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domingo, 4 de julho de 2010

Por uns trocados

O jogador com as melhores fotos do mundo vai agora para o Wizards


A moda agora é, além de namorar pelado - como diria o poeta -, fazer trocas imbecis para liberar espaço salarial e contratar alguma mega estrela ultra-poderosa que mudará o equilíbrio do mundo e descobrirá a cura para o câncer. Enquanto nos dedicávamos a analisar a grande Final, a vitória do Lakers, o draft e cada uma das escolhas, e explicar como funcionam as regras de teto salarial na NBA pra todo mundo poder acompanhar as novas contratações, um monte de pequenas trocas aconteceram. A imensa maioria apenas para isso, diminuir a folha de pagamento pra então bancar uma, duas, até três estrelas juntas e tornar o time uma espécie de Liga da Justiça, mas sem os pentelhos dos Supergêmeos e aquele macaquinho desnecessário, por favor. Algumas poucas foram trocas sem motivações financeiras, e por isso são as menos imbecis, sem um time mandando cocô e conseguindo uma Alinne Moraes. Vamos dar uma olhada em todas essas trocas:

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Heat manda Eric Bladsoe (escolha 18 do draft) e Daequan Cook pro Thunder em troca de Dexter Pittman (escolha 32 do draft)

Na minha opinião, uma das trocas mais engraçadas que eu já vi e perfeita para exemplificar o desespero das equipes por espaço salarial, na ânsia por contratar uma renca de estrelas. Resumindo, o que o Heat fez foi pegar sua escolha de primeira rodada de um draft bastante profundo e interessante, juntar com o melhor arremessador de três da equipe (poderíamos até mesmo dizer que era o único) e que nem ganhava tanto dinheiro assim, e mandá-lo em troca de um jogador obscuro da segunda rodada com problemas de peso e que muito provavelmente nem vai jogar pela equipe. Ou seja, o tipo de troca que você só faz se está afim de ser demitido.

O que o Heat quer é apenas economizar: o contrato do Eric Bladsoe, armador escolhido na primeira rodada, é garantido - basta draftar para você ser obrigado a lhe pagar salário todo ano. Dexter Pittman, escolhido na segunda rodada, não tem salário garantido e pode ser mandado embora, sem multas, caso o Heat prefira. Daequan Cook era bom nos arremessos mas um tanto limitado, foi trocado para o Heat não ter que arcar com suas despesas. E o resultado foi que a equipe de Miami ficou com apenas 3 jogadores com contrato para a temporada que vem: Michael Beasley, o ala que começou sua carreira na NBA fumando maconha após a palestra de "bem-vindos novatos" e até agora não mostrou serviço; Mario Chalmers, o armador com nome de encanador que tem "reserva" escrito na testa mas foi obrigado a ser titular porque não tem ninguém melhor; e James Jones, arremessador de três atlético que não joga nada mas sempre ganha uma chance em algum lugar por parecer ter bastante potencial (e força nominal). Parece um absurdo ter apenas três jogadores garantidos para a temporada seguinte, e o Heat concorda, porque depois dessa troca, a primeira coisa que fizeram foi mandar o James Jones embora, pagar as multas e não ter mais que lidar com isso. Agora são, oficialmente, apenas DOIS jogadores na equipe. Todo o resto da grana pode ir para as estrelas disponíveis, montando um time do zero. Sorte do Thunder que, espertinho, usou o espaço salarial limitado que tinha guardado para contratar um pivô e preferiu usar para fazer trocas com times desesperados pela febre "oh meu deus, preciso contratar o LeBron James". Tanto Bladsoe quando Cook tornarão o banco do Thunder, que era bem meia-boca, algo digno de nota.

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Nets manda Yi Jianlian e verdinhas para o Wizards em troca de Quinton Ross

Não tenho como mentir, sou um fã do Yi Jianlian. Pode ser o fetiche por chineses com mais de 2,10m de altura, pode ser o fetiche por asiáticos com cara de bobo, não sei exatamente, mas sou fascinado pelo Yi a ponto de nem perceber que ele é uma farsa. Basta vê-lo treinar para ficar encantado: o chinês é veloz, atlético, tem bom trabalho de pernas, uma mecânica de arremesso maravilhosa que dá inveja até no Nowitzki, arremessa de três com precisão, joga de costas para a cesta, distribui tocos, corre com a bola. Mas basta vê-lo num jogo de verdade para ficar horrorizado: toma decisões idiotas na quadra, defende como se seu corpo fosse feito de gelatina, tem fobia de entrar no garrafão, comete faltas bobas e vive machucado (todos os asiáticos da NBA devem ser contrabandeados de Taiwan). É uma excelente ideia ter o Yi Jianlian no seu time, ele é um bom jogador, com muito potencial, alto para a sua posição, excelente arremessador. Só que é uma péssima ideia colocá-lo em quadra, porque ele não rende nada. Além disso, ganhará mais de 4 milhões na próxima temporada. O Nets cansou do chinês, está com medo do produto quebrar de vez na sua mão, e trocou por um defensor experiente que ganha apenas 1 milhão. Na prática, isso significa mais espaço para assinar com uma estrela (eles ainda sonham com LeBron) e a vaga de titular garantida para o novato Derrick Favors. Seria mesmo bem idiota deixar qualquer um deles no banco de reservas, porque tanto Yi quanto o pirralho precisam de minutos para evoluir.

Para o Wizards, que conseguiu uma grana enorme para gastar com jogadores graças à decisão de se livrar de todo mundo no meio da temporada passada, o Yi Jianlian é mais do que um jogador com potencial que pode dar certo um dia: ele garante audiência. Se o Wizards quer se livrar da fama da "Era Arenas", começar de novo e dar uma nova cara à equipe, nada melhor do que ter o novato John Wall para atrair os fãs ocidentais, e o Yi Jianlian para atrair os fãs que jogam Pokémon. A China é tão apaixonada por seus jogadores que chegaram a criar um canal apenas para transmitir os jogos do Bucks (do Bucks, meu deus, do Bucks, aquele time que nem os moradores de Milwaukee assistem!), então o que não vai faltar para o Wizards serão camisetas vendidas e jogos televisionados tanto nos Estados Unidos quanto no resto do planeta.

