terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Run Forrest, Run!

"Mamãe falou que se corresse demais ia acabar se machucando... mas nunca me ouve!"



Saiu ontem na NBA.com um número muito interessante. Depois do primeiro mês da temporada passada, somente 6 times tinham médias de mais de 100 pontos por jogo. Nesse ano já são 14 dos 30 times com média de mais de 100 pontos. É o maior número de times desde a temporada 1995-96. Uma série de fatores ajudou esta temporada a ter placares como o 123-117 de Orlando e Warriors de hoje, 122-100 do Denver sobre o Cavs, o assustador (mas com prorrogações) 126-123 do Sonics sobre o Hawks, o 120-118 do Hornets sobre o Grizzlies, 134-114 do Lakers sobre o Pacers e por aí vai, são jogos com placares altíssimos que há tempos não víamos com tanta frequência.

Lembro de algumas temporadas atrás, não lembro em que ano exatamente, em que somente 3 times acabaram a temporada com média de mais de 100 pontos com o Dallas como líder com mais ou menos 105 de média.

Agora, o que levou a NBA a essas médias? Eu tenho duas respostas:

1. O David Stern, o manda-chuva, ditador da NBA, que obriga todo jogador que não vai jogar a usar um terno ridículo ao invés das roupas que ele gostaria e estava preocupado com a imagem da NBA de ser um jogo defensivo, feio e sem o espetáculo característico da marca. Começaram então as regras para aumentar o número de pontos. Foi criado o semi-círculo sob a cesta em que um sopro de bafo no atacante já é lance livre. Depois os juízes foram instruídos a serem mais rigorosos com os contatos. Como o Danilo já disse em outro texto, nosso amigo pesadão Shaq está sofrendo as consequências dessa marcação que eu só não digo que é de mulherzinha porque até na WNBA o jogo tá mais físico.

Com o jogo menos físico, até os grandalhões que fizeram seu nome na NBA com sua força como o Shaq têm que pegar leve na defesa e deixar uma bandeja ou outra passar com medo de ficar com problema de falta e sair do jogo. Mas não vou fazer o Shaq de todo coitado na história porque o quarto anel dele de campeão veio muito em parte por causa das centenas de faltas que marcaram no Wade naquela final contra o Dallas. Era só o fiozinho loiro do cabelo do Dirk encostar no Wade que era falta. E não era nem que o Wade fingia que era falta como o Ginobili faz, jogando os braços pro alto como um idiota. O Wade tentava ir pra cesta como sempre, mas no caminho o juiz não se aguentava e apitava. No jogo final, por exemplo, o sexto, Wade sozinho chutou 21 lances livres contra 23 de todo o time do Mavs. Em um jogo decidido por 3 pontos isso faz a diferença.

2. O Phoenix Suns é o outro motivo. O Suns, com sua correria, não era novidade na NBA, quando Nash estava no Dallas já era tudo no esquema porra-louca com 4 armadores e mais o Dirk em quadra, todo mundo chutava de 3 e que se foda a defesa. Mas a NBA parece não ter levado muito em conta o time já que eles nunca pareciam ter realmente chance de título e também porque o técnico era o Don Nelson, que todo mundo já aprendeu a aceitar como um doido a não ser copiado (embora até dê resultado as loucuras dele).

No Suns, o esquema era corrido mas menos doido, com bem menos improvisações, o time rendia muito bem e pareceu (e ainda parece) que tem chance sim de desbancar o Spurs e ser campeão do Oeste. Isso animou muita gente. Animou as torcidas que sempre querem ver o Suns jogar, ele é reconhecidamente o time mais gostoso de se ver atuar, está sempre na lista de melhores momentos, empolga até quem não torce pra eles e lota os ginásios adversários. Aí todo bom manager que ganha milhões pra ter idéias geniais e controlar os times mais ricos do basquete mundial disse "vou copiar esses carinhas".

E começou uma onda de querer correr mais. O exemplo mais claro disso é o Sonics desse ano. Um time obviamente limitado, cheio de pivetes e sem nenhuma ambição além de desenvolver os seus pirralhos. Pra que então ficar tentando montar um esquema que no fim vai falhar mesmo? Vamos correr, marcar muitos pontos, aproveitar nossa juventude e aproveitar os dias em que as bolas estão caindo. Deu muito certo, foram muitos os jogos que eles se recuperaram ou abriram boas vantagens só na correria e nas bolas longas que o Suns consagrou. O Sonics perde os jogos depois, é verdade, mas quem corre sabe que decidir os jogos na correria é mas difícil, é só ver a série do Suns e do Spurs no ano passado pra confirmar.

