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domingo, 11 de dezembro de 2011

A primeira leva

Como esperado, com pouco tempo de Free Agency antes de começar a temporada os times estão correndo e fazendo dezenas de contratações  num curtíssimo período de tempo. Com um fim de semana corrido ficou difícil acompanhar o ritmo. Mas estamos postando todas as novidades nessa planilha e começamos hoje a análise de algumas contratações.


Tracy McGrady
Atlanta Hawks - 1.3 milhão por 1 ano
Assim que essa troca foi anunciada eu achei a ideia fantástica e anunciei minha opinião no Twitter. O Hawks tinha acertado em cheio. Fui bombardeado com críticas, dizendo que o T-Mac, já velho, jamais seria uma reposição à altura do Jamal Crawford, que já havia anunciado sua saída. Vou argumentar o porque de ter gostado da contratação aqui e ver se alguém muda de ideia.

Primeiro que não existem muitos jogadores como o Jamal Crawford disponíveis no mercado. Caras que pontuam tão facilmente como ele e sabem criar seu próprio arremesso são raros, ainda mais os que topam salário apenas razoável e um papel secundário atrás do Joe Johnson. O Hawks teria que esperar o JR Smith conseguir se livrar de seu contrato na China ou torcer para o Pistons usar a anistia no Ben Gordon, não dá pra contar com isso. A saída então era contratar um jogador com características diferentes, mas ainda úteis ao time. Um dos grandes problemas do Hawks, embora seja até um ataque relativamente eficiente, é a tomada de decisões no ataque. Muitos jogos bons são arruinados porque o Al Horford recebe a bola muito longe da cesta, o Joe Johnson força arremessos longínquos e o Josh Smith acha que seu arremesso de longa distância é igual ao do Ray Allen. São jogadores talentosos fazendo o que não deveriam.

No ano passado o Tracy McGrady revolucionou sua carreira ao atuar como armador principal no Detroit Pistons. Teve um ano saudável e como reserva, atuando minutos limitados, foi uma das pouquíssimas boas surpresas vindas de Detroit na última temporada. Ele usou seu tamanho para passar por cima de armadores mais baixos, distribuiu muito bem a bola e até voltou a pontuar razoavelmente. No Hawks ele deve fazer a mesma coisa, envolver seus companheiros de time.

Sem a pontuação vinda de Jamal Crawford, o ideal é que o resto do elenco compense isso. Aí é a hora de Marvin Williams aparecer mais para o jogo, Josh Smith melhorar seu jogo ofensivo e o jovem Jeff Teague jogar bem como fez na série de playoff contra o Bulls no ano passado. Ele, aliás, é o mais próximo de Crawford que eles tem, um bom armador que pontua mais do que organiza. Outro que deve fazer o mesmo trabalho de McGrady é Hinrich, que deve ser o titular.

O técnico Larry Drew tentou no último ano mudar o ataque do Hawks, deixá-lo mais coletivo e inteligente. Deu certo durante um tempo, mas nos momentos de tensão eles voltavam a isolar o Joe Johsnon e deixar o Josh Smith na linha dos três. Com um elenco de jogadores que tem como característica o jogo coletivo, a mudança deve ser mais fácil. E T-Mac, esse novo de fim de carreira, bem diferente daquele que se consagrou em Orlando, tem todas as características para ajudar muito o Hawks nessa nova fase.


Vladmir Radmanovic
Atlanta Hawks - 1.3 milhão por 1 ano
O Radmanovic entra no discurso do T-Mac, é um cara que ajuda com a pontuação perdida de Crawford e o faz com um jogo coletivo. O ala sérvio não sabe criar seu arremesso, simplesmente se posiciona e arremessa de longa distância. Ele também pode ser um dos arremessadores de 3 que o time procura há anos. Melhor ter ele arremessando de longe quando o time quer abrir a quadra do que o Josh Smith jogando aqueles tijolos para o alto.




