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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O fim do Jazz

-Como tá aí, Robin?
-Tá ruim


Lembra do último título do Spurs em 2007? Não faz tanto tempo, mas tanta coisa mudou na NBA que até parece que faz. Lembram que naquele saudoso playoff o último time do Oeste a ser batido por Duncan e sua gangue foi o Utah Jazz? Se eu me lembro bem aquele time do Jazz tinha Deron Williams, Carlos Boozer, Andrei Kirilenko, Mehmet Okur, CJ Miles, Ronnie Brewer. Todos esses, eu disse TODOS, ainda estão no time.

Daquele elenco eles perderam caras como Louis Amundson, Gordan Giricek, Jarron Collins e também um jogador de basquete, o Derek Fisher. Em compensação hoje em dia eles tem Kyle Korver, Paul Millsap e o bom (embora limitado) novato Wesley Matthews. O técnico é o mesmo, claro, Jerry Sloan, que treina o Jazz desde a liga da Pangéia.

Então alguém me explica como, em tão pouco tempo, um time quase igual, que mudou apenas adicionando peças melhores, caiu de vice-campeão do Oeste para nono colocado da mesma conferência. Apareceram novos times de lá pra cá, o Lakers melhorou, o Nuggets, o Blazers, mas o Jazz não caiu para quinta força, caiu para fora dos playoffs. Nem em casa eles tem jogado com a mesma força. Em 2007 foram 10 derrotas em casa na temporada regular, no ano seguinte apenas 4, na temporada passada foram 8 e agora, com apenas 1/3 da temporada jogada, já estão com 6 derrotas.

A última foi ontem, contra o New Orleans Hornets. O time do Chris Paul é outro que despencou de qualidade de uns anos pra cá, mas pelo menos eles tem a desculpa de que o Peja Stojakovic joga como uma pessoa de 63 anos. Mas o importante desse duelo é que o Hornets sempre foi freguês do Jazz, o Chris Paul é melhor que o Deron Williams sempre, menos quando enfrenta o Deron cara a cara.

Aí no jogo de ontem o CP3 não apenas venceu o duelo, na casa do Jazz, como o fez com uma jogada decisiva sobre o seu rival. O Hornets vencia por 4 pontos, tinha a posse de bola e 40 segundos no relógio. Aí o Chris Paul perdeu a bola e o Jazz puxou o contra-ataque, o Deron Williams mirou um passe picado para o Andrei Kirilenko que iria deixar o jogo com apenas uma posse de bola de diferença. Mas aí o Deron foi o Raí e o Chris Paul foi o Dida. Pulou quase no chão para interceptar o passe e não só bateu na bola, ele a agarrou, tomou controle dela, foi para o ataque e fez a bandeja que matou a partida. Quando você perde até para quem é seu freguês é porque a coisa tá ficando feia.

O padrão nesses casos de bom elenco que não alcança o esperado é mandar o técnico embora. Mas é mais fácil todo mundo que recebe o Bolsa Família pedir pro Lula sair da presidência do que o Jazz tirar o Sloan do comando da equipe. Não é à toa então que hoje saiu uma notícia dizendo que a equipe está tentando trocar todo mundo, menos o Deron Williams.

É triste ver um time com um elenco tão espetacular como esse do Jazz pensando em desmontar uma equipe depois de ter conseguido apenas uma final de conferência, mas não vejo outra solução também. Se depois de tantos anos dando chances os resultados não apareceram, é melhor usar os contratos expirantes de Boozer e Okur para conseguir alguma coisa boa em troca do que depois perder os dois e ficar sem nada.