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Nets manda Chris Douglas-Roberts para o Bucks por uma escolha de segunda rodada em 2012

Olha o Nets se livrando de mais gente a troco de nada! O Chris Douglas-Roberts era um daqueles casos estranhos de jogador que chuta traseiros no universitário mas que todo mundo desconfia de que não dará certo na NBA. Nunca entendi muito bem o motivo, mas a verdade é que ninguém nunca entendeu também, nem mesmo os próprios times que preferiram não draftá-lo. O rapaz demorou um pouco para pegar o jeito no Nets, porque a posição era de Vince Carter, mas quando o processo de reconstrução saiu do armário (a gente sabe que eles estão se refazendo faz uns 10 anos, mas só agora decidiram assumir para a mamãe e pro papai), Douglas-Roberts teve mais oportunidades e mostrou todo o potencial que tem como pontuador nato. O problema é que ele teve incidentes com o técnico, chegando a acusar o Lawrence Frank de amador (oras, ele apenas foi sincero), reclamou demais da situação calamitosa do Nets, e pra piorar ele ainda ganha um salário - ainda que de menos de 1 milhão - num time que quer se livrar de todo mundo pra poder contratar as estrelas badaladas. Perfeito para o Bucks, que aproveitou a chance de conseguir um excelente pontuador para a posição mais deficiente da equipe (já que Michael Redd está sempre de cadeira de rodas e  John Salmons provavelmente deixaria o time). Como trocaram também por Maggette e John Salmons deve renovar o contrato, o Bucks foi de não ter nenhum desgraçado para pontuar na posição para ter três carinhas que só sabem fazer isso da vida. Nada mal, aproveitaram muito bem a "febre LeBron James".

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Wolves manda Luke Babbitt (escolha 16 do draft) e Ryan Gomes para o Blazers em troca de Martell Webster

O Blazers precisava de Martell Webster para arremessar de três, pegar rebotes e ser o titular da equipe, mas é como dizem: foi se contundir, perdeu o lugar. Quando voltou, o coitado do Webster encontrou uma infinidade de armadores e alas que faziam a mesma coisa que ele, mas a maioria tinha dois joelhos. A troca foi óbvia, porque ele era descartável para a equipe e o Wolves é um time burro de dar pena que está, aparentemente e sem que saibamos o porquê, colecionando jogadores da mesma posição com as mesmas características. Funhé.

A única cagada dessa troca, por parte do Blazers, foi mandar o Ryan Gomes embora. O ala é um dos meus jogadores favoritos, joga muito bem nas duas posições de ala, improvisa como pivô se necessário, e faz absolutamente um pouco de tudo. Em algumas escalações comicamente horríveis, de dar vontade de ir no banheiro, já vi o Ryan Gomes armando o jogo, passando bem a bola, tendo que pegar todos os rebotes, se tacando no chão, arremessando de três, jogando de costas para a cesta, jogando só na defesa, jogando só no ataque, e cozinhando um molho de abóbora. Ele é um dos típicos jogadores "carregadores de piano", mas sem ser brutamontes. Ao invés de engolir ônibus escolares no café da manhã como Carl Landry, Jason Maxiell ou Paul Millsap, o Ryan Gomes é fino e educado, inteligente e cheio de finesse. Um lorde. O Blazers se livrou dele apenas porque, se demitido antes da próxima temporada, não teria que pagar multas, e a tentação de economizar dinheiro foi grande demais para um time que já é profundo. Mas o Ryan Gomes brilharia justamente num time profundo que seja vencedor e queira ser campeão. Fica minha torcida para que ele arrume um emprego entre os candidatos a título.

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Sixers manda Samuel Dalembert para o Kings em troca de Spencer Hawes e Andres Nocioni

Uma das únicas trocas que não foram exatamente financeiras e em que os dois times saem ganhando. O Sixers passou um tempão achando que iria dar muito certo quando tivesse alguém de garrafão. A equipe era uma droga, ninguém arremessava de três, ninguém pontuava de costas para a cesta, mas por algum motivo eles se saíam bem e davam um trabalhinho nos playoffs. A solução óbvia para arrumar o time e torná-lo um candidato a ser campeão do Leste era assinar o Elton Brand, um dos melhores e mais consistentes jogadores de garrafão que a NBA já viu (é até engraçado dizer isso agora que ele ficou consistentemente ruim). Ninguém sabe explicar muito bem, mas o Elton Brand - um monstro absurdo tanto no ataque quanto na defesa - simplesmente não deu certo na equipe. Todo mundo fica inventando explicações malucas, alegando que ele ocupa um espaço no garrafão que o Iguodala usa para infiltrar, que ele bate cabeça com o Dalembert porque os dois só rendem de verdade debaixo do aro, que ele teve seu talento roubado pelos Monstars do filme "Space Jam", essas coisas. O Sixers decidiu, então, tentar fazer alguma coisa a respeito ao invés de chorar na calçada: como não dá pra trocar o contrato gigantesco do Elton Brand porque agora ele fede e os outros times sabem disso, a ideia foi trocar o Dalembert, que nunca foi grandes merdas mas é excelente em tocos, por um pivô que possa defender e atacar um pouco mais longe do aro. No ataque, o Elton Brand se ateve a arremessos de média-distância porque o Dalembert é incapaz de pontuar um passo longe da cesta. O Spencer Hawes parece perfeito pra arrumar tudo isso: é bom em tocos mas joga melhor afastado do aro, arremessa muito bem deixando espaço para Iguodala infiltrar e o Brand jogar onde gosta, e além de tudo isso ainda é um belo arremessador de três pontos, coisa que ninguém no Sixers parece ser. Prevejo uma melhora imediata na equipe, mas se esse experimento bizarro revitalizar a carreira do Elton Brand, aí terá sido uma troca genial e o Sixers passa a ser levado a sério de novo.