Mike Dunleavy Jr.
Milwaukee Bucks - 7.5 milhões por 2 anos
Li na piauí do mês passado a história do músico russo Sergei Prokofiev. Ele teve o azar de morrer no mesmo dia de Josef Stálin e mesmo tendo sido um dos maiores músicos do século XX ninguém percebeu sua morte, seu corpo só pôde ser transportado até a sede da União dos Compositores três dias depois do falecimento e o velório foi feito com flores de papel, já que todas as floriculturas de Moscou tinham enviado todas as suas para o enterro de Stálin.

Por que digo isso? Porque anunciaram o Dunleavy no Bucks quase ao mesmo tempo que aquele rolo do Chris Paul no Lakers. Eu mesmo só fui me tocar que isso tinha acontecido muito tempo depois, numa notinha minúscula. Ninguém percebeu. Mas será que na prática vai fazer mais diferença?

O Mike Dunleavy é um jogador estranho. Pode jogar muito bem na posição 3, ser um ótimo improviso de "small ball" na posição 4, mas pode ser abusado por outros alas mais altos assim como desaparecer de um jogo por ser muito inconsistente. Acho que ele é uma boa para o Bucks porque o time deles tem um elenco completo em que todos têm seu papel. Drew Gooden, Carlos Delfino, Beno Udrih e Ersam Ilyasova são todos bons jogadores que sofrem pela irregularidade. Ter mais um jogador para entrar na rotação pode ser uma boa para que o time como um todo não sofra com os altos e baixos. Não é fácil trabalhar com times com tanta rotatividade, mas é algo que o técnico Scott Skiles sempre foi bom em fazer.


Luc Mbah a Moute
Milwuakee Bucks - 19 milhões por 4 anos

O Denver Nuggets fez uma proposta para o Free Agent restrito Mbah a Moute, mas não demorou nada para o Bucks ir lá e igualar a proposta para o príncipe camaronês. O Mbah a Moute é o cara que mais sofre no time do Bucks. Especialista em defesa, ele é o cara que o Skiles bota para marcar qualquer cara que seja o melhor atacante do outro time. Pode ser o ala de força ou o armador principal, lá está Mbah a Moute, no maior estilo Shawn Marion, defendendo o cara. Um técnico maluco por defesa não deixaria ele ir embora por nada.

Curioso que o Mike Dunleavy, citado acima, deve ser a versão ofensiva do camaronês. Precisa de um cara para segurar a armação do time durante alguns minutos de descanso do Brandon Jennings? Dunleavy. Um ala de força que chute de 3? Dunleavy. Um shooting guard mais alto do que os padrões? Dunleavy. Se Skiles não se perder com seu exército de faz-tudo, o time pode voltar a incomodar (mas não mais que isso) no Leste.


Marcus Thornton
Sacramento Kings - 31 milhões por 4 anos

O ala Marcus Thornton é um pontuador nato, daqueles que o Hawks poderia ter ido atrás para compensar a perda do Jamal Crawford. Como nunca é demais ter gente que pontua no time, o Kings logo tratou de oferecer um bom contrato para ele ficar por lá. Comparado ao que a gente vê por aí o seu salário não é absurdo, mas ninguém poderia prever isso quando ele foi a 43ª escolha do Draft de 2009.

O problema maior do Kings foi o timing. No ano passado o time precisava de um pontuador de perímetro como ele porque Tyreke Evans estava sofrendo com uma contusão no pé, Francisco Garcia perdeu uns 30 jogos machucado e John Salmons é imprevisível. Mas e nesse ano que os três estão saudáveis e eles ainda tem outro cara que adora arremessar, o novato-sensação Jimmer Fredette? Se Fredette for bom como era no basquete universitário eles não precisam de Thornton, será redundante. Mas como prever isso? Como recusar Thornton sem ter visto sequer uma Summer League do ex-cestinha da NCAA? Tiveram que tomar uma decisão e apostaram no que conheciam. Dá pra entender, mas tem seus riscos.


Chuck Hayes
Sacramento Kings - 20 milhões por 4 anos

O Chuck Hayes merece todo o dinheiro do mundo só por conseguir atuar com boa qualidade como pivô titular da NBA mesmo tendo apenas 1,98m. Isso é impensável até para jogadores tecnicamente espetaculares, o que dizer de um cara que é apenas esforçado? Inexplicável.