Outra coisa que deu certo com esse Suns e virou moda na NBA é o small ball. Small ball signigfica jogar com jogadores mais baixos. Quando o Nash chegou no Suns era óbvio que o Shawn Marion era small forward (SF) e o Amaré era power forward (PF), mas como não tinham pivôs além do Voshkul, resolveram botar o Amaré de pivô e o time ficou de repente mais rápido e até mais eficiente, chegando-se depois ao cúmulo de colocar o Diaw, que chegou lá pra ser armador, de pivô só porque ele é um bom passador. Depois desse sucesso, inúmeros times passaram a promover seus alas de força a pivô, seja no time titular ou durante muitos minutos vindos do banco. Al Jefferson está jogando de pivô no Wolves, Okafor que chegou na NBA listado como power forward joga de pivô, Webber já foi pivô no Pistons, Jermaine O'Neal jogou muito de pivô no Pacers, Garnett tem seus minutos de pivô no Celtics, e no jogo de hoje entre Charlotte Bobcats e Toronto Raptors houve um momento em que o jogador mais alto do Bobcats na quadra era o Gerald Wallace, um small ball total digno de campeonato de colégio em que ter 1,90m significa dominar os rebotes e bater em quem reclama demais.

Mas uma coisa tem que ficar clara: a correria do Suns rende mais pontos, mais público, mais fãs e isso atraiu os técnicos e os managers, mas não podemos esquecer que o small ball é bastante influenciado pela falta de bons pivôs. São 30 times e não temos 30 bons pivôs na liga. Também não é garantia de mas vitórias um ataque mais poderoso, o que não falta é time que faz 110 pontos e toma 120. A diferença é que o ginásio enche, a gente se diverte mais em casa e os jogadores parecem melhores no boxscore.

- No domingo, no dia da contusão que não é séria do Duncan, o Horry voltou de sua contusão e errou seu único arremesso tentado além de dar dois tocos. Sua declaração depois do jogo foi a seguinte: "Tenho zero pontos e dois tocos de média agora. Me chamem de Ben Wallace."

6 comentários:

Felipe disse...

Adoro jogo do Suns, adoro o novo jogo do Sonics... Gosto de correria pois sempre preferi jogar basquete com contra-ataque do que ficar cadenciando a bola, é muito chato...
E o que o Horry tem de velho, ele tem de bom humor! hehehehe!

Anônimo disse...

Grande Horry, já pode integrar a equipe do blog. rs

A notícia do dia é VAREJÃO NOS BOBCATS.

Okafor deve ser fixado como pivô e Varejão, enfim, será titular.
Ou alguém acredita em Primoz Brezec?
Vale um post...

Danilo disse...

Não sou lá muito bom pra entender essas regras contratuais da NBA mas se o Bobcats ofereceu algo próximo do que o Cavs estava oferecendo, não vejo razão para o Cavs não igualar a oferta e aí o Varejão é obrigado a voltar para Cleveland. Então vamos esperar, se sair a confirmação sai um post sim.

O Horry e o Arenas seriam bem-vindos pra escrever no blog, se alguém aí for amigo deles, pode falar que eu gostaria de entrar em contato. ;)

Anônimo disse...

o hoopshype parece que confirmou ja, alias noticia q foi lançada pelo Uol Esporte

Danilo disse...

Confirmado está, mas o Cavs tem uma semana para igualar a oferta e ficar com o Varejão, o que, na minha opinião, é bem provável que aconteça: o contrato que o Bobcats pode oferecer não deve ser muito alto não.

Vinicius Giannini disse...

É... E o run and gun é o tipo de jogo mais divertido de se assistir. Com certa folga ainda.

Ontem eu assisti a Warriors x Magic. Mesmo no final do jogo, com o placar parelho, o Warriors não tinha outra jogada a não ser chegar na linha de três e arremessar, ou passar a bola pro Baron Davis ou Monta Ellis e um dos dois tentar a infiltração. Eles não tem uma jogada sequer planejada, hahahaha. Para sorte do Warriors, o Turkoglu é da mesma escola e fazia o mesmo no ataque do Magic.

Pena que o Davis foi eliminado antes da OT e o Warriors acabou perdendo.

Um dia ainda terei o prazer de ver os times chatos eliminados na primeira fase dos playoffs, restando apenas os comandados por técnicos que já tiveram passagens por hospícios.

A NBA torna-se muito mais divertida e emoticionante desta forma...