Enquanto para o Jazz é o fim de uma era estranha, que não foi ruim mas poderia ter sido muito melhor, para a NBA pode significar grandes mudanças. Assim como a troca do Pau Gasol redefiniu os rumos do Oeste e da NBA há duas temporadas, o Boozer e o Okur mudando de time podem muito bem dar um novo desenho para a liga. Já pensou se o Spurs consegue qualquer um dos dois para fazer dupla de garrafão com o Duncan? Ou se o Heat acha um parceiro mais confiável que o Jermaine O'Neal para o Wade? Ou se o Blazers consegue alguém que não ande de cadeira de rodas? Vai ser bem divertido acompanhar os rumores de troca agora que o Jazz deixou claro que está em reconstrução. Porque uma coisa é o Knicks oferecendo o Jerome James por aí, outra é o Boozer disponível.

Futuro à parte, eu realmente ainda estou intrigado para saber como o Jazz caiu tanto e chegou nessa situação. Fui então atrás de números que pudessem indicar o que mudou nesses últimos anos. Vendo os números de Offensive e Defensive Rating deu pra ver onde o time se lascou. Pra quem não sabe, esses são os números que medem quantos pontos o time faz (offensive) e sofre (defensive) a cada 100 posses de bola. Ao contar por posse de bola e não por jogo esse número iguala as equipes que jogam em ritmos de jogo diferentes.

Na temporada 2006-07, quando alcançou a final do Oeste, o Jazz tinha o terceiro melhor ataque da NBA nessa contagem, 110,1 pontos a cada 100 posses de bola. No ano seguinte, quando teve aquela espetacular campanha de apenas 4 derrotas em casa, ficou com o melhor ataque da NBA inteira. No ano passado o time caiu para oitavo e nesse ano está em 15º.

Na contagem defensiva, em compensação, o time está até melhor. Era o 18º, depois passou pro 12º, 10º e hoje é o 11º melhor time na defesa da NBA.

Ou seja, o time piorou porque não sabe mais como fazer pontos. Apesar de ter hoje o Korver, de ter o Millsap vindo do banco, o time não faz mais pontos como fazia antigamente. São 7 pontos por jogo a menos em comparação com a temporada 2007-08 e a queda de 15 posições entre os melhores ataques da temporada. Dá pra culpar a previsibilidade do time, que sempre jogou bastante igual, mas se jogar igual fosse defeito o Spurs não teria 4 anéis de campeão. O que eu percebo vendo o time, e não só os números, é que o Jazz não se movimenta como se movimentava antes.

Antes era um saco enfrentar o Jazz porque eles eram uma equipe paciente. Ficavam rodando o garrafão fazendo milhares de cortes em direção à cesta, com bloqueios de todos os jogadores até que alguém sobrava embaixo da tabela, recebia um bom passe e fazia a cesta. Além disso tinha o infalível pick-and-roll entre Boozer e Deron Williams. Não vi todos os jogos do Jazz na temporada, afinal eu tenho mais o que fazer, mas assisti um bocado e parece que os dois executam cada vez menos essa jogada. Preferem deixar o Deron levar alguém no drible ou isolar o Boozer de costas para a cesta contra o seu marcador.

O Jazz que era o time da coletividade, do toque de bola inteligente, cada vez mais investe em jogadas individuais. Na partida de ontem contra o Hornets eles perderam por não saber executar jogadas simples no fim do jogo. E perderam porque na hora da decisão o Hornets fez o básico e fizeram as jogadas de dupla entre o Chris Paul e o David West com um terceiro jogador, o Devin Brown, aparecendo quando tinha dobra na marcação. Não era o Jazz que jogava com essa simplicidade?

Se eu tivesse que dar uma explicação para o grande Jazz que nunca foi, diria que eles perderam a simplicidade na hora de jogar. Era o maior trunfo deles em jogos complicados e eles não tem mais isso, é mais um time (tipo Clippers, Nets, Sixers) que tem um monte de jogador bom em que um assiste o outro tentar fazer alguma jogada bonita. E perdem.

domingo, 8 de março de 2009

O time mais legal é o da torcida mais chata

Companheiros ajudam Deron a se levantar
depois dele cometer um assassinato



E aí pessoal, gostaram do layout novo com a Alinne Moraes? Acharam que a opção dela na enquete era brincadeira mas não era não, ela ganhou e levou. Ela agora só precisa ficar sabendo e vir me agradecer pessoalmente aqui em casa. E já respondendo a um comentário, é impossível mudar o layout toda semana, o nosso amigo que faz isso para gente, o Felipe, tem uma vida própria e não ganha nada pra isso. Mas pagando ele faz um diferente por dia, tudo é negociável.