O Houston Rockets está em reconstrução e claramente atrás de um novo pivô. Pipocam rumores de Nenê, Marc Gasol e tem também a troca pelo outro irmão Gasol que quase deu certo. Assim Hayes viu que seu ex-time não iria oferecer grande coisa, e aproveitou o interesse do Kings pelo seu talento. O contrato é justo e ele chega para ocupar o espaço da rotação aberto pela saída do Samuel Dalembert. Não deve ser titular já que o DeMarcus Cousins tem jogado como pivô e deve apenas dividir minutos com o recém-chegado JJ Hickson. Hayes é discreta mas boa ajuda defensiva para o time que teve a 10ª pior defesa da última temporada.

domingo, 7 de março de 2010

A era dos veadinhos

Aquela ponto laranja na cabeça do Jennings é seu cabelo


Não resisti a colocar esse título ridículo, desculpem. Mas é que quando a gente vai se dar ao trabalho de falar do Bucks de novo? Entre os times que vivem grande fase na NBA, o Bucks é a maior surpresa. O Dallas tem 11 vitórias seguidas, mas era de se esperar já que o time já era bom e adicionou Caron Butler e Brendan Haywood. O Magic vive sua melhor fase na temporada, mas também não é surpresa já que o time tem um elenco recheado de talento, bastava o Vince Carter jogar o que sabe para eles deslancharem. Mas e o Bucks? Alguém realmente achava que eles tinham chance de playoff quando caíram para a nona colocação da conferência algumas semanas atrás?

Pra mim o Leste já estava bem decidido. Os 4 primeiros seriam Cavs, Magic, Hawks e Celtics. Depois viria o Raptors, que finalmente tinha aprendido a defender o bastante para vencer jogos de basquete em nível profissional, depois o Heat, que com o Wade não teria como ficar de fora dos playoffs e, para fechar, os bons times do Bulls e do Bobcats.

As coisas começaram a mudar quando o técnico (e chato) Scott Skiles resolveu fazer algumas mudanças no time. Insatisfeito com o aproveitamento cada vez pior dos arremessos de Brandon Jennings, chamou o garoto de lado e pediu para ele ser mais armador do que pontuador. Difícil pedir isso para o seu melhor pontuador que está cercado de jogadores irregulares no ataque como Luc Mbah a Moute, Carlos Delfino e Andrew Bogut. Mas acabou sendo uma decisão perfeita. Com o Jennings se preocupando mais em passar e usando sua habilidade na infiltração para os passes, o time começou a acertar mais bolas de três e Bogut começou a viver a melhor fase da carreira.

Embora o pivô australiano pareça ser ruim porque é, afinal, um pivô australiano, ele é bem talentoso no ataque. Ele funciona muito melhor em ataques velozes, onde pode usar sua agilidade, do que naquele ataque filmado pela supercâmera que o Bucks usava até um tempo atrás. Com o time mais dinâmico ele apareceu muito mais e tem sido a peça mais importante do ataque do Bucks nos últimos 20 jogos.

Nas últimas 20 partidas o Bucks tem 15 vitórias e 5 derrotas, um aproveitamento digno dos melhores times de toda a liga. E no meio dessa sequência é que houve aquele dia em que a NBA virou casa de swing e todo mundo foi trocado. Na putaria o Bucks acabou perdendo um sapato, a cueca furada, mas levou pra casa o John Salmons.

O Salmons não é nenhum deus, nunca vai ser um All-Star, não é grande defensor ou passador e nem é bonito. Mas sabe fazer uma coisa muito bem: pontos. E embora os pontos pareçam ser muito mais importantes que outra função como roubos ou tocos, quando você só faz pontos você entra na categoria de especialistas, como o Chris Andersen é um especialista em tocos ou o Quentin Richardson um especialista em bolas de 3. Da mesma maneira que os dois tocos por jogo do Andersen não serviriam de nada em um time que não defende, o Salmons não faria grande diferença em um time que já tem muitas opções de pontos, ele seria mais um. Mas no Bucks ele era exatamente o que eles precisavam!

