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sábado, 26 de janeiro de 2008

Latem mas não mordem

Destrua sua ex-equipe em 3 lições básicas


Ontem a rodada estava recheada de grandes jogos: o Suns enfrentava o Cavaliers que está em boa fase, Magic e Pistons se enfrentavam sonhando com o título do Leste, meu Houston enfrentava a série de 12 vitórias seguidas do Blazers em casa, Lakers e Mavericks faziam o confronto que, se a temporada regular acabasse hoje, seria uma série de playoff. Mas na hora de escolher o jogo que iria assistir, eu sabia que nenhum desses se compararia a outro: Kevin Garnett e seu Celtics enfrentando, pela primeira vez, sua ex-equipe de Minessota.

Todo o jogo podia ser resumido ali, na expressão no rosto de Sebastian Telfair no quarto período: olhos raivosos, dentes à mostra, pescoço tenso, prestes a latir, grunhir e uivar. O Wolves era um bando de loucos raivosos em busca de vinçança, auto-estima e dignidade. Cada vez que o Telfair estripava o Rajon Rondo, era mais do que basquete. Era uma tentativa de provar que, apesar de ter sido praticamente demitido do Celtics e impedido de jogar por problemas extra-quadra, tinha talento para ser titular de um time com Allen, Garnett e Pierce com reais chances de título. Cada bandeja certa de Telfair exprimia a angústia de ter sido mandado embora a preço de banana enquanto Rondo é titular e está prestes a ganhar um anel.

Além dele, Al Jefferson, Ryan Gomes e Gerald Green também tinham algo a provar. Mas provar que trocar todos eles pelo Garnett foi um erro é mais difícil do que provar que o Michael Jackson é inocente. Difícil mas, como no caso do célebre amigo das criancinhas, não impossível.

Com o jogo prestes a começar, nada do Garnett aparecer na quadra. Pelo jeito, era uma dor aguda e esquisita no estômago que ninguém sabia do que se tratava. Oras, para mim é óbvio que se tratava da consciência. Do Grilo Falante. Da dúvida dura e cruel: "devo arrasar por completo o time em que passei toda minha carreira?"

Finalmente, Garnett resolveu entrar em quadra para chutar uns traseiros. Mas em poucos minutos de jogo já ficou bastante óbvio que ele estava em quadra, na verdade, para impedir que os traseiros dos seus companheiros de Celtics fossem chutados. Pode não ter sido a melhor atuação do Wolves, vários jogadores tiveram uma partida capenga, mas a agressividade e a intensidade foram inegáveis. O Gerald Green, em especial, mostrou sinais de talento que eu não tinha visto antes. Atacou a cesta, teve jogadas interessantes, atléticas, vigorosas. Não acertou nada, é um grosso, mas a gente releva. Al Jefferson e Ryan Gomes tiveram partidas sólidas, especialmente na defesa, e enquanto isso Telfair humilhava Rondo dos dois lados da quadra: fez 18 pontos em um punhado de bandejas fáceis e marcou Rajon de modo a tornar sua vida um inferno. Como resultado, o Wolves passou praticamente o jogo inteiro na frente. Garnett saiu de quadra com a tal dor no estômago no quarto período e quando voltou, faltando 2 minutos para o final do jogo, seu time perdia por 5 pontos. Telfair acabara de fazer uma bandeja acrobática e rosnava com dentes afiados para a torcida. A família do Marbury (já que Telfair é seu primo) não bate muito bem da cabeça.

Até os dois minutos finais, a intensidade dos jogadores vingativos do Wolves estava à flor da pele. A defesa da equipe funcionava como em poucas vezes durante a temporada, evitando rebotes ofensivos adversários que haviam sido rotina em todas as suas outras partidas. Marcações duplas muito bem feitas no final do jogo garantiam a vantagem no placar.

Aí caiu a ficha. O Wolves percebeu que suas vitórias e derrotas são espelhadas com as do Celtics: 7 vitórias e 34 derrotas para os lobinhos, 34 vitórias e 7 derrotas para os de-verde. O Wolves se tocou que não deveria estar ganhando, que aquilo era um momento histórico, um marco, um feito de homens crescidos. Poderia ser uma virada na temporada rumo aos playoffs, uma vingança merecida aos dirigentes do Celtics que os subestimaram, um jogo para dar um reconhecimento merecido à equipe e talvez até melhores ofertas de times ou salários para os jogadores. Que vitória! Que vitória!