O Kings não fazia muita questão de manter o Spencer Hawes desde que ele se negou a jogar uma Summer League na temporada passada, contrariando a vontade do técnico. Ficou meio de escanteio, foi perdendo espaço na equipe e agora trocaram sem dó. Além disso, o Kings criou uma fama (justificada) de ser um time mole, fraco fisicamente, técnico porém "delicado". Ou seja, aquele nerd inteligente e talentoso que apanha dos coleguinhas e fica preso no armário. O pivô do Kings por muitos anos foi o Brad Miller, excelente arremessador e passador mas que é fraco como uma criança, e o Spencer Hawes parecia ter vindo dessa mesma fábrica de crianças sardentas, altas, fracas e branquelas. Para a nova cara do Kings, nada melhor do que gente que esteja disposta a dar cabeçadas e beber uma taça ou duas de sangue antes do almoço. O Dalembert é o ideal, vai trazer uma defesa física e agressiva ao garrafão do Kings que eles não tem há uma década, e ele curte um sanguinho (seu apelido é "Dalembeast", que se traduzirmos como "Dalembesta" fica até mais verossímel porque o pivô é, além de um montro, bastante burro). Já o caso do Nocioni é um mistério pra mim. O Kings sempre usou o argentino como tapa-buraco. Se alguém está cru e precisa vir do banco, se alguém contundiu, se alguém perdeu o cachorro, se alguém tá com manha e não quer sair da cama e inventou que está levando a mãe no hospital, coloca o Nocioni no lugar. Sempre jogou bem, dava as cabeçadas que ninguém mais na equipe dava, mas o Kings nunca valorizou, sempre manteve como substituto genérico. Fizeram a mesma coisa com o John Salmons, que encheu o saco até sair de lá e deu tão certo com o Bucks na temporada passada, onde valorizaram seu trabalho. Não entendo o motivo do Nocioni ser tão desprezado em Sacramento, mas espero que no Sixers ele seja bem usado graças à sua versatilidade e arremessos de três pontos. 

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Warriors manda Corey Maggette e Jerome Jordan (escolha 44 do draft) para o Bucks em troca de Charlie Bell e Dan Gadzuric

O Bucks está, além montando o time de uma vez com trocas e contratações-relâmpago, desfazendo cagadas anteriores. O Warriors está tentando desfazer algumas, também, para então poder fazer cagadas novas como sempre. O lance com o Charlie Bell é o mais triste: ele teve uma temporada boa, recebeu uma oferta de contrato do Heat, e aceitou sem pensar duas vezes. Disse estar louco para sair de Milwaukee, que não queria mais jogar lá, e pediu diretamente para os engravatados que não igualassem a proposta (ele era um Free Agent restrito, ou seja, o Bucks poderia tê-lo de volta caso pagasse um contrato igual ao que o Heat ofereceu). Aí o Bucks foi lá, cobriu a oferta, manteve o Charlie Bell muito descontente, e nunca mais colocou o cara em quadra. Seu papel passou a ser limitadíssimo, ninguém mais conseguia lembrar o que o Bell tinha feito de tão especial no ano anterior, e ficou preso no banco para sempre, ganhando seus quase 4 milhões de doletas. Dan Gadzuric também era um jogador com salário enorme mas muito mal aproveitado, ele sempre foi excelente em tocos, mas lhe faltaram os minutos (e a qualidade ofensiva) para poder render mais em quadra.

Os dois vão para o Golden State, saindo de um castigo para ir para outro. Só sabem defender e nunca terão espaço na rotação do Don Nelson. Por outro lado, Corey Maggette deve estar comemorando a fuga do manicômio que é a equipe do Warriors. Por lá, nunca teve regularidade nem nos minutos nem no papel em quadra, já jogou em tudo quanto é posição, foi obrigado a jogar até no garrafão, e nunca teve a permissão de fazer aquilo que faz melhor. O Bucks, por sua vez, é um time que precisa justamente do que o Maggette faz: pontos na marra, na base da força, quando nada mais está funcionando. E nós que acompanhamos o Bucks nos playoffs sabemos, nunca tem nada funcionando no ataque do time. O Maggette sabe pegar a bola e bater para dentro, cavar faltas e dar um jeito de pontuar mesmo contra as defesas mais complicadas. Já foi o jogador que mais cobrava lances livres na NBA e era normalmente chamado de "buraco negro" porque toda vez que recebia a bola, batia para dentro e a bola não voltava mais. No Bucks, vai dar muito certo. O time inteiro defende e não sabe o que fazer no ataque, querem tocar pra alguém que faça milagre. Mesmo quando o Maggette não fizer milagre (ele é fominha e fede um bocado às vezes), ninguém vai ter coragem de reclamar, vão pelo menos respirar aliviados de que ele pelo menos tentou alguma coisa. Diabos, até eu vou respirar aliviado de que tentaram algo, o Bucks parece mais perto de fazer uma cesta-contra do que de pontuar contra os adversários às vezes. O único problema é que o técnico do Bucks, Scott Skiles, é notoriamente o mais chato da NBA, o mais exigente nos treinamentos, e ele não tem medo de se recusar a usar jogadores que não se esforcem pelo time. Já o Don Nelson é um dos treinadores mais tranquilos, nunca fica bravo e sequer dá treinos. Quando o Baron Davis saiu do Warriors e foi para o Clippers, disse que ficou assustado com os treinamentos em Los Angeles, porque no Warriors não tinha nada nunca e a vida era mais fácil e divertida (parece uma merda jogar para um time que só perde, mas espera até você chegar em um com treinamentos duros e diários, no qual você precisa se esforçar, e vamos ver se a opinião não muda). Sair de um lugar tão relaxado pra pegar justo o técnico mais mala da NBA pode acabar rendendo ao Maggette mais castigos no banco do que ele pode imaginar...