Tem um tipo de arremesso que eu chamo de arremesso McDonald's. Sabe quando você vai sair com o pessoal e um quer ir na balada, outro no barzinho, outro no karaoke, outro no fliperama e como ninguém decide nada a última opção é um bom e velho McDonald's? Tem algumas posses de bola onde o armador não consegue nada, o pivô não consegue nada, ninguém fica livre e só resta uma última e básica opção, isolar alguém para dar um drible simples e arremessar. Todo time que se preza tem um cara pra fazer isso, mas o Bucks não tinha. Eles tentavam usar o Jennings, mas nem sempre ele conseguia ser esse cara porque ele já é o cara que estava tentando armar a jogada antes, que queria ir no karaoke e não conseguiu. Apareceu então o Salmons, um cara muito bom no arremesso depois do drible e que sabe chutar de três.

Com esses talentos o Salmons já chegou decidindo jogos no Bucks. O mala do Skiles claro que não deixou barato e soltou a pérola de que o Salmons tinha jogado bem "para alguém que não sabia o que estava fazendo em quadra". Algo como dizer "Você é muito inteligente, considerando que você é uma mulher". O negócio é ignorar, o Skiles é bem metódico com sua defesa e com como as coisas são feitas em quadra e qualquer jogador que chegasse no meio da temporada não saberia de nada disso, o importante é que o Salmons ajudou mesmo assim e só o fez por ser exatamente o que o time precisava.

Com essa sequência de vitórias o Bucks hoje já está perto do Raptors no quinto lugar do Leste! Deixou Heat, Bobcats e Bulls pra trás. Eu, sinceramente, torço para que nessa briga o Bulls fique de fora. Sou fã de Derrick Rose e Luol Deng mas o time tem que pagar pelas decisões que tomou. Trocaram Tyrus Thomas e John Salmons apenas para ter espaço salarial no ano que vem, mandou cada um para um rival direto na classificação para os playoffs e só pensou na próxima temporada o tempo todo, que se ferrem nessa então!

Espero que os times que tenham pensado nessa temporada sejam recompensados por isso e vão para os playoffs, até porque Bobcats e Bucks são dois times que lutam há anos por uma vaga na pós-temporada e fazem isso sem conseguir atrair nenhum nome de peso para seu elenco. São dois remanescentes da escola Pistons de se montar um time, com muitos role players e defesa. E para um playoff ter graça, precisa de todos os personagens, desde os times de puro ataque como o Suns, os chatos como o Spurs, os convencidos como o Lakers, os mal-encarados como o Nuggets e o pequeno trabalhador esforçado como Bucks e Bobocats.

Na sequência de 20 jogos o Bucks só teve duas derrotas inaceitáveis. Perdeu um jogo para o fraco Pistons e outro para o Rockets, não é que o Houston seja ruim, mas tomar 127 pontos em casa é motivo de vergonha. As outras derrotas foram para Hawks, Mavericks e Magic, todos times com melhor recorde, elenco e que jogaram em casa.

Já falei da mudança de estilo de jogo do Jennings, que favoreceu o Bogut, e da adição do Salmons, mas o segredo do sucesso desse time desde o primeiro jogo da temporada, o que segurou eles perto da zona dos playoffs mesmo nos momentos mais complicados do ano, foi a defesa. Atualmente o Bucks é o terceiro colocado no ranking de defesa que mede o número de pontos sofridos a cada 100 posses de bola, um número assustador para um elenco que não tem nenhum especialista em defesa. Talvez o Mbah a Moute esteja acima de média, mas o resto é Jennings, Bogut, Ridnour, Delfino, todos jogadores que passaram a carreira ouvindo que não defendiam bem, que eram soft, um jeito simpático de dizer que eles são mariquinhas.

Mas outro número me impressionou mais. O site Hoopdata tem os números de aproveitamento das equipes em todos os tipos de arremesso, desde os mais próximos da cesta até os mais distantes. O Bucks, sem ter nenhum bloqueador nato em seu elenco, é a sétima melhor equipe em defender os arremessos próximos à cesta. O Lakers, com Gasol e Bynum, fica atrás do Bucks na hora de defender os arremessos dados perto do aro, como os ganchos dos pivôs ou as infiltrações dos armadores. E dos 6 times que estão na frente do Bucks ainda podemos tirar o Pacers, que apesar do aproveitamento baixo dos seus adversários é um dos times que mais comete faltas e sofre pontos de lances livres, ou seja, o adversário não faz os pontos na bandeja mas faz no lance livre.