Pensar em algo assim é exatamente o tipo de coisa que acaba com a vontade de ganhar e a substitui pelo medo de perder. Garnett voltou para a quadra, no sacrifício, e o Wolves estava desesperado com a possibilidade da derrota - ainda que vencendo o jogo por 5 pontos. Entraram num declínio pior do que o Miami Heat quando percebeu que o Shaq tinha 62 anos. Nos dois minutos finais, ninguém no Wolves conseguiu fazer uma cesta sequer enquanto metodicamente permitiram ao Celtics (que, aliás, fazia péssima partida) pegar uns 568 rebotes ofensivos seguidos. Num pedido de tempo, o novato Corey Brewer foi cobrar o lateral mas estava com tanto medo que acho que até vi um pouco de xixi escorrendo pelas suas pernas. Não conseguiu passar a bola, não pediu tempo e estouraram-se os 5 segundos. Bola desperdiçada, eis que o Celtics pegou mais 237 rebotes ofensivos em sequência para, enfim, assumir a liderança com uma cesta de (quem diria!) Kendrick Perkins, o cestinha do Celtics. Mais um tempo para o Wolves, mais um medroso mijão incapaz de colocar a bola em jogo. A mocinha da vez foi o Jaric, que pelo menos tem dois neurônios a mais que o Brewer e conseguiu pedir tempo. Na terceira tentativa o Wolves enfim colocou a bola em quadra e a alegria foi tão grande que até nublou a importância de se pensar em uma jogada planejada. Al Jefferson sobrou isolado no improviso, recebeu marcação dupla e passou a bola destrambelhado para o Telfair que não conseguiu dominá-la porque Garnett se tacou como um débil mental para cima dela, conseguindo o roubo de bola.

Como fã do Garnett que sou, fiquei meio triste de vê-lo comemorando o roubo de bola vencedor levantando o nome "Celtics" de sua camisa e mostrando para a torcida. Foi o tipo de coisa para machucar bastante os testículos dos fãs de Minessota, mas como o KG foi nobre o bastante para aguentar anos e mais anos por lá mesmo com times mequetrefes sem nunca, jamais, pedir para ser trocado, acho que está tudo bem extravasar um pouco.

No time perdedor, o desânimo era mais do que avassalador, era constrangedor. A equipe foi derrotada pelo desespero, pelo pavor, pela infantilidade. Se havia alguma chance de melhorar a auto-estima dos jogadores, essa chance durou menos do que popularidade de ganhador de Big Brother. Sebastian Telfair, Al Jefferson e Ryan Gomes são talentosos e uma das melhores bases jovens de qualquer time da NBA hoje em dia. Mas eles são uma base sem moral alguma, formados em ambientes que só perdem jogos atrás de jogos desde que entraram na Liga. Que tipo de fundação pode ser criada na derrota? Ninguém no Wolves sabe como é vencer e, justamente por isso, o time entrou em parafuso nos 2 minutos que o separava da vitória. O que fazer com um time desses, com tanto potencial mas incapaz, ainda, de conseguir as vitórias necessárias para moldar a equipe em uma franquia futuramente vencedora?

Eu sou um chato que insiste em dizer de 5 em 5 minutos para pessoas aleatórias nos elevadores e nos pontos de ônibus que eu acredito no Wolves desde que a troca do Garnett aconteceu. Que eu boto fé nessa pirralhada, que eles podem vencer um dia e que (como o Blazers provou) eles podem vencer agora mesmo apesar da pouca idade. Talvez o primeiro passo fosse um técnico novo para dar uma nova abordagem, dar uma nova esperança para esses jovens e, acima de tudo, ensiná-los como jogar defesa de forma menos patética.

Aquele Hawks jovem demais, com mais alas do que escola de samba, só agora está dando resultado e tem chances enormes de ir aos playoffs dessa vez. O Timberwolves tem ainda mais talento, melhor espalhado entre várias posições diferentes. A dupla Al Jefferson e Randy Foye, que aliás ainda não jogou nessa temporada por estar machucado, é uma base que faria o Hawks de anos atrás babar de inveja: ter um armador excelente apoiado por uma presença dominante no garrafão é a fórmula dos campeões.

Uma vitória em cima do Celtics poderia ter sido o primeiro passo para que esse time acreditasse em suas condições, e acho que esse derrota dolorida mostrou fraquezas que atormentarão essa meninada como as histórias da Loira do Banheiro atormentaram a minha geração. Fico preocupado com as repercussões que essa derrota terá em suas mentes pelo resto da temporada e, até mesmo, pelo resto de suas carreiras. Mas ainda assim acredito em suas capacidades. Esse é um time que estará em seu auge em alguns anos e será apenas uma questão de mentalidade: estarão preparados para vencer ou perderão para sempre sem sequer repor a bola em quadra? Vão ficar só latindo para sempre ou vão morder alguém eventualmente?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Briga de mulherada

Alguns bons motivos para torcer para o Houston


Recentemente descobri o que me falta para ter uma carreira de sucesso na NBA: a Adriana Lima. Pelo menos é o que vem funcionando para o Marko Jaric recentemente. O armador sérvio do Wolves era um completo fracassado, passou as últimas duas temporadas com atuações pífeas afundado no banco e ficou famoso por entrar em quadra uma vez com a camiseta ao contrário. Esse é provavelmente o modo mais fácil de virar motivo de piada, só perdendo para aparecer na escola de pijama e fazer cocô nas calças.

