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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Avaliação anual de pivetes - Draft 2010

Samardo Samuels. Nem precisa de legenda.


Quando a gente começou o blog uns bons anos atrás, não éramos tão chatos como somos hoje. Uma prova disso é que bem de vez em quando a gente até entrava na brincadeira de fazer apostas, palpites e futurologia. Comparar jogadores a gente sempre foi contra e vamos morrer sem fazer isso! Nem em 1º de abril eu faço um post comparando Kobe e LeBron. Mas nos últimos dois anos fizemos posts (Draft 2008, Draft 2009) que analisavam a classe de novatos e arriscávamos, baseado no que vimos no primeiro ano, qual poderia ser o futuro de cada uma dessas crianças nos próximos cinco anos.

Conceitualmente eu hoje não gosto desses posts que fiz. Acho que no fim das contas é um jeito barato, fácil e meio vazio de analisar os novatos. Mas ao mesmo tempo é bem prático, já que são mais de 30 por ano é difícil falar individualmente de cada um deles e a generalização da lista, seguida de alguns comentários específicos, cobre esse espaço na nossa cobertura. Na dúvida entre fazer e não fazer acabei decidindo por manter a tradição e analisar a classe de novatos do Draft 2010 ao mesmo tempo que faço minha magia negra para saber o futuro de cada um. Não é perfeito, mas pelo menos alguma coisa temos que manter todo ano nesse blog. Você se pergunta se deve confiar nessas previsões? Eu não acreditaria, mas você pode tirar as suas conclusões baseado no que dissemos no passado. Uma parte divertida desses posts é analisar o que eu já disse sobre os então novatos que hoje já são até candidatos a MVP.

Mas antes de mais nada vocês precisam saber os critérios. Dividimos as crianças em 8 grupos futurísticos, prevendo o que eles vão ser daqui uns anos. São critérios altamente científicos:

1.Mega Estrelas: São aqueles jogadores que vão jogar bem todo dia, que vão liderar franquias, que vão vender doces, biscoitos, tênis e celulares com seu nome, serão entrevistados pela Angélica e vão participar de vários All-Star Games.
Exemplos: LeBron James, Kobe Bryant, Tim Duncan, Derrick Rose.

2. Estrelas Light: Sem áçucar, a estrela de soja só é uma estrela dependendo do desempenho do time na temporada. O cara só é cotado para participar do All-Star Game se o time está bem. Geralmente esse atleta é mais discreto e não é unanimidade entre os fãs, apesar de serem excelentes.
Exemplos: David West, Pau Gasol, Stephen Jackson, Chris Bosh.

3.Caolho em terra de cego: Caolho em terra de cego é rei, mas ainda é caolho e não pega mulher. Esse tipo de jogador é muito melhor que a maioria da NBA mas ainda não pode se achar tudo isso.
São os jogadores que obviamente tem muito talento mas que nunca vão ser cogitados para liderar um time a uma campanha vitoriosa como uma primeira opção, são aqueles caras que só funcionam sendo a terceira opção do time. Em geral são jogadores que sofrem um certo preconceito porque um dia acharam que eles seriam Estrelas Light, ou sofrem pressão porque são novos e acham que podem virar uma Mega Estrela.
Exemplos: Lamar Odom, Michael Beasley, Jason Terry.

4. Role Player Integral: Cheio de gordura mas sem ser o Zach Randolph, são aqueles caras que têm um papel específico no time e que sempre fazem esse papel muito bem. Eles são os jogadores limitados mas que, o que sabem fazer, fazem com perfeição. Costumam ser o sexto-homem de um bom time.
Exemplos: Shane Battier, Eddie House, James Posey, Arron Afflalo.

5. Role Player Desnatado: Se não tiver integral vai desnatado mesmo. Têm a mesma função dos role players integrais mas são incompetentes demais para serem regulares e confiáveis. É o tipo de jogador que joga bem em casa e mal fora ou bem contra time ruim e mal contra time bom.
Exemplos: Sasha Vujacic, Chris Andersen, Zaza Pachulia, JJ Barea

6. Zé Alguém: São aqueles caras que você sabe que estão na NBA, que participam dos jogos, mas que em um jogo disputado e que vale alguma coisa nunca vão estar em quadra nos momentos finais a não ser que algo bizarro aconteça (muitas contusões, muitos jogadores eliminados por falta, chantagem atômica).
Exemplos: Hilton Armstrong, Ryan Hollins, Charlie Bell, Jason Collins

7. Pedaço de carne desforme e imprestável: É aquele tipo de jogador que entra ano, sai ano e por algum milagre divino o cara continua com contrato. Na prática é só um pedaço de carne desforme e imprestável que nunca entra em quadra, só esquenta banco, entrega gatorade, aplaude e depois da temporada arranja outro time pra fazer a mesma coisa. Eles estão na liga mas não jogam.
Exemplos: Sean Marks, Brian Cardinal, DJ Mbenga


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Uma coisa engraçada é que só para postar essa explicação eu já preciso dar uma editada nos exemplos porque algumas coisas mudam de ano para ano. Colocar o Rajon Rondo na categoria 3 parece estúpido hoje, assim como colocar o Lorenzen Wright como Pedaço de Carne Desforme e Imprestável é cruel depois que o coitado foi assassinado! Só isso já mostra como essas previsões são perigosas, mesmo jogadores já estabelecidos na NBA mudam muito de ano pra ano com treino, novas funções, novos times. Para os novatos tudo acontece com ainda mais intensidade. Então que fique claro, as previsões são baseadas mais no que cada um fez nesse ano, é mais um estudo do passado do que um feeling (tem que falar com o nariz empinado) irracional do que vai acontecer no futuro.