Para terminar, o Bucks é o quarto time que mais força turnovers em toda a NBA, atrás apenas de Celtics, Bobcats e do Warriors, que só é líder por jogar na defesa como se jogasse NBA Live, tentando roubar bolas o tempo inteiro e deixando o adversário dar 10 enterradas livres no processo.

Que fique claro que o Bucks merece muitos créditos por estar na situação em que está, parecia piada pensar no Bucks lutando pela quinta vaga do Leste no começo da temporada, mas mesmo assim devemos reconhecer que o time ainda é limitado. Aproveitei para falar deles agora porque a sequência de 20 jogos foi impressionante, mas será difícil manter o ritmo agora que pegam, em sequência, Celtics e Jazz e, na semana seguinte, Nuggets e Hawks. Mas provavelmente eles já estão jogando bem o bastante para relaxar um pouco e deixar a briga pela última vaga no Leste para Bobcats e Bulls. Na briga com Tyreke Evans, Stephen Curry e Darren Collison, o Jennings vai poder se gabar pelo menos de ser o primeiro deles a jogar um jogo de pós-temporada.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bons começos

O nome mais legal desde "Tirulipa Júnior"


Quando a temporada acaba de começar, todo mundo já quer saber se as boas atuações de um determinado jogador vão ser a regra ou se foram simplesmente a exceção. Ninguém tem paciência para esperar um pouco, já querem ficar rotulando os jogadores baseados em um jogo ou dois, que coisa feia. Mas como agora já foram, tipo, uns 6 jogos, e já faz, tipo, o maior tempão que a temporada começou, não vejo a hora de opinar sobre algumas surpresas! Viva!

Para opinar sobre possíveis candidatos a MVP ainda é muito cedo, talvez seja melhor esperar até amanhã, ou quem sabe até mesmo quarta-feira. Porque, sabe, sou um cara conservador e acho que tudo deve ser analisado no seu devido tempo, sem muita pressa. Analisar os melhores novatos também é algo que exige mais tempo, até mesmo porque um novato pode destruir hoje e amanhã esquecer qual mão é a que escreve - algo essencial para a arte de assinar cheques, parte importante do cotidiano de um jovem jogador. Então, vamos fazer algo um pouco mais simples: apontar alguns jogadores que estão surpreendendo, chutando uns traseiros, e ficar de olho neles pelo resto da temporada. Assim, traçaremos um roteiro de quem merece uma atenção redobrada para que a gente possa descobrir se eles manterão o ritmo ou não.

Vamos começar com o Brandon Roy, já que ele foi o primeiro nome que me veio à cabeça (o fato de eu estar olhando para um boneco de vudu com a cara dele me ajudou a lembrar do sujeito). Na temporada passada, ele foi até pro All-Star Game, mas de última hora e quando ninguém sabia muito bem quem era o rapaz. Se você cruzasse com ele na rua, provavelmente lhe daria uma esmola. Agora, todos os olhos estão voltados para o Blazers e, com Greg Oden contundido (mesma coisa que dizer que a água é molhada), Brandon Roy precisa ser uma estrela capaz de carregar o time nas costas. Acontece que seu estilo é bastante silencioso, ele é especialista em passar despercebido. Mas eis que, justamente contra o meu Houston Rockets, ele decidiu que era hora de ficar famoso. Num jogo com prorrogação e três mudanças de liderança nos dois segundos finais (e que por causa do Horário de Verão idiota deve ter acabado na hora em que eu precisava estar acordando), Roy acertou a cesta da vitória da putaqueopariu com 0.8 segundos restando no cronômetro. Foi uma cesta linda, maravilhosa, histórica, épica, mágica e cheirosinha, e os juízes usaram o replay para se certificarem de que o Brandon Roy tinha soltado a bola a tempo. Mas o que ninguém percebeu é que o cronômetro demorou um bocado de tempo para ser iniciado, o Roy já está no ar quando o cronômetro começa a rodar. Ou seja, eu torço para o Houston e me sinto roubado. Meus advogados vão estar entrando em contato para me conseguir uma grana num processo de danos morais que um dia vai virar filme no SBT.