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Cobrimos as principais trocas dos últimos tempos, agora nos próximos dias será hora de falar das contratações. Vários jogadores andaram assinando (ou reassinando) contratos, vamos dar uma olhada em cada um deles e aproveitar para explicar as mudanças contratuais que devem ocorrer e levaram jogadores como Richard Jefferson a abrir mão de seus gigantescos contratos atuais. Até lá!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O basquete enquanto expressão artística pós-moderna

Lembra do drible do caranguejo do LeBron que tanto atormentou a vida do coitado? Pois é, parece que tem gente na NBA dando umas andadas 10 vezes piores que o LeBron. Corey Maggette é forte candidato ao prêmio Jogada Bola Presa 2009.



Quanta incompetência cabe em 1 segundo? Seja lá qual foi sua resposta, os juízes do jogo entre Cavs e Pacers superaram. Foi tanta lambança dos juízes, tanta compensação e incompetência, que o Zé Boquinha teria tido um infarto se tivesse comentando esse jogo, vocês sabem como ele adora um juiz.

E uma pena que ninguém vai lembrar do arremesso fantástico do TJ Ford.




Atenção!!! O JR Smith irá substituir o Rudy Gay no campeonato de enterradas e o Mo Williams irá substituir o Jameer Nelson no Skill Challenge. Atenção na hora de mandar seus palpites para a Promoção do All-Star Game!

Saiu uma nova coluna "8 ou 80" no BasketBrasil feito por este que escreve estas bobagens. Trata dessa vez sobre arremessos decisivos, atuações em momentos cruciais do jogo e no quarto período. É hora de ver quem é bom e quem é amarelão. Leia lá!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Notas de sexta-feira

Jeff Foster e Zach Randolph lutam judô.
Sim, Zach é peso pesado.


Não estou com tempo para fazer um post como eu queria, daqueles que eu falo sem parar e finjo entender do assunto. Mas a rodada de ontem teve muita coisa legal, então resolvi dar uma passadinha nem que fosse só para comentar algumas coisas por cima.

Também aproveitei e atualizei a barra lateral de estatísticas, agora lá tem tudo atualizadinho e mais alguns números novos. Como é bom ver o Rasheed de volta ao topo da lista de faltas técnicas!


- Ontem, horas antes de começar a rodada, mandei um scrap para um amigo meu que é torcedor do Nets e estava revoltado com o jogo anterior da equipe quando eles tinham vencido o primeiro período por 20 pontos e depois entregado o jogo para o Jazz. O scrap é esse abaixo, é só clicar para ler.






Dito e feito. O Nets é muito inconstante e imprevisível às vezes, mas não tinha nenhuma dúvida de que o Devin Harris ia meter pelo menos 40 no Mavs. Meteu 41, o Kidd não defende nem que sua vida dependesse disso e a torcida ainda saiu de quadra gritando "Thank You, Cuban" para o dono do Mavs que estava vendo o jogo.


- Uma das coisas que eu achei mais absurdas na troca que o Bobcats fez pelo Diaw e pelo Bell é que o Jason Richardson era a melhor opção ofensiva do time. Quem iria fazer os pontos deles? E quem ia chutar as bolas de 3, o Matt Carrol? Ou o Diaw?
Pois é, é o Diaw mesmo. Nos últimos 3 jogos ele fez 25, 16 e ontem 26 pontos. Nos dois primeiros jogos, ele meteu uma bola de 3, ontem meteu 4. E pior, o Bobcats venceu o Grizzlies marcando 112 pontos! Sétima vez em 27 jogos que eles passam de 100 pontos.

- O Matt Carroll fez 10 pontos.

- Quem passou sobrando de 10 pontos foi o Gerald Wallace. Ele fez 22 e pegou 9 rebotes.
Pra falar a verdade, eu nem imaginava que ele estaria em quadra depois de uma semana tão difícil. Ele primeiro perdeu a vó e dias depois perdeu o pai. Foi na mesma semana em que morreram as avós do Shaq e do Udonis Haslem, além da tia do Eddie House.
Juntando os 4 jogadores, aproveitando que o Gerald Wallace teve dois mortos e joga em duas posições, temos o All-Funeral Team, que certeza que ganharia do Thunder mesmo estando de luto.

- Será que existe algum banco de reservas pior que o do Clippers? Foram 5 pontos ontem, 7 no jogo anterior e 10 no que veio antes desse. Somando tudo dá 23 (tá bom, me avisaram já que dá 22, mas eu não sei contar, fazer o que?). Um amigo nosso do "Both Teams Played Hard" diria que o número 23 está aí por algum motivo obscuro. (O motivo obscuro é eu não saber contar, tá explicado)
Mas sério, eles precisam urgentemente mandar o Chris Kaman embora em troca de qualquer ser humano que possa fazer pontos vindo do banco de reservas.

- Mas apesar dos pesares, o Clippers venceu o seu segundo jogo seguido com duas prorrogações. O que pegou mal foi precisar de dois tempos extras para vencer um Pacers que começou com Jarret Jack, Brandon Rush, Stephen Graham, Jeff Foster e Roy Hibbert. Tem time universitário que vence essa equipe fácil, fácil.

- O Pacers começou com essa formação bisonha porque Marquis Daniels, Danny Granger, Troy Murphy e TJ Ford pegaram um vírus estomacal. O TJ Ford pegou mas jogou saindo do banco. O que eu não entendo é porque só os titulares pegaram esse vírus. Eles servem comida diferente para quem joga? O Granger come caviar e o Maceo Baston come orelha de porco?

- O Raptors está morto. Eles perderam para o Thunder. Vale ver o vídeo com os melhores momentos por vários motivos:
1. Vitória dos ladrões de franquia são raras
2. Pela enterrada do Desmond Mason no Jamario Moon
3. Pela enterrada do Durant no Jermaine O'neal
4. Pela bronca do Bosh no Moon depois de uma falta boba
5. Pela festa e êxtase dos jogadores do Thunder que parecem que venceram um título.