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Essa foi a minha lista do Draft de 2008:





1. Mega Estrelas: Derrick Rose e OJ Mayo
2. Estrelas Light: Brook Lopez, Michael Beasley, Russell Westbrook, DJ Augustin, Greg Oden
3. Caolhos em terra de cego: Kevin Love, Eric Gordon, Jason Thompson, Jerryd Bayless, Rudy Fernandez
4. Role Player integral: Danilo Gallinari, Courtney Lee, George Hill, Nicolas Batum, DeAndre Jordan, Mario Chalmers, Marc Gasol
5. Role Player desnatado: Brandon Rush, Mareese Speights, Roy Hibbert, JaValle McGee, Ryan Anderson, Darrell Arthur, Luc Mbah a Moute, Mike Taylor, Anthony Morrow
6. Zé Alguém: Joe Alexander, Robin Lopez, Anthony Randolph, Donte Greene, Chris Douglas-Roberts, Kyle Weaver
7. PCDI: Kosta Koufos, Goran Dragic
0. Estarão fora da NBA: Alex Ajinca, DJ White, JR Giddens

No ano passado mesmo eu já tinha admitido algumas derrotas: Percebi logo que tinha subestimado o Kevin Love e o Jason Thompson, que vinham jogando bem. Mas bastou mais um ano pra tudo mudar, o Love é ainda mais espetacular do que eu poderia imaginar e o Jason Thompson, nunca entendi bem o motivo, perdeu espaço no Kings. Também tinha percebido que o Goran Dragic era melhor do que as minhas pessimistas primeiras impressões de pirralho inseguro. Não vejo ele ainda com condição de ser titular em nenhum time, mas obviamente o cara é bom. E já no ano passado admiti o erro em pensar que o Danilo Gallinari seria só um arremessador. É bom ler os meus arrependimentos passados para não me darem as broncas que já me deram um ano atrás!

Com o OJ Mayo eu ainda tinha esperanças, mas elas se foram nesse ano. Ele não conseguiu se firmar como armador principal, nem titular e nem reserva, que era o seu plano na offseason. Também não melhorou o seu arremesso e na defesa ficou estagnado. Como resultado perdeu a posição no time justamente para o cara com quem teve uma briga de socos e pontapés, Tony Allen, que revolucionou a defesa de perímetro do Grizzlies. Por pouco não foi trocado do Memphis e se for embora não vai fazer falta. É bom, pode ser titular ou 6º homem por aí, mas não é indispensável.

Nessa classe ainda podemos ficar preocupados com Michael Beasley e Brook Lopez, que entra ano e sai ano continuam com os mesmos defeitos. Se o Beasley não defender e não pensar mais em quadra, e se o Lopez não começar a pegar mais de um rebote a cada 100000 minutos em quadra, fica difícil ser chamado de estrela. Em compensação, mal aê Westbrook, respeito.

Essa análise é um bom exemplo de como a gente tem que ter muita paciência com vários jogadores. Os Blake Griffins desse mundo que já chegam jogando como se fossem veteranos são raros, o normal é ir com calma e é muito difícil adivinhar quem deslancha ou não. Alguns novatos até jogam poucos minutos e a gente, que não assiste treino, fica dando tiro no escuro. Lembro disso porque no começo dessa temporada, quando só Blake Griffin, Landry Fields e John Wall estavam se destacando entre os novatos, muita gente já queria decretar o Draft passado como o pior desde o trágico grupo de 2001. Calma lá, sem ejaculação precoce.

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Para o Draft 2009 a minha lista foi essa:



1. Mega Estrelas: Tyreke Evans e Brandon Jennings
2. Estrelas Light: Stephen Curry
3. Caolhos em terra de cego: Ty Lawson, Jonny Flynn, Omri Casspi, James Harden
4. Role Player integral: Jordan Hill, DeMar DeRozan, Hasheem Thabeet, Terrence Williams, Chase Budinger, Jonas Jerebko, DeJuan Blair
5. Role Player desnatado: Earl Clark, Jrue Holiday, Tyler Hasnbrough, Rodrigue Beaubois, Wesley Matthews, Marcus Thornton, Darren Collison, Eric Maynor, Jeff Pendegraph
6. Zé Alguém: James Johnson, Jon Brockman
7. PCDI: Gerald Henderson, Austin Daye
0. Estarão fora da NBA: BJ Mullens

Sabe que eu estou até orgulhoso dessa lista? Um ano depois e eu não mudaria lá muita coisa. Quer dizer, mudaria bastante, é verdade, mas nada muito drástico ou absurdo. O interessante dessa lista é que as minhas mudanças são quase que todas para cima. Vários jogadores podem subir um ou dois degraus nessa lista. É o caso de DeJuan Blair, que se estabeleceu como titular no Spurs, DeMar DeRozan, menos cagão, Chase Budinger, bom titular no Rockets desde a saída do Shane Battier, Marcus Thronton, melhor notícia do Kings na temporada. Ainda tem o Darren Collison, certamente mais que só um role playerTyler Hansbrough, que  renasceu depois da mudança de técnico, Jrue Holiday por muitas vezes é o melhor jogador do Sixers e Wesley Matthews, no fim das contas, realmente vale toda aquela fortuna insana que o Blazers desembolsou para tirá-lo do Jazz.

Os que menos melhoraram foram justamente os melhores. Tyreke Evans e Stephen Curry sofreram com contusões, é verdade, além de estarem em times ridículos, mas esperava-se mais deles. Já o Brandon Jennings tem seus altos e baixos, coisa que deveria ter acabado mas que é compreensível em um time em que todo o sistema ofensivo sempre foi meio capenga. De qualquer forma, não acho que fiz nenhuma previsão absurda.

Os maiores erros, de novo, foram menosprezando bons jogadores. Depois de primeiros anos apagados, o Gerald Henderson e o Austin Daye têm mostrado talento. Naquela coisa dolorosa que é ver o Pistons jogar, as únicas coisas que não machucam os olhos são o renascimento do Tracy McGrady, o Rip Hamilton jogando por um novo contrato e a ascenção do Austin Daye. Ele tem um estilo meio Tayshaun Prince que pode render muito no futuro ao lado do Jonas Jerebko, boa promessa que perdeu toda essa temporada contundido.