Pior é que o Brandon Roy fez outra cesta muito parecida, dessa vez pra selar a vitória contra o Wolves. Mas, como é contra o Wolves, ninguém percebeu e não achei nem um vídeo. Se ele quer continuar seu plano maligno de ficar famoso na NBA, é melhor ele guardar essas bolas para prorrogações contra times fortes do Oeste.

Aliás, outro jogador surpreendente até agora é um amiguinho de Brandon Roy, o LaMarcus Aldridge. Sua defesa sempre foi falha e os rebotes que ele pegava eram apenas os que caiam dentro da sua orelha proeminente, sempre sem querer. Nos últimos jogos, os rebotes têm ultrapassado a marca da dezena e a média é de dois tocos por jogo. Somando isso ao seu ataque sempre impecável cheio de arremessos certeiros de longa distância, talvez Brandon Roy tenha companhia no All-Star Game.

Já o "Granny Danger", o melhor trocadilho desde "desculpintão", se recuperou da pré-temporada meia boca e está fazendo chover. O engraçado é que muita gente argumentou que o Granger não estava tendo boas atuações porque, com seu companheiro de equipe Mike Dunleavy machucado, a defesa adversária pode focar apenas nele e não precisa defender o perímetro. Isso até pode ser verdade, mas como explicar os 26 pontos por jogo que ele tem de média até agora? O rapaz é simplesmente o quarto cestinha da temporada, atrás de LeBron, Wade e do (gasp!) Tony Parker, que simplesmente não vale porque eu não quero que valha. Então pelas novas regras agora instituídas ele é o terceiro cestinha da temporada. Se o Dunleavy voltar, então o Granger vai ter uma média de 200 pontos por jogo, né? Somando isso aos seus números defensivos (1,6 tocos!) e uma ou duas vitórias surpreendentes, vai ser difícil não ver o Sr. Perigo num All-Star Game. E o Pacers vai continuar fedendo, vai por mim.

Tem também uma pirralhada que não vai para o All-Star mas que precisava mostrar serviço para não serem considerados fracassos completos na NBA. O Gerald Green, por exemplo, já foi trocado, demitido, emprestado, pisado, abusado, descartado, tudo que tinha direito. Sua vida é parecida com a de uma atriz pornô banguela que precisa pagar as contas. Potencial ele sempre teve, mas acontece que até mesmo na NBA o pessoal enche o saco de ficar pagando milhões de dólares por gente que só tem potencial e não sabe nem ir no banheiro sozinho. Volta e meia alguém ainda dá uma chance pro Kwame Brown, é verdade, mas só porque ele é alto. Pro Gerald Green, que deveria ser o novo Kobe mas na verdade tá mais para o novo Damon Jones, a paciência acabou esgotando e ele passou bastante tempo desempregado. A oportunidade que o Mavs lhe deu, no entanto, foi agarrada com unhas e dentes. Ele está sendo uma força vindo do banco, com quase 10 pontos de média em apenas 16 minutos por partida, e ontem, como titular no lugar do Josh Howard contundido, foi um excelente cover: 13 pontos e 12 rebotes. Talvez ele encontre seu lugar na NBA. Talvez o Kwame Brown aprenda a jogar basquete. Enquanto há vida, há esperança, já diria Chico Xavier.

Como ele, Andrea Bargnani não tem muito a seu favor: além do nome de garota, foi a primeira escolha do draft de 2006 e ainda não fez porcaria nenhuma na NBA. Às vezes tem um bom jogo, mas aí desaparece, faz umas cagadas e começa a perder minutos. Nessa temporada, está tendo alguns jogos mais consistentes, excelente aproveitamento nos arremessos, acertando mais da metade de suas bolas de 3 pontos e, o mais bizarro, jogando bem melhor na defesa. Ele ainda tem seus defeitos, claro, afinal ele é um branco europeu, mas está dando mais tocos e ajudando na marcação do garrafão. Quanto mais ele aprender a jogar como o cara alto que é, ao invés de como um armador nanico, maior vai ser seu espaço na Liga.

