-se de passagem!). Vale a pena dar uma olhada, é hilário!




Mas infelizmente a trilogia do Nash é diferente. São três enterradas, três temporadas diferentes e a mesma humilhação.


Tudo começou na temporada 2002-03, quando o saudoso Ricky Davis pulou o Steve Nash e deu a enterrada do ano. Destaque para o "Oh shit!" que o Ricky fala depois da enterrada, e para o sábio comentário do narrador: "Eu acho que ele pulou o Steve Nash". Você ACHA, seu imbecil?



Anos depois, nos playoffs de 2006, o Kobe repete a dose com a famosa enterrada que alimentava toda discussão sobre quem deveria ter sido MVP daquela temporada. Quem gostava do Nash dizia que era o canadense, quem gostava do Kobe mandava esse vídeo pra galera.



Por fim, nesse domingo o Josh Smith fechou a trilogia Steve Nash com a melhor enterrada da temporada. Deveriam mandar o Rudy Gay ir passear e levar de novo o J-Smoove para o campeonato de enterradas.


domingo, 14 de setembro de 2008

O Cavs fede

Quando tudo estiver ruim, pense: com Ricky Davis, estaria pior


Quando LeBron James chegou em Cleveland em 2003 como primeira escolha do draft, a estrela do time era Ricky Davis. O que, pensando bem, é bastante óbvio, afinal para conseguir uma primeira escolha do draft o time precisa, em geral, feder bastante. Não que o Ricky Davis seja o pior jogador do planeta, longe disso, mas ele certamente faria parte de uma lista contendo as 10 piores pessoas para colocar ao lado de LeBron. O resto da lista provavelmente conteria a Vovó Mafalda, Hitler e a Luciana Gimenez.

Tanto o estilo de jogo de Ricky Davis quanto sua postura em quadra tornavam impraticável deixá-lo ao lado da estrela recém-draftada. Estamos falando de um jogador que compromete seriamente o time por jogar apenas para si mesmo, incluindo a famosa tentativa de arremesso contra a própria cesta para completar um triple-double. Não levou muito tempo para que fosse trocado por três feijões mágicos e uma ação judicial para que nunca mais colocasse os pés em Cleveland.

No entanto, o time ainda fedia. Era hora de contratar um jogador cujo estilo fosse capaz de complementar LeBron James, ou seja, alguém capaz de arremessar da linha de 3 pontos, um pontuador que exigisse pouco a bola nas mãos, que dominasse o perímetro e pudesse acertar arremessos nos momentos decisivos das partidas. O homem ideal era Michael Redd, mas o sujeito inventou uma palavra esquisita ("lealdade", o que é isso?) para rejeitar a proposta do Cavs e continuar no Bucks, um time que além de feder tem um dos uniformes mais abomináveis da NBA e cujo mascote é um veado roxo. Bem, se o Redd não aceitou, o jeito era segurar o dinheiro e aguardar outro jogador que tivesse as características desejadas. Mas o Cavs é uma esposa entediada com um cartão de crédito nas mãos, uma compradora compulsiva de quinquilharias que nunca vai usar. Manter espaço no teto salarial não era uma possibilidade, o time de LeBron precisava contratar alguém, fosse quem fosse. O escolhido foi Larry Hughes, que vinha de uma grande temporada com o Wizards ao lado de Gilbert Arenas.

Na época, em 2005, até a mãe do Hughes sabia que seu estilo não tinha absolutamente nada a ver com o que o Cavs procurava. Larry Hughes não arremessava da linha de 3 pontos, batia para dentro do garrafão em quase todas as jogadas e passava a maior parte do tempo com a bola nas mãos, ainda que não fosse um armador principal nato. Mas, para ser justo, sequer vou culpar o Hughes nessa. Se o Eddy Curry é cilíndrico, a culpa é dele, mas o Hughes era um grande jogador - com qualidades e defeitos que faziam sua produção depender de que fosse bem utilizado em quadra. Não era necessário ser ganhador do Nobel de Física para saber que ele jamais seria bem utilizado num time que necessitava de tudo aquilo que ele não sabia fazer. Incompatibilidades, uma contusão e alguns fracassos depois, o Cavs viu-se com uma bomba nas mãos: um jogador queimado, incapaz de produzir em quadra, ganhando 12 milhões por ano.