Esse derrotado que não sabe nem vestir o uniforme e deve apanhar dos companheiros de time no vestiário está agora namorando a modelo brazuca. Tinha ouvido dizer que os derrotados, nerds e geeks estavam na moda mas não imaginava que era pra tanto. Pelo jeito tem mulheres por aí que gostam de trocar fralda, amarrar os cadarços do namorado bobão e vestir ele direito pra não ficar com a roupa do avesso.

Seja como for, o relacionamento anda fazendo bem para o Jaric. Desde então, passou a ser titular (pelo menos enquanto o Foye está machucado) e sua média de pontos dobrou de 8 para 16 por partida, com aproveitamento de 57% nos arremessos e mais 6 assistências por jogo. É um aumento de rendimento para "água do Jordan" nenhuma botar defeito.

O fenômeno não é solitário. Outro armador extrangeiro também conhece os bons resultados de namorar famosas: Tony Parker. No seu começo de carreira com o Spurs o rapaz era talentoso mas inexpressivo. Rápido pra burro ele sempre foi, claro, mas quando infiltrava facilmente no garrafão era obrigado a passar pra fora ao invés de fazer a bandejinha característica. É óbvio que a culpa era do Popovich porque ele é um chato burocrático que exigia, antes que o Parker pudesse fazer qualquer arremesso, um requerimento carimbado e autenticado em cartório em duas vias na presença de um advogado. Por isso o francês que não toma banho era obrigado a passar a bola para os Bowens da vida e desistir de seus pontinhos. O que fazer para mudar a situação? Convencer o Popovich a virar um cara tranquilo, relaxado e parar de fazer amor com sua prancheta?

Não. A solução que o Tony Parker arranjou foi conseguir uma namorada famosa. Foi só com a Eva Longoria torcendo em San Antonio que Parker foi All-Star, ficou entre os líderes em pontos feitos no garrafão e começou a colecionar anéis de campeão.

Virou então padrão para os times que querem ser campeões ter uma gostosinha famosa fazendo figas na torcida. Nenhum time que preste vai ter coragem de abrir mão dessa tática. Os responsáveis pelas franquias da NBA precisam começar a pensar nisso já: se o time está meio capenga, o mais importante não é contratar um reforço de peso, e sim, arrumar alguma estrela boazuda pra ficar existindo no ginásio. E, pelo bem dos times, quanto mais delas, melhor.

O Miami Heat, por exemplo, resolveu investir no ramo das tenistas. A Kournikova foi o bastante para levar o Heat a um campeonato, mas como as coisas andam difíceis por lá e a Kournikova é uma beleza meio decadente e esquecida, resolveram substituir pela mais nova sensação, a Sharapova. Que é uma substituta à altura da Kournikova em beleza e ainda tem a vantagem de, num duelo de tênis contra um orangotango, sair vitoriosa.

O Warriors pode não ter durado muito nos playoffs, mas a vitória em cima do Mavs está na história como uma das maiores zebras de todos os tempos. Cada um arranja um motivo: Don Nelson, acaso, Nowitzki amarelão, Baron Davis MVP, macumba, gnomos, dopping, aros menores de um dos lados, George Bush (dá pra culpar ele por qualquer coisa hoje em dia).

Mas, depois de ver outros times vencedores usando a tática das famosas, alguém duvida que a vitória em cima do time de Dallas tem tudo a ver com a Jessica Alba? Eles só não foram mais longe nos playoffs por um simples motivo: não arrumaram uma camiseta "We Believe" para ela que fosse mais justa e de preferência mostrasse a barriguinha. Acharam que iam vencer com a Alba vestindo algo que parecia um lençol?

Na hora de fazer previsões para os times, palpitar sobre quem deve ganhar cada divisão ou conferência, não basta olhar a escalação das equipes. É necessário ver também quem é a gostosinha da vez que está sentada na torcida. Estava até querendo criar uma liga de fantasy em que cada time pudesse draftar uma beldade famosa e ela influenciasse um pouco o resultado das partidas. Vou maturar a idéia e ver no que dá.

Mas por enquanto, o que importa é que a Adriana Lima nos dá um motivo para assistir pelo menos alguns jogos do Wolves. E é o maior motivo para assistir esse time capenga pelos próximos anos. Para o bem da equipe, é bom que o Jaric mantenha o namoro. Mas, a julgar pela capacidade de vestir a camiseta ao contrário, isso não deve durar.