É o mesmo caso do pivô Spencer Hawes, do Kings. Ele é um gigante que joga como um anão, não gosta de contato, preferia estar jogando vôlei, arremessa de trás da linha de 3 pontos e não pega rebotes. Na época em que draftaram ele foi até engraçado, porque o Kings precisava justamente de gente atlética no garrafão, gente física, e o Hawes é justamente o oposto. Acontece que agora, com um pouco mais de experiência, ele está conseguindo equilibrar bem as coisas. Na defesa, está muito mais competente, pegando mais de 8 rebotes por jogo e dando 2 tocos por partida, o que é espetacular para os minutos um pouco limitados. No ataque, está arremessando de longe como gosta, inclusive sendo o melhor arremessador de 3 pontos da NBA até agora em porcentagem: acertou 9 de seus 12 arremessos tentados (campanha para ver ele no campeonato de 3 pontos do All-Star Game já!). Engraçado é que ele e Brad Miller estão dividindo minutos e os dois são muito parecidos: americanos brancos gigantes que não gostam de contato, chutam de fora e jogam com inteligência. Mas e o jogo físico de que o Kings precisa, cadê? Bom, o calouro Jason Thompson está dando uma mão, mas dele eu falo depois, porque os novatos são um capítulo à parte. Mas tem um deles que eu não vou resistir e vou ter que falar a respeito.

O nome do rapaz é Luc Mbah a Moute, um príncipe camaronês que foi para os Estados Unidos. Eu sei, eu sei, parece mentira. Aliás, parece aquele filme com o Eddy Murphy que passava na Seção da Tarde da Globo o tempo inteiro, em que ele é um príncipe africano que vai para a cidade do Knicks. Tinha algum nome bem óbvio, como "Um príncipe em Nova Iorque" ou algo assim. Mas tenho certeza de que o príncipe aprontava muita confusão.

Bem, o Mbah a Moute foi a 37a escolha do último draft apesar de ter uma das maiores forças nominais da NBA (aliás, na nossa Liga de Fantasy, quando ninguém mais sabia quem pegar no draft, ele foi escolhido alegadamente apenas por sua força nominal). Ninguém dava um centavo pelo príncipe camaronês mas ele está chutando traseiros. As médias de quase 10 pontos, 6 rebotes, 1 roubo e 1 toco já são incríveis, mas nas últimas partidas está ganhando cada vez mais espaço e importância num Bucks completamente desesperado por qualquer nota positiva. Se ele for o novo Ginóbili, a gente avisou aqui primeiro. Se ele for uma farsa, a gente muda de assunto... hum, você já assistiu o novo filme da Sasha Grey?

Para terminar as surpresas até agora, vamos falar do Shaquille O'Neal. Porque, após ser rebaixado a porteiro de boate nos círculos basqueteiros por aí, atuações sólidas são surpreendentes. Com 24 pontos, 11 rebotes e 4 assistências contra o Bucks, o Shaq destruiu e pôde até aloprar no seu Twitter:

"Bogut é o Erika Dampier com barba".

O Shaq nunca perde uma chance de zoar o Dampier, é sempre muito engraçado e seu Twitter é imperdível. Ou seja, torço para que ele tenha muitas atuações desse nível - jogo sim, jogo não. É que o Shaq está velho mesmo e a política no Suns é poupá-lo ao máximo para os playoffs. Ele sentou num jogo, ficou de terno só assistindo, e no outro jogou com tudo. Segundo o técnico Terry Porter, ele pode sentar sempre que quiser se, quando voltar, jogar como jogou contra o Bucks. Eu acho a idéia excelente, tem que ter bom senso e perceber que o Shaq não precisa jogar todas as partidas, ele deve sentar bastante mesmo durante a temporada, mas não é meio surreal o Suns de repente virar um asilo de velhinhos em fim de carreira? Um dia eles poupam o Shaq, no outro eles poupam o Grant Hill. Daqui a pouco vão poupar todo mundo e colocar cinco micos de circo pedalando monociclos em quadra. Bem, dentre as surpresas até agora, cinco micos sobre rodas com certeza ganhariam de todas elas. Tirando o príncipe camaronês, claro.