Os poucos que caíram de nível foram o Terrence Williams, máquina de triple-doubles só na D-League, que não acha espaço no Rockets. Earl Clark, ainda longe do potencial anunciado mesmo com alguns bons momentos no Magic, e Hasheem Thabeet, que tem jeitão de ser um daqueles caras que é encarado promessa por 10 anos. Mas nunca se sabe, né? Tyson Chandler demorou uma eternidade até virar bom jogador, tudo pode acontecer. Também tem o Jonny Flynn, que mal consegue se firmar num time fraco como o Wolves mesmo depois de um primeiro ano com algumas boas atuações. Ele me lembra o TJ Ford, veloz demais e com algumas boas jogadas que dão a impressão de que o cara é um gênio, mas quanto mais você assiste mais percebe como ele está perdido em quadra. Talvez o esquema tático do Wolves não ajude, talvez ele esteja sempre perdido mesmo.

Para ler o post do ano passado quando eu elaborei a lista, clique aqui. 

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E, finalmente, minha lista para o Draft 2010:






1. Mega Estrelas: John Wall, Blake Griffin
2. Estrelas Light: DeMarcus Cousins, Wesley Johnson
3. Caolhos em terra de cego: Greg Monroe, Evan Turner, Derrick Favors, Paul George, Landry Fields, Jordan Crawford, Tiago Splitter
4. Role Player integral: Patrick Patterson, Gordon Hayward, Eric Bledsoe, Ed Davis, Gary Neal
5. Role Player desnatado: Trevor Booker, Samardo Samuels, Ekpe Udoh, Cole Aldrich, Xavier Henry, Al-Farouq Aminu
6. Zé Alguém: Luke Harangrody, James Anderson, Luke Babbitt, Greivis Vásquez, Avery Bradley
7. PCDI: Dexter Pittman
0. Estarão fora da NBA: Daniel Orton


Eu confesso que coloco o Evan Turner nessa posição por um pouco de acaso. Tive sorte ao assistir vários jogos do Sixers em que o Turner teve seus bons momentos; nos ruins, muitos, eu estava vendo outros times. Então sei que ele é capaz de ser melhor do que é embora tenha tido uma temporada broxante. Acredito que com mais confiança ele pode fazer algum estrago na NBA. Mesma coisa com o Wesley Johnson, não foi impecável, mas melhora pouco a pouco e vai ter espaço pra crescer no Wolves.

O Tiago Splitter tem talento para ser mais do que isso, mas não passou muita confiança nesse primeiro ano. Mesmo sem o período de treinos (ele não participou porque estava machucado), eu esperava mais de um cara com tanta experiência internacional. Talvez esse novo Spurs mais veloz e com mais bolas de três também não tenha ajudado.

O Jordan Crawford é um exemplo de como é difícil analisar novatos. A maioria deles a gente só conhece em uma situação, um esquema tático, um técnico, uma rotação. E só com o passar dos anos, com mudanças no time ou trocas, é que vamos conhecendo mais do cara. Com o Jordan Crawford essa troca aconteceu já no primeiro ano e ele saiu do fim do banco do Hawks, quase não entrava, para ser titular no Wizards. Em Washington ao lado de John Wall está sendo o pontuador que era no basquete universitário. Meteu 39 pontos na cachola do Miami Heat e outro dia fez seu primeiro triple-double na carreira. Talvez outros mal ranqueados só estejam escondidos como estava Crawford no Hawks.

Zoamos muito o Samardo Samuels, mas o fato é que ele garantiu seu lugar na NBA. Ter um cara não draftado, desconhecido e de nome engraçado como titular menos de um ano depois de ter a melhor campanha da NBA mostrava a decadência do Cavs pós-LeBron. Mas Samuels, símbolo dessa fase, fez bonito quando teve chance e certamente tem espaço na liga como um bom reserva. Orgulho do novo mascote do Bola Presa!

Não dá pra comentar todas as decisões hoje, qualquer coisa em especial perguntem nos comentários. Mas ano que vem voltarei aqui para apontar para mim mesmo, dar risada das bobagens que disse e me perguntar de novo por que diabos eu me arrisco em prever o futuro.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pirralhos e quase pirralhos

John Wall dando uma espiadinha pra ver o que tem dentro do aro


Pessoalmente acho as micagens de circo do All-Star sempre divertidas, o clima é de brincadeira, ninguém se leva muito a sério e querer assistir ao jogo com seriedade é como sentar pra assistir Chaves esperando uma análise sobre a efemeridade da vida em um filme iraniano. Mas confesso que meu momento favorito do fim de semana do All-Star é o jogo dos Rookies contra os Sophomores (ou "Novatos contra Segundo-anistas", versão brasileira Álamo) porque costuma ser a junção ideal entre festança e jogo competitivo. Em geral temos relações de afeto com os novatos, vimos o começo de suas carreiras na NBA, escolhemos nossos favoritos, acompanhamos com atenção alguns mais secundários e esquecidos, e todos queremos ver o que podem fazer em um jogo leve e solto que não vale bulhufas e não tem amarras dos técnicos. Mas é sempre legal ver bons jogadores se empolgando num jogo disputado, tentando vencer, coisa que quase nunca acontece com os jogadores mais velhos que já estão calejados e sabem que não vale a pena se esforçar por bobagem. É por isso que só no Jogo dos Novatos podemos ver, ao mesmo tempo, o Blake Griffin dando enterradas depois de um passe picado em maior clima de pelada, e o John Wall se jogando nas cadeiras para salvar uma bola porque ele é pirralho e tem cocô na cabeça.

