O Cavs até quebra um galho

Quando o LeBron não joga, o maior motivo pra torcida
comemorar é não ser corinthiana

Enquanto o Corinthians lutava para não ser rebaixado, fiquei um pouco vesgo tentando acompanhar o jogo na TV ao mesmo tempo em que via a revanche do Celtics contra o Cavs no computador. Como bom são paulino, campeão brasileiro com tanta antecedência que se fosse joguinho de 21 no basquete o São Paulo teria extrapolado em pontos e voltaria pra 11, pude me dar ao luxo de parar às vezes de ver a torcida do Corinthians chorando pra ver o duelo em Boston.

Há um tempo atrás eu disse que o Cavs sem o LeBron seria, facilmente, o pior time da NBA. Com isso em mente, assisti o jogo para ver se isso era verdade na prática e para ver (com a mesma dúvida que o Denis nesse post aqui) quais jogadas o Cavs faz sem sua estrela, para quem vai a bola nos segundos finais.

O LeBron, com o dedo torcido, até poderia ter jogado. Se ele estivesse incapacitado e colocassem ele sentado perto do garrafão, aliás, ele ainda poderia ter jogado sem nem se levantar. Mas a equipe técnica achou melhor deixar o LeBron mostrar o terno novo e poupar o garoto para jogos que não sejam contra três futuros Hall da Fama.

Tanto para os fãs do Celtics (que acreditam num campeonato fácil como foi o do São Paulo) quanto para os fãs do Cavs (que acham que sem o LeBron o time vai sofrer como o Corinthians) o jogo foi surpreendente. Como assim o time está calmo, girando bem a bola, trocando passes rápidos, tendo um jogo de garrafão? Só me certifiquei de que estava mesmo assistindo um jogo do Cavs quando o Damon Jones errou um arremesso.

A defesa do Cavs, que sempre foi o ponto forte, atormentou a vida do Celtics num nível absurdo. O ataque fluia e as bolas caiam para o lado do time de Cleveland. Mesmo sem LeBron a equipe manteve o controle do jogo pela maior parte do primeiro tempo com grandes atuações no garrafão de Gooden e Ilgauskas. Esfreguei meus olhos várias vezes, guardei a cachaça e prometi que ia parar com isso. Me preocupei pelo Celtics, pelos seus fãs duendes, pelas bexigas verdes que já devem estar sendo compradas para o dia da Final do Leste, pelos anéis que já estão no correio. Se o time de Boston sofre tanto assim com defesas bem executadas e passa longos períodos de tempo sem conseguir fazer o ataque fluir, será que estamos superestimando os Super-Amigos?

Aí enquanto eu dava uma espiada no Goiás perdendo mais pênaltis do que o Duncan já contou de piadas na vida, o Boston fez um 18 a 4 no placar em um punhado de minutos e fechou o primeiro tempo vencendo por 4. Daí pra frente foi um passeio verde, o Cavs se desesperou, o Damon Jones provou que é o melhor arremessador do mundo acertando uma bola de 3 (e errando outras 5!) e não teve pra ninguém.

O Celtics pode passar por uns sofocos, pode ser meio desorganizado e se apagar às vezes, mas é talento demais junto para que times medianos ou fracos possam aguentar. A dúvida continua sendo a mesma: o que vai acontecer quando o Celtics apagar contra o Spurs ou o Suns, por exemplo, em 7 jogos nos playoffs?

Já pelo lado do Cavs, é justamente o contrário. Eles podem até se organizar às vezes e jogar com uma rara inteligência, mas é talento de menos para durar assim por muito tempo. Sem o LeBron, o Cavs estaria condenado a só vencer o Bulls.

Um lado positivo da partida, vale constar, é que o Dwayne Jones pegou 10 rebotes (6 ofensivos) com mais 6 pontos e 2 tocos em apenas 18 minutos. Nunca teve muitas chances na carreira mas pode anotar aí: ele vai ser o ganhador do Troféu Cabeleira para o melhor sucessor de Varejão. Que, por sua vez, ganhou o Troféu Família Gorda como melhor sucessor de Latrell Sprewell. Lembram que o Spree nunca mais conseguiu um emprego depois de dizer que precisava de um contrato alguns milhõezinhos maior porque precisava "comprar o leite das crianças"? Ele deve ter uns 5 filhos do tamanho do Eddy Curry em casa...