Lembra da lista de piores pessoas para jogar ao lado de LeBron James? Inclua Larry Hughes, por favor, logo ao lado do Didi Mocó. Assim, da mesma forma que ocorreu com Ricky Davis, Hughes foi trocado numa daquelas orgias malucas que envolvem três times e uma dúzia de jogadores, mas que no fim trouxe de relevante apenas Ben Wallace para a equipe. Confesso que a princípio achei uma boa idéia, afinal qualquer coisa seria melhor do que ter que aturar Larry Hughes na equipe, mas a verdade é que o Big Ben não fazia sentido em Cleveland. O Cavs já era um dos melhores times defensivos da NBA e um dos líderes em rebotes ofensivos, graças principalmente a Ilgauskas, Gooden e Varejão. Ou seja, quando o assunto é rebote e defesa, o time está bem. Mas quando é pontuar e depender de alguém não chamado LeBron, o negócio complica. Então porque diabos trocaram por um especialista em rebotes e defesa, principalmente um em decadência e na fase mais baixa de sua carreira?

Bem, nem preciso dizer que não deu certo. Mas uma coisa importante sobre o Cavs é que os dirigentes nunca param. Parecem eternamente conscientes de que têm em mãos um dos maiores jogadores da história da NBA e que, se não montarem um elenco digno, serão incapazes de lucrar com a sorte que tiveram naquele draft em 2003. Eles se coçam, rebolam, remexem. Nessa offseason, efetuaram mais uma troca, dessa vez para trazer o armador Mo Williams do Bucks.

Espera. Ainda tem espaço naquela lista de piores pessoas para jogar ao lado de LeBron James? Chegamos ao ponto em que as decisões da chefia do Cavs não são mero acaso, burrisse, insanidade temporária. Estamos frente a um caso patológico, a um padrão de incompetência gritante. Quem é o infeliz, incapaz de enxergar um padrão, que dita as cartas lá em Cleveland e diz: "Ricky Davis não deu certo, Larry Hughes não deu certo, ah, mas com o Mo Williams será diferente!"

Claro que será diferente! Um armador que segura a bola nas mãos o tempo todo, incapaz de envolver os companheiros, criticado por se negar a passar a bola para a estrela Michael Redd nos momentos cruciais dos jogos, querendo continuamente se sagrar herói e que, dizem, teve a saída festejada em Milwaukee pelos companheiros que sonhavam em, um dia, jogar com um armador que não quisesse arremessar o tempo inteiro. Uau, não parece exatamente o perfil ideal de um jogador para colocar ao lado de LeBron? Na verdade, o perfil é tão convidativo que até contrataria o sujeito para cuidar dos meus filhos!

Toda temporada tenho meu saco torrado por gente dizendo que o LeBron fede porque não consegue ser campeão da NBA, e é justamente por isso que fico numa torcida secreta para que arrumem um time minimamente decente para o sujeito ter, ao menos, alguma chance. Com um time aceitável, as derrotas de LeBron poderiam cair de fato sobre seus ombros e eu até ficaria mais aliviado com as críticas que, de outro modo, são inevitavelmente injustas. Mas não adianta, todo ano o Cavs consegue remodelar o time todo e formar um cocô tão ou mais fedido que o anterior. Os boatos sobre LeBron James ir para o Nets quando seu contrato acabar em 2010 fazem cada vez mais sentido, e não é por sua amizade com Jay-Z, mas sim porque uma hora ele tem que ficar de saco cheio de jogar com um monte de gorilas adestrados de circo!

Os dirigentes do Cavs sabem disso e não param de mudar o time, contratar novos jogadores, fazer trocas malucas. Mas acho que é justamente o pânico de serem culpados por não estarem fazendo nada para melhorar o time que acaba fazendo-os não ter um plano, com a calma necessária para montar enfim um elenco de peso. Já diria a Bíblia do Blazers: "federás por um tempinho, não te preocuparás, gastarás bem o teu dinheiro e adquirarás milhões de escolhas no draft, e então será de ti o reino dos céus." Amém. Ao invés disso, o Cavs contrata a torto e a direito quem estiver disponível. Nas últimas semanas, as novas aquisições do time são Tarance Kinsey, que teve bons momentos na NBA mas desapareceu por completo de um dia para o outro (e tem até um Prêmio Bola Presa em sua homenagem) e Lorenzen Wright, que costumava viajar bastante entre a América e a África na época em que as placas tectônicas eram interligadas. Pra mim, fica claro que não há planejamento, há apenas uma aquisição frenética de jogadores aleatórios. Pior que isso só o Los Angeles Clippers, que parece um reality show do Silvio Santos, mas disso a gente fala outra hora. Por enquanto, é hora de lamentar por LeBron e torcer para o tempo passar rápido - em breve, para a sorte de todos, ele não mais estará por lá.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Contos do vigário

Kwame Brown ainda vai manter toda sua graciosidade em quadra por mais alguns anos


Como bom são paulino, sempre fiquei muito intrigado com o caso do Gustavo Nery. Nunca jogou porcaria nenhuma pelo São Paulo e, em geral, comprometia terrivelmente a equipe. Seus erros eram grosseiros, constantes e desestabilizavam o time. No entanto, muitas pessoas elogiavam seu jogo. Foi com grande estranheza (e alegria de me ver livre da praga) que recebi a notícia de que Gustavo Nery foi jogar na Alemanha, onde não foi bem recebido, e depois foi contratado pelo Corinthians. Levou apenas alguns dias para a torcida corinthiana perceber o que já era óbvio para qualquer são paulino: o Gustavo Nery fede. Saiu do time ameaçado de morte, levando pedrada de todo lado, mas mesmo assim conseguiu um contrato na espanha. Assim que perceberam por lá que ele fedia, voltou para o Corinthians, único time burro o suficiente para cair no conto do vigário duas vezes. Ao perceber a cagada, Gustavo Nery deu o fora de novo, indo jogar no Fluminense, em que obviamente não deu certo, e agora conseguindo um contrato com o Internacional. Até a mãe do sujeito sabe que ele é perna de pau, mas por algum motivo místico sempre tem algum time por aí acreditando nele. Sempre tem alguém que cai no conto do vigário.

O que isso tudo tem a ver com basquete? O fato de que lá na NBA também não faltam trouxas para acreditar em qualquer coisa. Basta uma boa edição de vídeo e até o gordo do Jerome James se torna um grande jogador, todo mundo sabe disso na era do YouTube, mas ainda tem um monte de gente que realmente acredita no que vê.

A notícia de hoje é que Kwame Brown recebeu uma oferta de 8 milhões de doletas por 2 anos no Pistons. O mesmo Kwame que jogava embaixo de vaias em Washington, que foi humilhado pela torcida de Los Angeles, e que foi afundado no banco de um Grizzlies completamente desprovido de jogadores. Foram três chances, dois contratos gordos, três fracassos retumbantes. E quando a gente finalmente estava pronto pra aceitar que seu futuro seria o mesmo de outra primeira escolha de draft fracassada, Michael Olowokandi (ou seja, a aposentadoria) eis que Kwame me aparece com mais um contrato milionário na manga. Qualquer semelhança com o Gustavo Nery, crianças, não é mera coincidência.

Não preciso sequer me esforçar para saber o que o Pistons está pensando. "Kwame é um jogador de muito potencial e acreditamos que possa evoluir muito e contribuir para nossa equipe." Assina o nome de qualquer dirigente do Detroit e pronto, eu deveria ser Relações Públicas na NBA. Eu nem vou entrar nos méritos do Kwame Brown de fato ter potencial, apesar da incapacidade de lidar com pressão e das mãos pequenas de donzela aflita. Eu só não consigo aceitar que, depois de tanto tempo, ainda queiram investir tão pesado no moço. Eu não quero viver em um mundo em que o Kwame ganha um contrato de 4 milhões e o Matt Barnes assina pelo mínimo, 900 mil mangos. Produção e dedicação parecem sempre vir atrás de potencial, o que uma hora acaba enchendo o saco. Ele pode até se dar bem no Pistons, tendo menos pressão de produzir atrás de grandes estrelas, mas ele pode quebrar em segundos frente à torcida de Detroit e à intensidade e tranquilidade que o Pistons mostra nos jogos. Mais uma vez Kwame é um jogador de risco que engordará seus bolsos (e sua pancinha).

Mas não pensem que cair numa enganação dessas é privilégio do Pistons. O time mais amaldiçoado da NBA, o Los Angeles Clippers, acaba de efetuar uma contratação polêmica: Ricky Davis agora faz parte da equipe. Até parece uma boa contratação, trata-se de um pontuador nato, um cara que venderia a própria mãe pela chance de fazer umas cestas, e que vai cobrir a falta de poder ofensivo surgida com a ida de Elton Brand para o Sixers. Além do mais, é uma figura experiente e permitirá ao calouro Eric Gordon não ter que assumir tanta responsabilidade, principalmente levando em conta que outro futuro titular, Al Thornton, estará apenas em seu segundo ano. "Um armador pontuador e experiente, é tudo que o Clippers precisava", você diz. Pois eu digo que essa foi a aquisição mais imbecil e desconjuntada que eu já vi na NBA nos últimos anos!

Colocar Baron Davis e Ricky Davis ao lado um do outro só pode ser um experimento social! É um projeto de pesquisa acadêmica, ou então um reality show brega apresentado pelo Sílvio Santos! A última vez em que eu vi o Ricky Davis passando uma bola, resolvi maneirar na bebida. Acho mais provável ele arremessar uma bola de costas do meio da quadra (algo que ele faria naturalmente num jogo de playoff, por exemplo) do que passar conscientemente para um companheiro livre. Ele sabe pontuar, não me entendam errado, mas não se importa com mais nada no planeta. "Aquecimento global? Foda-se isso, me passa essa maldita bola!" Sim, a dupla de Davis (Baron e Ricky) pode ser um dos duetos ofensivos mais poderosos da Liga, mas também vai ser um dos mais retardados e imprevisíveis. A impressão que tenho é de que o Clippers está querendo juntar o maior número possível de peças que não se encaixam entre si: Baron Davis, Ricky Davis, Chris Kaman, Marcus Camby. Isso não é um time, é um show dos horrores! Ninguém combina com ninguém, nenhum jogador parece fazer sentido com o outro, é tipo um zoológico! Como próximas aquisições, o Clippers anunciará Michael Jackson, Sérgio Mallandro e um gorila treinado no circo, só pra fechar o grupo.

Eu tenho dó do Clippers. Eles parece sempre estar fazendo tudo que podem, adquirindo novos jogadores e lutando para manter os antigos. O único problema é que eles frequentemente caem nuns contos do vigário, e dessa vez foi o Ricky Davis. Todo mundo sabe que ele torna qualquer time imediatamente pior, que ele rompe com qualquer química presente e torna a situação insustentável. O que dessa vez é até engraçado, porque um time com Baron Davis, dois pirralhos, Kaman e Camby, já parecia não ter chances de ter química alguma. Vai ver a idéia é essa mesmo, química é coisa de professora gorda de colegial ou de time fracassado, tipo Pistons e Spurs. Eu entendo que o Clippers está conseguindo uns jogadores praticamente de graça (o Camby veio em troca de uma escolha de segunda rodada de draft, o Ricky Davis assinou por 2 anos e menos de 5 milhões) mas é preciso ser seletivo, parece que eles topam a primeira baranguinha que se atirar no colo deles numa balada.

Aliás, outra lorota famosa na NBA e que muita gente compra é o Isiah Thomas. Não, ele não assinou com ninguém, as lembranças de suas cagadas ainda estão muito recentes, mas não me assustaria vê-lo à frente de algum time em um ano ou dois. Isos porque, em sua defesa, sempre tem alguns gatos pingados que gostam de alegar que o Isiah é genial na hora de draftar jogadores.

Vamos voltar alguns anos no passado, para a noite do draft de 2006. Com a vigésima escolha, Isiah Thomas escolheu o ala Renaldo Balkman para fazer parte do Knicks. Toda a torcida de New York, presente no ginásio, vaiou até cuspirem os pulmões para fora. "Renaldo quem? Renaldo nem sequer é um nome de verdade, parece mais um erro de digitação! Ele poderia ter sido escolhido na vigésima nona escolha, que também era do Knicks!" Mas Isiah explicou-se, alegando que Renaldo era um ótimo jogador e que o Suns alegadamente draftaria o jogador com a vigésima sétima escolha da primeira rodada. Sei. Naquela mesma noite, o Suns, como sempre, vendeu sua escolha de draft para o Blazers, no que veio a ser o armador Sergio Rodriguez. Algo me diz que o time de Phoenix não poderia estar se importando menos com o draft e com o tal do Renaldo (força nominal zero!), que acabou esquentando banco para o Knicks nos anos que se seguiram. No mesmo draft, Isiah Thomas poderia ter escolhido versões melhoradas do Balkman, saídas diretamente da máquina de fazer Maxiells: eram Leon Powe, Craig Smith e Paul Millsap, todas opções muito superiores.

Hoje, o Knicks-sem-Isiah trocou Renaldo Balkman por um dedal e um botão de camisa (na verdade, por Bobby Jones e Taurean Green, além de uma escolha de segunda rodada). Na verdade foi apenas um modo de liberar espaço na folha salarial. Com isso, quase todas as "geniais" escolhas de draft de Isiah viraram farofa: Trevor Ariza, escolhido em 2004, foi trocado por um Steve Francis em decadência; Channing Frye, oitava escolha de 2005, teve uma temporada impressionante mas depois caiu vertiginosamente e foi trocado pelo Zach Randolph; por fim, Renaldo Balkman foi dado de graça em troca de teto salarial. Sobraram apenas David Lee, Nate Robinson e Wilson Chandler, sendo os dois últimos, aliás, estrelas de Summer Leagues. Só que liga de verão não é mundo real, então acho que já é hora desse mito de "bons drafts" cair.

Resumindo, Isiah Thomas não é genial em drafts. Kwame Brown não vai evoluir e começar a contribuir para equipe alguma. Ricky Davis não vai fazer qualquer time no mundo vencer um jogo sequer. E, pelamordedeus, o Gustavo Nery não faz a menor idéia do que é jogar bola. Mas sempre tem alguém que ainda acredita.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Fazendo faxina

Antoine Walker tem cabeça de boneco de Lego


Eu tenho que admitir, antes de mais nada: gosto do Walker. Eu me divertia loucamente com seus tempos de Boston Celtics, em que ele e Paul Pierce competiam para ver quem arremessava mais bolas de três pontos por jogo e ainda assim chegaram longe nos playoffs. O Walker em geral não tem muito cérebro e cai na tentação de arremessar tudo que cai em suas mãos (mas eu duvido que ele arremesse fora o seu salário!) mas quando consegue manter a cabeça, pode ser um jogador excelente. Jogou bastante de point-forward, ou seja, sendo um ala que atua como armador. Ele sabe mesmo iniciar jogadas, passa bem a bola, arremessa bem de fora, sabe jogar de costas pra cesta. E o motivo principal do meu aprezo por ele, claro: quando faz alguma jogada bacana, ele bota pra rolar sua dancinha característica!

É claro que o Walker é aquele jogador legal quando não está no seu time, tipo o Gustavo Nery. Parece que joga muito, mas quando está defendendo a equipe para a qual você torce, dá pra perceber finalmente como ele é desmiolado e consegue foder tudo. Como não sou nem torcedor do Celtics nem do Heat, me dou ao direito de gostar do moço.