O jogo desse ano, no entanto, teve mais de palhaçada do que nas últimas vezes. Ninguém sequer fingiu defender, a maioria dos jogadores evitou até mesmo ficar próximos uns dos outros, como se tentar impedir uma cesta fosse muito indelicado. É claro que isso diz algo sobre o clima de festa, mas diz também sobre os jogadores envolvidos e sobre os dois convidados para as equipes técnicas, Amar'e e Carmelo. Defender não é a praia de nenhum dos novatos (Blake Griffin tem seus odiadores porque não defende lá essas coisas, o DeMarcus Cousins aproveitou que finamente tinha a bola em mãos e ficou só no ataque), e dentre os segundo-anistas os únicos acostumados a defender, como James Harden e DeJuan Blair, ficaram fascinados demais com a rara liberdade ofensiva (o Harden só vê o Durant atacar, o Blair tem que obedecer ao chato do Popovich). Com isso tivemos o maior placar da história do confronto, 148 a 140 para os novatos, e um ambiente perfeito para que o John Wall pudesse quebrar o recorde de assistências com 22. Seu estilo casa tão bem com esse clima de jogo que acabou levando o prêmio de MVP fácil, basicamente porque o Wizards também é um desses times que arremessa sem critério e finge que nunca ouviu falar em defesa.

O jogador que mais ameaçou o MVP do John Wall foi o DeMarcus Cousins. Por jogar num Kings que fede horrores, quase ninguém acompanhou o novato jogar e só ouviu falar das dores de cabeça que ele dá por não ter muita cabeça e ter reclamado recentemente por não receber a bola. Bem, ontem ele recebeu a bola do John Wall o tempo inteiro e não precisou passar para ninguém, nunca. O resultado foram 33 pontos, 15 rebotes, e a primeira enterrada fodona da noite:



Ele é bom, atlético, jogou um absurdo, mas quem colocou o show pra funcionar foi mesmo o John Wall. Blake Griffin, que teve uma noite discreta sendo bastante poupado porque vai jogar o All-Star Game (ou então os técnicos pensaram que ele já iria brilhar no domingo então era hora de dar espaço para os outros), teve seu grande momento justamente num passe surreal do John Wall. Não dizem que com o Griffin basta você tacar a bola pra cima que ele enterra? Bem, e se ao invés disso você tacar a bola PARA BAIXO?



O John Wall também teve um passe bacana usando a tabela para o Wesley Johnson (que jogou muito, basicamente em arremessos), mas o jogo já tinha acabado. Vamos usar nossa mentalidade futebolística e considerar que o jogo ainda estava nos acréscimos:



E o jogo teve mais John Wall, e não só nas assistências. Dessa vez o homem que mais enterrou, DeMarcus Cousins, é quem deu o passe para o João Parede enterrar:



Já pelos segundo-anistas, o destaque foi mesmo o DeJuan Blair por dois motivos: o primeiro é que ele deveria ter sido o MVP desse jogo no ano passado mas roubaram o prêmio dele. E o segundo é que ele joga no Spurs, então só sabe jogar sério. Quando tava todo mundo correndo de um lado para o outro, ele estava trombando com os adversários no garrafão. Quando todo mundo queria enterrar, ele passava pela defesa para bandejas comuns. O que importa é converter a cesta e sair com a vitória, né? Se você prestar atenção, no lance mais brincalhão do DeJuan Blair, em que ele jogou a bola na tabela para ele mesmo enterrar (e olha que ele nem tem joelhos, os dois já foram doados para ajudar nas enchentes do Rio), você verá um Gregg Popovich em miniatura sentado no ombro dele lhe dando um puxão de orelha:



Se você não viu o Popovich é porque você não é puro de coração, só isso. Por isso o DeJuan corria atrás dos outros jogadores na defesa, enquanto todos os contra-ataques do jogo tinham 3 jogadores atacando e nenhum defendendo. Tudo bem, tudo bem, ao menos esses contra-ataques ridículos permitiram uma enterrada genial do James Harden e de sua barba (os pontos são divididos meio a meio) que fizeram o Carmelo soltar uma cara de "alguém peidou e não fui eu" (ah, que delícia falar do Carmelo e não ter que citar boatos de troca, morram de inveja, outros sites de NBA!). Vale lembrar também que a outra enterrada legal do Harden ontem também foi livre, mas com 5 defensores parados olhando para a barba dele:



Só no final do jogo é que, com o placar empatado, as equipes começaram a se esforçar um pouco e tentar vencer, mas aí os novatos abriram vantagem rapidinho com um pouco de defesa e já era. Ao menos agora todo mundo conhece a cara de alguns novatos, sabemos que o Serge Ibaka não deveria estar no campeonato de enterradas (ele errou uma enterrada ridícula e converteu seus arremessos de três, acho que errou de evento), que a barba do James Harden deveria ir no lugar do Ibaka, que jogador do Spurs não sabe brincar e que John Wall, DeMarcus Cousins e Wesley Johnson chutam traseiros mesmo estando em dois dos piores times da NBA. Dá até vontade de que volte a temporada regular logo pra ver Kings, Wizards e Wolves com mais carinho, não dá? O maravilhoso mundo B da NBA, patrocinado pelo League Pass.

Mas antes disso, vamos acompanhar os eventos do sábado: torneio de habilidades, de arremesso de três pontos e de enterradas. Começa hoje, às 23h, e vamos cobrir tudinho no Twitter, com direito a gincana virtual para ganhar uns brindes. "Gincana virtual", você se pergunta. É. Gincana. Virtual. Quem aparecer, verá.

domingo, 10 de outubro de 2010

Preview – 2010-11 / Washington Wizards

Se o Arenas foi punido por essa piada, imagina se 
ele tirasse uma foto com um fuzil tipo o Adriano


Objetivo máximo: Voltar aos Playoffs
Não seria estranho: Ficar fora da pós-temporada por pouco
Desastre: Continuar sendo um dos piores times da NBA

Forças: Muitos jogadores jovens e talentosos e a volta de Gilbert Arenas
Fraquezas: O time é inexperiente, nunca jogou junto e a volta de Gilbert Arenas

Elenco: Veja aqui (somos incompetentes a ponto de lutar por horas com o Blogger sem conseguir colar aqui uma simples tabela que, misteriosamente, conseguimos colar normalmente nos outros Previews, mas assim que entendermos o que aconteceu voltaremos ao normal).

Técnico: Flip Saunders

O Flip Saunders é uma espécie de Rubinho Barrichello dos técnicos da NBA. Ele é muito melhor que a média geral e ganhou destaque por isso, mas nunca conseguiu ultrapassar a linha que separa os bons dos que fazem história. Ele começou sua carreira como técnico em nível universitário, mas brilhou mesmo na CBA, uma liga menor americana. Lá ele ganhou dois títulos, conseguiu promover 23 jogadores para a NBA. Em 1995 foi trabalhar nos bastidores do Minnesota Timberwolves e um ano depois assumiu o cargo de técnico do time.

Lá foi um dos responsáveis por transformar o Kevin Garnett, um pirralho magricelo recém-chegado do colegial, num dos melhores alas de força de todos os tempos. Ao lado de KG, conseguiu levar o sempre fracassado Wolves aos playoffs. Mas aí entra a parte Rubinho: foram sete anos seguidos perdendo na primeira rodada! Não era culpa de Saunders, o time sempre foi limitado, e quando ganhou os reforços de Sam Cassell e Latrell Sprewell conseguiu ir para a final do Oeste, em que perdeu para o Lakers de Kobe, Shaq, Malone e Payton.

No ano seguinte o Wolves, que fez um trabalho ridículo ao tentar renovar os contratos de Cassell e Spree, caiu de produção e Saunders foi demitido. Se mudou então para o Detroit Pistons, que vinha de duas finais de NBA consecutivas. Lá chegou a três finais do Leste, mas perdeu as três. Uma para o Heat, outra para o Cavs e a última para o Boston Celtics. A derrota para o Cavs foi bem traumática, mas nenhum resultado foi completamente absurdo. Mas mesmo assim ficou aquela sensação de Sauders falhar na hora H. Ele, sempre conhecido por seus eficientes sistemas ofensivos, foi acusado de ter feito o Pistons, especialista em defesa, piorar muito nesse quesito. De fato o Pistons não era o mesmo do tempo de Larry Brown, mas não sei quantos times na história conseguiriam manter aquele padrão quase perfeito de defesa do time de 2004 e 2005 por muito tempo.

Depois de tantas derrotas em estágios avançados ele foi demitido, o GM Joe Dumars disse que o time precisava “de uma nova voz” e o dispensou. No ano passado ele foi para o Wizards, onde não teve muita chance de mostrar seu trabalho. As contusões, a confusão e suspensão do Arenas e as trocas de Antawn Jamison e Caron Butler limitaram seu trabalho, que será realmente testado nesse ano. Na pré-temporada já está mostrando suas inovações ofensivas ao escalar nos primeiros jogos três armadores ao mesmo tempo: John Wall, Gilbert Arenas e Kirk Hinrich. Ainda não tenho opinião formada sobre o assunto porque foram só dois jogos de pré-temporada, mas o Bulls arriscou umas coisas assim ano passado com o próprio Hinrich e não deu certo por muito mais do que alguns minutos por jogo.

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Há uns três anos a gente fala que a próxima temporada é a da volta do Gilbert Arenas. Por duas vezes erramos por conta de contusões sucessivas dele e no ano passado erramos porque ele resolveu brincar com armas de fogo. Pois é, acontece de tudo nesse mundinho da NBA. Se você não lembra, pode ler sobre o acontecido nesse nosso post da época.

Nesse ano, porém, o foco não esta no novo camisa 9 do Wizards. Ele mesmo está querendo tirar de si toda a atenção, dizendo (mas nem sempre convencendo) que o time é do John Wall, que o novato é um grande talento e que ele não precisa ser mais o nome do time. Em uma ocasião o Arenas disse que queria ser um mentor para o novato e depois disse que “Ele é o Batman, eu sou o Robin”.

Por outro lado, essas declarações do Arenas e sua insistência em não parecer mais tão alegre e receptivo com a imprensa também têm chamado a atenção, criando o oposto do que ele queria e chamando mais a atenção. Acredito, no entanto, que se ele conseguir se concentrar por mais um tempo em só jogar, dar declarações vazias e deixar o jogo do John Wall chamar a atenção, ele irá conseguir o sossego que deseja. Eu não sei se isso é bom para os torcedores, que perderiam um dos caras mais divertidos e que dá algumas das declarações que mais fogem do lugar-comum, mas talvez fosse bom para o próprio jogador. Difícil é saber se ele vai conseguir se segurar.

Uma grande vantagem do Wizards sobre outros times nessa temporada é que eles não estão sentindo tanta pressão. O time é jovem e os anos anteriores foram tão desastrosos que basta um sinal de melhora que tudo está ótimo, não há pressão para playoffs, passar da primeira rodada ou algo do tipo, como existia com o trio Arenas-Butler-Jamison. Essa pressão menor também ajudará o técnico Flip Saunders a resolver algumas questões difíceis na montagem do time titular.

O armador titular é claro que é John Wall, disso não há dúvida. Também parece óbvio que Gilbert Arenas será o segundo armador. Não só ele já jogou nessa posição e tem tudo para se adaptar com sucesso como colocá-lo no banco poderia trazer uma dor de cabeça desnecessária nesse começo de temporada, talvez mais pra frente. Mas depois disso começam as dúvidas. Kirk Hinrich joga nessas duas posições já ocupadas, mas tem talento para ser titular em qualquer time da liga, talvez por isso está sendo bem improvisado de ala nesse começo de pré-temporada. Uma estratégia meio Don Nelson que exige adaptação do adversário mas que tem uma série de falhas. Além dele, podem jogar na posição Josh Howard, que pode ser muito bom quando está focado, e Al Thornton, que apareceu bem no Wizards depois de vir do Clippers no meio da última temporada. Nenhum dos dois, porém, jogou bem a ponto de convencer como titular absoluto.

Na posição de ala de força a situação é parecida. Yi Jianlian e Andray Blatche já tiveram momentos muito bons e outros péssimos em suas jovens carreiras, os dois precisam de tempo e regularidade para mostrarem o que sabem mas só um pode ser titular. Até já improvisaram o Blatche de pivô algumas vezes, mas tudo o que ele não precisa é ficar quebrando galho nesse ponto de sua carreira. Pelo ótimo fim de temporada passada acho que Blatche ganha a vaga de titular, mas a briga está aberta, o Wizards até já se mostrou disposto a oferecer uma extensão de contrato para o chinês.

A posição de pivô, que era a que mais teve brigas nos últimos antes, principalmente entre Etan Thomas e Brendan Haywood, agora tem dono: JaValle McGee. Além de ser All-Star na categoria força nominal, é um jogador bom e promissor. Com tempo de quadra para pegar o ritmo deve refinar um pouco mais o seu jogo e poderá se tornar uma espécie de Tyson Chandler: bem atlético, especialista em tocos, mas no ataque ajudando só nas pontes-aéreas. Não é nada fantástico, mas o bastante se o resto do time for bom. No fim da temporada passada ele já teve uns jogos muito bons, será legal ver ele se desenvolver nessa temporada.

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Na temporada passada nós fizemos aqui um perfil de Abe Polin, antigo dono do Wizards que morreu no ano passado. Depois de sua morte o time ficou nas mãos da mulher de Polin, e então foi vendido à empresa de Ted Leonsis, que já havia sido dono de uma parte do Wizards um tempo atrás (ele foi o cara que vendeu sua parte para Michael Jordan em 2000).

Querendo renovar completamente a equipe, Leonsis fez uma lista de 101 coisas que devem mudar na equipe a partir dessa temporada. E o mais legal é que você pode ver a lista completa no site dele! É só clicar aqui. A lista envolve tudo, desde coisas como “draftar e desenvolver jogadores internacionais” e “manter a relação do time com a família Polin e suas obras de caridade” até “pizzas mais quentes” e “pipocas sempre frescas”. Os banheiros agora estão reformados, eles servem comida vegetariana no ginásio e até está na lista a idéia do time voltar a se chamar Washington Bullets. De John Wall a comida vegetariana é quase tudo novo em Washington.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Summer Leagues - Os novatos

Se eu não contar na legenda ninguém vai saber quem é esse cara


Acabou na última semana a Summer League de Las Vegas, a mais longa e importante do calendário de verão americano. Antes dela foi disputado outro torneio, menor, em Orlando. Atualmente essas são as duas competições de verão disputadas pelos times da NBA, mas até pouco tempo atrás era diferente.

Antes existiam várias ligas ao redor dos EUA e alguns grupos de times da NBA iam se encaixando onde mais convinha. Então vários times do Leste disputavam a de Orlando, os do Oeste disputavam uma em LA e ainda tinham outras espalhadas por aí, como Rocky Mountain Revue, em Salt Lake City. A liga de Los Angeles nem tinha só times da NBA pra você ter uma idéia do nível amador da coisa! Além de Lakers, Clippers, Warriors e outros times da região, tinham uns combinados amadores que juntavam jogadores não draftados e veteranos da região, uma bagunça.

De uns anos para cá a NBA começou a dar mais atenção para os eventos e passou a dar sua chancela. Então hoje só existem duas, a de Orlando e uma em Las Vegas. Ambas com cobertura no site da NBA (antes você tinha que caçar box scores em PDF para saber de alguma coisa) e transmissão ao vivo pela NBA TV, o que é um avanço absurdo se você pensar que até o ano passado tinham apenas algumas transmissões e elas eram feitas com apenas uma câmera! Para saber o placar era só no intervalo, quando a câmera focalizava o painel eletrônico do ginásio. Mas valia a pena porque os jogos eram comentados por dois caras hilários que passavam a tarde vendo os jogos e contando piada, com a transmissão oficial fomos reféns do Rick Kamla, Chris Webber e outros malas da NBA TV. Em compensação, foi um alívio poder assistir ao resumo de todos os jogos e ver as estatísticas no site oficial da NBA, ficou bem mais fácil de acompanhar.

As ligas de verão são uma criação que visa apenas a testar jogadores, simples assim. Não tem campeão e a vitória nos jogos pouco importa, é um campo de testes. Times com o elenco já formado jogam lá seus jogadores mais novos para que ganhem ritmo de jogo e testem na prática o que fazem nos treinos. Times que ainda buscam por novos jogadores para fechar o time observam alguns jogadores sem contrato para ver quem se encaixa. A maioria dos jogadores que disputam os torneios nunca terá vaga na NBA, é fato, mas alguns conseguem aí sua oportunidade na liga. As estrelas do torneio são os que já estão dentro da NBA, os jogadores que já disputaram a temporada passada e seus times querem vê-los jogando por mais tempo ou espiar os novatos draftados há menos de um mês que terão seu primeiro gostinho de NBA.

Sabendo disso, explico como vou fazer a minha análise das ligas de Orlando e Las Vegas: vou separar os jogadores nos grupos "novatos", que engloba os recém-draftados, "veteranos", que tem os que atuaram na NBA no ano passado e "Outros", que pegam aqueles que nem foram escolhidos no draft ou que já tentaram a sorte na NBA mas estavam de fora. Hoje falo dos novatos, que são muitos, e no próximo post falo do resto.

...
Novatos
John Wall (PG - Washington Wizards) - Foi eleito o melhor jogador da Summer League de Las Vegas, a única que disputou, e com razão. Fez 23.5 pontos por jogo (cestinha do torneio), 7.3 assistências (também líder em assistências) e dominou quase todos os seus jogos, apenas foi mal contra o Dallas Mavericks. Estava claramente um nível acima de todos que disputaram a Summer League. Por outro lado, já deixou claro dois aspectos que vai precisar cuidar até começar sua carreira oficialmente: desperdiçou muitas bolas tentando forçar infiltrações e errou muitos arremessos de média e longa distância.

As duas coisas estão relacionadas. Com um arremesso ruim os times vão dar espaço para ele e só vão fechar quando ele tentar infiltrar. Penetrar no garrafão adversário fica muito mais difícil quando sabem que é só isso que você sabe fazer. Um bom arremesso de meia distância já será o bastante para desafogar o seu jogo, um pouco de ritmo de jogo e entrosamento com os companheiros também deve fazer o número de erros (5.2 por jogo em Las Vegas) cair bastante.
Podem preparar as piadas e trocadilhos que vamos falar muito do João Paredão na próxima temporada.

Evan Turner (SG - Philadelphia 76ers) - Nada de elogios para a segunda escolha do draft. Tirando uma partida decente em que marcou 13 pontos, o resto foi uma droga. Ele mesmo admitiu que suas atuações estavam um lixo depois das duas primeiras partidas. Mas apesar de perceber o fedor, não soube contorná-lo. Ele só teve 9 pontos de média por jogo e 33% de aproveitamento nos arremessos. Pra fechar, o número de assistências, 2.8, foi menor que o de erros, 3.4.

Em defesa do Turner, pareceu que ele estava bem fora de forma e sem ritmo de jogo. O garoto já mostrou muito talento no basquete universitário e é melhor deixar ele ter tempo de treinar e melhorar o condicionamento antes de sair chamando ele de Darko 2.0.

DeMarcus Cousins (PF/C - Sacramento Kings) - Quando se é uma escolha Top 5 no Draft como foi Cousins, vive-se uma experiência bizarra: ao mesmo tempo que é sua estréia no mundinho da NBA, todo mundo sabe quem você é e de brinde até ganha marcação dupla, pelo menos na Summer League. Foi assim com Wall, Evans, Favors, e não seria diferente com Cousins. Mas ele, como poucos, gostou do papel de estrela do time.

O ataque do Kings passou muito pelas mãos de Cousins e ele soube o que fazer na maior parte das vezes. O aproveitamento ficou nos 33% assim como o de Turner e os turnovers foram até mais altos que o armador do Sixers, 4.8 por jogo. Mas não dá pra medir o impacto dele no jogo, sempre começando a rotação da bola do lado certo quando a marcação dobrava nele, acertou bons arremessos de meia distância, abrindo o garrafão para os companheiros, e foi um líder dentro do jogo. Quem estava lá disse que ele comandou vocalmente o time de dentro da quadra. Para ter pelo menos um ponto numérico e mensurável ao seu lado, liderou as Summer Leagues com média de 9.8 rebotes por jogo.

Hassam Whiteside (C - Sacramento Kings) - O "Lado Branco" também se destacou em Las Vegas, apesar de confirmar que ainda precisa aprender muito de basquete e que é uma negação ofensiva. Mas pelo menos compensou com rebotes e muitos tocos. Um crítico americano até o chamou de "a presença de garrafão mais intimidante do campeonato". Aprendendo com Samuel Dalembert no Kings tem tudo para melhorar ainda mais nos tocos e nunca fazer uma cesta na vida.

Derrick Favors (PF - New Jersey Nets) - O Favors jogou mal na maior parte dos jogos, mas acabou com uma atuação tão impressionante que apagou quase tudo de ruim que fez antes. Depois de 4 jogos só tinha alcançado uma vez a marca de 12 pontos e em um dos jogos acabou com mais faltas, 7 ( não há limites de faltas nas ligas de verão), do que pontos, 4. Mas no último jogo, contra o Celtics, fez 23 pontos, pegou 11 rebotes, acertou 10 dos 17 arremessos que tentou e não cometeu nenhum erro.

Antes do draft muitos diziam que o Nets havia escolhido um grande talento, mas ainda incapaz de contribuir com regularidade em alto nível. Isso sim é scout bem feito.

Damion Jones (SG - New Jersey Nets) - Ao contrário do seu parceiro Favors, Jones foi o jogador mais regular do Nets nas Summer Leagues. Acabou com média de 18.8 pontos e quase um roubo por jogo, além de uma atuação espetacular de 30 pontos, uma das melhores de todas da competição. Ele ataca muito bem a cesta, cobrando trocentos lances livres. Todo time precisa de um Maggette e o Nets parece ter achado o seu.

Indiana Pacers - O Pacers levou três novatos para a Summer League de Orlando e todos tiveram atuações fantásticas. A escolha de 1º round Paul George (SF) fez 15.8 pontos por jogo e pegou 7.2 rebotes, além de ser o homem que decidiu todos os jogos apertados que o time fez no torneio.

Lance Stephenson (SG), o cara que a gente avisou que era bom mas que tinham medo da sua "atitude", se mostrou um excelente defensor e atacou a cesta com segurança e velocidade. Magnum Rolle (SF/PF), o campeão nominal da NBA inteira, conseguiu sólidos 13 pontos e 7 rebotes por jogo e tem jeitão daqueles bons jogadores de garrafão que vem do banco para mudar o jogo. As ligas de verão foram o primeiro momento de alegria e esperança dos torcedores do Pacers desde que Ron Artest subiu na arquibancada do Palace of Auburn Hills para bater em uns torcedores folgados.

Ed Davis (PF - Toronto Raptors) - O coitado vai sofrer por um bom tempo as comparações com o Chris Bosh, já que chegou no time logo depois que o Bosh saiu, mas se depois de um tempo esquecerem disso ele deve se dar bem. Teve média de 12 pontos e 6 rebotes por jogo em apenas 25 minutos e mostrou bastante técnica no ataque. Ainda falta juntar força com essa técnica, ganhar experiência e mais muitas outras coisas, mas vejo ele como titular desde seu primeiro dia em Toronto.

Luke Harangody (SF/PF - Boston Celtics) - Eu acho que o Harangody tem cara de jogador de rugby, apostaria 100 pratas nisso se o visse na rua, mas perderia feio. O cara joga basquete e joga bem! Apesar de ter sido só a 52ª escolha no draft, se destacou em todos os jogos do Celtics. Teve média de quase 17 pontos por jogo, 6.6 rebotes e um aproveitamento assustador de 50% nas bolas de três pontos. Para um time que já chegou a colocar o Scalabrine em quadra para ter mais opções de bolas de longe, o Harangody cai como uma luva.

Los Angeles Lakers - Com a maior folha salarial da NBA e todo o Mid-Level Exception gasto com Steve Blake, era essencial que o Lakers conseguisse bons jogadores no draft para suprir as possíveis saídas de Jordan Farmar, Shannon Brown, Adam Morrison, Josh Powell e DJ Mbenga do banco de reservas. David Ebanks (SF) não conseguiu manter o ritmo durante todos os jogos, mas foi ótimo em alguns momentos. Quem o comparou com o Trevor Ariza pela primeira vez merece um prêmio, até o jeito de correr e de arremessar é o mesmo, é assustador! Para o garrafão o Lakers tem agora a ajuda de Derrick Caracter (PF), que fez double-double em 3 dos 5 jogos que disputou e acabou com média de 15 pontos e 8 rebotes.

O técnico do Lakers na Summer League, Chuck Person, disse em entrevista que a Summer League para o time não era para vencer ou perder, era pra descobrir quem sabia jogar dentro do esquema dos triângulos. Quem sabia quando cortar em direção à cesta, quem sabia passar a bola e quem só queria saber de jogar individualmente. Segundo ele, tanto Ebanks quanto Caracter passaram no teste, mas nem falou nada do Gerald Green, ex-campeão de enterradas que jogou pelo Lakers e pouco se destacou. Mais uma vez deve ficar de fora da NBA apesar de todo o talento que tem, mais uma vez por falta de cérebro. Esse é o exemplo desse ano de como os times usam a Summer League, no ano passado o melhor exemplo foi o Wizards, em que cada jogador desempenhava o papel de outro que não estava lá, lembro do Nick Young dizendo "Eu sou o Arenas e sei lá quem é o Jamison", pareciam crianças brincando de faz-de-conta.

Dominique Jones (SG - Dallas Mavericks) - O Mavs já tem Kidd, Barea, Beoubois e Butler. Não sei onde diabos vão achar espaço e tempo para o Dominique Jones jogar na próxima temporada, mas deveriam dar um jeito. Ele teve momentos ótimos na Summer League, não só atacando (fez 17 pontos por jogo), mas também defendendo. Na melhor partida que fez, contra o Wizards, marcou 28 pontos e forçou John Wall à sua pior partida na competição. Ah, e ele é o cara da foto do topo do post.

Greg Monroe (PF/C - Detroit Pistons) - Falaremos mais do Detroit no próximo post, que viu muitos de seus jogadores de segundo ano terem ótimas atuações, mas hoje basta falar de Greg Monroe. Depois de um primeiro jogo péssimo, passou dois jogos sendo ignorado por seus companheiros de time, mas respondeu com duas atuações memoráveis nos últimos jogos: 20 pontos e 6 rebotes contra o Heat e 28 pontos e 14 rebotes contra o Knicks.

Apesar de bons momentos, ele ainda não pode ser um pivô na NBA. Não é aceitável um cara que quer jogar lá embaixo da cesta dar apenas 2 tocos em 5 jogos. Já seria um número ruim para um ala de força, para um pivô é digno de pagar suicídio no próximo treino.

Larry Sanders (C - Milwuakee Bucks) - O garrafão do Bucks fica cada vez mais com a cara do Scott Skiles. Feia e babando por defesa! Eles trocaram para ter o brucutu Jon Brockman com o Kings ontem e o segundo-anista chega para brigar por minutos com Larry Sanders, que além dos rebotes e dos tocos que todo mundo esperava ainda fez 14 pontos por jogo. Ele era tudo, absolutamente tudo, que o Bucks queria no ano passado quando o Andrew Bogut quebrou o braço. Sanders foi o líder das Summer Leagues com 3.2 tocos por partida!

Landry Fields (SF/PF - New York Knicks) - Nem citei o Fields e nem outro novato do Knicks no meu post de ontem sobre o time porque nenhum deles tem contrato garantido. Mas Fields saiu na frente para conseguir o seu salário mínimo e poder comprar pão com mortadela para as crianças. Ele se destacou pela raça, pela vontade, por fazer o trabalho sujo e cometer pouquíssimos erros. O Mike D'Antoni já teve jogadores assim antes e acho que vai gostar de tê-lo no banco de reservas.

Al-Farouq Aminu (SF - Los Angeles Clippers) - O Clippers começou a Summer League com um buraco na posição três em seu elenco oficial, era a chance de Aminu provar que poderia ser titular desde o primeiro dia. Mas depois de ver suas atuações e da contratação de Ryan Gomes pelo time 2 de LA, acho que fica pra próxima. Aminu não jogou mal, longe disso, mas não pareceu pronto para ser titular. Gomes é um jogador mais inteligente, mais completo e o Aminu deve fazer mais estrago vindo do banco de reservas. Ele ainda parece tomar más decisões com a bola na mão. Compensou os arremessos ruins batendo pra dentro e ganhando pontos fáceis na linha de lance livre, é verdade, mas tem muito o que aprender ainda.

Apesar das críticas estou mais empolgado com a escolha do Clippers hoje, depois de vê-lo em ação em Las Vegas, do que no dia do Draft. Ele tem futuro e não duvido de que ganhe a posição de titular sim, mas só mais perto do fim da temporada.

Clippers é Clippers, né? Aminu teve sua melhor partida no último jogo contra um combinado de jogadores da D-League. No mesmo jogo o armador Eric Bledsoe teve seu jogo mais completo. Mas não só o Clippers perdeu como foi do jeito mais dolorido, vejam o vídeo. E, claro, foi a única vitória do combinado da D-League no torneio.

Novatos que não jogaram
Cole Aldrich (C- Thunder) - Foi draftado pelo Hornets para ser mandado para o Thunder, mas como a troca só poderia ser finalizada no dia 8 de julho, não teve tempo de ser inscrito.
Xavier Henry (SG - Grizzlies) - O Grizzlies e o jogador estão com discussões sobre bônus no contrato e por isso ele ainda não foi assinado, sem contrato o ala não pode jogar.
Ekpe Udoh (PF - Warriors) - Com uma cirurgia no pulso não pode jogar e talvez fique fora até o começo da temporada.
Wesley Johnson (SF - Wolves) - Até começou uma partida, mas logo machucou a coxa e não jogou mais.
Avery Bradley (SG - Celtics) - Com uma contusão no tornozelo está fora de ação pelos próximos meses.

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