- Os experimentos do Don Nelson ficam mais engraçados a cada dia. Ontem ele decidiu que era dia do Rob Kurz e do Belinelli serem titulares. Mas depois de 5 minutos decidiu que o Kurz não entraria mais em quadra e que era dia do Brandan Wright jogar 30 minutos ao invés de ser distribuidor de Gatorades.
Por um lado deu certo, o Belinelli marcou 27 pontos e Brendan Wright 19. Por outro, o Warriors perdeu mais uma, claro.

- Eu sempre achei que o uniforme amarelo e vermelho do Cavs era só muito feio. Mas ontem achei uma definição melhor em um chat da JustinTV: "Parece que o time inteiro está trabalhando no McDonald's"
























- Só não foi melhor do que o que eu li sobre o Corey Maggette e sua atuação no Warriors:

"Começaram a chamar o Maggette de 'pornografia ruim' em vários fóruns sobre o Warriors. A justificativa deles é essa: Claro que existem penetrações e conclusões, mas você está realmente feliz com o que vocês estão vendo?

De agora em diante o Maggette é o Senhor Bad Porn para o resto de sua vida.

terça-feira, 22 de julho de 2008

As pequenas aquisições

Matt Barnes era bom, então o Don Nelson sentou o traseiro dele no banco de reservas


Como diz o ditado, o diabo mora nos detalhes. Ou seria "como diz o diabo, o ditado mora nos detalhes"? Boa pergunta, deveria perguntar para o Chapolin. Em todo caso, seja como for, são os jogadores secundários, as peças menores, que acabam decidindo quem será o time campeão ao fim da temporada. É normal gente pensar que só existem dois tipos de jogadores: os que chutam traseiros e os que fedem. Mas são justamente os jogadores medianos, aqueles que não-sobem-nem-descem, não-fedem-nem-cheiram, que trazem identidade para os elencos. Os jogadores "especialistas" (ou, se você é mais cruel, "aqueles caras que só conseguem fazer uma coisa em quadra e são uma merda em todo o resto") desempenham papéis que ditam a cara do time, o ritmo de jogo, a importância do banco, a atenção no ataque e na defesa e todas as outras coisas que diferenciam um time do outro, que levam a vitórias e a derrotas.

O Warriors, por exemplo, perdeu o Baron Davis para o Clippers. Com isso, toda a velocidade e o foco ofensivo da equipe sofreram um forte baque. A resposta foi trazer Corey Maggette, que já ouviu falar nesse lance de defesa mas sempre achou algo um tanto exótico, e passar Monta Ellis para o cargo de armador principal. No entanto, não ter um armador nato nem no time titular nem no banco de reservas era exagero demais até para o amalucado técnico Don Nelson. Assim, a solução foi trazer o armador Marcus Williams, do New Jersey Nets.

Taí uma aquisição pequena que tem tudo pra ser mais importante do que se imagina. Sei que tem gente que discorda (tem gente que discorda até de que devemos comer, sugerindo alimentação a base de luz) mas o Marcus Williams chuta uns traseiros, no duro. Quando chegou na NBA, tinha tudo para contribuir imediatamente e inclusive teria sido titular em alguns times horrorosos, precisando de alguém urgente para a função. O Williams, no entanto, foi parar justamente no Nets, para ser reserva vitalício do Jason Kidd. Essas situações têm seus aspectos positivos e os negativos: por um lado, você aprende com um dos melhores armadores a terem pisado numa quadra de basquete; por outro, você sabe que só vai ter minutos de jogo quando o titular morrer num acidente de carro. Imagino que o Marcus Williams tenha vibrado durante 3 segundos quando ficou sabendo que o Kidd tinha sido trocado. A alegria durou pouco porque, como sabemos, a troca foi pelo também armador Devin Harris, que tem tudo para ser uma tremenda estrela no futuro e virou titular assim que pisou em New Jersey. Ou seja, lá estava Marcus Williams como reserva de novo. Não é irônico que um cara desses não saia do banco enquanto sujeitos como o Tyronn Lue, que certa vez assumiu que deveria ser um reserva na NBA e odiava a pressão de ser titular, fiquem no elenco inicial de tantos times na Liga mesmo contra suas vontades?

O Nets preferiu arranjar um armador veterano para apoiar Devin Harris - no caso, o vovôzinho Keyon Dooling - e o Marcus Williams se tornou descartável. O Warriors não perdeu a oportunidade e mandou uma futura escolha de draft de primeira rodada em troca do armador. Acho que após anos atrás de Kidd, o Williams deve no mínimo saber correr, ou seja, tem tudo para se dar bem como reserva no Warriors, podendo até um dia, quem sabe, permitir ao Monta Ellis voltar à sua posição original. Nenhum dos dois sabe arremessar e não podem substituir Baron Davis, mas foi um belo tapa-buraco.

Aliás, o que o Warriors não parou de fazer por enquanto foi tapar buracos. Além do Baron Davis, perderam Matt Barnes, Patrick O'Bryant e Kelenna Azubuike. Para remediar, parecem estar prestes a contratar Maurice Evans e já assinaram Ronny Turiaf. O francês pode correr, defender e demonstrar raça, e talvez até dê certo no Warriors, mas ainda assim me nego a considerá-lo uma peça importante em qualquer coisa que não seja fazer biquinho falando francês.

Dentre os jogadores que o Warriors perdeu, destaco arbitrariamente (porque o blog é meu, ué) o Matt Barnes. Realmente gosto de seu jogo e fico muito intrigado com a falta de ofertas para ele. Trata-se de um jogador veloz, bom defensor, capaz de jogar em múltiplas posições e que compensa a falta de altura com muita garra e posicionamento nos rebotes. Fora isso, é um bom arremessador de 3 pontos, enterra pra burro e parece que enfiou o dedo numa tomada o tempo inteiro, tamanha sua intensidade. Ele parecia feito sob medida para o Warriors mas acabou afundando misteriosamente no banco do Don Nelson, provavelmente por não gostar de sorvete de flocos ou algum outro motivo assim, sempre muito pertinente. Sua saída do Warriors era, portanto, muito provável, mas parece que o único time interessado nele foi o Phoenix Suns. Faz muito sentido, ele se encaixa perfeitamente no estilo antigo da equipe - "corra como um maluco e arremesse de três" - e também tem a intensidade defensiva que supostamente deve ser a nova filosofia por aquelas bandas. O que me intriga, no entanto, foi o contrato que assinou: apenas 1 ano, por menos de 1 milhão de doletas, o mínimo para veteranos.