Com razões, Pat Riley não concorda comigo. Deve ficar de saco cheio toda vez que o Walker dá um arremesso que faria uma criança de 2 anos morrer de rir. Deve ficar puto da vida quando o Walker sai correndo nas pontas dos pés com seu jeito de gordinho e acaba avacalhando o contra-ataque. E deve ficar ainda mais revoltado quando, depois de uma temporada medíocre, o Walker aparece completamente fora de forma e acima do peso. Ainda mais pro Pat Riley, que é maluco com essas coisas. Lembram que na temporada passada ele suspendou alguns jogadores no meio da temporada porque não estavam com o índice de massa corporal adequado? Riley deve ter feito parte dos Vigilantes do Peso quando jovem...

O Walker virar farofa era só questão de tempo - no Heat é que ele não iria ficar.

Enquanto isso, na terra dos Lobinhos, o Minessota limpava a cozinha para começar tudo de novo. Agora a prioridade é cuidar do talento da garotada e centrar o time no Al Jefferson, que vem respondendo bem. Tem médias de 22 pontos e 11 rebotes nos últimos 3 jogos, anda dominando garrafões, chutando traseiros e vai ser All-Star, estou avisando. Mas acontece que essa pirralhada toda tem que ficar em paz, sem nenhum vovô revoltadinho ficar torrando a paciência lembrando dos tempos em que se brincava de pião na rua.

Vamos ser honestos, o Ricky Davis até que se comportou muito bem no seu tempo no Wolves. Mas acontece que o sujeito tem encrenca tatuado na testa. E, lembrem-se, ele é o cara que arremessou contra a própria cesta para "completar" seu triple-double. Não é exatamente o tipo de cara que você quer ao redor das suas jovens e ingênuas estrelas...

Eu estava aqui achando estranho: o Wolves limpou todo mundo e vai deixar o Ricky Davis? E o Marc Blount, que não fede nem cheira mas que tinha problemas com o Al Jefferson na época em que os dois eram dente-de-leite no Celtics? Vai ficar por lá?

Demorou mas não falhou: os dois agora são passado. Foram mandados para o Heat para terminar a limpeza da casa. Mas na troca, acabou vindo alguma sujeira junto. A troca foi Ricky Davis e Marc Blount por Antoine Walker, Michael Doleac, Wayne Simien, uma escolha de draft e verdinhas, muitas verdinhas.

Doleac é apenas um velhinho para contar histórias de quando não existia linha de 3 pontos. Ele até pode dar uma força no garrafão, mas vai ajudar a pirralhada e se aposentar logo. Wayne Simien tem tamanho, potencial, está só em seu 3o ano e se esperava pelo menos uma temporada razoável dele no Heat dessa vez. Pode ser útil desde que não roube minutos do Ryan Gomes, meu ídolo B. Já a escolha do draft é de primeiro round, nada mal. Boa troca.

O problema é o Walker.

O cara me aparece obeso, com seu contrato gordo, sua cabeça de Lego, e a dúvida que passamos a ter é a seguinte: ele vai ser usado no Wolves? Vai tirar minutos do novato Corey Brewer, em quem se aposta tanto? Vai jogar no garrafão e roubar minutos do Ryan Gomes e Craig Smith, jovens cheios de potencial? Ou vai ficar de terninho, bem comportado, jogando peteca até seu contrato acabar? Não é preciso ser um gênio para saber que o Wolves não vai optar por extender seu contrato, que desse modo acabará no ano que vem. Mas e até lá? Veremos ou não o Cabeça de Lego em quadra?

Como o nosso leitor Clayton bem disse, o Wolves sem o Ricky Davis deverá ser o pior time da sua divisão. Mas será que não é exatamente o que o time queria, pensando já no draft do ano que vem? Será que eles não ficaram com medo de ganhar demais?

Se o medo for ganhar muito, então talvez vejamos o Walker bastante tempo em quadra. Ele com certeza arrumará um jeito de fazer seu time perder. E com direito a muitas dancinhas enquanto estraga com tudo.