Mas por mais interessante que esteja o layout, não estamos aqui para falar da Alinne Moraes, estamos aqui para falar dos nossos mórmons favoritos, o Utah Jazz!
Depois de uma sequência de 4 derrotas no final de janeiro, eles pegaram o jeito, embalaram e venceram então 13 dos últimos 15 jogos, sendo dez vitórias seguidas.

Praticamente todos os times da NBA tem, durante uma temporada, sequências de muitas vitórias ou derrotas. Alguns mais frequentes, outros uma vez só, normal em uma temporada que consegue ser mais longa que o último filme do Senhor dos Anéis. Então, para enxergar um pouco mais profundamente essa boa fase, entender o que mudou para ela acontecer justamente agora, temos que responder a algumas perguntas:

1- O elenco ou a rotação do time mudou durante esses jogos?

Sim e não. O Carlos Boozer voltou nos últimos 5 dos 10 jogos vencidos, mas só jogou bem e bastante tempo nos últimos 3. Ele ajuda muito e como disse em outro post, é bem mais completo que o Millsap, mas dar essa sequência de vitórias só à volta do Boozer seria demais. Podemos dar a ele o mérito pela nona vitória, a contra o Houston, em que ele foi o melhor jogador em quadra. Mas nada além disso.

As outras mudanças na rotação do time foram temporárias e no fundo só deveriam atrapalhar, já que perderam Kirilenko e Okur durante alguns jogos.

2- Algum jogador jogou muito acima da média?
Claramente sim! No complicado sub-mundo dos armadores da NBA, o Deron Williams é um quadrinho do Watchmen cercado por filmes do Watchmen, a diferença é brutal. Tirando o Chris Paul, que tá sempre jogando bem, o resto da NBA não chega perto ao que o Deron está fazendo nos últimos jogos.

Em números é impressionante, como quando deu 20 assistências contra o Warriors, mas em quadra a diferença é maior ainda. A combinação de bom arremesso de meia distância, ótimo drible e companheiros se movimentando o tempo inteiro prontos para o passe é fatal. O arremesso é para quem o marca à distância, o drible pra quem tenta grudar nele e mesmo se o marcam bem o resto do time se movimenta muito bem e a visão de jogo do Deron está sempre em dia.

3- Enfrentaram adversários muito fracos?
Não. Pegaram, nessa sequência de 13 vitórias em 15 jogos, times como Lakers, Celtics, Rockets, Mavericks, Hornets e Nuggets. E contra os times fracos que venceram- Kings, Wolves, Warriors, Grizzlies, Thunder- a diferença mínima de pontos na vitória foi de 8 contra o Warriors, de resto sempre beirou os 20.

4- Jogaram muitos jogos em casa?
Sim. Das dez vitórias em sequência, 8 foram em casa. Fora, foram só os jogos contra Wolves e Warriors, duas mamatas. Isso não desvaloriza o fato, apenas reforça a idéia que temos desde o ano passado de que o Jazz é um dos melhores times da NBA quando joga em casa e um time um pouco mais comum, embora ainda muito bom, quando joga fora.

5- O time se superou em alguma categoria em que antes fedia?
Comparando os últimos 15 jogos com os números do resto da temporada, vemos números:

Melhores em: rebotes ofensivos, roubos, assistências e pontos.
Números praticamente iguais em: pontos dos oponentes, rebotes defensivos, aproveitamento dos arremessos.
Números piores em: faltas, turnovers e tocos.