Espera, deixa eu ver se entendi: o Boston assinou o Patrick O'Bryant, que nunca fez porcaria nenhuma na NBA e admitiu "não ser tão bom assim" na época do draft. O Nets pagou uma grana para o Eduardo Najera, o mexicano rei do "garbage time" (aquele final dos jogos que já estão muito ganhos ou muito perdidos), o Warriors deu um contrato escandaloso para o medíocre Ronny Turiaf, o Nets assinou o Malik Allen (que sempre tem time, mas nunca sequer entra em quadra). Mas o Matt Barnes, melhor do que todos eles, com experiência em playoffs, uma peça que pode ser essencial em toda e qualquer equipe, assina um contrato mínimo de apenas um ano?

Só posso acreditar que alguns times menosprezam a oportunidade de conseguir um jogador desses, considerado de "segundo escalão". Enquanto isso, o reserva-de-luxo James Posey foi disputado a tapa por todos os times que acreditavam estar a apenas uma peça de distância de um anel de campeão. Ele acabou escolhendo ir para o Hornets e agora, vejam só, eles têm um banco de reservas. Enquanto isso, meu Houston Rockets repelava Brent Barry, conseguindo finalmente um especialista nas bolas de 3 pontos, capaz de aproveitar os espaços criados pela constante marcação dupla em Yao Ming, e além de tudo capaz de armar o jogo, coisa que ninguém em Houston é muito chegado. O Spurs, que perdeu o Barry, fez questão de manter Kurt Thomas, provavelmente com medo de que a média de idade da equipe caísse para menos de 62 anos. São todas aquisições importantes, peças finais em grandes elencos, mas em meio a tudo isso, Matt Barnes passou batido e Ronny Turiaf ficou milionário.

Enquanto acompanhamos os grandes times da NBA dando os toques finais em seus elencos, com os espaços nas folhas salariais se tornando cada vez mais escassos, é impossível deixar de tentar adivinhar quem é que está gastando bem suas doletas. Pra mim, por enquanto, o Suns conseguiu uma bela pechincha.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Primeiro dia para assinar cheques

Elton Brand, feliz da vida por abandonar o time mais macumbado de toda a NBA


Hoje foi o primeiro dia em que os times puderam abrir as carteiras e contratar Free Agents (não sabe o que significa isso, então dê uma olhada na aulinha da tia Juliana Silveira). Como sempre, os times não perdem tempo e tacam contratos multimilionários pra tudo quanto é lado, tornando o primeiro dia sempre confuso e movimentado. Como única certeza, ao menos na minha cabeça, estava o fato de que Baron Davis e Elton Brand se uniriam no time mais amaldiçoado da NBA, o Los Angeles Clippers. Como escrevi uns dias atrás, o Brand é um sujeito simpático e camarada que, após passar toda a última temporada contundido, deu todos os sinais possíveis de que continuaria no Clippers como "retribuição". Diz a lenda que ele, pessoalmente, disse esperar que seu time fosse atrás de Baron Davis para que os dois pudessem jogar juntos, e essa foi a primeira coisa que o time de Los Angeles fez. Com Baron Davis na equipe e uma oferta de mais de 70 milhões, tudo levava a crer que Brand ia se manter no mesmo time, certo? Certo? Errado. Esqueça todas as minhas alegações sobre o caráter do Brand, sobre sua lealdade com o time que deve estar em cima de um cemitério indígena, esqueça minha idéia de tomar um cafezinho com o sujeito "porque ele parece um cara legal". Algumas horas e 82 milhões de dólares depois, Elton Brand já estava tirando fotos com a camiseta do Philadelphia 76ers.

Oras, não tem como culpar o cara. Dedicou os melhores anos da sua carreira a uma equipe amaldiçoada demais para conseguir sequer se classificar para os playoffs, e suas médias altíssimas ficaram apagadas, isoladas do grande público porque ninguém dá a mínima para o Clippers. Talvez pudesse haver gente chamando Elton Brand de um dos melhores alas de força de todos os tempos se ele não tivesse gastado tanto tempo no primo pobre do Lakers. Ir para o Sixers é uma escolha coerente, interessante, e traz para o Brand um destaque merecido. Mas, diabos, não precisava ter iludido o pobre coraçãozinho do Clippers! Tá bom, você pode ir embora, falar que arranjou outra mulher, mas não precisa passar a última semana com sua futura ex dizendo que a ama e que vai passar o resto da sua vida com ela, né? Isso é um bocado cruel.

Não consigo deixar de sentir pena do Clippers. Faz parte da natureza humana torcer pelo mais fraco (por isso sempre digo que os torcedores do Spurs não são humanos) e finalmente a franquia menos favorecida de Los Angeles dava sinal de que daria a volta por cima, com chances de fazer barulho no Oeste. Parecia bom demais para ser verdade uma equipe formada por Baron Davis, o novato Eric Gordon, o segundo-anista Al Thornton, Elton Brand e Chris Kaman. Preocupado com a maldição do Clippers, eu já estava pensando nas contusões de Baron Davis, num acidente de avião, na explosão do ginásio da equipe. Mas aconteceu algo pior: Elton Brand caiu na real e deu o fora de lá antes que algo pudesse der errado.

Se por um lado é triste deixar um time jovem com Baron Davis e Chris Kaman, por outro lado Elton Brand está indo para um time com reais chances de escalar até o topo do Leste. Primeiro, porque é o Leste, oras, e lá até o Fluminense tem chance. Segundo, porque o time também é jovem, cheio de potencial, e liderado pelos Andrés, o Andre Miller e o Andre Iguodala. Quer dizer, isso se o Iguodala continuar no Sixers, o que deve acontecer mas, hoje em dia, não tem como ter certeza de nada. Se ficar, o Iggy poderá finalmente ser o Robin, cargo que lhe pertence. Não porque ele usa cuecas por cima da calça ou porque parece que vai posar para uma revista de pedofilia gay, mas porque ele é um jogador completo incapaz de criar o próprio arremesso. Com Elton Brand, Iggy não tem mais a obrigação moral de fazer tudo sozinho, de carregar o time nas costas, e pode descansar um pouco na cadeira. Tudo com um salário de estrela, claro, porque disso ele com certeza não abre mão. As viúvas do Iverson podem começar a salivar: um armador consciente em Andre Miller, um reserva explosivo em Louis Williams, um dos melhores carregadores de piano em Iguodala, um dos melhores alas de força de todos os tempos em Elton Brand (sim, eu acho, mas não espalhem por aí porque vai gerar polêmica), um ala jovem e competente em Thaddeous Young, e um pivô completamente sem talento mas bom defensor em Dalembert (oras, não se pode ter tudo!). Se eles deram trabalho pra burro nos playoffs sendo completamente medianos, como podem se sair com uma verdadeira estrela fazendo pontos no garrafão?

Destaque também para a troca que o Sixers teve que fazer para arrumar espaço salarial para tacar essa oferta na cabeça do Elton Brand. Mandaram para o Wolves o reserva Rodney Carney, o pivô veterano e imprestável Calvin Booth, uma escolha de primeira rodada de draft e ainda uns tufos de grana em troca de uma escolha de segunda rodada. Você leu bem, um pacote recheado em troca de uma mísera escolha de segunda rodada. Imagino o telefonema do Sixers: "Pelamordedeus, aceita esses jogadores aqui, a gente faz qualquer coisa, te mando até minha mulher, mas se a gente demorar mais cinco minutos podemos perder o Elton Brand."

Tá bom, o Sixers pode dar espetáculo nos playoffs do Leste. Mas e o Clippers, como fica? Elton Brand deu o fora e o reserva Corey Maggette, de quem eu gosto tanto, acabou de assinar um contrato de 5 anos por 50 milhões com o Warriors. O time de Golden State não precisava do milésimo ala, mas roubar um bom jogador do time que lhes roubou o Baron Davis deve ter um gostinho todo especial. Maggette tem um talento mutante para cavar faltas e criar pontos mesmo quando tudo mais está dando errado, o que é muito diferente do fetiche maluco de todo mundo no Warriors por ficar arremessando do meio da quadra, e por isso mesmo sua ajuda para a equipe será grande. Mas o time ainda não tem um armador (nem titular, nem reserva) e continua parecendo um time de pigmeus. Além disso, perdeu o reserva Mickael Pietrus.

O francês Pietrus era "o Jordan francês" quando foi draftado e não poupou declarações nos últimos anos reclamando não só da mentalidade derrotista da equipe mas também de seu papel de reserva. Por ser um bom defensor, Pietrus devia ser encarado no Warriors como aquele gordinho cheio de espinhas que senta no fundo da sala de aula jogando Pokémon. Com um contrato de 4 anos e 25 milhões de doletas oferecido pelo Magic, Pietrus finalmente poderá ser titular, arremessar de trás da linha de 3 pontos como sua origem em Golden State exige, e ainda jogar na defesa e não ser criticado por isso. Baita negócio pro francês.

Outro que mudou de time foi James Jones, que estava no banco do Blazers. O rapaz é um dos melhores arremessadores de 3 pontos de toda a NBA, mas seu arremesso é bastante seletivo, ele não chuta como um débil mental, e isso é raro. Acho uma pena o Blazers perder um arremessador como esses já que eles vão ser campeões da NBA pelos próximos 15 anos, mas eles têm talento o bastante para compensar essa perda. Para o James Jones, a ida para o Heat (com um contrato de 22 milhões por 5 anos) é uma chance de ter mais minutos, ser uma peça importante do elenco e, porque não, continuar vencendo. Esse novo Heat tem tudo para chutar uns traseiros. Para quem está acompanhando a Summer League de Orlando (seja ao vivo, seja aqui na nossa cobertura do Bola Presa), Michael Beasley começou com tudo e o também novato Mario Chalmers está parecendo um dos melhores calouros do ano. Amanhã, o Bola Presa continua de olho nele e nos outros participantes da primeira Liga de Verão do ano para você não perder nada!

Agora, depois de um primeiro dia tão movimentado no mundo dos Free Agents, poucos jogadores ainda estão sem equipe. O caso mais interessante é o Josh Smith, uma das estrelas do surpreendente Atlanta Hawks. Smith estava sendo agressivamente abordado pelo Sixers, incluindo visitas à Philadelphia, conversas com o prefeito, passeios pelas dependências da franquia. Com a chance de agarrar Elton Brand, o Sixers gritou um belo "foda-se o Josh Smith, quem precisa de mais um cara que só sabe defender e enterrar?" e deixou o fedelho para lá. Nos próximos dias, devemos descobrir o que acontecerá com ele. Continuará no Hawks ou será o bilionésimo ala do Warriors? O que você acha?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

A gangue de Robins

Após agarrar as nozes de Chris Kaman e ser suspenso, Reggie Evans ouviu provocações um tanto inusitadas


O Pistons tinha algo a provar na noite de ontem. Em jogo, estava a vergonha equivalente a perder no xadrez para o Kwame Brown. De perder no braço de ferro para o Chris Quinn. De perder no basquete para um elenco com Reggie Evans e Willie Green. E o elenco adversário realmente era formado por Reggie Evans e Willie Green, veja só.

Não foi surpreendente para ninguém ver, depois do fracasso do Jogo 1, um Pistons focado, concentrado, jogando sério um basquete de alto nível. Não foi surpresa o time de Detroit vencer o jogo com quase 20 pontos de vantagem, tendo tempo para descansar os titulares. O surpreendente, ao menos para mim, foi ver o Sixers resistir bravamente no início da partida, mostrar que tem alguns jogadores interessantes, poder de reação, e ainda assim um elenco que fede, fede muito.

É difícil de explicar. O time é assustadoramente limitado, não há ninguém fora de série. Mas mesmo assim, fico surpreendido ao ver Reggie Evans (que deve colecinar boxscores em que fez zero pontos e vinte rebotes) agora pontuando com malícia e habilidade no garrafão. Louis Williams, que não acerta arremessos nem pra salvar a mãe, mostra uma capacidade incrível de bater para dentro e cavar faltas. O Iguodala recebeu forte marcação e mesmo não conseguindo fazer nada, nem sequer coçar o nariz, mostrou que tem visão de jogo e inteligência em quadra. O time fede, mas cada um desses jogadores seria uma excelente peça que falta em times vencedores. Toda equipe precisa de um Reggie Evans, um cara com três bolas no saco (e tentando roubar as bolas do saco de outras pessoas, também) para pular em todos os rebotes, se atirar no chão atrás de bolas, demolir paredes com a cabeça e secar a louça. Todos os times poderiam usar um Louis Williams quando os arremessos não estão caindo, usando-o para mudar o ritmo do jogo e deixar os adversários com problemas de faltas (no maior estilo Corey Maggette). Todos os elencos poderiam usar um Iguodala, um cara para marcar a estrela adversária e jogar no contra-ataque. Pensar que o Kyle Korver, a peça que faltava para o Jazz, veio diretamente do Sixers chega a ser engraçado. O elenco do Sixers parece uma gigantesca caixa de reposição para outros times, lotada com peças interessantes que desempenham bem seus papéis. E embora isso seja muito pouco para levar um título para casa, é o bastante para causar um belo estrago na NBA. O meu Houston Rockets provou que um elenco mixuruca pode, se utilizar as características de cada um, jogando um basquete coletivo, ganhar 22 partidas seguidas. E também provou que isso não significa que o elenco seja bom ou tenha chances de ganhar o Oeste, imagina, o time ainda é uma porcaria e nem o maior fã do Houston tem como negar.

O Sixers tem um elenco recheado de carregadores de piano, jogadores sólidos, competentes, limitados. Um elenco composto apenas de jogadores assim mantém, pela lógica, as mesmas pecularidades: é sólido, competente, mas limitado. Por isso mesmo é que, em condições normais de temperatura e pressão, o Pistons vai escancarar cada pequena limitaçãozinha do Sixers e humilhar o time em rede nacional. Mas mude alguma condição e a equipe da Philadelphia vai fazer a lição de casa. Basta uma bobeada para contar o episódio de ontem da novela e pronto - você está tomando ganchos do Reggie Evans, lances livres de Louis Williams e enterradas de Iguodala. Pergunte quem foi para o paredão do BBB ontem e - bam! - você está atrás no placar.

Se eles podem vencer mais algum jogo da série contra o Pistons? Podem, claro, mas no maior estilo "golpe de Cavaleiro do Zodíaco não funciona duas vezes contra o mesmo adversário", vai ser dificílimo de acontecer. Não tem problema, ter chegado aos playoffs já foi uma odisséia épica, quanto mais vencer o Pistons em casa. Mas, me permitam o desdém e, nem que seja devido a uma derrota num Jogo 7, vamos pensar sobre o que o Sixers vai fazer para a próxima temporada, depois da eliminação dos playoffs, a respeito de Andre Iguodala.

Vou chamá-lo de Iggy, não porque sou íntimo mas porque toda vez que escrevo Iguodala me dá uma vontade estranha de rir, vai dizer que não é um nome engraçado? Nosso caríssimo Iggy verá seu contrato terminar nessa temporada e já avisou que quer ganhar salário de estrela, contratos máximos, essas coisas de quem não tem noção do preço do pãozinho. O Agente Zero, Gilbert Arenas, escreveu há um bom tempo em seu blog sobre como Iggy era um "Pippen", não um "Jordan", e por isso não deveria ganhar um salário de estrela. A afirmação, polêmica, deixou Iggy bastante irritado. Ou seja, o sujeito realmente se acha estrela, não era brincadeira.

O que nos leva a perguntar: deveria o Sixers apostar em Iggy como sua estrela principal? Lhe dar um salário milionário, apostando que sua evolução seja o que falta para levar um elenco de "peças coadjuvantes" rumo ao topo do Leste? Ou dar tamanha grana para o Iggy seria justamente impedir que o time recebesse uma estrela de verdade que seria complementada por esse maravilhoso elenco de apoio? Sejamos honestos: Batman e Robin quebraram a cara de muitos vilões nos bons e velhos tempos do "POF", "SOC" e "POW". Mas o Robin era só um moleque afeminado com uma combinação de cores cafona e as pernas de fora. Nem um grupo de dez Robins conseguiria fazer alguma coisa de relevante. Mas basta um Batman protagonista, embora meio fora de forma e com uma pancinha protuberante, para a Dupla Dinâmica acabar com o império do crime (pelo menos até o próximo episódio). Deu pra sacar o espírito da coisa?

O que estou tentando dizer é que adoro Iggy, acho ele um jogador fora de série, excelente defensor, explosivo e inteligente. Mas suas cuecas pra fora das calças não negam: ele é e sempre será um Robin. Mesmo que ele não queira admitir, é hora de contratar um Batman gordinho para lhe fazer compania. O Andre Miller que me desculpe, mas ele também é Robin. No Sixers, todo mundo é. Dá pra fazer uma gangue de Robins e sair assaltando bancos. O que eles precisam é de um Batman um pouco diferente, alguém decisivo mas que não monopolize o jogo, que entenda o conceito do basquete coletivo que anda se jogando por lá. Com essa campanha impressionante até agora, podendo até mesmo vencer mais algumas partidas do Pistons e (não acredito que vou dizer isso) - vá lá- até mesmo essa série, o que não vai faltar é jogador interessado em ter uma chance por lá. Quem deveria ser abordado? Alguma idéia?