Todos aí têm sua explicação. Número maior de faltas e turnovers mostram que o time está mais agressivo tanto no ataque quanto na defesa. No ataque deu certo porque o número de assistências cresceu junto, na defesa nem tanto já que os tocos diminuíram e o número de pontos dos oponentes continuou o mesmo. A diminuição de tocos também pode ser explicada pela volta do Boozer, que é um Zach Randolph em termos de toco, bem pior que o Paul Millsap.

As melhoras ocorreram em rebotes ofensivos, em que o Boozer ajudou bastante, e em quesitos em que o Deron Williams é líder do time, ou seja, em boa fase os números crescem mesmo.

As mudanças podem ser explicadas basicamente pela boa fase do Deron, pela volta do Boozer e pela maior agressividade do time na defesa e no ataque, agressividade essa que é marca registrada desse time do Jerry Sloan.


Depois de entender melhor o que aconteceu, o que eu e todo mundo pergunta é: Tá, mas e aí, tudo isso vai continuar acontecendo ou é só passageiro?

A sequência de vitórias obviamente uma hora acaba. Tem grandes chances de acabar dia 15 contra o Magic, em Orlando, um dia depois do Jazz ter pego o Miami. Mas o importante é se eles vão continuar jogando nesse nível. Eu acho que sim, mas para o título deveriam melhorar ainda mais.

No começo da temporada, pensava no Jazz como aquele time quase perfeito. Quase. E que iria passar anos chegando em finais e semi-finais de conferência, sempre dando trabalho mas nunca levando o caneco. Ainda acho isso, mas o time tem funcionado tão bem, mas tão bem, que já coloco eles como terceiro melhor time do Oeste hoje, atrás apenas de Lakers e Spurs, e podendo vencer eles a qualquer momento.

Para o Jazz ser um time com chance de título, eles teriam que ou se tornar o Magic e jogar melhor fora de casa do que dentro ou chegar aos playoffs com mando de quadra contra todo mundo. Eles até têm chance de mando de quadra contra muita gente, já que com 39 vitórias, contra 40 de Houston e Denver e 41 do Spurs, ainda há tempo de talvez chegar em segundo no Oeste. E é inegável como eles teriam muita chance de ficar em segundo ou até brigar pela primeira vaga se não fossem as contusões do Deron e depois do Boozer.

Podemos tirar a dúvida no ano que vem talvez, mas no ano que vem o Boozer pode não estar ainda lá. Se não estiver, aí a minha previsão deles serem para sempre um time "quase" vai se confirmar.

Mas existe um conforto para os torcedores do Jazz. Ou melhor, dois. O primeiro é que eu estou errando previsões o tempo inteiro (embora vá acertar que o Bobcats vai aos playoffs, aguardem!). A outra coisa é a compensação que os torcedores do Suns tinham nos anos anteriores: o seu time não vai ganhar mas é o com basquete mais bonito na NBA.

Quem não tem visto o Jazz jogar pode estar surpreso. Quem sabe como eu sou apaixonado pelos triângulos do Lakers funcionando à perfeição também, mas hoje o Jazz é o time com jogo mais bonito na liga inteira. Prestem atenção no jogo de meia quadra, como todo jogador não só sabe onde fazer o corta-luz como também sabe fazer o corta, com muita força, impedindo o defensor de passar. E todo mundo sabe como cortar para a cesta depois do corta-luz, é o desespero de qualquer time que não sabe proteger o garrafão. A execução é perfeita, ninguém fica parado nunca e é um tesão para quem gosta da parte tática do jogo.

Pra quem tá pouco se fodendo pra tática e só quer ver show, o Jazz também serve. Até ano passado não servia, mas nesse ano os contra-ataques liderados por Deron Williams, CJ Miles e Ronnie Brewer não ficam devendo nada pra ninguém, é junto com Lakers e Sixers os melhores times jogando na transição. Falando sério, mesmo que seja para torcer contra, assista o Utah Jazz jogar, você não vai se arrepender.

Como dançarinos não deixam nada a desejar também: